sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

A Casa de Alberto Murray: Um Tesouro Arquitetônico entre a Avenida João Gualberto e a Rua Rocha Pombo

 Denominação inicial: Projéto para uma Residência para o Snr. Alberto Murray

Denominação atual: Comercial

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte

Endereço: Avenida João Gualberto esquina com a Rua Rocha Pombo

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 190,00 m²
Área Total: 190,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 23/04/1935

Alvará de Construção: Nº 1167/1935

Descrição: Projetos Arquitetônicos para construção de residência, garagem e muro. Alvará de Construção e fotografia do imóvel.

Situação em 2012: Existente


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Planta da garagem.
3 - Alvará de Construção.
4 - Fotografia do imóvel em 2012.

Referências: 

1 e 2 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto para uma Residência. Planta dos pavimentos térreo e superior; implantação, corte, fachada frontal voltada para a Avenida João Gualberto e, outra, voltada para a Rua Rocha Pombo, e muro; planta de garagem, com fachada e implantação apresentados em duas pranchas. Microfilme digitalizado.
3 - Alvará n.º 1167
4 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012).

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

A Casa de Alberto Murray: Um Tesouro Arquitetônico entre a Avenida João Gualberto e a Rua Rocha Pombo

Curitiba, 1935 — Uma residência de pequeno porte que carrega a elegância discreta do entre guerras e a memória de um morador ilustre: Alberto Murray.


Nas esquinas que contam histórias, entre a movimentada Avenida João Gualberto e a bucólica Rua Rocha Pombo, no coração do bairro Alto da Glória, ergue-se desde 1935 uma construção que, apesar de modesta em dimensões, exala personalidade arquitetônica e valor histórico: a antiga residência de Alberto Murray.

Projetada como uma residência de pequeno porte, com dois pavimentos e área total de 190 m², a casa foi concebida por um arquiteto ainda anônimo nos registros preservados, mas cujo traço revela sensibilidade ao estilo eclético predominante na Curitiba da primeira metade do século XX — uma mistura de funcionalidade urbana com toques decorativos que lembram o classicismo europeu reinterpretado à brasileira.


O Morador: Alberto Murray — Um Nome na História Local

Embora os documentos oficiais não detalhem amplamente a biografia de Alberto Murray, seu nome aparece com destaque no título original do projeto:

“Projéto para uma Residência para o Snr. Alberto Murray”

Essa nomeação pessoal, comum na época, indica que a casa foi encomendada diretamente por ele — um cidadão com condições para investir em uma construção própria em uma das regiões mais valorizadas da capital paranaense. O fato de ter escolhido um terreno em esquina, com frente para duas vias importantes, sugere status social e visão de futuro.

Curiosamente, a edificação, originalmente destinada ao uso residencial, hoje figura com denominação comercial, evidenciando a transformação urbana do entorno — mas sua essência arquitetônica permanece preservada.


O Projeto: Simplicidade com Nobreza

Data do projeto arquitetônico: 23 de abril de 1935.
Alvará de construção: nº 1167/1935 — emitido pelo Departamento de Obras Públicas da Prefeitura Municipal de Curitiba.

O conjunto documental inclui:

  • Planta dos pavimentos térreo e superior;
  • Detalhes de implantação no terreno;
  • Cortes e fachadas voltadas tanto para a Avenida João Gualberto quanto para a Rua Rocha Pombo;
  • Projeto do muro de fechamento e da garagem, esta última com planta e fachada próprias — um luxo raro para a época, que demonstra a preocupação com a mobilidade automotiva já em ascensão nos anos 1930.

Construída em alvenaria de tijolos, a casa possui dois pavimentos, mas, por algum motivo técnico (talvez sobreposição ou adaptação posterior), a área total registrada é de 190 m², sugerindo que apenas um dos níveis foi computado ou que o segundo pavimento foi incorporado sem ampliação da base.

As fachadas revelam janelas simétricas, platibandas discretas e proporções equilibradas — características típicas da arquitetura residencial curitibana da década de 1930, influenciada pelo gosto burguês e pela estética do modernismo tardio que ainda dialogava com o passado.


Preservação e Memória: A Casa em 2012

Em 2012, a residência ainda existia, conforme registrado na fotografia de Elizabeth Amorim de Castro, que a capturou com sua estrutura essencialmente intacta, resistindo ao tempo e às pressões do desenvolvimento urbano. Apesar da mudança de uso — de residencial para comercial —, o volume, as aberturas e o traçado original permanecem visíveis, atestando a qualidade do projeto e a solidez da construção.

Os documentos encontram-se hoje preservados em microfilme digitalizado, sob os cuidados do acervo histórico de Curitiba, especialmente nas pranchas assinadas por Eduardo Fernando Chaves, que compilou os desenhos originais em duas pranchas detalhadas.


Um Patrimônio Silencioso

A casa de Alberto Murray não é tombada, nem ostenta placas comemorativas. Mas é um fragmento vivo da memória urbana de Curitiba — um testemunho do crescimento ordenado da cidade, do surgimento da classe média urbana e da valorização de bairros como o Alto da Glória, que se tornou referência de elegância residencial no século XX.

Mais do que tijolos e argamassa, essa edificação guarda:

  • O nome de um homem que escolheu ali viver;
  • O cuidado de um arquiteto que projetou cada detalhe com precisão;
  • A persistência de uma cidade que, mesmo em transformação, ainda abriga suas raízes.

“Nas esquinas de Curitiba, não são só ruas que se cruzam — são histórias.”


Referências:
1 e 2 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto para uma Residência. Pranchas arquitetônicas (microfilme digitalizado).
3 – Alvará de Construção nº 1167/1935.
4 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012).

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