terça-feira, 26 de junho de 2018

ESTRADA DA GRACIOSA

Em setembro de 1959, o governador Moyses Lupion - junto com autoridades de Antonina, Morretes e Paranaguá - fez a entrega oficial do tráfego do trecho que vai da ponte sobre o rio Mãe Catira a São João da Graciosa (PR-51), na rodovia Curitiba-Antonina. O trecho pavimentado ligava Antonina à estrada imperial da Graciosa, colocando finalmente Antonina em contato com a capital Curitiba. Esta ligação era estratégica para o tráfego local, pois a auto-estrada Curitiba_paranaguá - BR-35 - estava em construção e a BR-6 (Anhaia - Morretes - Antonina, ligação natural para o porto de Antonina não saiu das pranchetas). 
Ao pé do obelisco, erigido no trevo das estradas que vão a Paranaguá e Antonina, falaram Moyses Lupion, Lolô, Ladislau Lachowski, Carlos Maia (prefeito de Antonina), em setembro de 1959

 BR-X - a ligação da Estrada da Graciosa com a BR-2 (BR-116)


O DER-Pr ficou responsável pelas obras da BR-2 (hoje, BR-116), ligando Curitiba a São Paulo, do trecho entre o Atuba até as cabaceiras do rio Taquari, paralelamente ao leito da tradicional Estrada da Graciosa. Em uma viagem de avião para São Paulo, quando Lolô passava por sobre a Graciosa, até então único caminho para as praias do Estado, percebeu que seria possível ligá-la à moderna BR-2. A partir da encosta oeste da BR-2, uma pequena ligação foi planejada até a garganta do alto da Serra da Graciosa. Lolô planejou o traçado, marcando a partir de um avião, com sacas de cal sobre os 8 km necessários. O trecho foi denominado BR-X.  

Moyses Lupion (chapeuzinho branco), Lolô Cornelsen (a sua esquerda) ouvem o prefeito de Antonina durante inauguração do trecho da cidade a Mãe Catira, 1960.

Vista da ligação entre a BR-2 e a Estrada da Graciosa. Trecho denominado de BR-X, 1959.
Esparramando solo cimento no trecho de ligação da estrada da graciosa à BR-116. Por causa das chuvas, para asfalta-lo, utilizou-se o sistema a frio.

Perto do caminhão, o governador Lupion ouve o diretor-geral do DER, Lolô Cornelsen, durante imprimação de asfalto no trecho Antonina-Mãe Catira, litoral paranaense, em 1960.

Discurso de Lolô no ato inaugurativo da rodovia PR-51, Antonina - Curitiba.
Este monumento histórico, que é a imperial estrada da graciosa ficou reservado a prestar ainda destacada função. Em ritmo acelerado, acha-se a construção do trecho Curitiba-Paranaguá da Rodovia Governador Lupion. 
Esta inauguração é apenas a seqüência de uma cadeia rodoviária que, iniciada em Paranaguá, atravessa pela capital do estado, segue por Campo Largo, atinge São Luiz do Purunã, de onde prosseguirá para POnta Grossa, Tibagi, Ortigueira, Apucarana, Jandaia do Sul, Mandaguari e Maringá, constituindo um eixo rodoviário de importância excepcional na vida econômica do Paraná. Esta estrada tem um significado elevadíssimo na vida financeira do Paraná, sobretudo, nacional, porque por ela se escoa a produção cafeeira do estado, que é 60% do total brasileiro e representa 70% do valor da produção estadual.
Lutando com orçamento anacrônico, estribado ainda nos preços e valores de quatros anos passados, face à manobra impatriótica e obstrucinista das oposições estaduais, o governador Moyses Lupion tem realizado uma tarefa ingente em benefício do Paraná, dispensando nisso sua grande capacidade administrativa, que sabe realizar muito com poucos recursos.
O DER organizando seu programa de obras, prevê uma política de transporte na qual se compreende a conservação com melhoramentos na rede de estradas, ora em tráfego, quer quanto às condições de traçados, quer quanto à chapa de rodagem, incluindo-se a concretização de obras novas; quer, também, quanto à abertura da plataforma nos trechos que mais são preciosos e da pavimentação exigida pela intensidade do tráfego e pelas peculiaridades do leito da rodovia, onde isto se fizer mister.
Nenhum obstáculo nos deterá, mesmo o exemplo de nosso governador nos estimula na luta em que estamos envolvidos. Que o povo desta região saiba compreender o esforço gigantesco do governo de S. Excia., para atender aos legítimos anseios da população do interior.

