Eduardo Fernando Chaves: Projetista
Denominação inicial: Projecto de casa para o Snr. José Lombardi
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Rua João Negrão n° 32
Número de pavimentos: 1; mais sótão
Área do pavimento: 130,00 m²
Área Total: 130,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 18/12/1924
Alvará de Construção: Talão Nº 1325; Nº 4113/1924
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de uma casa com sótão.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa para o Snr. José Lombardi à Rua João Negrão n° 32. Plantas do pavimento térreo e do sótão, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
José Lombardi: O Homem que Construiu Sonhos na Rua João Negrão — E a Casa que Virou Memória
Por aqueles que ainda ouvem o eco dos passos no corredor de uma casa que já não existe — mas que vive na alma da cidade.
O Dia em Que um Sonho Foi Traçado — 18 de Dezembro de 1924
Em um dia frio de dezembro, sob o céu nublado de Curitiba, um projeto arquitetônico foi assinado — não apenas com tinta e papel, mas com esperança, funcionalidade e elegância. Era o projeto para a residência de José Lombardi, localizada na Rua João Negrão, nº 32 — uma rua que, na época, começava a se tornar um símbolo de modernidade e conforto urbano.
O projetista? Mais uma vez, Eduardo Fernando Chaves — o mesmo nome que, em setembro daquele ano, desenhara as casas de José Bellegard e Álvaro Teixeira de Freitas. Um homem que, em poucos meses, ajudou a moldar a paisagem residencial de Curitiba — e José Lombardi foi mais um dos homens que confiaram nele para construir seu refúgio.
Uma Casa de 130 m² — Pequena, Mas Cheia de Alma
O projeto, registrado no Alvará de Construção nº 4113/1924 (Talão nº 1325), previa uma residência de pequeno porte, com um pavimento e sótão — uma solução inteligente para otimizar o espaço e dar amplitude à estrutura.
Construída em alvenaria de tijolos, a casa era sólida, durável, e carregava o charme típico das residências da década de 1920 — simples, mas refinada.
As plantas, cuidadosamente elaboradas por Eduardo Fernando Chaves, incluíam:
🔹 Planta do pavimento térreo — com distribuição inteligente dos ambientes;
🔹 Planta do sótão — que provavelmente abrigava quartos ou espaços de serviço, aproveitando ao máximo a altura do telhado;
🔹 Corte longitudinal — revelando a estrutura interna e a relação entre os dois níveis;
🔹 Fachada frontal — que combinava simplicidade com requinte, típico do estilo residencial da época.
Com seus 130 m², a casa era compacta, mas generosa — ideal para uma família pequena, que valorizava privacidade, conforto e beleza arquitetônica. Não era uma mansão, mas era sua casa — e isso, para José, era tudo o que importava.
José Lombardi — Quem Era Ele?
Embora os registros históricos sejam escassos, podemos imaginar José como um homem de negócios, talvez comerciante, funcionário público ou até mesmo um profissional liberal — alguém que, em meados da década de 1920, tinha condições de encomendar um projeto arquitetônico personalizado.
Ele escolheu Eduardo Fernando Chaves — um nome respeitado na cidade — para transformar seu sonho em realidade. E isso diz muito: não era apenas uma construção, era uma declaração de identidade.
José provavelmente caminhava pela Rua João Negrão com orgulho, imaginando sua família reunida na sala, as crianças brincando no quintal, os jantares à luz de velas nas noites de verão. Sua casa era seu refúgio, seu legado, sua marca na paisagem urbana de Curitiba.
Eduardo Fernando Chaves — O Projetista que Deixou Sua Assinatura na Cidade
Não há muitas informações sobre a vida pessoal de Eduardo Fernando Chaves, mas seu trabalho fala por ele. Em 1924, ele já era reconhecido como um projetista competente — capaz de entender as necessidades de seus clientes e traduzi-las em planos práticos, estéticos e funcionais.
Seu projeto para José Lombardi é um exemplo raro de arquitetura residencial da época — documentado, detalhado, preservado em microfilme no Arquivo Público Municipal de Curitiba. É uma janela para o passado, uma prova de que Curitiba já pensava em design, em qualidade de vida, em beleza urbana — mesmo antes de se tornar a “cidade-jardim”.
O Que Aconteceu com a Casa? — Demolida em 2012
Infelizmente, a história dessa residência termina com uma nota triste: em 2012, a casa foi demolida. Não há registro oficial do motivo — talvez tenha sido substituída por um prédio comercial, por um edifício residencial, ou simplesmente por negligência. Mas o fato permanece: uma peça importante da memória arquitetônica de Curitiba desapareceu.
Hoje, onde estava a casa de José Lombardi, pode haver um estacionamento, um supermercado, ou um prédio sem alma. Mas quem conhece a história sabe que ali, um dia, existiu algo belo — algo humano.
Por Que Isso Importa? — A Memória que Constrói Nossa Cidade
Casas como a de José Lombardi não são apenas estruturas de tijolo e cimento. Elas são testemunhas silenciosas da vida cotidiana, do crescimento das famílias, das mudanças sociais, da evolução urbana.
Quando demolidas sem registro, sem valorização, sem memória — perdemos mais do que paredes. Perdemos histórias. Perdemos rostos. Perdemos a identidade da cidade.
O projeto de Eduardo Fernando Chaves, preservado no arquivo municipal, é um tesouro. Ele nos permite reconstituir, mesmo que parcialmente, o que foi perdido. Ele nos lembra que Curitiba não começou ontem — ela tem raízes, nomes, vidas, sonhos.
Para Sempre na Memória da Cidade
“Uma casa pode ser demolida. Mas o sonho que a construiu, o amor que a habitou, e a arte que a projetou — esses jamais serão apagados.”
José Lombardi, mesmo sem biografia completa, merece ser lembrado — não apenas como proprietário de uma casa, mas como parte da história viva de Curitiba.
Eduardo Fernando Chaves, embora pouco conhecido, deixou sua marca — e essa marca é a prova de que a arquitetura não é apenas técnica, mas também poesia.
Com respeito, por aqueles que construíram, sonharam e viveram em Curitiba — mesmo que suas casas já não existam.
— Curitiba, 21 de novembro de 2025
🏡 “Nem todas as casas precisam estar de pé para serem importantes. Algumas vivem apenas nos desenhos, nas memórias, nas histórias — e são eternas por isso.”
