Curitiba em Ascensão: Um Panorama da Cidade Moderna nos Anos 1950
Curitiba em Ascensão: Um Panorama da Cidade Moderna nos Anos 1950
Nas páginas que seguem, mergulhamos no coração da Curitiba dos anos 1950 — uma cidade em transformação, onde a tradição se encontrava com a modernidade, e onde empresas, instituições e personalidades moldavam o futuro do Paraná. Este conjunto de documentos — desde anúncios comerciais até relatórios institucionais — oferece um retrato vívido da vida urbana, empresarial e cultural da capital paranaense nesse período crucial de sua história.
Cada página é uma janela para um mundo em construção: de farmácias centenárias a bolsas de valores; de hotéis familiares a fábricas de pisos de madeira; de concessionárias automotivas a empresas de serviços industriais. Juntos, eles contam a história de uma cidade que, sem perder suas raízes, abraçava o progresso com entusiasmo e determinação.
Vamos explorar, página por página, esse fascinante mosaico de histórias, figuras e conquistas.
Página 1: Farmácia e Drogaria Stiffeld — A Tradição que Curou Gerações
A primeira página é dedicada à Farmácia e Drogaria Stiffeld, cuja história remonta ao século XIX e que, em 1923, tornou-se a primeira farmácia de Curitiba a ser dirigida por um farmacêutico formado — Carlos Stiffeld.
O Que Vemos:
- Uma ilustração em preto e branco da fachada da farmácia, localizada na Praça Tiradentes, em frente ao Palácio de Lopez de Morais — um marco arquitetônico e político da cidade.
- Um retrato de Carlos Stiffeld, farmacêutico, professor e figura pública de destaque.
- Textos que detalham sua trajetória acadêmica, profissional e política.
O Que Lêmos:
- Carlos Stiffeld foi fundador da farmácia em 1923, após a morte de seu pai, Edgard Stiffeld Senior, que havia estabelecido a primeira farmácia do Paraná em 1852.
- Ele foi professor da Faculdade de Farmácia e Química de Curitiba, membro da Academia Nacional de Farmácia e presidente da Confederação Nacional de Farmacêuticos.
- Sua atuação não se limitava à farmácia: foi deputado estadual, vereador, secretário municipal e representante do Brasil em conferências internacionais de farmácia.
- A farmácia era mais do que um comércio — era um centro de saúde, cultura e prestígio, frequentado por autoridades e cidadãos comuns.
Por Que Importa:
A Farmácia Stiffeld representa a modernização da profissão farmacêutica no Brasil. Carlos Stiffeld não apenas administrava uma farmácia — ele ajudou a definir os padrões éticos, educacionais e legais da profissão no país. Sua presença na Praça Tiradentes, coração político da cidade, simboliza a integração entre saúde, ciência e poder público.
Página 2: Bolsa Oficial de Valores de Curitiba — O Coração Financeiro da Cidade
A segunda página apresenta a Bolsa Oficial de Valores de Curitiba, instituição fundada em 1948 e regulamentada pelo Decreto-Lei nº 6.755, de 1º de maio de 1949.
O Que Vemos:
- Um cabeçalho em negrito: “Bolsa Oficial de Valores de Curitiba”.
- Um quadro com dados financeiros: 481.373 títulos publicados, com valor total de Cr$ 66.914.432,00.
- Uma foto em preto e branco do corpo dos atuais corretores e oficiais da bolsa, posando formalmente em frente ao prédio.
- Um texto explicativo sobre a estrutura da bolsa e seus principais membros.
O Que Lêmos:
- A bolsa foi instalada em 19 de dezembro de 1948 e começou a operar oficialmente em 2 de julho de 1949.
- Era administrada por uma câmara sindical e tinha como presidente Manoel Francisco Correia e vice-presidente Pedro Faraçó.
- Os corretores eram nomes conhecidos da elite econômica curitibana: João Ferreira Lopes, Edgard Borba Guimarães, Percy Eduardo Bassano, Omar Amorim de Camargo, Nelson Haj Mousi, Adir Carvo Picanço de Miranda, Trajano Rubens Drumond dos Reis, Percy Feliciano de Castilho, Roberto Amancio Lima e Cezar Muniz.
- As operações eram realizadas todos os dias, exceto aos sábados, das 16h30 às 18h30, no Edifício Inco, na Rua Monsenhor Celso nº 36 – 2º andar.
Por Que Importa:
A criação da Bolsa Oficial de Valores de Curitiba foi um marco na modernização financeira do estado. Ela permitiu que empresas locais captassem recursos através da emissão de ações e títulos, estimulando o investimento e o crescimento industrial. A presença de nomes como Manoel Francisco Correia e Pedro Faraçó mostra que a elite econômica local estava engajada em construir uma infraestrutura financeira robusta.
Página 3: Kwasiński & Cia. — A Concessionária que Trouxe o Mundo para Curitiba
A terceira página é um anúncio da Kwasiński & Cia., uma das primeiras concessionárias automotivas de Curitiba, especializada em marcas internacionais.
O Que Vemos:
- Um logotipo da empresa no topo, com o nome “Kwasiński & Cia.” e a descrição “Comércio e Importação”.