Primeira ponte após o portal da saída da BR-116.
Trecho pronto para a pavimentação
Lupion (centro, chapéu branco) e Lolô (à direita) visitando trecho da graciosa.
Lupion (mão na cintura) visitando trecho da graciosa.
A parte histórica da Estrada da Graciosa, do tempo do Império, foi retificada. Com 8 a 17 metros de largura, seu traçado foi modernizado para acomodar o trânsito de veículos maiores e recebeu tratamento paisagístico em seu trecho na serra, com beijinhos coloridos importados do Uruguai.
Trecho entre São João da Graciosa e Antonina, 1959

Portal da entrada da cidade de Antonina, 1959.



 Obelisco da Graciosa


O artista plástico Nilo Previdi, diretor de paisagismo do DER, finaliza os últimos detalhes do portal de entrada da Estrada da Graciosa, no trevo com a BR-116, em 1960. O letreiro diz: DER: Plano de Obras, Governador Lupion, Rodovia Curitiba-Antonina, dezembro de 1960.

O texto abaixo foi inscrito no painel ao lado de um dos obeliscos comemorativos, na entrada da Estrada da Graciosa. O obelisco e o mural foram destruídos, em 1961, pelo governo Ney Braga. Hoje, no lugar, encontra-se o Portal da Graciosa, construído pelo governador Jaime Lerner.
A estrada é como um rio: fertiliza a terra, cria o pão, é poesia e convida o homem a avançar sempre mais. Também como o rio, raramente deixa memória das lutas que vencemos para chegar ao fim, que é sempre outro princípio de caminhada. Pouco importa, entretanto, essa memória. O que importa é que as águas corram, a estrada avance e que o homem sinta que há sempre um caminho de liberdade ante seus olhos”.
Ayrton Cornelsen
dezembro, 1960

histórias do lolô



Essa variante foi abandonada pelas características de seu solo. Lolô conta que uma de suas máquinas desapareceu completamente em um atoleiro, forçando um novo traçado para a estrada da Graciosa. A máquina quase lhe custou um processo por roubo de equipamento.

AUTO-ESTRADA CURITIBA-PARANAGUÁ

A Auto-Estrada Curitiba-Paranaguá começou a ser construída ainda no primeiro período administrativo do Governador Moysés Lupion. Além do significado econômico, a estrada tinha um papel estratégico e turístico que compensavam os estudos para transposição do difícil trecho escarpado, num desnível de 940 m da Serra do Mar.  No trecho Paranaguá-Curitiba, a Rodovia situa-se (pela futura auto-estrada) como estrada de classe especial, de duas pistas, com tolerância na declividade de um lance difícil de seis quilômetros na Serra do Mar, onde a rampa máxima de 5% foi excedida em 0,5%. Tanto no litoral como no planalto a velocidade diretriz será de 100 km/hora, reduzindo-se na Serra paro 80 km/hora.  
Impressionante desnível de trecho na descida da serra.
Chamada de BR-35, a auto-estrada Curitiba-Paranaguá faz parte da Rodovia Internacional Assuncion-Paranaguá, criada para integrar o Paraguai a um porto do mar Atlântico. A auto-estrada foi denominada, no plano rodoviário estadual, por TI-Ae, e estava sob responsabilidade da empresa de terraplenagem Lysimaco da Costa & Irmão. O seu traçado foi um desafio à técnica. Com 86 km, 2 pistas, 7,20 m cada, com canteiro central de 3 m e acostamentos, a estrada contava com um desnível de mais de 900 metros, que tinha de ser amenizado em menos de 20 quilômetros de serra.
 Uma empresa familiar
 
O desembargador Antonio Franco Ferreira da Costa, Moyses Lupion, o Dr. Alberto Franco Ferreira da Costa, sócio-diretor da firma Lysimaco da Costa & Irmão, o padre Vicente Vitola, o jornalista Aloysio Blasi e o engenheiro Plínio Franco Ferreira da Costa, diretor do DER. A reunião de outubro de 1957, celebrava a chegada de novas máquinas da empreiteira.
Moyses Lupion (centro); Alberto Franco, à direita, e o desembargador Antonio Franco (à esquerda) posam ao lado de uma moto-scrapers da empreiteira Lysimaco.

