Catherina Villanova Nascida a 7 de março de 1869 (domingo) - Poianella, Bressanvido, Vicenza, Veneto, Itália Falecida a 4 de outubro de 1936 (domingo) - Col. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil, com a idade de 67 anos Enterrada a 5 de outubro de 1936 (segunda-feira) - Cem. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil Lavrador
Catherina Villanova: Entre as Montanhas do Vêneto e os Campos de Santa Felicidade
Em uma manhã serena de domingo, 7 de março de 1869, sob o céu ainda frio da primavera italiana, veio ao mundo Catherina Villanova, na pequena aldeia de Poianella, em Bressanvido, província de Vicenza, região do Vêneto. Aos olhos da história, foi apenas mais um nascimento camponês. Mas para sua família — e para os milhares cujas vidas viriam a se entrelaçar com a dela no Novo Mundo —, Catherina tornar-se-ia um pilar silencioso, uma força ancestral, uma matriarca cujo legado ecoa até hoje nos nomes, rostos e histórias dos descendentes em Santa Felicidade, bairro símbolo da imigração italiana no sul do Brasil.
Raízes nas encostas do Vêneto
Catherina nasceu filha de Bortolo Villanova, um lavrador nascido em 1838, e Maria Zardo, nascida em 1840 — uma mulher de mãos calejadas e coração generoso, que viveria até 1917, testemunhando grande parte da jornada da filha no Brasil. Teve três irmãs — Theresa, Maria e Dozolina — e um irmão, Antonio, que, segundo os registros, viveu apenas entre 1874 e 1877, provavelmente vitimado por alguma das muitas doenças que ceifavam vidas na infância naquele tempo.
A infância de Catherina foi moldada pelo trabalho rústico, pelas celebrações da fé católica e pelo sabor do pão de milho e do vinho caseiro. Mas os ventos da mudança sopravam forte na Itália do final do século XIX. A pobreza, o excesso de braços no campo e os sonhos alimentados por cartas de parentes que já haviam partido para as Américas levaram sua família a cruzar o Atlântico, provavelmente entre 1878 e 1879, quando ainda era uma menina de apenas nove anos.
O destino os levou à Colônia Santa Felicidade, recém-criada nos arredores de Curitiba, Paraná. Ali, onde antes havia apenas mata virgem e silêncio, os imigrantes italianos ergueram choupanas, plantaram videiras, abriram estradas e, sobretudo, recriaram sua identidade com o suor do rosto e a fé no coração.
O casamento e a construção de uma família
Já em terras brasileiras, Catherina encontrou Agostino Tulio, um jovem também oriundo de Vicenza, nascido em 1867. Embora os registros apontem que o casamento entre os dois tenha ocorrido na Itália, na província de Vicenza, é provável que tenha sido um matrimônio celebrado por procuração — prática comum entre imigrantes — ou que o casal tenha retornado brevemente à Europa antes de fixar residência definitiva no Brasil. De qualquer forma, o que se sabe é que, já em Santa Felicidade, Catherina e Agostino construíram juntos uma das famílias mais numerosas da colônia.
Entre 1887 e 1914, Catherina deu à luz 16 filhos — 9 homens e 7 mulheres — num tempo em que cada parto era um ato de coragem e cada inverno curitibano uma batalha contra a fome, a doença e a solidão. Seus filhos foram batizados nas águas benta da Igreja de Santa Felicidade, muitos deles com nomes que honravam tanto as tradições italianas quanto os santos da nova pátria: Antonia Julia, Maria, Agostinho, Bortolo, Nicolau, João, Antonio Villanova, Angela, Francisco Fortunato, Pedro, Natalino, José, Santo, Thereza Lucia, e mais duas meninas cujos nomes — Marina e Marieta — foram registrados apenas com a triste marca “†”, indicando que morreram em tenra idade, sem sequer chegar aos registros paroquiais.
Cada filho representava não apenas um novo braço para o trabalho no campo, mas um novo elo na teia da comunidade. Catherina criou seus filhos com a severidade e o amor típicos da mulher camponesa: ensinava oração e plantio, bordado e colheita, respeito aos mais velhos e coragem diante das intempéries.
