sábado, 1 de julho de 2023

UMA TOURADA EM CURITIBA QUASE TERMINOU EM TRAGÉDIA

 UMA TOURADA EM CURITIBA QUASE TERMINOU EM TRAGÉDIA


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Toureiro Gutierrez, em foto de 1903, um dos valentes que fizeram espetáculos no largo Tereza Cristina e, depois, no Colyseu Curytibano.
Foto: jornal Diário da Tarde.


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Gravura publicada no jornal Diário da Tarde, de 20/04/1903.
Foto: jornal Diário da Tarde.


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Propaganda publicada no jornal Diário da Tarde, em 17/12/1885.
Foto: jornal Diário da Tarde.


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Programação do evento na tarde fatídica do acontecimento.
Foto: jornal Diário da Tarde.


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Preços cobrados. Note-se a diferença de preços à "sombra" e ao "Sol", visto a arena estar montada a céu aberto.
Foto: jornal Diário da Tarde.

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Cena de 20/04/1903, a arena de touros montada no largo Tereza Cristina, hoje Praça Santos Andrade.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo.

Em 1895, as diversões dos curitibanos, além do Passeio Público, eram bastante modestas. Não existiam cinemas, e muito raramente algum circo mambembe dava as caras.
Teatros existiam dois: o São Theodoro (depois Guayra) e o Hauer. Esse último mais para atender a colônia alemã.
As companhias que se apresentavam eram estrangeiras, portuguesas, espanholas e italianas, normalmente com espetáculos musicais como operetas e zarzuelas.
Em 17 de dezembro de 1895, uma tourada em arena montada no Largo Tereza Cristina (hoje Praça Santos Andrade), atraiu um público de 4.000 pessoas para assistir a uma tourada e outras atrações previstas para o evento.
O jornal A Republica escreveu sobre a ocorrência:
"[...] Grande parte da população desta capital assistiu ante-hontem á tarde, uma scena ao mesmo tempo tétrica e compungente.
"Espalhado o programma attrahente, a vasta Praça de Touros encheu-se de povo calculando-se em 4 mil pessoas o numero dos espectadores.
Jamais se vi-o tamanha affluencia ao circo, o que era natural, pois além da reclame sobre a qualidade dos touros e dos artistas da Companhia Tauromachica, ia tomar parte naquella funcção o celebre Hércules William da esplendida Companhia Japoneza que tem tido casas cheias no Theatro Hauer. [...]
"Ás 4 1/2 da tarde começou a funcção. Os artistas vieram á arena e comprimentaram o publico: dos camarotes e archibancadas romperam os primeiros applausos logo que o primeiro touro investio sobre os handarilheiros.
"O touro era excellente e os habeis moços deitaram muito bem as capinhas, deram bonitas sortes e fincaram no cachaço do touro 1as farpas. Em seguida saltou dentro do circo o antigo toureiro. Paquete, à paisana, e com coragem inaudita, depois de alguns boléus subjugou pelas aspas o touro. O público applaudiu-o ruidosamente por entre excelentes gargalhadas e bravos.
"Começavam ruidosos aplausos. O povo estava descuidoso de qualquer precaução sobre as bancadas e tinha os olhos fitos no recinto, quando do lado do sól ouvio-se um primeiro estalo, em seguida gritos lancinantes, depois a massa de povo que ali é achava agglomerada começou a precipitar-se n'um movimento estranho e confuso. As bancadas começaram a rebentar ... a rebentar fasendo um 'brou-ha-ha' terrivel e mulheres, homens e crianças n'uma descida medonha iam rolando em confusão, no meio de gritos tumultuarios de acuda! - indiscritiveis.
- Que desgraça! - foram as primeiras phrases dos espectadores que se achavam nos camarotes e do lado da sombra."
"O primeiro movimento foi de irresolução; como que ninguém sabia o que fazer diante do perigo medonho.
E as archibancadas do sól foram caindo estrondosamente; em poucos minutos via-se um montão de gente em confusão toda precipitada sobre os escombros; uns appertando o peso do madeiramento, outros encarapitados procurando salvar-se.
"Começou então a confusão enorme em todo o circo e os que não tinham sido victimados pelo desastre correram àquelle posto a saber a sorte dos infelizes.
Ninguém se podia entender. Era voz geral que devia haver muitos mortos. Esse primeiro movimento foi mais noscivo ainda pois, além do peso do madeiramento, as victimas sofriam o peso do povo que ali correra em auxílio delas, mas a confusão era tamanha que ninguém que estava em cima se recordava de que estava fazendo maior peso ainda sobre os que haviam abatido com as archibancadas. [...]"
Felizmente não houve mortos, somente braços e pernas quebrados e muita contusão.
(Extraído do jornal A República, de 16 e 17/12/1895 / Foto: Arquivo Gazeta do Povo)
Paulo Grani

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