- Uma lista de marcas representadas: Dodge, Volkswagen, Pateny, Castrol, Willard, Mopar, Gabriel.
- Uma foto em preto e branco do Edifício Kwasiński, um prédio moderno de múltiplos andares, com fachada simétrica e janelas retangulares — símbolo da arquitetura urbana da época.
- Um texto que informa o endereço (Av. Silva Jardim, 3200) e os telefones da empresa.
O Que Lêmos:
- A Kwasiński & Cia. era uma das principais concessionárias de veículos em Curitiba, oferecendo carros, peças e acessórios de marcas internacionais.
- O edifício próprio, localizado na Av. Silva Jardim, era um marco da cidade — um espaço moderno e funcional, projetado para atender a uma clientela exigente.
- A empresa também comercializava produtos de manutenção automotiva, como óleos Castrol e baterias Willard.
Por Que Importa:
A Kwasiński & Cia. representa a entrada do automóvel como símbolo de status e modernidade em Curitiba. A presença de marcas como Dodge e Volkswagen indica que a cidade já estava conectada ao mercado global de automóveis. O edifício próprio, com sua arquitetura contemporânea, reflete a ambição da empresa e a crescente urbanização da capital paranaense.
Página 4: «PARQUETAC» — O Piso que Transformou as Residências Paranaenses
A quarta página é um anúncio da Ind. e Com. Bianco Ltda., fabricante do PARQUETAC — um novo tipo de piso de madeira laminado, ideal para residências modernas.
O Que Vemos:
- Um título em letras grandes: “«PARQUETAC»”.
- Uma série de ilustrações em preto e branco mostrando diferentes padrões de piso — quadrados, losangos, zig-zags — demonstrando a versatilidade do produto.
- Um texto que explica as vantagens do PARQUETAC: beleza, durabilidade, facilidade de instalação e adaptação a qualquer ambiente.
O Que Lêmos:
- O PARQUETAC era fabricado na Rua Guarani, esq. Rodrigo Otávio, em Curitiba.
- O texto enfatiza que o produto podia ser aplicado em qualquer residência, desde as mais luxuosas até as mais modestas.
- A garantia era expressa em todos os produtos, e o piso era confeccionado com as mais finas espécies de madeiras paranaenses.
- O anúncio termina com o endereço postal: Rua 13 de Maio, 93 — Curitiba — Paraná.
Por Que Importa:
O PARQUETAC representa a modernização da decoração e da construção civil em Curitiba. Antes, os pisos eram de cerâmica ou madeira maciça — agora, com o PARQUETAC, era possível ter um piso elegante, fácil de instalar e acessível a diferentes classes sociais. O uso de madeiras paranaenses também reforça o orgulho regional e a valorização dos recursos naturais do estado.
Página 5: Mariluz Hotel — O Refúgio Familiar no Coração da Cidade
A quinta e última página é um anúncio do Mariluz Hotel, um dos primeiros hotéis de apartamentos de Curitiba, que oferecia conforto, conveniência e entretenimento.
O Que Vemos:
- Um título em fonte elegante: “Mariluz Hotel”.
- Uma foto em preto e branco do prédio do hotel, com fachada moderna e varandas amplas.
- Um quadro com os preços dos apartamentos: Solteiro (Cr$ 120,00), Casal (Cr$ 200,00), Luxo (Cr$ 350,00).
- Um texto que destaca o “grande show noturno” e a “cosinha de primeira”.
O Que Lêmos:
- Todos os apartamentos do Mariluz Hotel tinham banheiro privativo — um diferencial importante na época.
- O hotel oferecia um “grande show noturno”, descrito como “o único ambiente familiar de Curitiba” — indicando que era um local de lazer e entretenimento, além de hospedagem.
- O cardápio variado incluía almoço e jantar, com opções internacionais.
- O endereço era Av. Silva Jardim, 3200 (mesmo da Kwasiński & Cia.), e os telefones eram 3790, 4791, 4792 e 4793.
Por Que Importa:
O Mariluz Hotel representa a urbanização e a modernização do turismo e do lazer em Curitiba. Era um lugar onde famílias, viajantes e empresários podiam se hospedar com conforto, desfrutar de entretenimento e experimentar a vida noturna da cidade. O fato de oferecer shows e cozinha internacional mostra que Curitiba já era uma cidade cosmopolita, aberta ao mundo.
Conclusão: Curitiba, Cidade em Movimento
Estas cinco páginas, apesar de distintas em conteúdo e formato, compartilham um tema comum: a ascensão de Curitiba como centro urbano, econômico e cultural do Paraná. De uma farmácia centenária a uma bolsa de valores moderna; de uma concessionária automotiva a um hotel de luxo; de um piso inovador a um edifício emblemático — tudo isso revela uma cidade em plena transformação, que abraçava o progresso sem perder sua identidade.
O Paraná dos anos 1950 não era apenas um estado agrícola — era um território em construção, onde homens e mulheres, com visão e coragem, estavam moldando o futuro. E Curitiba, sua capital, era o epicentro desse movimento.
Hoje, ao revisitar esses documentos, não apenas celebramos o passado — mas reconhecemos as raízes de uma cidade que, ainda hoje, continua a se reinventar, com a mesma energia, determinação e orgulho que marcaram sua trajetória nos anos 1950.
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