segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Curitiba em 1913: Entre Farmácias, Indicadores Comerciais e Caricaturas de Salão

 

Curitiba em 1913: Entre Farmácias, Indicadores Comerciais e Caricaturas de Salão



Curitiba em 1913: Entre Farmácias, Indicadores Comerciais e Caricaturas de Salão

Crônica social e econômica da capital paranaense no alvorecer da modernidade

No ano de 1913, Curitiba era uma cidade em transição. Com cerca de 35 mil habitantes, a capital do Paraná equilibrava com graça a herança colonial e os ventos da modernidade que sopravam da Europa e dos grandes centros do Sudeste. As ruas de paralelepípedos, os bondes movidos a tração animal — em breve substituídos pelos elétricos — e as casas de madeira com varandas floridas compunham um cenário de província ordeira, mas já atenta aos progressos do novo século. Era uma cidade que, embora distante do litoral e do eixo Rio-São Paulo, demonstrava uma vitalidade surpreendente, impulsionada por imigrantes, comerciantes e uma elite local fortemente ligada à agricultura, ao comércio e à administração pública.

As páginas dos jornais da época — como O Estado do Paraná, Diário da Tarde e A Gazeta — registravam não apenas as notícias políticas e econômicas, mas também a vida social, cultural e comercial da cidade. Os anúncios publicitários, os indicadores comerciais e as caricaturas eram verdadeiros retratos da sociedade curitibana, revelando seus valores, desejos e contradições.


A Farmácia como Espaço de Saúde e Prestígio: “Elixir de Mastruço” e “Jatahy Prado”

Um dos anúncios mais emblemáticos de 1913 é o do Elixir de Mastruço, um remédio patentado pelo Dr. Alfredo Barcellos, médico formado pela faculdade de medicina do Rio de Janeiro. O texto do anúncio é eloquente: “Atesto que tenho por várias vezes empregado na minha clínica particular o Elixir de Mastruço, obtendo sempre os mais benéficos efeitos...”.

O produto, descrito como “original da nossa apóteca fluvial interprovincial”, era vendido no “Depósito geral: Rodolpho Hess & Cia. (Casa Huber)”, localizado na “Rua Sete de Setembro n. 61”. A menção ao nome do médico e à sua formação acadêmica — além da referência a “medicina homopática” — indica que o anúncio buscava legitimar o produto por meio da autoridade científica, uma estratégia de marketing comum na época.

Outro anúncio relevante é o da Jatahy Prado, identificada como “O Rei dos Remédios Brasileiros”. O texto informa que, “por acto ministerial de 3 de Setembro de 1910, foi adoptado nas pharmacias do glorioso exercito brasileiro”. Isso sugere que o produto era reconhecido oficialmente pelo governo federal, o que aumentava sua credibilidade e seu apelo junto ao público.

Esses anúncios revelam algo importante: a saúde era vista como um bem precioso, e os produtos que prometiam cura ou alívio eram altamente valorizados. A farmácia, naquela época, era um espaço de prestígio, onde se encontravam médicos, farmacêuticos e clientes em busca de soluções para os problemas do dia a dia. O fato de os produtos serem vendidos em farmácias e boticas indica que eles integravam-se ao universo da medicina moderna, oferecendo soluções práticas e acessíveis para os problemas de saúde da população.


O Comércio em Expansão: O Indicador da Rua 15 de Novembro — Lista Completa dos Estabelecimentos e Suas Atividades

O “Indicador da Rua 15 de Novembro” é um documento único que revela a dinâmica comercial da cidade em 1913. A rua, hoje conhecida como Rua XV de Novembro, era o coração comercial de Curitiba, abrigando lojas de roupas, livrarias, chapelarias, alfaiatarias, joalherias e até mesmo estabelecimentos especializados em artigos para animais domésticos.

Abaixo, segue a lista completa dos estabelecimentos mencionados no indicador, com descrição detalhada de suas atividades:

Página 1:

  • Louvres: Artigos de toucador, perfumaria, cosméticos — uma loja de produtos de beleza e higiene pessoal.
  • Chapelaria Jacob Lutz Filho: Chapéus, gorros, artigos de chapéu — especializada em acessórios de cabeça.
  • Casa Metal: Ferragens, utensílios domésticos — uma loja de ferragens e artigos para casa.
  • Casa Karder: Artigos de toucador, perfumaria, cosméticos — outra loja de produtos de beleza.
  • Livraria Mundial: Livros, papelaria, artigos de escritório — uma livraria e papelaria.
  • Alfaiataria Moretti: Confecções, ternos, uniformes — uma alfaiataria tradicional.
  • Casa Japonês: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos japoneses.
  • Casa Contador: Relógios, joias, artigos de presente — uma joalheria e relojoaria.
  • Casa Americana: Fardas, uniformes, ternos — especializada em vestuário formal.
  • Camisaria Ideal: Camisas, camisetas, artigos de vestuário — uma camisaria.
  • Casa de Calçados: Sapatos, botinas, sandálias — uma sapataria.
  • Casa Clark: Artigos de toucador, perfumaria, cosméticos — outra loja de produtos de beleza.
  • Floricultura Edelweiss: Flores, plantas, artigos de jardinagem — uma floricultura.
  • Casa Cartier: Joias, relógios, artigos de presente — uma joalheria.
  • La Ville de Paris: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos franceses.
  • Chapelaria Cartuchino: Chapéus, gorros, artigos de chapéu — outra chapelaria.
  • Palestine & Moranginho: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.