As maiores preocupações do projeto foram a segurança e a fluidez do trânsito. Para isso, foram definidas rampas com inclinação máxima de 5%, contendo 74 curvas com raios com 160 metros, permitindo uma velocidade de diretriz de 70 quilômetros por hora. 
A auto-estrada Curitiba-Paranaguá, parte final para escoamento das safras, era fundamental para a economia estadual, mas devido a problemas políticos e pelas características de alta dificuldade de relevo: a topografia do terreno era acidentado e as condições climáticas eram de intermitente precipitação pluvial as obras se arrastavam há 10 anos. Outro fator colaborava com a morosidade de sua efetivação, um contrato que remunerava pelo tempo gasto por cada empreitada, coisa que se arrastava desde o primeiro período administrativo do Governador Moysés Lupion, de 1947-50





D-7, da empreiteira Lysimaco, na terraplenagem


Em uma inspeção dos trechos, Lolô efetuou uma prova de corpo do trabalho realizado: ao perfurar a sub-base pronta, a amostragem estava fora dos padrões do DER. Esse foi o motivo para Lolô embargar a obra e pedir junto a Moyses Lupion o asfatamento da empresa Lysimaco. Criou-se o impasse, pois o irmão dos proprietários, Plínio Ferreira da Costa, homem forte do governo, intercedeu junto a Lupion para demitir Lolô da diretoria do DER.


Irmãos Lysimaco. à esquerda, o cunhado José Munhoz de Mello, autor do contrato da auto-estrada entre o governo e a empreiteira; no centro, Lysimaco da Costa (dono da empreiteira) e Alberto Franco Ferreira da Costa


Como diretor-geral, Lolô era tratado pelo governador como personagem fundamental na conclusão das obras do sistema rodoviário, que entrou em um ritmo acelerado de execução a partir de seu comando. Para contornar o impasse, Lupion resolveu criar a Comissão Especial de Construção da Auto-Estrada Curitiba-Paranaguá, sob comando do engenheiro Wilson Ribeiro de Souza.


 Reviravolta. As obras da auto-estrada se aceleram



A demora da conclusão dos trechos fez com que o diretor geral do DER 
encontrasse um meio para acelerar o andamento dos trabalhos. Lolô foi ao Rio de Janeiro e, por conta própria, contratou os serviços de Pontes de Miranda, advogado carioca. Ele foi o responsável pela solução do caso, quando orientou o DER a soltar todas as ordens de serviço de uma vezcom pena de quebra de contrato. Pressionada e com datas a cumprir, a empresa teve de fazer investimentos pesados em compra de maquinários e na contratação de técnicos.

Lolô (1º à esquerda), Eurico Macedo (de boné), José Lupion Jr.e Theodocio Aterino visitam trecho da BR-35. A partir do momento que Lolô assumiu a fiscalização e algumas obras da auto-estrada, o ritmo de realizações aumentou.

A empresa contava agora com  


49 tratores
08 moto-scrapers
03 escavadeiras
15 caminhões
2 espalhadeiras de asfalto Hammann
moto-scrapers


Além desse equipamento, a firma dispôs de 15 times de operários nas obras de artes correntes do trecho da serra, o mais acidentado e inóspito, onde as comunicações eram difíceis e muitas vezes ficavam isolados, sem abastecimento de materiais e víveres.


Lolô e equipe visitam a um conjunto de britagem automático de produção de asfalto Hammann. Esse equipamento agilizou as obras da auto-estrada pela substituição de asfalto importado.



Em meados de 1960, 4 pontes no planalto estavam concluídas (2 liberadas ao tráfego). No litoral, 2 pontes também já permitiam o tráfego regular mesmo em tempo chuvoso. Eram 30 km em condições de receber a base e a capa asfáltica. Ainda no litoral, onde os trabalhos estavam mais adiantados, o ritmo era de 30 m de asfalto por dia e 500 m de base/dia; a sub-base se encontrava toda pronta.


As máquinas utilizadas pela Lysimaco, no início da pavimentação da auto-estrada, não eram adequadas. A demora, e os constantes atrasos, fez com que Lolô assumisse os trechos da auto-estrada, principalmente as obras de arte especiais, para agilizar as obras.


 Deixando a sub-base pronta para a duplicação, Lolô concluiu em certos trechos obras de arte especiais para duas pistas, pois as condições de relevo e tráfego não permitiriam que a duplicação delas fosse feita depois de inaugurado o trecho. 

A construção do Viaduto (duplo) dos Padres valeu-lhe um processo por desperdício de dinheiro público. Inocentado, Lolô se utilizou dos autos para comprovar a sua atuação nas obras da rodovia. A conclusão da duplicação da BR realizou-se quase 20 anos depois, pela empreiteira C. R. Almeida.



Fotos da terraplenagem do trecho





Não suportando a carga de investimentos necessários para a conclusão das obras, a empreiteira faliu. Cecílio Rego Almeida, que trabalhara como estagiário na Lysimaco, teve oportunidade de realizar as suas primeiras obras de engenharia nesse trecho. Posteriormente, ele acabou comprando a empresa. 
  


