O CARRO DA MEIA-NOITE
" A silenciosa e escura Curitiba de cem anos atrás era assustada por um misterioso "Carro da Meia-Noite", assim era chamado na época.
O CARRO DA MEIA-NOITE" A silenciosa e escura Curitiba de cem anos atrás era assustada por um misterioso "Carro da Meia-Noite", assim era chamado na época. Descrito como uma charrete com faróis de carro e puxada por cavalos sem cabeça, descia velozmente a Rua Aquidaban, hoje Emiliano Perneta, fazendo um barulho infernal de correntes, tropel de animais, badalar de cincerros e guizos, uivos e murmúrios altos.Fantasmagórico, o Carro da Meia-Noite surgia do nada na altura da pracinha do Batel, e de forma igualmente misteriosa desaparecia nas proximidades da Praça Zacarias. Arrastava as correntes e era cercado por chamas de fogo fátuo.Diziam, levava almas penadas de pessoas más em vida que, não conseguindo o descanso eterno, vinham assombrar os vivos e levar os incautos. Insensato aquele que ousasse estar na rua à meia-noite, hora de passagem do carro fantasma: seria sugado pela ventania que levantava à sua passagem e não mais retornava.Os moradores da Aquidaban e adjacências, sabendo que seriam sobressaltados todas as noites pelo dito espécime ectoplasma, por ansiedade ou medo procuravam deixar bem fechadas e trancadas as janelas e portas de suas casas.Aconchegada ao calor de um fogão a lenha, ouvia minha vó contar essa história; e ela garantia, com toda seriedade de avó: quando moça, teria visto com seus próprios olhos o esplendoroso carro fantasma, ao longe, clareando a noite com sua luz de fogo; estava ela com seus pais e irmãos, e mal tiveram tempo de fechar a porta da residência localizada na Rua Aquidaban, na quadra entre as atuais Viscondes; a assombração passava incrivelmente rápida.Explicação plausível para tal viagem não existia. É bem possível que tenha surgido como um socorro aos pais para disciplinarem os filhos quanto à hora de dormir e ao silêncio (detalhes esses bastante respeitados naqueles tempos), ou, então, pode ser resultado de crendice de fundo religioso, como que a mostrar porque devem ser "boas" as almas. Qualquer que tenha sido sua origem, o fato é que o "Carro da Meia-Noite" passeou por muito tempo pelo imaginário popular do curitibano.Com o passar dos anos, a modernidade chegando, a história do iluminado e barulhento carro fantasma da meia-noite foi sendo esquecida, o medo do escuro vencido por mais iluminação noturna."(Fonte: Historias de Curitiba / Autora: Maria Cristina Lorenzzoni / Foto ilustrativa: pinterest)Paulo Grani
O CARRO DA MEIA-NOITE
" A silenciosa e escura Curitiba de cem anos atrás era assustada por um misterioso "Carro da Meia-Noite", assim era chamado na época.
O CARRO DA MEIA-NOITE
" A silenciosa e escura Curitiba de cem anos atrás era assustada por um misterioso "Carro da Meia-Noite", assim era chamado na época. Descrito como uma charrete com faróis de carro e puxada por cavalos sem cabeça, descia velozmente a Rua Aquidaban, hoje Emiliano Perneta, fazendo um barulho infernal de correntes, tropel de animais, badalar de cincerros e guizos, uivos e murmúrios altos.
Fantasmagórico, o Carro da Meia-Noite surgia do nada na altura da pracinha do Batel, e de forma igualmente misteriosa desaparecia nas proximidades da Praça Zacarias. Arrastava as correntes e era cercado por chamas de fogo fátuo.
Diziam, levava almas penadas de pessoas más em vida que, não conseguindo o descanso eterno, vinham assombrar os vivos e levar os incautos. Insensato aquele que ousasse estar na rua à meia-noite, hora de passagem do carro fantasma: seria sugado pela ventania que levantava à sua passagem e não mais retornava.
Os moradores da Aquidaban e adjacências, sabendo que seriam sobressaltados todas as noites pelo dito espécime ectoplasma, por ansiedade ou medo procuravam deixar bem fechadas e trancadas as janelas e portas de suas casas.
Aconchegada ao calor de um fogão a lenha, ouvia minha vó contar essa história; e ela garantia, com toda seriedade de avó: quando moça, teria visto com seus próprios olhos o esplendoroso carro fantasma, ao longe, clareando a noite com sua luz de fogo; estava ela com seus pais e irmãos, e mal tiveram tempo de fechar a porta da residência localizada na Rua Aquidaban, na quadra entre as atuais Viscondes; a assombração passava incrivelmente rápida.
Explicação plausível para tal viagem não existia. É bem possível que tenha surgido como um socorro aos pais para disciplinarem os filhos quanto à hora de dormir e ao silêncio (detalhes esses bastante respeitados naqueles tempos), ou, então, pode ser resultado de crendice de fundo religioso, como que a mostrar porque devem ser "boas" as almas. Qualquer que tenha sido sua origem, o fato é que o "Carro da Meia-Noite" passeou por muito tempo pelo imaginário popular do curitibano.
Com o passar dos anos, a modernidade chegando, a história do iluminado e barulhento carro fantasma da meia-noite foi sendo esquecida, o medo do escuro vencido por mais iluminação noturna."
(Fonte: Historias de Curitiba / Autora: Maria Cristina Lorenzzoni / Foto ilustrativa: pinterest)
Paulo Grani