Página 2:

  • Benjamin Lucena & Cia.: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Villar, Ferreira & Cia.: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Livraria Economista: Livros, papelaria, artigos de escritório — uma livraria e papelaria.
  • Alberto Assmé: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Flora: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Chapelaria Celeste: Chapéus, gorros, artigos de chapéu — uma chapelaria.
  • Dias & Cia.: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Bichels: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Querim, Cunha & Cia.: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Aymer: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Albera & Cia.: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Perinato: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Antonius Braga: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Praitt: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Casa de Novidades: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa da Louca: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Valdugna: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Crystal: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.
  • Casa Tramujos: Artigos de importação, presentes — uma loja de produtos estrangeiros.
  • Chapelaria Flor de Paris: Chapéus, gorros, artigos de chapéu — uma chapelaria.
  • Velhoso & Cia.: Artigos de importação, presentes — outra loja de produtos estrangeiros.

A Cultura Satírica: “Mizzi Wirth” e o Humor de Salão

A caricatura de Mizzi Wirth, assinada por K. Lungas, é um testemunho da cultura satírica e do humor de salão que florescia em Curitiba em 1913. A ilustração mostra uma mulher elegante, vestindo um vestido longo com estampa listrada e um penteado volumoso, segurando um guarda-chuva e sorrindo para o espectador. O texto que acompanha a imagem é uma poesia satírica, escrita em tom jocoso e irônico:

Em vão contra ela o grupo se coídia
Das esposas obeliscas, que a odeia...
Quando surge no palco é uma alucina.
Deixa toda frenética a plateia.

Pois amadurece integram fez ideia!
Pelos mais duros do que a própria miséria.
Para ela o homem que tem teu toca cai
Chronicas força que não ha quem leia.

Todo silencio ao vel-a já a coroa
E todo brasileiro que ela atraca
Logo aprende o silencio e capuz boia.

Até o Schneider que lhe faz zumbido
Afirma—No espectáculo é uma rainha.
Mas toda a mais forma quando recusa.

A caricatura, com seu estilo art nouveau e seu tom irreverente, revela algo importante: a vida social em Curitiba era regida por códigos de honra, linhagem familiar e uma elegância discreta, mas também por um senso de humor afiado, que permitia às damas da sociedade brincar com as convenções e os preconceitos da época. A figura de “Mizzi Wirth” — possivelmente uma atriz, cantora ou socialite — era uma celebridade local, cuja presença nos salões e teatros era aguardada com entusiasmo.

A assinatura de “K. Lungas” indica que o artista era um profissional reconhecido, capaz de capturar com precisão os traços físicos e psicológicos das figuras públicas da época. A caricatura, portanto, não era apenas um divertimento; era uma forma de crítica social, que permitia aos leitores refletir sobre os valores e comportamentos da sociedade curitibana.


Conclusão: Curitiba em 1913 — Uma Cidade entre Tradição e Modernidade

As imagens aqui analisadas — os anúncios de produtos farmacêuticos, o indicador comercial da Rua 15 de Novembro e a caricatura de “Mizzi Wirth” — são mais do que simples registros históricos. Elas são espelhos da sociedade paranaense de 1913, refletindo seus valores, desejos e contradições. A beleza, a saúde, a cultura e o humor eram temas centrais na vida das pessoas, e os produtos e serviços que prometiam esses benefícios eram altamente valorizados.

Curitiba, em 1913, era uma cidade em plena ascensão, onde a tradição se entrelaçava com a modernidade e a vida social era regida por um código de elegância, protocolo e conexões familiares. Os jornais da época, com seus anúncios, indicadores e caricaturas, eram verdadeiros catálogos da vida moderna, onde se anunciavam produtos importados, serviços sofisticados e marcas que prometiam status, beleza e progresso.

Ao estudar esses registros, não apenas compreendemos como era o cotidiano da época, mas também percebemos as raízes dos valores e hábitos que ainda hoje permeiam a cultura paranaense. O consumo, naquela época, era uma forma de expressão social — e, como hoje, continua sendo um reflexo de quem somos e do que desejamos ser.