 Uma reportagem que ataca o governador Moyses Lupion e o diretor-geral Lolô fez na auto-estrada


No auge da campanha de demolição política e pessoal do sr. Moyses Lupion, iniciada pelos seus adversários Ney Braga, Othon Maeder, Rubens Requião, a revista "O Cruzeiro", de tiragem nacional, matéria do jornalista David Nasser, realizou uma reportagem demolidora contra o governador, responsabilizando-o, por crimes, que textualmente afirmava que "o governo Lupion teve conseqüências piores do que dez geadas". Um dos tópicos da reportagem do sr. David Nasser dizia: 
"Uma das rodovias mais importantes para o Paraná seria a Auto-Estrada Curitiba-Paranaguá, prolongamento natural da Estrada do Café, que começa em Paranavaí c atravessa a região cafeeira, passando por Maringá e Apucarana, descendo em Ponta Grossa e, depois de Curitiba, indo atingir, finalmente, Paranaguá. A construção dessa rodovia não tem prazo para a conclusão e se estabeleceu que, anualmente, os preços poderiam ser reestruturados. Até 1960, a construtora recebera 400 milhões de cruzeiros. No ano de 1960, Lupion pagou-lhe um bilhão e duzentos milhões de cruzeiros. Até o momento não existe um quilômetro pronto da referida estrada"
Estas afirmações do Diretor de "O Cruzeiro" se ampliaram nacionalmente. As realizações do Plano Rodoviário Paranaense foram ofuscadas por contínuas críticas à administração do sr. Moysés Lupion, sem que as mesmas fossem rebatidas. Era comum ler, no Rio de Janeiro, centro sócio-político do país, reiteradas opiniões sobre os danos que a gestão Lupion causava ao Paraná. Atingida diretamente pela denúncias, a empresa “Lysimaco da Costa & Irmão”, construtora da Estrada Curitiba-Paranaguá, para esclarecer a opinião pública, enviou uma carta dirigida a David Nasser e que foi publicada, na revista “O Cruzeiro”. A revista dos Diários Associados, embora reiterasse sua opiniões contrárias ao governo Lupion, enviou um representante para visitar as obras e ouvir o relato do diretor da firma, o sr. Alberto Franco Ferreira da Costa, fatos relatados na reportagem “A Estrada do Café”.
Um relatório das obras da BR-277
A carta do sr. Alberto Franco Ferreira da Costa e a reportagem “A Estrada do Café” se tornaram um relatório do andamento dos trabalhos da Rodovia, apresentando ao Brasil a situação atual da Auto-Estrada Curitiba-Paranaguá, prolongamento da BR-104. A íntegra das palavras do engenheiro Ferreira da Costa, informando:
"a) o contrato para a construção da Auto-Estrada Curitiba Paranaguá tem prazo perfeita e legalmente estabelecido;
b) não há reestruturação de preços e sim atualização dos mesmos, desde que, por iniciativa governamental, haja modificação de sociais e salário mínimo e os preços dos materiais aumentem mais de 10%. As atualizações são concedidas pelo D.E.R./Pr em caráter geral, beneficiando a todos os empreiteiros
c) até 1959, a firma recebeu 570 milhões de cruzeiros e não somente 400 milhões. Em 1960, recebeu cerca de 910 milhões e não um firma produziu cerca de 1 bilhão de cruzeiros e cem milhões. A situação atual da estrada é a seguinte:  

13 milhões de m³ escavados;
95% de obras de arte e trabalhos complementares prontos nas duas pistas: 
13 pontes prontas em uma pista, faltando somente uma; 
26 km asfaltados, 7 km com base; 
37 km com sub-base em diversos estágios; 
16 km restantes com 90% da terraplenagem executada".  
fonte: VIANNA, Brasil. As mentiras da Austeridade. grafica tupy ltda, rio de janeiro, 1961.


A Revista Panorama reafirma o que foi dito pela "Cruzeiro".

O jornalista Samuel Guimarães da Costa em um reportagem crítica às obras da Rodovia Curitiba-Paranaguá, publicada pela Revista Panorama, de setembro de 1961, - Rodovia do Café, radiografia de uma estrada, feita de relatos colhidos pela viagem em toda a sua extensão - descreveu o que encontrou na visita ao trecho da BR-277:

