sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

O Sonho de Oito Casas: O Projeto de Hermano Franco Machado na Encruzilhada do Batel

 Denominação inicial: Projecto para grupo de oito casas do Snr. Hermano Franco Machado

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência Geminada
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte

Endereço: Rua Bruno Filgueira esquina Av. Batel

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 189,00 m²
Área Total: 189,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 29/04/1930

Alvará de Construção: Talão Nº 27559; Nº 1330/1930

Descrição: Projeto Arquitetônico para a construção de Residências Geminadas constituídas por oito casas.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.

Referências: 

1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para grupo de oito casas do Snr. Hermano Franco Machado na Rua Bruno Filgueiras e Av. Batel. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

O Sonho de Oito Casas: O Projeto de Hermano Franco Machado na Encruzilhada do Batel

Curitiba, 1930 — Um empreendimento visionário que buscava conciliar habitação, elegância e modernidade no nascente bairro do Batel. Embora hoje desaparecido, seu traço permanece na memória arquitetônica da cidade.


Em uma Curitiba em plena expansão urbana, ainda marcada por bondes nas ruas e quintais generosos, surgiu em 29 de abril de 1930 um projeto arrojado para a época: um conjunto de oito casas geminadas, encomendado por Hermano Franco Machado e localizado estrategicamente na esquina da Rua Bruno Filgueira com a Avenida Batel — um dos pontos mais promissores da capital paranaense.

Concebido pelo escritório Gastão Chaves & Cia., o projeto foi registrado sob o nome poético e formal típico da época:

“Projecto para grupo de oito casas do Snr. Hermano Franco Machado”.

Embora hoje o conjunto tenha sido demolido (situação confirmada em 2012), sua existência — mesmo em forma de pranchas e alvarás — revela um capítulo importante na história da habitação coletiva em Curitiba: o momento em que a cidade começava a pensar em densidade urbana com qualidade, sem abrir mão do charme residencial.


Hermano Franco Machado: Empreendedor à Frente do Seu Tempo

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Hermano Franco Machado, mas seu legado arquitetônico sugere um homem com visão de futuro. Ao encomendar oito casas geminadas em um único lote, ele não apenas investia em imóveis, mas propunha um novo modelo de morar: compartilhado, funcional e estilizado.

Na década de 1930, o bairro do Batel ainda se consolidava como uma alternativa residencial elegante, próxima ao centro, mas com ares de tranquilidade suburbana. A localização escolhida — esquina entre a Rua Bruno Filgueira e a Avenida Batel — era estratégica, com fácil acesso e visibilidade, ideal tanto para famílias quanto para aluguéis.


O Projeto: Oito Casas, Uma Só Identidade

O projeto arquitetônico, composto por plantas dos pavimentos térreo e superior, cortes, fachada frontal e implantação, foi condensado em uma única prancha — demonstrando a unidade estética e construtiva do conjunto.

Cada unidade possuía:

  • Dois pavimentos
  • Área de 189 m² por casa (embora, pela natureza geminada, a área total do terreno fosse bem maior)
  • Construção em alvenaria de tijolos, técnica dominante e duradoura
  • Fachadas simétricas, com elementos decorativos discretos típicos do ecletismo tardio, ainda em voga nos anos 1930

As casas eram geminadas, ou seja, compartilhavam paredes medianeiras, uma solução inteligente para otimizar espaço urbano sem comprometer a privacidade total. Cada unidade tinha acesso independente, jardim frontal e provavelmente quintal nos fundos — um equilíbrio raro entre coletividade e individualidade.

O alvará de construção foi emitido sob o Talão nº 27559, com registro oficial nº 1330/1930, atestando a regularidade do empreendimento perante a Prefeitura Municipal.


O Desaparecimento: Um Sussurro na História Urbana

Infelizmente, o conjunto não resistiu ao tempo. Em 2012, já não existia mais — demolido, provavelmente para dar lugar a edifícios comerciais ou residenciais de maior porte, fruto da verticalização acelerada do entorno do Batel.

Contudo, sua memória subsiste nos arquivos históricos de Curitiba, preservada em microfilme digitalizado, onde a prancha original do escritório Gastão Chaves & Cia. ainda revela a elegância das linhas, a proporção das janelas e a ambição de um projeto que via na habitação não apenas teto, mas dignidade, beleza e ordem urbana.


Legado de uma Visão Coletiva

O projeto de Hermano Franco Machado antecipou, em décadas, debates contemporâneos sobre habitação acessível, uso racional do solo e arquitetura de vizinhança. Embora modesto em escala, era revolucionário em conceito: provar que viver bem em cidade não exigia mansões isoladas, mas boas casas, bem projetadas, em comunidade.

Hoje, ao passar por aquela esquina movimentada do Batel — onde talvez agora haja uma loja, um café ou um prédio de escritórios — poucos imaginam que ali, um dia, oito famílias acordaram sob telhados irmãos, filhos de um mesmo sonho:
o de construir Curitiba, casa por casa.

“Não foram apenas oito casas que desapareceram — foi uma ideia de cidade que merece ser lembrada.”


Referência:
1 – GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para grupo de oito casas do Snr. Hermano Franco Machado na Rua Bruno Filgueiras e Av. Batel. Prancha arquitetônica (microfilme digitalizado).

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