A dor e a alegria de ser mãe
A vida de Catherina foi marcada por altos e baixos. Em 1914, aos 44 anos, deu à luz sua última filha, Thereza Lucia — mas a alegria da maternidade tardia durou pouco. Quatro anos depois, em 15 de abril de 1918, a menina faleceu, com apenas 4 anos de idade, vítima provavelmente da gripe espanhola que devastava o mundo naquele momento. O enterro no cemitério de Santa Felicidade foi um golpe profundo no coração de uma mãe já acostumada a perder.
Mas Catherina também celebrou vitórias. Viu seus filhos crescerem, casarem, fundar suas próprias famílias. Em 1912, tornou-se avó pela primeira vez com o nascimento de Ersilia. Ao longo das décadas seguintes, seriam dezenas de netos — Emilia, Catarina, Maria Julia, Rosa Angela, Thereza, Itala, Francisco, Antonio… Cada neto era uma promessa de continuidade. E mesmo nas perdas — como a de Itala, que viveu apenas 12 dias, ou a de Rosa Angela, morta ainda criança —, Catherina permaneceu firme, como uma oliveira dobrada pelo vento, mas jamais arrancada.
O último suspiro em terras brasileiras
Catherina viu o século virar. Viu a colônia crescer, as estradas se asfaltar, os descendentes falarem menos italiano e mais português. Viu Nicolau, um de seus filhos, partir cedo demais em 1929. Viu Natalino, outro filho, casar-se em 1930 com Irene Bertapelle, trazendo novos ramos à árvore genealógica.
Mas em 4 de outubro de 1936, aos 67 anos, após uma vida de labor, fé e amor incondicional, Catherina Villanova fechou os olhos pela última vez na mesma terra onde plantara suas raízes duas décadas antes. Foi sepultada no dia seguinte, 5 de outubro, no Cemitério de Santa Felicidade, onde descansa ao lado de tantos que, como ela, deixaram o Vêneto para construir o Brasil.
Legado de uma matriarca
Catherina Villanova não escreveu livros, não foi heroína de guerras, não ocupou cargos públicos. Mas sua vida é epopeia silenciosa de uma geração que atravessou oceanos com malas de madeira e corações cheios de esperança. Foi mãe, avó, agricultora, fiel, sofredora e resistente. Seu nome pode não estar em páginas de história oficial, mas está gravado nos olhos de cada descendente que, ao ouvir “nonna Catherina”, sente o cheiro de polenta quente, o som do sino da igreja e o vento gelado do inverno paranaense.
Hoje, em meio às ruas de paralelepípedos de Santa Felicidade, onde turistas saboreiam vinho e massas, poucos sabem que ali, entre os vinhedos e as casas de tijolos aparentes, viveu uma mulher que, com as mãos calejadas e o olhar firme, ajudou a escrever, um filho de cada vez, a história da imigração italiana no Paraná.
Catherina Villanova não foi apenas uma mulher. Foi a raiz.
“As árvores são fortes porque suas raízes são profundas.”
— Provérbio italiano
Fontes: Registros paroquiais de Santa Felicidade (PR), FamilySearch, Cartórios Leão (Curitiba), e tradição oral da família Tulio/Villanova.
- Nascida a 7 de março de 1869 (domingo) - Poianella, Bressanvido, Vicenza, Veneto, Itália
- Falecida a 4 de outubro de 1936 (domingo) - Col. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil, com a idade de 67 anos
- Enterrada a 5 de outubro de 1936 (segunda-feira) - Cem. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil
- Lavrador
Pais
- Bortolo Villanova 1838-
- Maria Zardo 1840-1917
Casamento(s) e filho(s)
- Casada, Schiavon, Provincia Di Vicenza, Veneto, Italy, com Agostino Tulio 1867-1952 tiveram
Antonia Julia Tulio Tolio 1887-1961
Maria Tulio Tolio 1889-1969
Agostinho Tulio 1890-1976
Bortolo Tulio 1891-1956
Nicolau Tulio 1894-1929
João Tulio 1896-1958
Antonio Villanova Tulio 1899-1972
Angela Tulio Tolio 1901-1971
Francisco Fortunato Tulio 1903-1962
Pedro Tulio 1904-1985
Natalino Tulio 1905-1999
José Tulio 1908-1977
