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sábado, 8 de novembro de 2025

1961: Entre Festas da Elite, Vozes Femininas e a Crise da Democracia no Brasil

 

1961: Entre Festas da Elite, Vozes Femininas e a Crise da Democracia no Brasil



📰 1961: A CURITIBA QUE NÃO SE ESQUECE — FESTAS, LUTAS E PALAVRAS EM TEMPOS DE CRISE

PÁGINA 1 — O BRILHO DA SOCIEDADE E O OLHAR DAS MULHERES

🔹 Imagem Principal: A Jovem Cristina Lundgren-Castilho

Na foto central, Cristina Lundgren-Castilho, aos 18 anos, aparece com vestido branco modesto, mangas curtas e saia na altura do joelho — típico da moda jovem da época. Seu cabelo está penteado em ondas suaves, preso atrás das orelhas, sem adornos extravagantes. O sorriso é contido, os olhos levemente sérios, como se ela estivesse ciente do peso simbólico do momento. Ao fundo, o salão do Clube Sociedade dos Amigos do Parque revela cortinas pesadas e iluminação suave — traços de uma elite que valorizava a discrição tanto quanto o requinte.

🔹 Foto Superior Direita: “Os noivos Chilis e Guillerme”

Chico Lundgren e sua esposa aparecem com trajes formais: ele, de terno escuro e bigode impecável; ela, com vestido de gola alta e colar de pérolas. Ambos olham para a câmera com postura composta — não há sorrisos largos, apenas a serenidade de quem representa uma linhagem.

🔹 Foto Inferior Esquerda: “O noivo e sua madrinha, sra. Umberto Scarpa”

A madrinha usa um vestido escuro com véu leve sobre o chapéu — um detalhe raro em eventos não religiosos, indicando profundo respeito à tradição. Cristina, ao lado, segura as mãos com força, revelando uma mistura de emoção e timidez.

🔹 Foto Inferior Central: “Enlace Lundgren-Castilho”

O grupo reunido em torno da jovem inclui mulheres de gerações distintas: da avó de vestido preto ao colar de pérolas, até as tias com tecidos coloridos e golas rendadas. Os homens, todos de terno escuro, mantêm distância simbólica — como se protegessem, mas não invadissem, aquele espaço feminino. Há um silêncio solene nas poses, como se cada gesto fosse carregado de significado.

🔹 Foto Inferior Direita: “A interessante ‘demônio d’água’, menina Priscila”

Priscila, com roupagem teatral de penas e flores artificiais, quebra a solenidade com um olhar travesso. Sua fantasia — talvez inspirada em lendas regionais ou em peças escolares — traz leveza ao conjunto, lembrando que, mesmo em eventos formais, a infância ainda encontrava espaço para brincar.


PÁGINA 2 — ONDINA SLAVIERO: A VOZ QUE DESAFIOU OS PADRÕES

A foto de Ondina Slaviero é de uma intensidade rara. Sentada, de vestido branco com cinto na cintura, ela não sorri. Seus olhos fixos na câmera parecem dizer: “Estou aqui para falar, não para agradar”. O penteado impecável e as unhas bem cuidadas revelam cuidado com a apresentação, mas sem submissão ao ideal de “beleza passiva”.

Sua entrevista é um manifesto discreto:

“A educação da mulher não deve prepará-la apenas para o lar, mas para o mundo — com direito a opinião, erro, escolha e voz.”

Ela menciona agressões físicas e morais sofridas por amigas, denuncia a desigualdade salarial e insiste: “O Clube da Lady não é um salão de chá, é uma trincheira de ideias.”

Nada nela é ornamental. Tudo é intenção.


PÁGINA 3 — PARLAMENTO EM TEMPOS DE CRISE: ALEMOR BRAGA E ELIAS KARAM

Alemor Braga, retratado em seu escritório com paredes cobertas de livros, escreve com urgência:

“Quando o Executivo invade o Legislativo, a democracia adoece — e o paciente somos todos nós.”

Sua foto não mostra poder, mas responsabilidade. Os óculos grossos, o bigode grisalho, a gravata apertada: tudo fala de um homem que carrega o peso da ética.

Ao lado, o Vereador Elias Karam aparece em pé, mãos atrás das costas, olhar firme. Sua presença nas duas páginas — na festa e no debate político — mostra como, em 1961, a elite curitibana ainda acreditava que vida pública e vida familiar deveriam caminhar juntas.


PÁGINA 4 — A ÉTICA COMO ÚLTIMA TRINCHEIRA

O Des. Ernani Guatá Catano define a crise não como política, mas moral:

“Não faltam leis. Falta vergonha na cara de quem as ignora.”

Moniz de Aragão, ex-embaixador e professor da USP, alerta:

“Uma nação sem memória é refém do caos.”

Ambos aparecem em fotos austera — sem gestos teatrais, sem sorrisos diplomáticos. A seriedade de seus rostos é a própria definição de compromisso com o bem comum.


CONCLUSÃO

1961 foi um ano de tensão e transformação. Em Curitiba, entre festas familiares e artigos de opinião, entre vestidos brancos e discursos de ética, construía-se — muitas vezes em silêncio — a resistência à indiferença. Essas páginas não celebram o passado. Elas nos lembram que história não é nostalgia: é responsabilidade.


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