Cleópatra e Marco Antônio, o trágico romance que enterrou uma das mais poderosas alianças políticas

A aliança que Cleópatra e Marco Antônio forjaram não foi apenas um episódio de romance e conquista, a estratégia política os manteve unidos até sua morte em Alexandria.

No ano 41 a.C., na cidade de Tarso, foi forjada uma das alianças mais importantes da história antiga. O encontro entre Cleópatra e Marco António marcou o início de uma relação que teria consequências políticas na cena mediterrânica. A rainha egípcia, conhecida pela sua astúcia política, atraiu a atenção do general romano durante a sua visita à Anatólia, desencadeando uma parceria estratégica que transformaria o destino de ambos os impérios.

Após a derrota dos assassinos de Júlio César na Batalha de Filipos, Otaviano e Marco Antônio, os dois vencedores, dividiram as áreas de influência de Roma. Enquanto Otaviano, o futuro imperador Augusto, permaneceu na Itália, Marco Antônio foi responsável pela administração dos assuntos no Mediterrâneo oriental. O objetivo deles era obter fundos para o exército, reorganizar a região oriental e preparar uma expedição contra os partos para vingar a derrota sofrida por Crasso em 53 a.C..

Cleópatra e Marco Antoni, um encontro banhado em ouro

Festa de Antônio e Cleópatra, de Jan de Bray. Imagem: Wikimedia Commons

O triúnviro romano enviou um emissário à rainha, solicitando que ela se encontrasse com ele. As razões por detrás deste pedido eram tanto económicas como políticas, uma vez que precisava de tirar partido das riquezas do Egipto, especialmente do seu abastecimento de cereais, e da sua posição estratégica. A poderosa Cleópatra chegou ao porto de Tarso num impressionante navio incrustado de ouro, remos prateados e velas roxas, deixando uma profunda impressão em Marco Antônio.

O faraó apareceu vestido como a deusa Afrodite sob um dossel bordado a ouro . Jovens vestidos de Eros abanavam-na, enquanto belos servos, disfarçados de Nereidas e Graças, a acompanhavam nesta esplêndida viagem. Aos vinte e oito anos, a governante egípcia gozava de beleza e inteligência mais maduras do que quando conheceu César.

A partir daí Cleópatra e Marco Antônio tornaram-se inseparáveis, o casal jogava dados, bebia e caçava juntos. Em suas aparições públicas, juntos encarnaram o casal divino Afrodite-Ísis e Dionísio-Osíris.

Uma aliança política e amorosa

A relação que os uniu não foi apenas amorosa, mas também política. Os dois formaram uma aliança para consolidar o poder no Mediterrâneo oriental, unindo forças contra Otaviano, que mais tarde se tornaria imperador. A rainha egípcia usou sua astúcia e graça para conquistar a confiança e o apoio do general, gerando críticas na sociedade romana.

Historiadores da época, como Plutarco, fornecem uma visão intrigante sobre esta relação. O filósofo grego destacou em seus escritos “Vidas Paralelas” que Cleópatra cativou Marco Antônio não apenas por sua beleza, mas também por sua perspicácia política. No entanto, ele também escreveu que a influência de Cleópatra nas decisões de Marco Antônio foi criticada em Roma.

“AQUELE MOMENTO DAS MULHERES EM QUE SUA BELEZA MAIS BRILHA E SUA INTELIGÊNCIA ESTÁ NO AUGE”, ESCREVEU ELE SOBRE A IDADE E A BELEZA DA RAINHA. “NELA, ATÉ O AMOR PELA CULTURA TINHA ALGO DE SENSUAL.”

A figura de Cleópatra foi alvo de diversas interpretações . Enquanto alguns a consideravam uma líder astuta e diplomática, outros a viam como uma ameaça à estabilidade de Roma . O ambiente político hostil e as tensões crescentes levaram à tragédia final no Egipto, com Cleópatra e Marco António suicidando-se.

A última batalha em Actium

Unindo forças, Cleópatra e Marco Antônio embarcaram em uma série de manobras políticas. Esta coligação, embora inicialmente eficaz, foi ameaçada por tensões internas e desafios militares. Ele foi acusado de negligenciar suas responsabilidades como general devido à sua obsessão pelo faraó . Os seus oponentes atribuíram o fracasso da campanha militar contra os partos em 36 a.C. à forma como ele precipitou as operações de guerra apenas para regressar ao Egipto no mais curto espaço de tempo possível.

Ele também foi responsável pela retirada na Batalha de Ácio em 31 a.C .. Durante este conflito, o triúnviro abandonou a maior parte da frota que lutava contra Otaviano , tudo para seguir os navios egípcios nos quais Cleópatra fugia.

«ASSIM QUE VIU O NAVIO DE CLEÓPATRA PARTIR, ESQUECEU TUDO. TRAINDO E ABANDONANDO AQUELES QUE CONTINUAVAM A LUTAR E A MORRER POR ELE, SUBIU NUM QUINQUEREME [...] E PARTIU EM PERSEGUIÇÃO DA MULHER QUE JÁ LHE TINHA CAUSADO A RUÍNA E QUE AGORA IA TERMINAR DE DESTRUÍ-LO", ESCREVEU PLUTARCO. .

Essa batalha selou o destino do casal. A derrota levou ao fim trágico desta união com a morte de ambos em 30 a.C. em Alexandria, no início da ascensão de Otaviano ao trono imperial. Cleópatra, segundo as crônicas, escolheu a cobra como instrumento de sua morte, enquanto Marco Antônio optou por tirar a própria vida com sua própria espada.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024