Murais da Mesopotâmia, mostrando casas de junco sumérias que datam de mais de 5.000 anos
Essas casas de junco ainda estão sendo construídas até hoje, da mesma forma que os sumérios construíram suas casas há milhares de anos!
Os sumérios são o primeiro povo urbano da história. Eles viveram entre 4000 a.C. e 1600 a.C. em várias cidades muradas independentes. Cada uma era governada por um rei, pelos nobres e por uma classe de sacerdotes muito influente. O rei controlava o exército e indicava os juízes, que tinham o poder de solucionar litígios e punir crimes. As penas incluíam amputação de membros e morte na forca ou na fogueira.
Feitas de barro e pintadas de branco, as casas tinham apenas 9 m2. Só serviam como cozinha (tarefa das mães) e quarto (nas noites chuvosas ou frias; quando fazia calor, todo mundo ficava do lado de fora). A criançada brincava e lutava nos quintais. E os pais podiam alugá-las como escravas, por curtos períodos, para lhes ensinar uma lição. Outro costume bizarro: se o marido morresse, a viúva se casava com o cunhado!
Os sumérios eram grandes matemáticos, pioneiros em calcular raízes quadradas e frações. Usavam o sistema sexagesimal, baseado no número 60, para identificar horas e ângulos, e assim dividiram o ano em 12 meses, começando depois da colheita (o equivalente a outubro para nós). A vida cultural também incluía a produção de joias, esculturas e pinturas, além de muita música, tocada num tipo de alaúde.
As mulheres usavam vestido até os pés, véu e pano sobre a cabeça e o rosto. Dentro de casa, ou em ocasiões festivas, deixavam os cabelos à mostra – e caprichavam no perfume. Homens usavam saia que ia até os tornozelos e camisa, ou então túnica longa de peça única. Os ricos usavam muito linho. Os pobres, lã. Mas todos detestavam tons neutros e preferiam vestes bem coloridas.
Era muito difícil mudar de classe social e alcançar a nobreza. Mas os sumérios podiam ficar ricos e viver com conforto. O ambiente da cidade estimulou o surgimento de diversas ocupações bem pagas: escribas, engenheiros, artesãos, pedreiros, tecelões, joalheiros, músicos e poetas. Mas os comerciantes eram os que mais enriqueciam, revendendo bens buscados na Ásia, na África e no Mediterrâneo.
Com um pedaço de bambu pontiagudo e tijolos ainda quentes, os sumérios inventaram a linguagem escrita. Conhecida como cuneiforme, ela era usada para registrar as transações comerciais, as sequências de reis e as histórias da mitologia religiosa. Para dominar todos os caracteres, os garotos tinham de estudar por 12 anos, no templo ou em casa.
Os templos davam emprego a boa parte dos moradores e também serviam como hospitais. Os sacerdotes e as sacerdotisas estudavam os rins de animais sacrificados para fazer diagnósticos e receitavam de chás a rituais de exorcismo. Também era no templo que se cultuavam vários deuses. Eles recebiam comida especialmente preparada e sacrifícios em forma de prostituição de mulheres selecionadas.
Havia duas autoridades religiosas mais importantes. Uma delas cuidava das orações e oferendas aos deuses. A outra gerenciava a vida cotidiana da cidade, do correio às obras de engenharia, e cobrava taxas, pagas com a moeda local ou com barras de ouro ou prata. Todo movimento financeiro feito pelos comerciantes passava pelo controle dos religiosos.
Para lidar com as cheias dos rios Tigre e Eufrates, que alagavam sem previsão e destruíam as colheitas, os sumérios inventaram arados, diques e canais de irrigação. Isso permitiu levar à mesa uma dieta rica em maçãs e figos, além de carne de porco, cabra e ovelha e trigo e cevada, usados para fazer pão e cerveja. O gergelim servia para fazer um azeite usado na comida e na iluminação pública.
No entanto, estudos recentes têm comprovado que esse conhecimento técnico foi herdado de um povo que habitava a região antes da chegada dos sumérios à Mesopotâmia. Esse povo foi chamado pelos historiadores de ubaídas. A cultura ubaída foi a predominante na região até o crescimento da cidade suméria de Uruk.
O termo “sumério” teve origem no idioma dos acádios e significa “terra de reis civilizados”. Os sumérios referiam-se a si mesmos como “o povo da cabeça negra” e chamavam sua terra de “terra do povo da cabeça negra”.
Grande parte do conhecimento que se tem atualmente sobre a Mesopotâmia veio a partir da tradução de registros feitos em escrita cuneiforme. Exemplos desses registros em cuneiforme foram a Epopeia de Gilgamesh, que narra uma história de um grande dilúvio ocorrido na região, e o Código de Hamurábi, código penal desenvolvido pelos amoritas, durante o reinado de Hamurábi.
Os escritos em cuneiforme passaram a ser decifrados com o trabalho de historiadores, linguistas e arqueólogos a partir do século XIX. Essa forma de escrita foi muito utilizada na Mesopotâmia até por volta de 100 a.C., quando, então, passou a ser substituída pela escrita alfabética.