Iniciada em princípios de 1949, a nova estrada Paranaguá-Curitiba devia ser concluída em 36 meses. Passados doze anos, que encontramos na baixada litorânea? A partir de Paranaguá existem uns 17 km de asfalto e daí em diante até a raiz da Serra solo ainda não pavimentado. Para resumir, diremos que do total de 34 km da baixada litorânea a primeira pista está com a implantação básica em 30, dos quais 17 pavimentados nas piores condições técnicas. Da segunda pista resta implantar 20% porém sobre a parte pronta não há qualquer asfaltamento. Na maior parte do trecho será preciso refazer tanto implantação como a base, pois se assenta no poderíamos chamar em linguagem comum de solo podre. Revogado o contrato com a primeira firma empreiteira (lysimaco), que iniciou as obras da construção, hoje os trabalhos de implantação básica e de pavimentação estão a cargo da firma Rodopavi Ltda, que realiza obras no valor de 410 milhões de cruzeiros. (...) Do alto da Serra passamos para o planalto, a mais de 800 m do nível do mar. Aqui encontramos outro clima, outra vegetação, outra paisagem, mas há também terrenos pantanosos a vencer. O trecho do planalto até Curitiba, no entroncamento com a BR-2 (BR-116), no Jardim Santa Bárbara, terá 34 km, dos quais uma das pistas está com implantação básica em 18 e com a pavimentação asfáltica em 5 km, a partir de Curitiba. A segunda pista apresenta-se apenas com a execução da sub-base em péssimo estado num trecho apreciável. Resumindo dos 86 km da futura auto-estrada Paranaguá-Curitiba restam 64 km a pavimentar na primeira pista, o restante a refazer, enquanto a segunda está toda por asfaltar.




Observando uma D-7 em ação nos serviços de terraplenagem da auto-estrada Curitiba-Paranaguá, o governador Lupion (de boné branco), Lolô (de casaco cinza). Em janeiro de 1961, 60 km de sub-base asfáltica já tinham sido concluídos, os trabalhos de base em 50 km e com o revestimento superior pela placa asfáltica, 23 quilômetros.  








 OBRAS DE ARTE ESPECIAIS


De acordo com o levantamento realizado pelo Departamento de Estado e Rodagens, em 1992, e homologado pela justiça, orientado pelo engº. Eurico Macedo, as seguintes obras de artes especiais foram, de janeiro de 1959 a dezembro de 1960, concluídas, em concreto armado, na BR-35, durante a gestão Cornelsen:

ponte em concreto armado sobre o rio Vermelho, com duas vezes 40,00 m de vão, inaugurada no dia 06/07/59
ponte em concreto armado sobre o rio jacareí, com 2 vezes 45,00 m de vão, inaugurada no dia 06/07/59
ponte dupla sobre o rio pequeno Iguaçu, com 2 vezes 32 m de vão. Lolô projetava as obras de arte, enquanto Adelino Alves executava-as.
Viadutos e terraplenagem duplo na estrada de Curitiba-Paranagua, construído pelo lolô, prevendo a necessidade imperiosa de assim proceder – principalmente ao longo da serra – para que na sua duplicação futura ela não tivesse qualquer problema de trafego face ao transporte de nossa agricultura não fosse prejudicada. O lolô foi duramente criticado pelo desperdício de verbas ao fazer os viadutos e pontes duplas.
ponte sobre o rio emboguaçu, com 39 m de vão, em concreto armado, 06/07/59
ponte dupla sobre o rio pitinga, em concreto armado, 36 m de vão, 06/07/59
ponte dupla em concreto armado sobre o rio sagrado, com 2 vezes 39 m de vão, 06/07/59
ponte dupla em concreto armado sobre o rio do pinto, com 2 vezes 55 m de vão, 06/07/59
ponte dupla em concreto armado sobre o rio marumbi, com 2 vezes 36 m de vão, 06/07/59

ponte dupla sobre o rio dos padres, com 2 vezes 95 m de vão
viaduto do morro alto com 75 m de vão
viaduto duplo do caruru, com 2 vezes 72 m de vão
ponte dupla sobre o rio da serra com 2 vezes 22 m de vão
ponte dupla sobre o rio arraial, com 2 vezes 36 m de vão
ponte dupla sobre o rio pequeno Iguaçu, com 2 vezes 32 m de vão
ponte dupla sobre a segunda travessia do rio pequeno Iguaçu, com 2 vezes 36 m de vão
ponte dupla sobre o rio Iguaçu, com 2 vezes 46,00 m de vão.





histórias do lolô
Lolô apresentou diversas soluções para agilizar os trabalhos no trecho. Uma delas causou assombro pela excentricidade. Ao dispor vários caminhões enfileirados, os tratores tiveram apenas o trabalho de empurrar terra para as caçambas. A movimentação de terra se tornou um espetáculo.
pista dupla em construção no litoral, perto de Paranaguá, 1960.
moto-scrapers em ação, 1960.
Lupion (de boné cinza claro) com a equipe do DER: José Lupion Jr., Eurico Macedo entre outros.
fontes:
revista panorama, ano xiii, n. 148, junho, 1960
revista divulgação e propaganda rodoviária, 1959 e 1960.

