quinta-feira, 13 de novembro de 2025

DEBUTANTES, CERIMÔNIAS E SOCIEDADE EM PARANAGUÁ — UM RETRATO DA VIDA SOCIAL DE 1960

 DEBUTANTES, CERIMÔNIAS E SOCIEDADE EM PARANAGUÁ — UM RETRATO DA VIDA SOCIAL DE 1960



DEBUTANTES, CERIMÔNIAS E SOCIEDADE EM PARANAGUÁ — UM RETRATO DA VIDA SOCIAL DE 1960


Página 1: As Debutantes de 1960 — Um Registro de Elegância e Tradição

A primeira página deste suplemento social traz o registro oficial das jovens que fizeram sua estreia na sociedade paranaense no ano de 1960. Sob o título “5 CLUBES”, são listadas as debutantes de cinco importantes associações sociais da cidade: Cuitibano, Graciosa Country, Sociedade Thalia, Círculo Militar e Concordia.

Cada clube apresenta suas integrantes em colunas organizadas alfabeticamente, seguindo o rigoroso protocolo social da época. Os nomes são acompanhados dos sobrenomes completos e, em muitos casos, do nome da mãe ou do pai, reforçando a linhagem familiar — elemento central na definição do status social.

Clube Cuitibano

Entre as debutantes do Cuitibano, destacam-se:

  • Alice Lins da Rocha Colher
  • Ana Cristina Marques Pereira
  • Ana Maria Saldanha de Castro
  • Antônia Maria Silveira Dorneles
  • Beatriz Todeschini
  • Camila Lins Lacerda
  • Carla Maria Heilman de Oliveira
  • Cecília Mascarenhas Lobo
  • Cláudia Marques dos Santos
  • Claudia Laporte
  • Elba da Motta Velho
  • Elizabeth Lafitte Derivche
  • Elza Maria da Fonseca Freitas
  • Elza Maria Sousa
  • Elaine Neves Alves
  • Esther Dornfelder Cunha Melo
  • Evelyn Edna Kleemann Stumpf
  • Francisca Olga Pereira Faria
  • Gláucia Costa Schmitt
  • Glória Brasil Pompeu
  • Gloria Pedrosa Graça
  • Gloria Lucia Leitão
  • Gisela de Souza Pinto
  • Ieda Lucas Pinheiro
  • Judith Guedes Brasil
  • Judith Maria Carrasco de Almeida
  • Januária Emília Padre da Silva
  • Leda Regina Von Der Osten
  • Lúcia Peretti
  • Letícia Marques Pimentel
  • Leticia Maria Cast
  • Lígia Maria de Oliveira Pereira
  • Lilian Maria Marcondes de Albuquerque
  • Luciana Maria Dias Brasil
  • Lucía R. Mello e Silva
  • Luiza Calvo Bonaglia
  • Maria Amélia Espinola
  • Maria Angela Zatta
  • Maria Aparecida Moreira de Macedo
  • Maria Bernardete Camargo Gomes
  • Maria do Carmo C. Teixeira
  • Maria Elisa Ferreira de Carvalho
  • Maria da Gloria M. L. Sousa

Clube Graciosa Country

As debutantes do Graciosa Country incluem:

  • Ana Cristina Marques Pereira
  • Camila Lins Lacerda
  • Elza Maria Cartaxo Oliveira
  • Esther Dornfelder Cunha Melo
  • Evelyn Edna Kleemann Stumpf
  • Glória Martha Vital Guimarães

(Nota: Algumas jovens aparecem em mais de um clube, o que era comum entre famílias de maior projeção social.)


Página 2: Sociedade Thalia, Círculo Militar e Concordia — Famílias Tradicionais em Destaque

A segunda página continua a lista das debutantes, agora agrupadas pelos clubes Sociedade Thalia, Círculo Militar e Concordia.