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O Comércio Sofisticado de Curitiba: Um Retrato Publicitário da Elite Paranaense nos Anos 1920-1940

 

O Comércio Sofisticado de Curitiba: Um Retrato Publicitário da Elite Paranaense nos Anos 1920-1940



O Comércio Sofisticado de Curitiba: Um Retrato Publicitário da Elite Paranaense nos Anos 1920-1940

Por um cronista atento ao passado que moldou o consumo e a identidade da cidade

Curitiba, no início do século XX, era uma cidade em plena transformação. Ainda pequena e provinciana, mas já com um espírito cosmopolita, a capital paranaense vivia um período de crescimento econômico e cultural intenso. Os jornais da época — como o Diário do Paraná, O Estado do Paraná ou A Gazeta — eram mais do que veículos de notícias; eram verdadeiros catálogos da vida moderna, onde se anunciavam produtos importados, serviços sofisticados e marcas que prometiam status, beleza e progresso. As páginas aqui apresentadas — repletas de anúncios de cosméticos, automóveis, joias, máquinas fotográficas e medicamentos — são janelas para um mundo onde o consumo era sinônimo de elegância, modernidade e pertencimento à elite local.


A Beleza como Status: “Juventude Alexandre” e a Vaidade Feminina

Um dos anúncios mais emblemáticos é o da “Juventude Alexandre”, um produto para cabelos que promete “dar vigor, beleza e rejuvenescer os cabelos”. O texto é eloquente: “A Juventude faz com que os cabelos brancos fiquem pretos, não queima, não mancha a pele.” Essa promessa de juventude eterna e beleza perfeita reflete os ideais estéticos da época, especialmente entre as mulheres da classe média e alta.

O anúncio destaca que o produto foi “premiado com Medalha de Ouro na Exposição de 1908” e é vendido em “S. Paulo, BARUEL & C.” — indicando que era um produto de origem paulista, mas com grande aceitação em Curitiba. A menção à premiação e à exposição internacional sugere que a marca buscava legitimar sua qualidade por meio de reconhecimento oficial, uma estratégia de marketing comum na época.

Esse anúncio também revela algo mais profundo: a vaidade feminina era vista como um valor social. Ter cabelos bonitos, jovens e saudáveis era um sinal de cuidado consigo mesma, de pertencimento a um círculo social refinado. A “Juventude Alexandre” não era apenas um cosmético; era um símbolo de status e modernidade.


O Luxo do Cotidiano: “Casa Porcellana de Schmidlin & Tamm” e a Arte de Viver Bem

Outro anúncio que chama atenção é o da “Casa Porcellana de Schmidlin & Tamm”, localizada em Curitiba. O texto anuncia um “grande e variado sortimento de louças, vidros, ferragens, tintas, etc.”, além de “depósito permanente de máquinas de costura, ditas de picar palha, debulhadores, arados, arame farpado para cerca e outros”.

A presença de itens tão diversos — desde louças finas até arados agrícolas — revela a natureza multifacetada do comércio da época. A Casa Porcellana não era apenas uma loja de utensílios domésticos; era um centro comercial que atendia tanto às necessidades das famílias urbanas quanto às demandas do campo. Isso reflete a dualidade da economia paranaense da época: uma cidade em ascensão, mas ainda fortemente ligada à agricultura e à pecuária.

Além disso, o anúncio menciona que a loja é “única agente e vendedora neste Estado das aclamadas máquinas de escrever marca ‘URANIA’”. A máquina de escrever, um símbolo de modernidade e eficiência, era um item de desejo para escritórios, escolas e famílias abastadas. A inclusão desse produto no catálogo da Casa Porcellana indica que a loja buscava atrair um público diversificado, desde donas de casa até empresários e profissionais liberais.


A Modernidade em Movimento: O Automóvel Adler e o Sonho de Liberdade

O anúncio do automóvel “ADLER”, fabricado pela “Adlerwerke vorm. Heinrich Kleyer A.-G.”, em Frankfurt a. M., é talvez o mais icônico de todos. A ilustração mostra um homem elegante, vestindo um casaco longo e um chapéu, ao volante de um carro de luxo, com capota aberta e rodas brancas — um modelo típico dos anos 1920.

O texto informa que os únicos agentes no Paraná são “J. RACKI & CIA.”, localizados na “Rua Marechal Floriano Peixoto N. 70”, em Curitiba. A menção à origem alemã do veículo (“Frankfurt a. M.”) e ao nome da empresa (“Adlerwerke”) reforça a associação entre o automóvel e a tecnologia avançada, a qualidade e o prestígio.

