Uma urna foi enterrada na primeira Estação Ferroviária de Paranaguá no lançamento da pedra fundamental da construção da ferrovia, na presença do imperador D. Pedro II, no dia 05/06/1880, cuja cerimônia, conduzida pelo próprio imperador, foi rápida e durou cerca de quinze minutos.

 URNAS DO TEMPO

Uma urna foi enterrada na primeira Estação Ferroviária de Paranaguá no lançamento da pedra fundamental da construção da ferrovia, na presença do imperador D. Pedro II, no dia 05/06/1880, cuja cerimônia, conduzida pelo próprio imperador, foi rápida e durou cerca de quinze minutos.

A urna, um cofre de ferro colocado entremeio meio às pedras da fundação, continha a colher de prata com que o imperador D. Pedro II lançou o cimento, mais os jornais do dia, moedas e uma cópia da ata que foi lavrada acerca da construção da ferrovia que seria construída.

Na cópia da ata oficial depositada sob a pedra fundamental, constava que sobre a urna foi aspergida água benta pelo Reverendo Padre José Ferreira da Silva, respectivo vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Paranaguá.

A construção dessa primeira estação de Paranaguá demorou um pouco, tendo sido

inaugurada somente em 17/11/1883, juntamente com o curto trecho da ferrovia ligando Paranaguá a Morretes.

A intenção era que a urna fosse aberta na comemoração do primeiro centenário da estrada de ferro, que ocorreria em 1980.

Em 1921, foi iniciada a construção de um novo prédio para a estação, o qual foi edificado cerca de cinquenta metros à esquerda da antiga estação, ou seja, um pouco antes nos mesmos trilhos.

Na ocasião, as paredes da velha estação foram demolidas e alteradas as fundações e, sobre os escombros, foi edificado um armazém para cargas, tendo a nova Estação e o Armazém sido inaugurados em 07/05/1922.

Naquela ocasião, ninguém lembrou-se da urna que havia sido depositada naquelas fundações e, segundo consta, na demolição da velha Estação, foram usadas dinamites que acabaram destruindo a urna.

Mais tarde, os parnanguaras mais velhos comentavam sobre a urna que ali havia, então, pediu-se auxílio técnico ao exército que chegou a fazer buscas com detector de metais, encontrando apenas três moedas: uma de 20 réis, uma de 100 réis e uma pataca.

Em 1935, em algum lugar junto à nova Estação, foi enterrada outra urna, comemorando o cinquentenário da construção da ferrovia (1885/1935). Na urna, estavam cartazes da época comemorando a data, um gráfico mostrando a evolução das obras da ferrovia (1880-1885) e uma medalha comemorativa. Cinqüenta anos depois, em 1985, a urna foi aberta.

Outra urna com materiais comemorativos do centenário foi lacrada e enterrada no jardim da antiga estação de Curitiba. Essa urna, planeja-se, seja aberta em 2035, na comemoração do 150º aniversário da estrada de ferro. Isto é, se a geração futura guardar esse compromisso e, ainda, se alguém souber onde essa urna foi enterrada.

Paulo Grani

A velha Estação Ferroviária de Paranaguá, em foto de 1903.
(Acervo: IHGPguá)

A velha Estação Ferroviária de Paranaguá em foto de 1907.
(Acervo: Fr. Wirth)

Foto panorâmica do entorno da velha Estação Ferroviária de Paranaguá, em 1882.
(Foto: Marc Ferrez / Acervo BN Digir)

O predinho à esquerda, com a velha Estação Ferroviária de Paranaguá, em foto década de 1920.
Foto: Acervo IHGPguá