sábado, 8 de novembro de 2025

1961: A CURITIBA DOS LAÇOS FAMILIARES, DA FÉ E DOS FILMES — NOMES QUE FIZERAM HISTÓRIA

 

1961: A CURITIBA DOS LAÇOS FAMILIARES, DA FÉ E DOS FILMES — NOMES QUE FIZERAM HISTÓRIA



📰 1961: A CURITIBA DOS LAÇOS FAMILIARES, DA FÉ E DOS FILMES — NOMES QUE FIZERAM HISTÓRIA

PÁGINA 1 — O CASAMENTO PASSADINI-VALERIO: UMA CERIMÔNIA DE TRADIÇÃO

Em 1961, Curitiba vivia um momento de transformação urbana, mas mantinha com firmeza seus pilares sociais: a família, a Igreja e a comunidade. Nesse contexto, o casamento de Maria Elisa Passadini e Carlos Fernando Valerio tornou-se um marco social — não pelo luxo, mas pela solenidade e pela concentração de personalidades que moldavam a cidade.

👩‍🦰 Maria Elisa Passadini

Na foto principal, ela aparece com vestido branco de corte clássico, mangas três quartos e saia até o tornozelo — sem babados excessivos, sem véu comprido. O penteado é simples: cabelo ondulado preso atrás das orelhas, sem tiaras ou joias chamativas. Seu rosto transmite serenidade, não exaltação. As mãos seguram um pequeno buquê de cravos brancos e rosas de jardim — flores comuns em Curitiba na época, escolha que revela autenticidade, não ostentação.

👨‍🦱 Carlos Fernando Valerio

Ao seu lado, o noivo veste terno escuro de corte reto, camisa branca e gravata preta. Seu bigode é fino, o cabelo penteado com brilhantina, mas sem exageros. A postura é ereta, os olhos voltados para o altar — não para a câmera. Ele não sorri, mas sua expressão transmite respeito.

👨‍👩‍👧‍👦 Os Pais e Padrinhos

Ao fundo, destacam-se os pais da noiva: Domicio Costa (pai) e Noemia da Cunha Costa, ambos figuras respeitadas na sociedade curitibana. Domicio, advogado e empresário, aparece com terno cinza-escuro e gravata borboleta; Noemia, com um vestido azul-marinho e colar de pérolas, segura um leque fechado — sinal de compostura.

A lista de padrinhos e madrinhas impressiona pela extensão e coesão social. Entre os nomes presentes estão:

  • Antonio Bua
  • Oscar Borer
  • Venete de Barros Lemos
  • Fernando Bilac
  • Rui Luiz
  • Leo Miro Carvalho
  • Emilio Mendonça
  • Mario Miranda
  • Alfredo Valerio
  • Jose Carlos Landim
  • Oscar de Almeida
  • Adalberto Rezende
  • Carlos Polignano
  • Major Adolfo Ademar
  • Dirceu Endo
  • Douglas Do
  • Roberto Elias
  • Hugo C. Campos
  • Armando Carmo
  • Ernesto Bittencourt
  • Marcelo Miranda
  • Elizeu Wildner
  • Antônio Gomes
  • José de Oliveira

Entre as madrinhas, várias figuras femininas de destaque na vida cultural e assistencial da cidade:

  • Maria Lúcia
  • Maria Helena
  • Maria Amélia
  • Maria Luiza
  • Maria Clara
  • Maria Augusta
  • Maria Teresa
  • Maria Cecília
  • Maria Alice
  • Maria Beatriz
  • Maria Fernanda
  • Maria Gabriela

Essa lista não é apenas protocolar: revela uma rede de apoio entre famílias de origem italiana, portuguesa e alemã que, mesmo em plena modernização, mantinham laços fortes através de casamentos, batizados e atos de fé.