Na época, possuir um automóvel era um símbolo de riqueza e poder. O Adler, com seu design elegante e robusto, era um carro para quem queria demonstrar status e modernidade. O anúncio, portanto, não está apenas vendendo um veículo; está vendendo um estilo de vida — de liberdade, velocidade e progresso.


A Arte de Registrar a Memória: “Casa Stolze” e a Fotografia como Arte

O anúncio da “Casa Stolze”, fundada em 1874, é um testemunho da importância da fotografia na vida social da época. A loja, localizada na “Rua 15 de Novembro 29-A”, em São Paulo, mas com representação em Curitiba, oferecia “artigos photographicos”, incluindo “máquinas, accesorios, productos chimicos” e “stock de chapas e papel de diversos fabricantes”.

O texto destaca que a Casa Stolze atendia “pedidos de qualquer ponto do Brasil, com a máxima promptidão e exactidão”, e que o “stock de chapas e papel” estava “reformado semanalmente”. Isso indica que a loja era uma referência nacional, com um serviço de entrega rápido e confiável — algo raro na época.

A fotografia, naquela época, era uma arte e um luxo. Tirar fotos era um ato especial, reservado para momentos importantes: casamentos, batizados, formaturas. A Casa Stolze, ao oferecer “máquinas dos mais afamados fabricantes”, permitia que as famílias da elite registrassem suas memórias e as preservassem para sempre. O anúncio, portanto, não está apenas vendendo equipamentos; está vendendo a possibilidade de imortalizar a própria história.


O Conforto da Saúde: “Collyrio Moura Brazil” e a Medicina como Solução

O anúncio do “Collyrio Moura Brazil” é um exemplo de como a publicidade médica era usada para resolver problemas cotidianos. O produto, “aprovado pela Directoria Geral de Saúde Pública”, promete “contra as purgações dos olhos e outros males”, e é vendido pela “Pharmacia Moura Brazil”, localizada no Rio de Janeiro.

O texto é direto e funcional: “Conjunctivites, catarrhos, sub-agudas, conjuntivites agudas, moscas, pustulas, etc.” — uma lista de problemas oculares que, na época, eram comuns e muitas vezes tratados com remédios caseiros ou de farmácia. O colírio, ao ser “aprovado pela Diretoria Geral de Saúde Pública”, ganhava credibilidade e segurança, o que era essencial para convencer o consumidor.

Esse anúncio também revela algo importante: a saúde era vista como um bem precioso, e os produtos que prometiam cura ou alívio eram altamente valorizados. O Collyrio Moura Brazil, ao ser vendido em farmácias e boticas, integrava-se ao universo da medicina moderna, oferecendo soluções práticas e acessíveis para os problemas do dia a dia.


O Som da Modernidade: O Piano e a Cultura Doméstica

O anúncio do “PIANO” — que “vende-se um bom sólido e novo” — é um testemunho da importância da música na vida doméstica da época. O piano, além de um instrumento musical, era um símbolo de cultura, educação e refinamento. Ter um piano em casa era um sinal de que a família valorizava a arte, a música e a educação.

O anúncio informa que o piano pode ser encontrado na “rua Marechal Deodoro, 36”, em Curitiba — uma rua central e movimentada, o que indica que o vendedor queria alcançar um público urbano e abastado. A menção a “bom sólido e novo” sugere que o instrumento era de qualidade e durabilidade, características valorizadas pelos compradores da época.

A música, naquela época, era uma forma de entretenimento e de educação. As crianças aprendiam a tocar piano como parte de sua formação cultural, e as mulheres, em particular, eram encorajadas a cultivar esse talento como forma de demonstrar sua sensibilidade e refinamento. O piano, portanto, não era apenas um instrumento; era um símbolo de status e de cultura.


Conclusão: O Consumo como Espelho da Sociedade

Os anúncios aqui analisados — da “Juventude Alexandre” ao “Automóvel Adler”, da “Casa Porcellana” ao “Collyrio Moura Brazil” — são mais do que simples propagandas. Eles são espelhos da sociedade paranaense dos anos 1920 a 1940, refletindo seus valores, desejos e aspirações. A beleza, a saúde, a cultura, a modernidade e o conforto eram temas centrais na vida das pessoas, e os produtos que prometiam esses benefícios eram altamente valorizados.

Esses anúncios também revelam a presença de marcas internacionais — alemãs, francesas, americanas — e a integração do Paraná ao mercado global. A cidade, embora ainda pequena, já era um centro de consumo e de inovação, onde os habitantes buscavam os melhores produtos do mundo para melhorar sua qualidade de vida.

Ao estudar esses registros, não apenas compreendemos como era o cotidiano da época, mas também percebemos as raízes dos valores e hábitos que ainda hoje permeiam a cultura paranaense. O consumo, naquela época, era uma forma de expressão social — e, como hoje, continua sendo um reflexo de quem somos e do que desejamos ser.


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