terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Cine Elite, Glória e Imperial

 

Cine Elite, Glória e Imperial


Com quase 90 anos de história o Cinema da Lapa foi por muito tempo o grande programa cultural da cidade, já teve quatro nomes diferentes, foi destruído por um incêndio e depois reconstruído, exibiu grandes filmes, passou por reformas e hoje encontra-se fechado e com graves problemas na estrutura interna.

A história do Cine começou na década de 1920, em um empreendimento arrojado de Pedro Siqueira e Antônio Braga, a Lapa passou a ser uma das primeiras cidades do Paraná a contar com um cinema. O primeiro nome do local foi Cine Elite, e ele consistia em um pavilhão de madeira, com dois andares e capacidade para cerca de 300 pessoas.

Nessa época o cinema ainda era mudo, e o Cine Elite tinha uma orquestra própria composta por músicos com instrumentos como piano, violino e flauta. Os músicos tocavam durante a exibição do filme e determinavam a alegria ou melancolia da película que as pessoas assistiam na tela.

Dentro do cinema da Lapa existia a venda de amendoim, doces e balas. As sessões sempre lotadas fizeram com que o Cine Elite se tornasse a grande atração da cidade. O local também nessa época foi muito utilizado para a função de teatro e para a realização de eventos. Mas, na década de 1940 um incêndio iniciado na cabine de projeção do cinema atingiu rolos de celulose, material altamente inflamável, que continha os filmes, o fogo se alastrou rapidamente e colocou um fim na história do Cine Elite.

O local ficou fechado por anos, até que na década de 1950 o lapeano Francisco Vidal reconstruiu o cinema da Lapa, que passou a se chamar Cine Imperial.

O local voltou rapidamente a ser um sucesso, e exibia grandes filmes que haviam acabados de ser lançados e que muitas vezes nem tinham ainda sido exibidos em cidades grandes. “O filme mais visto foi a “Paixão de Cristo”, sempre reprisado na época de Páscoa. Mas não menos importantes foram as exibições épicas de Bem-Hur e os 10 mandamentos. Ficaram na lembrança também o belo filme Sissi Imperatriz e as comédias divertidas de Mazzaroppi. Durante os filmes lembro que a plateia interagia com os personagens, sofria, se encantava, sorria e até torcia para o mocinho com gritos e palmas quando finalmente acontecia o final feliz”, relata Iara Scandelari, professora aposentada que frequentou o local por diversas vezes na época do Cine Imperial.

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Dona Iara ainda relembra que o Cinema era o ponto de encontro de vários casais. “Estima-se que 80% dos namoros da Lapa naquele tempo tenham começado no Cine Elite e depois Cine Imperial. Quantas histórias de amor e paixão se passaram ali na tela e fora dela” brinca a Iara.

A partir da década de 1970 o Cinema da Lapa teve um novo dono e consequentemente um novo nome. Passou a se chamar Cine Glória, e era administrado pelo Sr. Alvaro Mendes. O cinema permaneceu aberto até o ano de 1989, exibindo grande sucessos da época. O último filme exibido no Cine Glória teria sido o infantil “Super Xuxa contra o baixo astral”.

Depois que o local fechou, o prédio onde estava localizado o cinema da Lapa serviu para outros fins, como estacionamentos e até uma igreja. Mas, depois de 16 anos fechado e já sob a responsabilidade do Estado, o Cinema foi reformado e reaberto em 2006. Na ocasião foi realizado no local um investimento de R$ 3 milhões. Readequado, o Cine que passou a ser chamado de Cine Teatro Imperial, e tinha capacidade para 274 pessoas numa área de mais de mil metros quadrados. De 2006 a 2012 o local funcionou novamente como um importante espaço cultural da Lapa. Neste período exibiu filmes de grande sucesso como “Avatar”, “A origem” e “Velozes e Furiosos 5”.

Porém, em maio de 2012 o local foi fechado novamente. Segundo a prefeitura na época, o prédio apresentava problemas de infiltração, e por motivo de segurança o local foi interditado e permanece assim até os dias atuais.

Recentemente a prefeitura da Lapa divulgou que por meio de apoio de parlamentares será realizada uma reforma no local, mas ainda não há nenhuma previsão para o início das obras.

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