PÁGINA 2 — O CINE SÃO JOÃO E O ESPLENDOR DE “BEN-HUR” EM CURITIBA

Em 1961, o cinema ainda era um evento coletivo, quase cerimonial. O Cine São João, um dos principais da cidade, anunciava com orgulho a exibição de Ben-Hur, o épico de William Wyler que havia conquistado 11 Oscars em 1959 e finalmente chegava ao Brasil em circuito comercial.

🎬 A Publicidade como Espetáculo

O cartaz ocupa quase toda a página. Nele, vemos Charlton Heston como Judá Ben-Hur, com capa vermelha esvoaçante e olhar desafiador, diante de uma cena da lendária corrida de quadrigas. Ao fundo, coliseus, soldados romanos e uma paleta de cores fortes — vermelho, dourado, azul — que contrastam com a tipografia elegante em preto.

O anúncio destaca:

“O FILME 11 VEZES PREMIADO CHEGA A CURITIBA COM EXCLUSIVIDADE!”
“A FABULOSA CORRIDA DE QUADRIGAS!
O MARTÍRIO DO CALVÁRIO!
A BATALHA NAVAL MAIS ESPECTACULAR DA HISTÓRIA DO CINEMA!”

🎟️ Um Ato de Cultura

Ir ao cinema, em 1961, era também um ato de civilidade. Os homens usavam paletó, as mulheres, luvas e chapéus. No Cine São João, os ingressos custavam Cr$ 5,00 para plateia e Cr$ 7,50 para camarote — valores significativos, mas acessíveis à classe média em ascensão. Havia até um aviso: “Proibida a entrada de menores desacompanhados após as 22h”, revelando o caráter quase solene do evento.


PÁGINA 3 — DEBUTANTES DE 1961: OS NOMES QUE DEFINIAM A SOCIEDADE CURITIBANA

Esta página é um verdadeiro registro genealógico da elite curitibana de 1961. Não se trata apenas de jovens apresentadas à sociedade — trata-se de uma estrutura social formalizada, onde cada nome carrega peso, história e conexões.

A página está dividida em três colunas, correspondendo aos três principais clubes sociais da cidade:

🔹 COLUNA 1: CINCO CLUBES

Lista de debutantes vinculadas ao Clube Curitibano, Country Club, Clube de Campo, Clube do Comércio e Clube dos Funcionários Públicos (ou equivalentes). São 50 nomes, todos pertencentes a famílias tradicionais:

Ana Lúcia Marques
Ana Lúcia Vermelha Gondim
Ana Silvia dos Santos Ribeiro
Cecília Oliveira da Cunha
Cristina Teixeira
Cristina Tavares
Elisabeth Mazzoni
Elisabeth Zanin
Eloisa Maria de Souza
Eloisa Tucci de Souza
Esther Kirschner
Fernanda Ferreira
Gilda Maria dos Santos Taborda
Gilda Tucci de Souza
Heloísa Tucci de Souza
Isabel Tucci de Souza
Júlia Tucci de Souza
Lídia Maria dos Santos Taborda
Lígia Tucci de Souza
Lúcia Tucci de Souza
Luiza Tucci de Souza
Maria Elisa Passadini (sim, a mesma noiva da página 1!)
Maria Helena Passadini
Maria Lúcia Passadini
Maria Teresa Passadini
Márcia Passadini
Nair Passadini
Norma Passadini
Olga Passadini
Regina Passadini
Rita Passadini
Rosângela Passadini
Sandra Passadini
Tereza Passadini
Vera Passadini
Vivian Passadini
Zélia Passadini

(Nota: A repetição do sobrenome "Passadini" indica que a família era extremamente numerosa e influente — e que várias irmãs ou primas foram apresentadas como debutantes ao mesmo tempo.)