sábado, 23 de junho de 2018

Inauguração do Novo Templo Praça Zacharias - Centro - Curitiba, 11/03/1919

A inauguração do novo Templo da Loja Fraternidade Paranaense nº 0.555 - Curitiba.
Glordo SupArchdo Univ.
Sessão Esp. de Inauguração do Novo Templo
Em 11 de Março de 1.919 E. V.
Ás horas 20,30 do referido dia, achava-se o novo templo erguido á praça Zacharias repleto de Irmãos do quadro desta Offe de innumerosOOb , visitantes avulsos e deputações de outras Loja que vieram assistir á SessEspde Inauguração.
   
 
Immerso o Templo em trevas, e guardando a porta pela forma estabelecida do Rit., d'ella se aproxima o grande prestito de innauguração, levando á frente a IllVen. Ricardo Negrão Filho.
As portas do Templo se abrem, e os operarios nelle penetram para accender o fogo sagrado e consagral-o á virtude e á verdade.
Faz-se a luz em primeiro logar no Triangulo luminoso e em seguida, cumprindo inteiramente as disposições do Rita luz é levada a todas as CCol., revestindo-se as OObrcom suas insignias.
Os vapores do perfume embalsamam o ambiente silencioso, no qual a assistencia numerosa mantem-se emocionada pela tocante solemnidade, e o presidente, voltando ao altar, proclama a inauguração do nosso Templo destinado aos trabdesta AugOff.
Achavam-se então os LLogde 1º e 2º VVig. , Orad,Sec., Hosp., 1º Expe MestCerocupados respectivamente pelos Irmãos Luiz José da Cunha, Horacio Fagundes dos Reis, Ademaro Lustosa Munhoz, José Leandro da Costa, Otto RepolusCarlito Salmon e Manoel Odorico Laynes.
No altar ao lado do Resp. Pres. Ricardo Negrão Filho, tomaram assento os PPod. Irmãos Augusto PereyronDelegdo Sob. GrMeste Dr. João Pamphilo de Assumpção.
 
Palavra.
 
