Rosa Branca Corrêa Gutierrez Nascida a 1 de janeiro de 1858 (sexta-feira) - Montevideo, Montevideo, Uruguay Baptizada a 18 de abril de 1858 (domingo) - San Isidro Labrador, Las Piedras, Canelones, Uruguai Falecida a 1 de novembro de 1920 (segunda-feira) - Curitiba, Paraná, Brasil, com a idade de 62 anos
Rosa Branca Corrêa Gutierrez: Entre Dois Mundos, Uma Vida de Maternidade e Resistência
Montevidéu, 1º de janeiro de 1858 – Curitiba, 1º de novembro de 1920
Nascida no primeiro dia do ano de 1858, em plena Montevidéu — então uma capital sul-americana em ebulição política e cultural —, Rosa Branca Corrêa Gutierrez veio ao mundo com um nome poético, quase profético: Rosa Branca, flor delicada, mas de raízes firmes; símbolo de pureza, mas também de resistência. Sua vida, que se desenrolaria entre o Uruguai e o sul do Brasil, tornou-se um testemunho silencioso da força das mulheres que, no século XIX, atravessaram fronteiras, perderam entes queridos e criaram famílias numerosas em tempos de incerteza.
Aos três meses de vida, em 18 de abril de 1858, foi batizada na Igreja de San Isidro Labrador, em Las Piedras, Canelones, região próxima à capital uruguaia. Esse vínculo com a fé católica, tão presente na América Latina da época, seria um pilar que a sustentaria por toda a existência.
Uma infância marcada pela perda
Filha de Alexandre Gutierrez, falecido em Montevidéu em 1868, quando Rosa tinha apenas 10 anos, e de Guilhermina Correia (1837–1926), mulher que sobreviveu à viuvez por mais de cinquenta anos, Rosa cresceu em um lar agora liderado por uma mãe viúva — figura comum, mas hercúlea, na América do Sul do século XIX. Embora os registros sobre seus irmãos sejam escassos, sabe-se que teve ao menos um: João Carlos Gutierrez (nascido em 1855), cujo destino posterior permanece parcialmente nebuloso.
A morte precoce do pai certamente acelerou sua entrada na vida adulta. E assim foi: com apenas 14 anos, em 1872, Rosa deixou o Uruguai e foi para Paranaguá, no litoral do Paraná, onde, em circunstâncias que os arquivos não esclarecem — talvez por laços familiares, redes de imigração ou arranjos matrimoniais —, casou-se com Francisco Machado da Cunha Beltrão, um homem 13 anos mais velho, nascido em 1845.
Francisco era brasileiro, provavelmente ligado à elite agrária ou administrativa da Província do Paraná — uma figura estável, talvez com propriedades rurais ou envolvimento no comércio do porto de Paranaguá. O casamento uniu duas culturas: a uruguaia, ainda marcada pela influência hispânica e europeia, e a brasileira do sul, fortemente moldada por luso-brasileiros, açorianos e, posteriormente, imigrantes europeus.
Uma maternidade monumental
Rosa Branca não apenas casou cedo — ela gerou, criou e, muitas vezes, enterrou. Ao longo de 31 anos, deu à luz 14 filhos, dos quais 11 chegaram à vida adulta — um feito notável em uma era de alta mortalidade infantil.
Seus filhos nasceram em cidades que marcam a migração da família:
- Paranaguá: onde nasceram os primeiros — Francisco (1875), Laura (1878) e Osman (1879).
- Antonina: cidade vizinha, onde vieram ao mundo Silvio (2 de julho de 1887) e Gilberto (12 de dezembro de 1887) — gêmeos, provavelmente.
- Florianópolis: onde a família viveu por um tempo, e ali nasceram Ismar (1889), Maria (1890), Guilhermina (1892), Leonor (1894) e Ana (1895).
- Curitiba: onde se estabeleceram definitivamente, e onde nasceram Alexandre (1896), Estella (1898), Lina (1900) e Elisa (1901).
Mas sua maternidade foi também uma via crucis de perdas:
- Guilhermina, batizada com o nome da avó, faleceu em 4 de maio de 1893, com 4 meses de vida.
- Ana, nascida em 26 de julho de 1895, morreu ainda em 1896, com menos de um ano.
- Osman, seu terceiro filho, faleceu jovem, em 2 de março de 1910, aos 30 anos, deixando um vazio na família.
- Mais tarde, ela também conheceria o luto como avó: enterrou netos recém-nascidos, como Paulo Beltrão Pernetta (1904) e Ary Francisco Trevisani Beltrão (1908), além da pequena Iris Trevisani Beltrão (1913) e da bebê Eunice Gutierrez Beltrão, falecida em 31 de março de 1920 — apenas sete meses antes da própria Rosa.
Avó atenta, matriarca presente
Rosa Branca não foi apenas mãe — foi arquiteta de uma dinastia. A partir de 1900, os registros mostram um florescimento de netos, noras e genros. Seus filhos mais velhos casaram-se cedo:
- Laura, com João David Perneta, em Curitiba (1900).
- Francisco, com Lavínia Santos Trevisani, em Palmeira (1900).
Ela acompanhou de perto os primeiros netos: Jacyra, Augusto, Francisco, Haroldo, Paulo — este último, tragicamente breve. Seus olhos viram nascer ao menos 18 netos, e ela os batizou, acalentou e, em muitos casos, enterrou.