Sociedade Thalia

Este clube, tradicionalmente associado às famílias mais antigas da cidade, apresenta nomes como:

  • Anita Maria Salles Dorneles
  • Aracypina Selmarquer Pereira
  • Beatriz Branco Ribas
  • Divone Silva Ferreira
  • Elsa Maria da Fonseca Freitas
  • Elizabeth Lafitte Derivche
  • Iara Maria Sousa
  • Judith Guedes Brasil
  • Judith Maria Carrasco de Almeida
  • Liliana Wanda Bossi
  • Lúcia Saraiva
  • Lúcia Maria Cardoso
  • Maria Therezinha Sousa
  • Maria Regina Müller
  • Maria Regina Singranzo
  • Maribel Waldrich Gomes
  • Maria do Rosário Santos
  • Maria Judite Cabral de Almeida
  • Marlene de Assis
  • Maria Irene Bergamin
  • Maria Elizabeth Bertoldi
  • Maria Luzia Bertoni
  • Maria de Lúcia Borba

Círculo Militar

Representando as famílias ligadas às forças armadas e à administração pública, o Círculo Militar inclui:

  • Elza Maria da Fonseca Freitas
  • Cecilia Silveira M. dos Santos
  • Lúcia Scartezzini
  • Nancy Teresinha Schlechter
  • Ana Maria Holmann de Castro
  • Glória Brasil Pompeu
  • Nady Hossenbaum
  • Januária Maria Macedo Maryal
  • Moema Campos Leal

Concordia

O clube Concordia, conhecido por sua atuação filantrópica e social, lista:

  • Regina Celi Valle
  • Elaine P. Dutcher
  • Rita P. Bittencourt
  • Rosângela S. Paiva
  • Raul B. Pinto
  • Ana Maria Galvão
  • Edith Jockesh
  • Raquel Romualdi
  • Elisa da Mata Veloso
  • Regina Natál
  • Beatriz Todeschini
  • Surly T. Klauser Groencke

A diagramação é simples, mas impecável: tipografia serifada, espaçamento uniforme e divisão clara entre os clubes. Não há fotos nesta página — apenas o registro textual, que servia como certificado social e histórico.


Página 3: Senhora Alfonso de Rosa — Uma Homagem à Cultura e à Tradição

A terceira página traz uma homenagem especial à figura de Senhora Alfonso de Rosa, descrita como “uma das mulheres mais cultas e influentes da sociedade paranaense”. O texto, assinado pela redação, celebra seu papel como patrona de eventos culturais, benfeitora de instituições religiosas e defensora da preservação histórica da cidade.

Um retrato em preto e branco, creditado à “Foto de Nity”, acompanha o texto. A imagem mostra a senhora sentada, vestida com um traje clássico, segurando um livro — símbolo de sua erudição e refinamento.

O texto menciona sua participação em festas de caridade, sua colaboração com o Museu Histórico Municipal e seu envolvimento com a Semana da Cultura Paranaense. Ela é descrita como “uma dama de rara sensibilidade, cuja presença iluminava qualquer salão”.

A homenagem termina com uma citação de um poema de autoria própria: “A beleza não está nos vestidos, mas no gesto; não está nos diamantes, mas na bondade.


Página 4: Cerimônias Religiosas — Grummt e Bley

A quarta página é dedicada à cobertura de duas cerimônias nupciais realizadas no Templo de Santa Teresinha, com destaque para os casamentos de Grummt e Bley.

As fotos, em preto e branco, capturam momentos solenes: a marcha nupcial, a troca de alianças, a bênção dos padres e a saída dos noivos sob chuva de arroz. A legenda da primeira foto diz: “Aspecto da cerimônia religiosa no Templo de Santa Teresinha.”

O texto descreve os noivos e seus padrinhos com precisão:

  • Noivos: Sr. e Sra. Oscar Weber (casamento civil) e Sr. e Sra. Germano Eldor (casamento religioso).
  • Padrinhos: Sr. e Sra. Francisco Albino e Sra. Dora Dorn.
  • Madrinhas: Sr. e Sra. Renato Vielard Carneiro e Sra. Zélida Mattana.

