segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Mansão das Rosas

 

Mansão das Rosas


Mansão das Rosas

O portão. Isso é tudo que restou da “Mansão das Rosas”, em estilo toscano, construída por Francisco Fasce Fontana.
Ela foi demolida em 1979 para dar lugar a dois edifícios, restando apenas o portão da antiga casa dos Fontana.
No local o coronel Caetano José Munhoz (1817-1877) estabeleceu em 1834 o primeiro engenho de soque de erva-mate de Curitiba, conhecido como Engenho da Glória.
Após a morte do coronel Caetano José Munhoz o engenho pegou fogo e a família, em dificuldades, vendeu a empresa para Silva & Irmão, que reconstruíram o engenho.
Mansão das Rosas
Fonte: acervo Casa da Memória
A ervateira contraiu dívidas junto ao consignatário no Uruguai, Francisco Fasce Fontana, para quem vendiam a produção. Em 1880 Fontana decidiu vir para Curitiba cobrar a dívida pessoalmente. Acabou virando sócio e a empresa passou a chamar-se Silva, Irmão & Fontana, com a entrada de Fontana na sociedade. Mais tarde a sociedade foi desfeita e Fontana tornou-se o único dono do empreendimento e constituiu as Imperiais Fábricas Fontana.
Ao estabelecer-se em Curitiba, Fontana, um homem já maduro, ficou noivo de Maria das Dores de Leão (ou Maria Dolores de Leão), filha de Agostinho Ermelino de Leão (o número 2 com este nome no Paraná, conforme escrevi quando postei falando dos diversos Agostinho Ermelino de Leão), com quem casou em 09 de setembro de 1882.
Fontana ergueu tapumes em torno de sua fábrica e na véspera do casamento os derrubou, revelando não só uma fábrica completamente modernizada, mas também a velha chácara havia sido transformada em uma linda casa, com jardins e canais onde era possível navegar com pequenos barcos.
O terreno onde o engenho e a antiga chácara eram localizados ficava na beira de um banhado e era parcialmente alagado. Com a reforma o banhado foi drenado e canalizado.
No casamento de Fontana, o presidente da província, Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899), notou as obras e ficou especialmente impressionado com o saneamento que havia sido promovido no terreno. Como a região era problemática e o banhado representava um perigo constante à saúde da população, Taunay convidou Fontana para resolver o problema e assim surgiu o projeto do Passeio Público, que acabou sendo o primeiro parque da cidade.
Francisco Fasce Fontana além de tocar a obra, foi nomeado o primeiro diretor do Passeio Público.

Os vários Francisco F. Fontana


Esta família, como os Leão, também tem o hábito de ter uma pessoa com o mesmo nome a cada geração. São vários os Francisco F. Fontana, variando apenas o segundo nome.

Francisco Fasce Fontana (1849-1894)
Filho de José Fontana e Maria Jacintha Canevaro, nasceu em Gênova, na Itália em 13 de janeiro de 1949 e migrou para o Uruguai com a família em 1853. Veio para Curitiba em 1880. Entrou no negócio de engenho de erva-mate e fez o Solar das Rosas. Casou em 1882 com Maria das Dores de Leão. Foi um dos criadores do Passeio Público. Teve apenas um filho (casou tarde e morreu cedo) chamado Francisco Fido Fontana. Faleceu em Curitiba em 1894, possivelmente de um tumor no cérebro.

Francisco Fido Fontana (1884-1947)
Francisco Fido Fontana foi a pessoa que trouxe o primeiro automóvel para Curitiba (parece também que foi o quarto no país) e abriu a primeira revenda de veículos da cidade. Ele também participou do que deve ter sido a primeira corrida de automóveis do Brasil, contra Washington Luís, mais tarde presidente de São Paulo e presidente do Brasil. Após o segundo casamento de sua mãe foi ele que, mais tarde, quando adulto, ficou com a Mansão das Rosas.
Foi responsável também por um fato curioso relacionado com a casa. Foi na Mansão das Rosas que ocorreu a primeira transmissão de rádio da cidade, às 11 horas do dia 27 de junho de 1924 foi ao ar a primeira transmissão da Rádio Clube Paranaense, ainda sem prefixo e de forma experimental. Os outros sócios da rádio eram Lívio G. Moreira, Ludovico Joubert, Euclides Requião, Bertholdo Hauer, os irmãos Alfredo e Oscar de Plácido e Silva, Gabriel Leão de Veiga, Olavo Borio e Alberto Xavier de Miranda. Naquele mesmo dia foi eleita a primeira diretoria da sociedade e Francisco Fido Fontana foi o primeiro presidente.
Francisco Fido casou com Iphigenia Correia - filha de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul - com quem teve cinco filhos. Mais tarde, após ficar viúvo, casou com Mercedes Jardim, de tradicional família carioca, os Silva Jardim, com quem teve duas filhas.

Depois dos dois FFF, vieram Francisco Flavio Fontana, que não nomeou nenhum dos seus filhos com os 3Fs. Mas o seu irmão Idelfonso Correia Fontana continuou com a tradição, nomeado um dos seus filhos de Francisco Fernando Fontana, que tem um filho chamado de Francisco Fido Fontana (em homenagem ao bisavô), que por sua vez sem um filho chamado Francisco Felipe Fontana, chegando assim a sexta geração de Francisco F. Fontana.

Mate Real


A empresa fundada por José Caetano Munhoz em 1834 e adquirida por Francisco Fasce Fontana existe até hoje como uma empresa familiar dos Fontana. É uma das empresas familiares mais antigas do país e é conhecida pela marca Mate Real.

Referências:

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