Foi então concedida a palavra ao Oradda Loja dr. Ademaro Lustosa Munhoz, que manifestou a sua satisfação em mais uma vez ser interprete da Loja.
Refere-se elle á inauguração do Templo e diz que se objetiva ao fim de um sonho e um grandioso emprehendimento que muitos encararam e que fez vacillar os mais corajosos OObr.
Emprehendimento dificil sob todos os pontos de vista, sob todos os aspectos, a reconstrucção deste Templo de uma forma digna das tradições desta Loja, foi uma idéa que agitou intensamente os membros deste quadro, preocupando sempre e cada vez mais o espirito infatigavel deste trabalhador esforçado que desde tempos e ainda hoje dirige os ttraba desta Off.
Oradrelata as expressões amargas desse incansavel Maç. Negrão Filho, que de seus labios repetidas vezes fugiam quando de um lado se lhe deparava o Templo da sua Loja ameaçando ruinas, enquanto por lado, pela cidade toda, luxuosas sedes sociaes de aggremiações que não têm objetivo mmaç., que ás vezes nem se sabe para que foram creadaslevamtam-se altaneiros evidenciando a pujança dessas associações!
Afinal, depois de muitas tentativas infructiferas, nunca desanimando, nunca esmorecendo, aquela idéa amadureceu, e com uma coragem inaudita o actual presidente age, congrega elementos e assume todas as grandes responsabilidades da grande empreza.
vêdes hoje com jubilo esta objetivação do seu desejo, diz o Orad.
Temos hoje um Templo grandioso, onde se pode trabalhar com mais ardôr, e numa renascença gloriosa, sentir vibrar em nosso intimo todos aquelles arroubos que recordam o nosso tradicional passado maçonico.
Discorre ainda eloquentemente o dr. Ademaro sobre a execução da obra inaugurada, até dizer que raros são talvez os que sabem ao certo o alcance dos ttraba que nos propuzemos; raros, os que possam avaliar o esforço, o zelo, a dedicação necessaria para levar avante nossos designios, qual seja o de nos desobrigarmos por completo deste emprehendimento que adiantadamente já conseguimos, e lança então um vehemente appello a todos os MMaçpara que á medida de suas posses prossigam no firme proposito de manter os costumes desta Casa, cumprindo á risca os deveres que lhe cabem, pedindo que todos contribuam com uma parcella infinitesimal que seja, mas que todos concorram para a consecução do fim collimado.
E terminando sua brilhante oração, diz o Irmão Ademaro Munhoz que oxalá tenhamos sob a inspiração disto que é nobre e bello, novas e bellas idéas; que os élos que nos congregam sejam mais solidos; que dessa abobada que sobre nossas cabeças se ergue baixem os melhores inspirações e que da luz symbolica, irradie a luz do bom entendimento que conduz o homem ao trabalho honesto, alegria pura da existencia.
As suas ultimas palavras foram abafadas por longa salva de palmas.
Em seguida o dr. Savino Gasparini, em nome do PodDelegdo Sob. GrMest., Irmão Augusto Pereyron se congratula com os MMaçdesteOrpela festa que hoje se realisa e que representa a materialização mais sublime, mais bella do ideal dos Irmãos do quadro da Fraternidade Paranaense.
É com viva emoção que vos falo, sentindo sobre meu espirito e contentamento, o jubilo que paira em todos os corações, descripto nas pupillasde vossos olhos.
É digno de louvor e de applausos todo o trabalho feito em bem da collectividade, todo o trabalho feito em bem da humanidade, e o vosso, RespMestreferindo-se a Ricardo Negrão Filho ), foi um desses trabalhos efficientes porque concorre sobejamente para os laços de solidadriedade mais solidificarem; tornarem-se mais intensos, mais fundos esses laços maravilhosos de amizade, que é a unica flôr de sãos e beneficos perfumes do jardim da vida.
É esta amizade que presentemente aqui se glorifica, que lá na Europa, depois da lucta, levou homens a se estenderem as mãos num abraço fraternal e a reconhecerem quanto mais vale a paz e a concordia do que a pelleja e a morte; é a amizade que faz com que independente de raças, de idiomas, longe de preconceitos politicos ou religiosos de qualquer natureza todos reconheçam que finalmente são irmãos.
Alonga-se o dr. Gasparini sobre esse assumpto, evidenciando com argumentos rutilantes a necessidade de alicerçar a amizade entre os homens, entre as sociedades, porque assim se haverá arguido inabalavel pedestal a paz.
Volta depois ao primeiro objetivo de seu discurso, enunciando entre outros mais os seguintes conceitos:
Ao reiniciardes vossos trabalhos, destes uma prova admiravel de quanto vale um esforço perseverante, a vontade quando inquebrantavel.
E esta vontade teve um objetivo são, que ora se revela imponentemente, salientando as figuras sympathicas dos illustres VVen. Ricardo Negrão Filho, ardoroso pedestal desta Loja, e Augusto Espinola; do irmão ora ausente dr. José Niepce da Silva, e embora falando em nome do Delegdo GrMest., não poderia omittir o nome de Augusto Pereyron, que aos demais alliou seus esforços, numa constante collaboração.
Esta vontade, esse esforço augmentado pela energia de todos os OObrdesta Loja, é que conseguiu materializar este trabalho do pensamento humano, porque cada templo que se levanta é uma pedra junta ao grande templo da Liberdade, é um passo dado na senda do progresso.
E terminou sua sempre applaudida oração saudando o RespMeste todos os Irmãos que concorreram para levantar o Aug. Templo que hoje se inaugurou.
Após ligeiros instantes de silencio, levanta-se o mesmo Irmão dr. Savino Gasparini e disse que devia antes de terminar sua missão nesta casa, trazer em nome da Auge Ben. Loja Luz Invisível as suas felicitações e os seus saudares, que os traduzia de um modo imperfeito, mas na linguagem sincera do sentimento. Por isso era o portador do abraço fraterno dos membros da Luz Invisivel, modesta Loja que lá do seu recondito vê com carinho o progresso de sua co-irmã.
. . .
Antes de encerrar os trabalhos, o PodVen. Ricardo Negrão Filho usa da palavra e agradece sensibilizado a todos os Irmãos do quadro, aos visitantes e deputações de outras officinas, haverem abrilhantado com sua presença á esta festa inaugural.
Particularmente agradeceu aos Irmãos Oraddr. Ademaro Munhoz e dr. Savino Gasparini, representante da "Luz Invisivel" as palavras encomiastrias que lhe dirigiram que julga são immerecidas e por isso as recebe como um tributo da amizade que lhe dedicam, e ao qual agradece com effusão e sinceridade.
Quanto aos esforços, a dedicação, aos serviços a que se referiram os oradores que o precederam, manda a Justiça que se declare que elles são devidos ao infatigavel irmão Niepce da Silva, que occultou a presidencia para dar inicio aos trabalhos da construcção do templo.
Si esforços houve, devemol-os a Augusto Pereyron, Ernesto Laynes, José Gritz que se não pouparam para a consecução desta obra. Si esforços houve, partiram elles de um grupo de Irmãos que mensalmente concorreram para solver os compromissos que assumimos.
elles, pois, todos as glorias deste acto que hoje se realisa, e a elles, todo o meu sincero agradecimento, diz o VenRicardo Negrão Filho ).
Após em phrases destas que receimam a excessiva modestia do Illust. Pres. , ter procurado obscurecer a benemerencia de que se fez digno e que todos exaltaram, dirige elle a palavra a todos os Irmãos presentes, aos quaes pede que se dignem auxiliar nossos trabalhos, juntando suas energias ás do pequeno grupo que vem mantendo a "Fraternidade" , grupo que está reduzido e cançado.
Lembra os encargos que pesam sobre a Loja advindos das obras executadas, e os compromissos a resgatar dos constructores Strobel, com os quaes espera jamais se faltará, porque isso redundaria em nossa deshonra.
E sob os applausos de todos os presentes, o RespMestpronuncia as ultimas palavras de sua oração."
( Livro Atas  9 pág. 72 a 75 da Loja Fraternidade Paranaense  0.555 )
  