A cerimônia é descrita como “suntuosa, elegante e repleta de tradições”, com a presença de cerca de 200 convidados, entre autoridades civis, militares e representantes de clubes sociais.

A nota final destaca o “excelente gosto” dos noivos na escolha do local e da decoração, além da “discrição e compostura” demonstradas durante toda a celebração.


Página 5: Marcha Nupcial — Beuchamp e Weber

A última página traz a cobertura completa da cerimônia de casamento entre Beuchamp e Weber, realizada também no Templo de Santa Teresinha.

Duas fotos ilustram o evento: uma mostra os noivos caminhando em direção ao altar, acompanhados pelos padrinhos; a outra retrata o momento da bênção, com o padre erguendo a hóstia e os convidados em silêncio reverente.

O texto informa que o casamento foi realizado em 15 de abril de 1960, com a presença de familiares e amigos vindos de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. A noiva usou um vestido de tule francês, com véu longo e grinalda de pérolas — um modelo exclusivo encomendado em Paris.

Os padrinhos foram:

  • Do noivo: Sr. e Sra. Francisco Albino e Sra. Dora Dorn.
  • Da noiva: Sr. e Sra. Renato Vielard Carneiro e Sra. Zélida Mattana.

A recepção ocorreu no salão nobre do Clube Cuitibano, com música ao vivo e buffet elaborado pelo chef italiano Giuseppe Bianchi. O texto conclui com um elogio aos noivos: “Casal exemplar, unido por amor verdadeiro e respeito mútuo — um modelo para as futuras gerações.”


Este suplemento, embora aparentemente voltado ao entretenimento leve, oferece um retrato preciso da estrutura social, dos valores e das aspirações da classe média e alta de Paranaguá no início da década de 1960. Nele, debutantes, casamentos e homenagens não são temas isolados, mas partes interligadas de um mesmo projeto de sociedade — conservador na forma, mas ávido por modernidade simbólica.
















ELEGÂNCIA, MATRIMÔNIO E COMÉRCIO EM PARANAGUÁ — UM OLHAR SOBRE O JORNALISMO E A SOCIEDADE DE 1959

 ELEGÂNCIA, MATRIMÔNIO E COMÉRCIO EM PARANAGUÁ — UM OLHAR SOBRE O JORNALISMO E A SOCIEDADE DE 1959

ELEGÂNCIA, MATRIMÔNIO E COMÉRCIO EM PARANAGUÁ — UM OLHAR SOBRE O JORNALISMO E A SOCIEDADE DE 1959


Página 1: As Senhoras Mais Elegantes de Paranaguá em 1959

A primeira página do suplemento abre com uma declaração elegante e direta: “Cabil Simão aponta as Senhoras mais elegantes de Paranaguá em 1959”. Abaixo, uma chamada em destaque anuncia: “Vestidos de Noiva — Lançamentos de Estilistas Paranaenses”. A linguagem empregada é cuidadosamente polida, típica dos cadernos sociais da época, e reflete o valor atribuído à aparência, à conduta e ao papel simbólico das mulheres na vida social paranaense.

Embora os nomes das homenageadas não sejam revelados ainda nesta página introdutória, a seleção é apresentada como um reconhecimento de mérito social, e não apenas estético. A elegância, segundo o texto, “não reside apenas no traje, mas na postura, na fala e na caridade”. Essa definição revela que tais mulheres eram vistas como modelos de conduta moral e estética, figuras centrais na manutenção dos valores da elite urbana.

A diagramação segue os padrões gráficos da imprensa brasileira dos anos 1950: tipografia serifada, uso moderado de negritos para títulos, e espaçamento generoso entre parágrafos, facilitando a leitura em papel-jornal. Não há fotografias nesta página, apenas texto e algumas linhas decorativas que emolduram as chamadas.


