A CHAMADA "RUA DO CHAFARIZ"
Ao se falar dos Chafarizes de Curitiba, logo vem em mente o Chafariz da praça Zacarias, instalado lá em 1871
Maquete da Curitiba provinciana, onde vê-se a Capela mais à frente, com o caminho livre aos fundos.
Foto: Acervo Paulo José Costa.
Foto: Acervo Paulo José Costa.
Foto de 1900, tirada dos fundos igreja, mostra a agora Rua José Bonifácio, antiga rua Fechada.
Foto: Acervo Gazeta do Povo.
Foto: Acervo Gazeta do Povo.
Foto da primeira década de 1900, mostra o chafariz como era, com as dez colunas e outras duas unidas por um arco, tendo ao centro uma espécie de tanque depositário da água da fonte. Esse formato propiciava que diversos animais pudessem saciar a sede simultaneamente, fato que acabou condenando o uso da água à população.
Foto: Fanny Volk. Acervo Cid Destefani.
Foto: Fanny Volk. Acervo Cid Destefani.
Colonos dão de beber aos animais no chafariz, foto da primeira década de 1900.
Foto: Acervo Cid Destefany.
Foto: Acervo Cid Destefany.
Na década de 1950, a Prefeitura circundou o bebedouro de ferro com paralelepípedos justificando garantir maior segurança, tirando sua beleza histórica.
O bebedouro de ferro, circundado com paralelepípedos, escondendo seu formato original, de peça única fundida em ferro permanece oculto até os dias de hoje.
Foto: curitiba.pr.gov.br
Foto: curitiba.pr.gov.br
A CHAMADA "RUA DO CHAFARIZ"
O que poucos sabem é que, uma rua mais antiga, já foi chamada de "Rua do Chafariz", como vamos ver.
No lugar onde Curitiba nasceu, em 1668, foi edificada uma pequena capela de madeira, de onde irradiou-se as primeiras ruas a partir dela. Uma dessas ruas saía pela lateral da capela, em direção aos fundos dela.
Ainda no século 18, essa viela não tinha nome e suas designações variaram ao longo do tempo, provavelmente por não ter-lhe sido atribuído um topônimo específico. Nas atas da Câmara, lemos: “rua que vai da Matriz da Igreja” (1740); “rua detrás da Igreja” e “rua Direita fronteira a Matriz” (ambas em 1761).
Os anos passaram-se e a capela foi demolida para dar lugar a uma nova igreja, agora de pedra e barro, em estilo colonial, a qual foi inaugurada em 1721.
Sem maiores preocupações, a nova edificação ocupou o espaço da pequena viela que dava acesso aos fundos da igreja, impedindo seu antigo caminho aos fundos da igreja. Tal situação fez com que a população logo a chamasse de "Rua Fexada", recebendo assim o seu primeiro nome.
Em 1786, constata-se o primeiro uso formal do nome "Rua Fechada" em uma ata da Câmara, demonstrando que a interrupção abrupta de seu acesso ao fundo da igreja, criou junto a população tal termo.
Essa nomenclatura pode ser constatada em uma escritura de 1811, de venda de uma casa, onde lê-se: "na rua Fechada que faz frente para a rua do Rosário". Em um anúncio de emprego, de 1856, percebe-se também a denominação “Fechada”. O nome Rua Fechada, aparece consagrado também na planta de Curitiba, de 1857, e na maquete de 1876.
Em 1860, a coletividade resolveu levantar duas torres na igreja, porém a construção apresentou rachaduras o que motivou, em 1875, sua completa demolição.
Por ocasião da edificação da nova matriz, o projeto contemplou a relocação da Igreja mais para o lado, permitindo a reabertura da rua dando acesso à frente da igreja e à praça Tiradentes, sendo ela, então, uma importante via de ligação com a expansão territorial que já estava ocorrendo em direção oeste da igreja.
Em sua pequena extensão, ela passou a ligar a praça Tiradentes indo até o chafariz que havia sido edificado em 1853, lá nos fundos da igreja. Note-se que esse chafariz foi inaugurado quase vinte anos antes do chafariz da Zacarias.
Segundo o historiador Ruy Wachowicz, por tal proximidade com o chafariz a viela chegou a receber a denominação de "Rua do Chafariz", tempos em que a população servia-se diariamente da água que ali brotava, e cuja local também foi chamado de "Chafariz da Rua Fechada".
Em 1886, finalmente, a rua foi formalmente nominada com seu atual topônimo "José Bonifácio".
Infelizmente, o chafariz foi demolido em 1911, após a rede de água e esgoto de Curitiba ser instalada (1908), obrigando a população a aderir ao serviço da água encanada.
Após a demolição do chafariz, o local passou por várias metamorfoses, conforme constata-se nas fotos:
Paulo Grani