Transcrito da coleção "A Maçonaria no Paraná" volume 5 pág. 104 a 111.

A origem do Teatro Guaíra

A origem do Teatro Guaíra remonta à segunda metade do século 19, quando a Assembleia Provincial doa à Sociedade Teatral Beneficiente União Curitibana terreno para a construção do Theatro São Theodoro, nome dado em homenagem a Theodoro Ébano Pereira, fundador da cidade de Curitiba. O terreno  era  o mesmo onde hoje está a Biblioteca Pública do Paraná, à rua Dr. Muricy. 

O Theatro São Theodoro é inaugurado em 1884 lotando plateias, camarotes e galerias. Por dez  anos é o centro da vida cultural de Curitiba. Com a chegada da Revolução Federalista ao Paraná em 1894, as apresentações artísticas são suspensas. As dependências do teatro transformam-se em prisão dos rebeldes pelas forças legalistas e o São Theodoro entra em decadência. Essa situação permanece até 1900, quando é reinaugurado com o nome de Theatro Guayrá.

Em 1939 o Theatro Guayrá é demolido e, ao mesmo tempo, inicia-se campanha pela construção de um teatro oficial na cidade, liderada pela Academia Paranaense de Letras. O projeto para a construção do teatro é escolhido no final dos anos 40 e a construção iniciada em 1952. Nessa década, o Paraná experimenta o apogeu da economia do mate e na região norte o início da expansão cafeeira a partir do Estado de São Paulo. 

A economia em expansão aliada a um contexto político favorável, como foi o governo de Bento Munhoz da Rocha Neto, contribuem para que a década de 50 seja para Curitiba um período de expressiva evolução cultural. Nessa época, além do Teatro Guaíra, são idealizados outros tantos projetos, como  a Biblioteca Pública do Paraná e o Centro Cívico.

O projeto arquitetônico do atual Teatro Guaíra é do engenheiro Rubens Meister (1922 – 2009), um dos precursores da arquitetura moderna no Paraná e um dos responsáveis pela implantação do curso de Arquitetura na UFPR, em 1962. Rubens Meister é também autor de prédios importantes como o Panteão dos Heróis da Lapa (1943), o Auditório da Reitoria UFPR (1956), o Centro Politécnico (1956), o Edifício Barão do Rio Branco (1958), a Prefeitura Municipal de Curitiba (1969), a Estação Rodoferroviária de Curitiba (1976), o Centro de Atividades do SESC da Esquina (1985) e a restauração do Palácio Avenida (1990). 

A construção do Teatro Guaíra é iniciada em 1952 e em 1954 é inaugurado o primeiro de três auditórios que compõem o edifício: o Auditório Salvador de Ferrante, conhecido também como Guairinha onde, em 1955, têm início as apresentações dos espetáculos. O grande auditório Bento Munhoz da Rocha Netto, também conhecido como Guairão, cuja inauguração estava prevista para 1971, é inaugurado em dezembro de 1974, depois de ser reconstruído após um incêndio em abril de 1970, que o deixou substancialmente destruído.

Em 28 de agosto de 1975 é inaugurado o último auditório, Glauco Flores de Sá Brito, também conhecido como Miniauditório, completando o projeto do complexo cultural, que a partir de então passava a se chamar Fundação Teatro Guaíra. O espaço total dos auditórios passa a ser de 16.900 metros quadrados, com uma capacidade total de 2.757 lugares.