"No dia 19 de abril de 1879 o Diário Oficial publicava o decreto imperial 7.248 concedendo a Amazonas de Araújo Marcondes o direito a uma linha de navegação, desde o porto de Caya-Canga até Porto União.

O Coronel Amazonas de Araújo Marcondes deu início a era dos vapores no Rio Iguaçu. Foi homenageado com o nome de um Município: Porto Amazonas.

Tráfego de vapores em Porto Amazonas, em 1905.

A "Brasileira" ancorada no rio Negro, em 1950.

Vapor "Leão" sendo carregado de erva-mate, em 1935.

Lançamento do vapor Visconde de Guarapuava, em 1889.

Vapor carregado com sacas de erva-mate singra as águas do rio Iguaçu em direção às ervateiras, década de 1930.

Em época de seca os vapores ficavam estaleirados, visto a perda de navegabilidade em muitos pontos do rio.

O vapor Sara recebendo uma carga de erva-mate em um afluente do rio Iguaçu, década de 1940.

O vapor Victoria era o mais luxuoso e era mais usado para transporte de passageiros. Foto década de 1930.

Era motivo de festa para a população ribeirinha quando um vapor chegava pois, além de levar a produção da localidade também trazia novidades.
Foto: Claro Jansson. Acervo: Paulo Jose Costa.

O vapor Três Barras da firma Porter, década de 1940.

Vapor Iguassu estacionado em frente à firma Conrado Burher, em Porto Amazonas, em 1930.

Vapor Leão foi o mais luxuoso que existiu e era o preferido dos passageiros, em foto década de 1940.

Vapor Paraná ladeado por outros, aguardando cargas e passageiros, década de 1940.

Sede da Lloud Paranaense em Porto Amazonas. A empresa agregou a maioria dos pequenos empresários promete vendo grande efeito na economia das cidades adjacentes ao rio Iguaçu.

O vapor Pery singra o Iguaçu, em 1935.

Onze carros de bois, pesadamente carregados, subiram pelos caminhos tortuosos da Serra do Mar e trouxeram até Curitiba um barco a vapor desmontado. Daí seguiram para o porto de Caya-Canga, no rio Iguaçu, onde “O Cruzeiro” foi montado peça por peça. O navio fluvial pertencia ao coronel Amazonas, veterano da Guerra do Paraguai, que passara três meses no Arsenal da Marinha, no Rio de Janeiro, acompanhando a construção do vapor.

Até 17.12.1882, quando o Vapor “O Cruzeiro” foi lançado às águas do rio Iguaçu, o transporte fluvial na região era feito através de canoas – transporte de madeira, erva mate, mercadorias e passageiros, precariamente, nos rios Negro, Potinga, atendendo as populações ribeirinhas de São Mateus, Fluviópolis, Jararaca, União da Vitória, entre outras. “Eram balsas morosas, inadequadas para o transporte de passageiros, atendendo mal o comercio crescente das margens do Iguaçu para Curitiba e depois Morretes e o porto de Paranaguá”.

A viagem inaugural do vapor teve entre seus passageiros o Presidente da Provincia do Paraná, Carlos de Carvalho. Esse vapor teve também como hóspedes o escritor Afonso Escragnolle Taunay, Ermelino de Leão, Inácio Carneiro, fazendeiros, empresários e militares de carreira ou de patente comprada. Alvir lembrou de alguns de seus tripulantes: “Diego de Brito, os irmãos Kwiatikowski, os irmãos Cordeiro e os Teixeira de Paula”.

Afonso Taunay comentou em uma de suas obras: “É de louvar-se a coragem e pertinácia com que o snr. Amazonas Marcondes mantém semelhante empresa, que deu vida e dá progresso e vida social a muitíssimos pontos anteriormente desertos e inóspitos dos nossos sertões, em que vagueiam ainda temidos e indômitos bugres”.

O vapor pioneiro tinha 80 palmos de comprimento por 26 de largura. Seu motor tinha a força de 18 cavalos-vapor, impulsionado por duas rodas laterais. Ele percorria 55 léguas do atual Porto Amazonas até União da Vitória em dois dias, sempre com uma lancha junto a popa. Os passageiros acomodavam-se em camarotes rústicos, separados por cortinas de pano grosso: Homens ligados ao comércio de gado, madeira e erva mate, especialmente. [...]

A vida das pequenas vilas, às margens do rio era regulada por sua passagem. Ainda nessa década outros vapores passaram a singrar as aguas densas do Iguaçu. Veio, na sequência , o vapor “Visconde de Guarapuava”, depois o “Potinga” mais tarde nominado “Vitória”. O “Curitiba” era destinado ao transporte de passageiros, mas levava alguma carga. Nos períodos de estiagem vários barcos encalhavam nos baixios, porém o Curitiba tinha fundo chato, que permitia trafegar nos períodos de estiagem. Havia também o “Brasil”, o “Iguassú”, o “Rio Negro”, o “Palmas”, o “Paranaguá”, entre outros – todos movidos a lenha, abundante nas várzeas.

Mais tarde apareceu o “Tupi”, cuja máquina fora fundida pela metalurgia Muller e Filhos: Tinha camarotes, sala de estar para o conforto de seus passageiros.

Em 1915 vários pequenas empresas de transporte fluvial se uniram à S.A. Lloyd Paranaense. Outros vapores foram lançados pela “Empresa de Navegação Fluvial Portes & Cia”, e também por Rodolfo Cassou, Pedro Pizzato, Augusto Iaram, Shiffer e Soldi, Serafim Fortes e Cia., J. Bettega e a poderosa Cia. Lumber Colonization Co., entre outros.

Em 1890 São Mateus recebeu muitos imigrantes europeus, a maioria em precárias condições, contribuindo para a história e o progresso da região.

Nesse período áureo da navegação tropeiros e agricultores, caboclos mestiços eram transformados em maquinistas, pilotos, cozinheiros ou marinheiros. São Mateus, sede de várias empresas de navegação, chegou a ter estaleiros com operários especializados na armação e montagem de barcos – havia então cerca de cem pontos de carga e descarga de mercadorias e pessoas.

Em 1935, com o advento do transporte rodoviário e o declínio do comercio da Erva Mate, entre outros fatores, a Lloyde Paranaense, a última empresa sobrevivente foi liquidada. Disse o sãomateuense Lauro F. Dias que o vapor “Curitiba” foi à pique em função da embriaguês de seu comandante; o “Visconde” cercado de mato foi devorado pelos cupins; o “Potinga” afundou no rio Negro; o “Vitória” e o “Rio Negro” feneceram no estaleiro. O Pery teve sua carcaça salva e restaurada. Hoje, imóvel e sujeito a corrosão do relento e da ferrugem, parece fitar saudoso as águas sofridas de um Iguaçu maltratado pela nossa geração. [...]"

quinta-feira, 24 de abril de 2025

"No dia 19 de abril de 1879 o Diário Oficial publicava o decreto imperial 7.248 concedendo a Amazonas de Araújo Marcondes o direito a uma linha de navegação, desde o porto de Caya-Canga até Porto União.

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