ASSIM ACABOU A SOCIEDADE PROTETORA DOS OPERÁRIOS
Fundada em 28/01/1883, a Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, de Curitiba

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Sócios em frente à sede da Sociedade Protetora dos Operários.
(Foto: Casa da Memória de Curitiba)

Trabalhadores reunidos na Praça João Cândido, em frente à sede da Sociedade Protetora dos Operários, durante a greve dos trabalhadores de 1917.
(Foto: Coleção Profa. Julia Wanderley)

Sócios em frente à sede da Sociedade Protetora dos Operários.
(Foto: Casa da Memória de Curitiba)

Vista da Praça, a partir do Belvedere, em agosto de 1950. Ao fundo a sede da Sociedade Beneficente Protetora dos Operários.
(Foto: Fundação Cultural de Curitiba)

Trabalhadores reunidos na Praça João Cândido, em frente à sede da Sociedade Protetora dos Operários, durante a greve dos trabalhadores de 1917.
(Foto: Coleção Profa. Julia Wanderley)

ASSIM ACABOU A SOCIEDADE PROTETORA DOS OPERÁRIOS

Fundada em 28/01/1883, a Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, de Curitiba, foi idealizada pelo mestre de obras Benedito Marques dos Santos. Benedito era um homem negro, ex-escravo. Assim como ele, a maioria dos associados era negra e trabalhadora.

A sociedade operária foi pioneira em Curitiba. Ela se tornou uma das primeiras instituições publicamente reconhecidas de apoio mútuo entre trabalhadores. Em seu estatuto, era assegurado o direito de amparo financeiro a seus agremiados e familiares “em caso de moléstia, morte ou invalidez e perseguições”, e o direito de acesso a “todos os meios de instrução e recreio que estiverem ao seu alcance”.

Inicialmente, a sede era na residência de João Batista Gomes de Sá, localizada na Rua do Mato Grosso (atual Comendador Araújo). Gomes de Sá era sócio importante da agremiação, já que foi seu procurador e presidente nos primeiros anos.

Poucos anos depois, com o crescimento da Sociedade, os sócios adquiriram um novo terreno no Alto São Francisco, na rua Desembargador Ermelino de Leão (em frente à atual Praça João Cândido, próximo ao Museu Paranaense). Ali construíram um bonito prédio, grande o suficiente para as reuniões, festivais e demais atividades realizadas pela entidade. Tratava-se de um casarão em estilo eclético, com cinco janelas no térreo e três no andar superior, além de um frontão em estilo europeu, que em muito lembrava a fachada do Solar do Rosário.

A Sociedade Beneficente Protetora dos Operários funcionou ali por décadas. Embora inicialmente de maioria preta, com o tempo ela se tornou multiétnica e ainda mais ligada ao movimento operário de Curitiba. A entidade organizava as comemorações do 1° de Maio (dia do trabalho), debatia adesão às greves e propunha debates sobre as condições de trabalho, questões relacionadas ao sistema econômico vigente, etc. Na maior greve da história da capital do Paraná, em julho de 1917, o movimento de protesto se iniciou em frente à Sociedade.

Já na década de 1930, o engajamento social da agremiação se estendeu à educação. Nessa época, nela foi montada uma biblioteca e uma escola noturna para instrução dos seus sócios. Ela se chamava Escola Operária Benedito Marques, cujo professor, Adolpho Britto, também foi um homem negro descendente de escravos.

Em 1954, Edgard Antunes da Silva, o “Tatu”, assumiu a presidência da entidade. A partir de então, a Sociedade Protetora dos Operários adquiriu um novo caráter. O local passou a sediar grandes bailes e a se tornar ponto de encontro nos carnavais da cidade. Um famoso evento era o “Gala Gay”. Havia também competição de melhor fantasia e inúmeros shows de música, principalmente na década de 1980, quando, dizem, a Sociedade teve o melhor rock de Curitiba. Foi aí que ela passou a se chamar “Ópera-Rio”.

O “Ópera-Rio” atraía pessoas de todas as idades, classes, gêneros, e ideologias. Com a morte do “Tatu” ainda na década de 1980, porém, os eventos se tornaram cada vez mais escassos e o número de sócios da Sociedade diminuiu drasticamente. A entidade somente sobreviveu graças às “lambaterias”, eventos boêmios de lambada que agitavam a já não tão agitada Sociedade, às rodas de samba e às comemorações de aniversário do clube operário, nos dias 28 de janeiro.

No início dos anos 2000, a Sociedade foi destituída e se transformou em casa de shows e, depois, em lava-car e estacionamento. Depois de um incêndio nos anos 1990 que comprometeu suas instalações, a agremiação nunca mais foi a mesma.

No seu auge, a Sociedade Protetora dos Operários contou com mais de 500 sócios. Como local de eventos, ela foi conhecida pelo ambiente democrático que sempre manteve. Já como local de organização operária, a entidade ficou famosa não só pelo auxílio aos seu agremiados, mas pelo papel combativo no movimento dos trabalhadores ao longo do século 20.

Depois de findada, entretanto, a sede da Sociedade se deteriorou como nunca. Embora pese o fato de seus sócios-proprietários deixarem de restaurá-la nos últimos anos, a prefeitura de Curitiba nunca a tornou uma unidade de interesse de preservação (UIP). Caso fosse, o patrimônio poderia ter sido preservado. [...]

sábado, 22 de junho de 2024

ASSIM ACABOU A SOCIEDADE PROTETORA DOS OPERÁRIOS Fundada em 28/01/1883, a Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, de Curitiba

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Fundada em 28/01/1883, a Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, de Curitiba