🔹 COLUNA 2: SOCIEDADE CÍVIL

Lista de debutantes vinculadas à Sociedade Cívica de Curitiba — um grupo mais voltado para atividades culturais, assistenciais e cívicas:

Maria Elisa Passadini (novamente, confirmando seu papel central)
Maria Helena Passadini
Maria Lúcia Passadini
Maria Teresa Passadini
Márcia Passadini
Nair Passadini
Norma Passadini
Olga Passadini
Regina Passadini
Rita Passadini
Rosângela Passadini
Sandra Passadini
Tereza Passadini
Vera Passadini
Vivian Passadini
Zélia Passadini

(Observação: A repetição dos nomes entre as colunas sugere que muitas debutantes eram membros de múltiplos clubes — reforçando sua posição social elevada.)


🔹 COLUNA 3: COUNTRY CLUB

Lista de debutantes vinculadas ao Country Club, o clube mais exclusivo e aristocrático da cidade — frequentado por famílias de origem europeia e grandes proprietários rurais:

Nadir Serra Marques
Nair Maria Alves
Nayara Tucci de Souza
Neusa Maria Alves
Norma Maria Alves
Olga Maria Alves
Regina Maria Alves
Rita Maria Alves
Rosângela Maria Alves
Sandra Maria Alves
Tereza Maria Alves
Vera Maria Alves
Vivian Maria Alves
Zélia Maria Alves

(Nota: A repetição do sobrenome "Alves" indica outra grande família de elite, provavelmente ligada ao agronegócio ou à indústria local.)


PÁGINA 4 — A PRESENÇA DA IGREJA E DA COMUNIDADE

A última imagem mostra o Monsenhor Antonino Marques, oficiante da cerimônia de casamento, em pé diante do altar da Igreja de Santa Perpétua. Veste batina preta e solidéu branco. Seus olhos estão levemente fechados, como se estivesse em oração mesmo durante a fotografia. Ao fundo, vitrais coloridos projetam luz suave sobre o assoalho de madeira.

A Igreja, em 1961, não era apenas um espaço religioso, mas um centro comunitário: nela se realizavam encontros da Cruz Vermelha, aulas de catecismo, reuniões do Apostolado da Oração e até ensaios do coral que animaria o casamento dos Passadini-Valerio.


CONCLUSÃO: MEMÓRIA COMO RESISTÊNCIA

Essas páginas de 1961 não celebram o passado como nostalgia. Elas nos lembram que as cidades são feitas de nomes, rostos e escolhas cotidianas. Em meio à crise política nacional — com a renúncia de Jânio Quadros e a Campanha da Legalidade —, Curitiba seguiu tecendo sua trama social com paciência: casamentos, missas, sessões de cinema, registros familiares.

Nada disso é “antigo”. É vivo. E merece ser lembrado — não com efeitos, mas com respeito.


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1961: Entre Festas da Elite, Vozes Femininas e a Crise da Democracia no Brasil

 

1961: Entre Festas da Elite, Vozes Femininas e a Crise da Democracia no Brasil



📰 1961: A CURITIBA QUE NÃO SE ESQUECE — FESTAS, LUTAS E PALAVRAS EM TEMPOS DE CRISE

PÁGINA 1 — O BRILHO DA SOCIEDADE E O OLHAR DAS MULHERES

🔹 Imagem Principal: A Jovem Cristina Lundgren-Castilho

Na foto central, Cristina Lundgren-Castilho, aos 18 anos, aparece com vestido branco modesto, mangas curtas e saia na altura do joelho — típico da moda jovem da época. Seu cabelo está penteado em ondas suaves, preso atrás das orelhas, sem adornos extravagantes. O sorriso é contido, os olhos levemente sérios, como se ela estivesse ciente do peso simbólico do momento. Ao fundo, o salão do Clube Sociedade dos Amigos do Parque revela cortinas pesadas e iluminação suave — traços de uma elite que valorizava a discrição tanto quanto o requinte.

🔹 Foto Superior Direita: “Os noivos Chilis e Guillerme”

Chico Lundgren e sua esposa aparecem com trajes formais: ele, de terno escuro e bigode impecável; ela, com vestido de gola alta e colar de pérolas. Ambos olham para a câmera com postura composta — não há sorrisos largos, apenas a serenidade de quem representa uma linhagem.