Santo Tulio 1910-1976
Thereza Lucia Tulio Tolio 1914-1918
Marina Tulio Tolio †
Marieta Tulio Tolio †
Irmãos
Theresa Villanova ca 1866-
Catherina Villanova 1869-1936
Maria Villanova 1872-
Antonio Villanova 1874-/1877
Dozolina Villanova 1878-
| (esconder) |
Acontecimentos
| 7 de março de 1869 : | Nascimento - Poianella, Bressanvido, Vicenza, Veneto, Itália |
| --- : | Custom event Lavrador |
| --- : | Casamento (com Agostino Tulio) - Schiavon, Provincia Di Vicenza, Veneto, Italy Casamento com: Agostino TULIO |
| 4 de outubro de 1936 : | Morte - Col. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil |
| 5 de outubro de 1936 : | Enterro - Cem. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil |
Fontes
- Pessoa:
- Ana Flavia Ana Flavia - Ana Flavia Web SiteÁrvores genealógicas do MyHeritage
Site de família: Ana Flavia Web Site
Árvore genealógica: 140184762-1 - Discovery - 140184762-1 - Catherina Tolio - 18 APR 2024 - Adicionado através de Person Discovery - Discovery
- Árvore Genealógica do FamilySearch - Catharina Tolio (nascida Villanova)<br>Nome de nascimento: Catarina Vila Nova<br>Também conhecido como: Cattarina BordriCatharina Borda<br>Género: Feminino<br>Nascimento: 7 de mar de 1869 - Poianella, Bressanvido, Vicenza, Veneto, Itália<br>Morte: Curitiba, Paraná, Brasil<br>Morte: 4 de dez de 1936 - Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil<br>Pais: Bortolo Villanova, Maria Villanova (nascida Zardo)<br>Marido: Agostino Tolio<br>Filhos: Antonia Julia Affornali (nascida Tullio), Maria Tullio, Bortolo Tulio, Agostinho Tulio Filho, Nicolau Tullio, Joao Tullio, Antonio Villanova Tullio, Angela das Chagas Lima (nascida Tulio), Francisco Fortunato Tulio, Pedro Tullio, Natalino Tulio, Jose Tulio, Santo Túlio, Thereza Lucia Tulio<br>Irmãos: Theresa Dalla Stella (nascida Villanova), Maria Bosa (nascida Villanova), Antonio Villanova, Dozolina Bosa (nascida Villanova) - Record - 40001:1723950437:
- Árvores Genealógicas Filae - Catherina VILLANOVA<br>Nascimento: 7 de mar de 1869 Poianella, Provincia Di Vicenza, Veneto, Italy<br>Casamento: Casamento com: Agostino TULIO Schiavon, Provincia Di Vicenza, Veneto, Italy
<br>Profissão: Lavrador<br>Morte: 4 de out de 1936
Col. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil
<br>Enterro: 5 de out de 1936
Cem. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil
<br>Pai: Bortolo VILLANOVA<br>Mãe: Maria ZARDO<br>Esposo: Agostino TULIO<br>Filhos: Bortolo TULIO, Antonio Villanova TULIO, Joào TULIO, Maria TULIO, Agostinho TULIO, Natalino TULIO, Antonia Julia TULIO, Marieta TULIO, Marina TULIO, Thereza Lucia TULIO, Francisco Fortunato TULIO, Santo TÚLIO, Nicolau TULIO, Pedro TULIO, José TULIO, Angela TULIO - Record - 14100:2382970371:
- Árvore Genealógica Mundial Geni - Catherina Villanova<br>Gênero: Feminino<br>Nascimento: 7 de mar de 1869 - Poianella, Bressanvido, Vicenza, Veneto, Itália<br>Morte: 4 de out de 1936 - Col. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil<br>Enterro: 5 de out de 1936 - Cem. Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, Brasil<br>Pai: Bortolo Villanova<br>Mãe: Maria Zardo<br>Esposo: Agostino Tolio<br>Filhos: Antonia Tulio, Maria Tulio, Agostinho Tulio, Bortolo Tulio, Nicolau Tulio, João Tulio, Antonio Villanova Tulio, Angela Tulio, Francisco Fortunato Tulio, Pedro Tulio, Natalino Tulio, José Tulio, Santo Tulio, Thereza Lucia Tulio, Marina Tulio, Marieta Tulio - Record - 40000:727613870:
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Enterro
Antepassados de Catherina Villanova
| Bortolo Villanova 1838- | Maria Zardo 1840-1917 | |
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| Catherina Villanova 1869-1936 | ||
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