Seu lar em Curitiba, onde a família se radicou por volta de 1898, tornou-se o centro nervoso da linhagem Beltrão-Gutierrez. Ali, ela recebeu genros e noras, celebrou casamentos e rezou pelos doentes. Quando Francisco Machado da Cunha Beltrão faleceu em 18 de março de 1903, aos 58 anos, Rosa tinha 45 anos — e, viúva, assumiu o papel pleno de matriarca, orientando os filhos mais jovens e sustentando a unidade familiar.
Últimos anos e legado
Rosa Branca viveu até os 62 anos, falecendo em 1º de novembro de 1920 — Dia de Todos os Santos — em Curitiba. Sua mãe, Guilhermina Correia, ainda viva, sobreviveu-lhe por seis anos, falecendo em 1926, aos 89 anos.
É impossível não notar o simbolismo de sua partida: no mesmo dia em que a Igreja Católica celebra todos os santos, ela, que nunca buscou santidade nos altares, mas a viveu nos berços, nas rezas ao pé da cama, nas cartas aos filhos distantes e nas lágrimas pelos que se foram cedo, foi chamada.
Seu nome, Rosa Branca, permanece nos registros paroquiais, nos livros de família e na memória dos descendentes. Mas sua verdadeira herança está em cada neto que carregou seu sangue, em cada bisneto que herdou sua força silenciosa, em **cada mulher da família que, ao enfrentar a dor, lembrou-se da avó uruguaia que atravessou o Rio da Prata com 14 anos e construiu uma nação dentro de quatro paredes.
“Ela não escreveu livros, mas escreveu vidas.
Não governou cidades, mas governou corações.”
Rosa Branca Corrêa Gutierrez foi muito mais que uma mulher do século XIX.
Foi a raiz de uma árvore cujos galhos ainda se espalham pelo Paraná, Santa Catarina e além —
fortes, porque foram regados com amor, luto e coragem.
- Nascida a 1 de janeiro de 1858 (sexta-feira) - Montevideo, Montevideo, Uruguay
- Baptizada a 18 de abril de 1858 (domingo) - San Isidro Labrador, Las Piedras, Canelones, Uruguai
- Falecida a 1 de novembro de 1920 (segunda-feira) - Curitiba, Paraná, Brasil, com a idade de 62 anos
Pais
- Alexandre Gutierrez †1868
- Guilhermina Correia 1837-1926
Casamento(s) e filho(s)
- Casada em 1872, Paranaguá, Paraná, Brasil, com Francisco Machado Da Cunha Beltrão 1845-1903 tiveram
Francisco Gutierrez Beltrão 1875-1939
Laura Gutierrez Beltrão 1878-1965
Osman Gutierrez Beltrão 1879-1910
Marieta Gutierrez Beltrão 1884-1938
Silvio Gutierrez Beltrão 1887-
Gilberto Gutierrez Beltrão 1887-1967
Ismar Gutierrez Beltrao 1889-1929
Maria Gutierrez Beltrão 1890-1946
Guilhermina Gutierrez Beltrão 1892-1893
Leonor Gutierrez Beltrão 1894-1958
Ana Gutierrez Beltrao 1895-1896
Alexandre Gutierrez Beltrão 1896-1987
Estella Gutierrez Beltrão 1898-1954
Lina Gutierrez Beltrão 1900-
Elisa Gutierrez Beltrão 1901-1945
Irmãos
João Carlos Gutierrez 1855-
Rosa Branca Corrêa Gutierrez 1858-1920
Notas
Notas individuais
Fontes
- Pessoa: FamilySearch Family Tree
FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 16 Nov 2025), entry for Francisco Gutierrez Beltrã - o, person ID 9WD4-BNS. - 3 - Nascimento, baptismo, morte: FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 16 Nov 2025), entry for Francisco Gutierrez Beltrão, person ID 9WD4-BNS.
- Casamento: FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 22 Sep 2023), entry for Francisco Machado da Cunha Beltrão, person ID LCYW-P7X.
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Nascimento
Baptismo
Morte do pai
Casamento
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Nascimento de uma filha
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Nascimento de um filho
Nascimento de uma filha
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Morte do cônjuge
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Casamento de um filho
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Morte
Antepassados de Rosa Branca Corrêa Gutierrez
| Domingos Gonçalves Sanábio ca 1690- | Bárbara Machado ca 1695- | Francisco Da Silva Freire 1700-1759 | Josefa Rodrigues De França 1700-1762 | |||||||||||||
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| Raimundo José Sanábio †1801 | Eufrosina Da Silva Freire 1740-1827 | |||||||||||||||
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| Urbano José Corrêa ca 1750- | Maria Francisca Da Silva 1755- | Francisco Ferreira De Oliveira †1822 | Eufrosina Da Sillva Freire ca 1781-1844 | |||||||||||||
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| Juan Gutierrez † | Lourenza Mujica † | Manoel Francisco Correia 1783-1849 | Joaquina Maria Da Ascenção †1849 | |||||||||||||
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| Alexandre Gutierrez †1868 | Guilhermina Correia 1837-1926 | |||||||||||||||
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| Rosa Branca Corrêa Gutierrez 1858-1920 | ||||||||||||||||
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