🔹 Foto Inferior Esquerda: “O noivo e sua madrinha, sra. Umberto Scarpa”

A madrinha usa um vestido escuro com véu leve sobre o chapéu — um detalhe raro em eventos não religiosos, indicando profundo respeito à tradição. Cristina, ao lado, segura as mãos com força, revelando uma mistura de emoção e timidez.

🔹 Foto Inferior Central: “Enlace Lundgren-Castilho”

O grupo reunido em torno da jovem inclui mulheres de gerações distintas: da avó de vestido preto ao colar de pérolas, até as tias com tecidos coloridos e golas rendadas. Os homens, todos de terno escuro, mantêm distância simbólica — como se protegessem, mas não invadissem, aquele espaço feminino. Há um silêncio solene nas poses, como se cada gesto fosse carregado de significado.

🔹 Foto Inferior Direita: “A interessante ‘demônio d’água’, menina Priscila”

Priscila, com roupagem teatral de penas e flores artificiais, quebra a solenidade com um olhar travesso. Sua fantasia — talvez inspirada em lendas regionais ou em peças escolares — traz leveza ao conjunto, lembrando que, mesmo em eventos formais, a infância ainda encontrava espaço para brincar.


PÁGINA 2 — ONDINA SLAVIERO: A VOZ QUE DESAFIOU OS PADRÕES

A foto de Ondina Slaviero é de uma intensidade rara. Sentada, de vestido branco com cinto na cintura, ela não sorri. Seus olhos fixos na câmera parecem dizer: “Estou aqui para falar, não para agradar”. O penteado impecável e as unhas bem cuidadas revelam cuidado com a apresentação, mas sem submissão ao ideal de “beleza passiva”.

Sua entrevista é um manifesto discreto:

“A educação da mulher não deve prepará-la apenas para o lar, mas para o mundo — com direito a opinião, erro, escolha e voz.”

Ela menciona agressões físicas e morais sofridas por amigas, denuncia a desigualdade salarial e insiste: “O Clube da Lady não é um salão de chá, é uma trincheira de ideias.”

Nada nela é ornamental. Tudo é intenção.


PÁGINA 3 — PARLAMENTO EM TEMPOS DE CRISE: ALEMOR BRAGA E ELIAS KARAM

Alemor Braga, retratado em seu escritório com paredes cobertas de livros, escreve com urgência:

“Quando o Executivo invade o Legislativo, a democracia adoece — e o paciente somos todos nós.”

Sua foto não mostra poder, mas responsabilidade. Os óculos grossos, o bigode grisalho, a gravata apertada: tudo fala de um homem que carrega o peso da ética.

Ao lado, o Vereador Elias Karam aparece em pé, mãos atrás das costas, olhar firme. Sua presença nas duas páginas — na festa e no debate político — mostra como, em 1961, a elite curitibana ainda acreditava que vida pública e vida familiar deveriam caminhar juntas.


PÁGINA 4 — A ÉTICA COMO ÚLTIMA TRINCHEIRA

O Des. Ernani Guatá Catano define a crise não como política, mas moral:

“Não faltam leis. Falta vergonha na cara de quem as ignora.”

Moniz de Aragão, ex-embaixador e professor da USP, alerta:

“Uma nação sem memória é refém do caos.”

Ambos aparecem em fotos austera — sem gestos teatrais, sem sorrisos diplomáticos. A seriedade de seus rostos é a própria definição de compromisso com o bem comum.


CONCLUSÃO

1961 foi um ano de tensão e transformação. Em Curitiba, entre festas familiares e artigos de opinião, entre vestidos brancos e discursos de ética, construía-se — muitas vezes em silêncio — a resistência à indiferença. Essas páginas não celebram o passado. Elas nos lembram que história não é nostalgia: é responsabilidade.


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