terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Honório Serpa

 

Honório Serpa


Honório Serpa
   Município do Brasil  
Hino
Gentílicohonório serpense
Localização
Localização de Honório Serpa no Paraná
Localização de Honório Serpa no Paraná
Honório Serpa está localizado em: Brasil
Honório Serpa
Localização de Honório Serpa no Brasil
Mapa de Honório Serpa
Coordenadas26° 08' 27" S 52° 23' 13" O
PaísBrasil
Unidade federativaParaná
Municípios limítrofesCoronel VividaMangueirinhaClevelândia, e Pato Branco
Distância até a capital430 km
História
Fundação16 de novembro de 1992 (30 anos)
Administração
Prefeito(a)Luciano Dias[1] (PSC, 2021 – 2024)
Vereadores9
Características geográficas
Área total IBGE/2020[2]502,235 km²
População total (estimativa IBGE/2020[3])5 119 hab.
Densidade10,2 hab./km²
ClimaNão disponível
Fuso horárioHora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2000[4])0,71 — alto
PIB (IBGE/2018[5])R$ 214 378,78 mil
PIB per capita (IBGE/2018[5])R$ 40 410,70
Sítiowww.honorioserpa.pr.gov.br (Prefeitura)
www.camarahonorioserpa.pr.gov.br (Câmara)

Honório Serpa é um município brasileiro do estado do Paraná. Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2020, era de 5 119 habitantes.[3]

História

Período pré-colonial: primeiros povoamentos humanos no vale do rio Iguaçu

Segundo as pesquisas arqueológicas mais recentes, alguns dos mais antigos vestígios de ocupação humana no Paraná foram encontrados no Baixo Iguaçu. Esses grupos pioneiros teriam alcançado a região por volta de 9.000 anos atrás, provavelmente seguindo o curso de grandes rios como o Paraná e Uruguai.[6] Identificados como caçadores-coletores, tais grupos produziam diversos tipos de ferramentas de pedra, tais como machados, mãos-de-pilãopontas-de-flecharaspadores, entre outros, fazendo uso também de matérias-primas orgânicas, como ossos de animais e madeiras.

Embora não existam informações sobre datações obtidas nesses sítios, em Honório Serpa já foram identificados três sítios arqueológicos com grandes quantidades de materiais líticos lascados. Localizados nas proximidades do rio Chopim, os sítios ST-PCH-11,[7] ST-PCH-12[8] e ST-PCH-13[9] mostram os testemunhos materiais do processo de ocupação indígena dos vales dos rios de Honório Serpa desde tempos muito antigos.

A cerca de 2.500 anos atrás, outras populações indígenas alcançaram o sudoeste paranaense, trazendo duas grandes inovações tecnológicas: a cerâmica e a agricultura.[10] Mais numerosos, esses grupos trouxeram plantas domesticadas em outras regiões da América do Sul, tais como a mandiocamilho e abóbora, ocupando os morros e vales da região. Ainda que nenhum sítio arqueológico com vestígios cerâmicos indígenas tenha sido identificado no município de Honório Serpa, em municípios vizinhos como Mangueirinha, Clevelândia e Coronel Vivida já foram registrados e escavados diversos assentamentos e aldeias dessas populações, geralmente associadas à Tradição Itararé-Taquara e, em menor quantidade, à Tradição Tupiguarani. Em linhas gerais, a maioria das pesquisas arqueológicas e antropológicas relaciona essas tradições tecnológicas aos povos falantes de idiomas Macro-Jê (tais como os Xokleng e Kaingang) e tupi-guarani.[11][12][13]

Período Colonial

As fontes escritas europeias dos séculos XVI e XVII, período em que a Espanha ocupou o norte e oeste do atual território paranaense, corroboram a presença de uma grande população ameríndia relacionada aos grupos Jê e Tupi-Guarani.[14] Ainda na primeira metade do século XVI, Álvar Núñez Cabeza de Vaca atravessou boa parte desse território, incluindo o extenso vale do rio Iguaçu, descrevendo-o como “apinhado de indígenas da nação Guarani”.[15] Relatos posteriores de lutas entre indígenas encontrados na região e membros das expedições bandeirantes, durante os séculos XVI a XVIII, também confirmam essa interpretação.

A chamada Província do Guayrá, criada pelos espanhóis em fins do século XVI, abarcava grande parte do atual estado do Paraná, tendo o rio Iguaçu como um de seus limites. Assim, todo o território para sul desse rio ainda era ocupado por diversos povos indígenas quando os bandeirantes paulistas começaram a percorrer a região a partir do século XVII.[16] Em suas expedições em busca de mão-de-obra para ser usada como escrava nas fazendas, os bandeirantes capturaram ou mataram grande parte da população, tendo como principal alvo os Guarani.[17][18] Ainda assim, a região entre os rios Iguaçu e Chopim manteve-se com grandes contingentes populacionais indígenas até fins do século XIX, especialmente Kaingangs e Xoklengs.[19]