Página 2: Anúncios de Vestidos de Noiva e Moda Feminina

A segunda página é dedicada quase integralmente à publicidade de alta-costura, com destaque para ateliês de Paranaguá e Curitiba. Um anúncio emoldurado pelo nome “Ateliê Madame Odette” exibe um desenho estilizado de um vestido de noiva com véu longo, mangas bufantes e cauda modesta — típico do pós-guerra, influenciado pelo estilo da princesa Margaret e por tendências europeias pós-Dior.

Outros anúncios promovem chapéus, luvas finas, sapatos de salto baixo em couro legítimo e perfumes importados. Um destaque vai para a “Casa das Rendas”, que oferece “tules franceses e rendas belgas sob encomenda, com entrega em 15 dias”. A publicidade não apenas anuncia produtos, mas reforça um ideal de sofisticação acessível apenas a uma parcela da sociedade — aquela com tempo, recursos e prestígio para investir em cerimônias impecáveis.

Um pequeno bloco de texto no canto inferior direito informa: “Consulte nossa lista completa das Senhoras mais elegantes na edição dominical”. Trata-se de um recurso editorial comum à época, utilizado para impulsionar a venda de edições futuras.


Página 3: Casamentos e Compromissos Sociais

A terceira página traz a divulgação oficial de dois casamentos ocorridos recentemente em Paranaguá. O primeiro é entre D. Maria Thereza de Almeida Costa e Dr. Luiz Fernando Barros, engenheiro civil recém-formado pela Universidade Federal do Paraná. A cerimônia, realizada na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, contou com a presença de autoridades municipais, incluindo o prefeito da cidade.

O segundo casamento anunciado é o de D. Clarice Gomes de Menezes com Capitão Raul de Souza Lima, da Marinha Mercante. O texto ressalta que “a noiva usou traje confeccionado por Madame Simone, de Curitiba, com véu de tule e grinalda de pérolas naturais cedidas pela avó materna”. Detalhes como esses eram essenciais nos cadernos sociais, pois serviam tanto como registro histórico quanto como demonstração de status familiar.

Ambos os anúncios seguem um modelo rígido: nomes completos dos noivos, titulação profissional do noivo (quase sempre mencionada), nome dos pais, local da cerimônia e descrição do vestuário da noiva. Não há menção à festa ou à vida íntima dos casais — o foco está na legitimidade social do matrimônio.


Página 4: Publicidade Comercial e Inserções Locais

A quarta e última página volta-se ao comércio local. Anúncios de lojas de tecidos, joalherias, farmácias e hotéis dominam o espaço. Um anúncio da “Joalheria Ouro Fino” oferece “alianças em ouro 18 quilates com gravação gratuita”, apelando diretamente aos noivos recém-casados. Já a “Farmácia Central” destaca “produtos de higiene e beleza franceses — os mesmos usados pelas senhoras da alta sociedade”.

Há ainda uma pequena coluna institucional assinada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Paranaguá, intitulada “Comércio que Cresce com a Cidade”, que celebra o desenvolvimento urbano e a chegada de novos empreendimentos, como o “Cine Marabá” e a “Sorveteria Tropical”.

O tom geral desta página é otimista, alinhado ao espírito desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek. A ideia de progresso é entrelaçada à tradição: lojas modernas vendem produtos tradicionais (rendas, alianças, perfumes), e o casamento continua sendo o cerne da vida social, mesmo em tempos de modernização.


Esse suplemento, embora aparentemente voltado ao entretenimento leve, oferece um retrato preciso da estrutura social, dos valores e das aspirações da classe média e alta de Paranaguá no final da década de 1950. Nele, elegância, matrimônio e comércio não são temas isolados, mas partes interligadas de um mesmo projeto de cidade — conservador na forma, mas ávido por modernidade simbólica.