A colonização efetiva dos chamados Campos de Palmas só teve início em fins do século XVIII, entretanto, quando diversos tropeiros começaram a utilizar a região como rota de ligação entre as fazendas de gado rio-grandenses e as feiras da Capitania de São Paulo. Conhecido atualmente como Caminho das Missões, essa rota também proporcionou a chegada gradual de colonos interessados em formar fazendas de gado na região. Da mesma forma, expedições militares foram realizadas na área do Baixo Iguaçu ao longo de todo o século XIX, parte do esforço em reconhecer a geografia local de uma área fronteiriça ainda pouco povoada e alvo de disputas diplomáticas com a Argentina, mantendo-a como parte do território brasileiro.[20]

Fundação

A origem do município de Honório Serpa se deu em função dessa contínua expansão das fazendas sobre os Campos de Palmas, vistos como bastante propícios para a criação de gado bovino.[19] Segundo consta, o próprio território onde hoje se encontra a área urbana de Honório Serpa era originalmente parte de uma fazenda, cujo proprietário posteriormente foi homenageado no nome do munícipio. Migrando do Rio Grande do Sul após o fim da Revolução Federalista, Diógenes e Eufrazina Serpa adquiriram terras em área que então pertencia ao município de Palmas, posteriormente divididas por seu filho (o já citado sr. Honório Serpa) em 1925, sendo nelas fundadas uma vila.[21]

Em 1964, o povoado de Honório Serpa foi elevado à condição de distrito do município de Mangueirinha. Contudo, o crescimento demográfico e econômico do distrito eventualmente motivou sua emancipação, ocorrida em 1990, através da Lei Estadual n° 9.184. Atualmente, o município de Honório Serpa segue tendo a agropecuária como uma de suas principais atividades econômicas.[21]

Referências

  1.  Prefeito e vereadores de Honório Serpa tomam posse Portal G1 - acessado em 2 de maio de 2021
  2.  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2020). «Área da unidade territorial - 2020». Consultado em 2 de maio de 2021
  3. ↑ Ir para:a b «Estimativa populacional 2020 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 28 de agosto de 2020. Consultado em 2 de maio de 2021
  4.  «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008
  5. ↑ Ir para:a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2018». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2018. Consultado em 2 de maio de 2021
  6.  Parellada, Cláudia Inês (2008). «Revisão dos sítios com mais de seis mil anos BP no Paraná: discussões geoarqueológicas». Fundação Museu do Homem Americano. FUNDHAMentosVII: 118-135. Consultado em 6 de maio de 2021
  7.  «Sítio ST-PCH-11»Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 6 de maio de 2021
  8.  «Sítio ST-PCH-12»Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 6 de maio de 2021
  9.  «Sítio ST-PCH-13»Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 6 de maio de 2021
  10.  Noelli, Francisco. «A Ocupação Humana na Região Sul do Brasil: Arqueologia, Debates e Perspectivas 1872-2000». Universidade de São Paulo. Revista USPII (44): 218-269. Consultado em 6 de maio de 2021
  11.  Araújo, Astolfo (2007). «A tradição cerâmica Itararé-Taquara: características, área de ocorrência e algumas hipóteses sobre a expansão dos grupos Jê no sudeste do Brasil». Sociedade Brasileira de Arqueologia. Revista de Arqueologia1 (20): 09-38. Consultado em 6 de maio de 2021
  12.  Bonomo, Mariano; Angrizani, Rodrigo; Apolinaire, Eduardo; Noelli, Francisco (2015). «A model for the Guarani expansion in the La Plata basin and littoral zone of southern Brazil»Quarternary International: 54-73. Consultado em 6 de maio de 2021
  13.  Prous, André (2006). O Brasil antes dos brasileiros: A pré-história do nosso país. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor LTDA. ISBN 8571109206
  14.  Parellada, Cláudia Inês (2016). «Paisagens transformadas: arqueologia dos povos Jê no Paraná, Sul do Brasil». Universidade de São Paulo. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia27: 158-167. Consultado em 6 de maio de 2021
  15.  Cabeza de Vaca, Álvar Núñez (2009) [1555]. Naufrágios e Comentários. Porto Alegre: LP & M. ISBN 9788525409539
  16.  Oliveira, Oséas (2003). Índios e Jesuítas no Guairá: A Redução como espaço de reinterpretação cultural (século XVII) (Tese de Doutorado em História). Assis: Universidade Estadual de São Paulo. Consultado em 6 de maio de 2021
  17.  Bogoni, Saul (2008). O Discurso de Resistência e Revide em Conquista Espiritual (1639), de Antonio Ruiz de Montoya: Ação e Reação Jesuítica e Indígena na Colonização Ibérica da Região do Guairá (Dissertação de Mestrado em Letras). Maringá: Universidade Estadual de Maringá. Consultado em 6 de maio de 2021
  18.  Monteiro, John (2001). Tupis, Tapuias e os historiadores: Estudos de História Indígena e do Indigenismo (Tese de Livre Docência em Etnologia). Campinas: Universidade Estadual de Campinas
  19. ↑ Ir para:a b Laroque, Luís Fernando (2007). Fronteiras geográficas, étnicas e culturais envolvendo os Kaingang e suas lideranças no sul do Brasil (1889-1930) (PDF). São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas. Consultado em 6 de maio de 2021
  20.  Barros, Vera Lúcia (1980). A Colônia Militar do Chopim: 1882 a 1909 (Dissertação de Mestrado em História). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. Consultado em 6 de maio de 2021
  21. ↑ Ir para:a b «Cidades. História & Fotos. Honório Serpa». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2020. Consultado em 6 de maio de 2021

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