segunda-feira, 11 de abril de 2022

CONHECENDO O "TROVOADA" " Como se guarda uma lembrança ? Na memória, sempre. Mas, às vezes, é preciso que essa lembrança também se materialize

 CONHECENDO O "TROVOADA"
" Como se guarda uma lembrança ? Na memória, sempre. Mas, às vezes, é preciso que essa lembrança também se materialize


Pode ser uma imagem de avião e ao ar livre
CONHECENDO O "TROVOADA"
" Como se guarda uma lembrança ? Na memória, sempre. Mas, às vezes, é preciso que essa lembrança também se materialize em forma de um objeto, dando a impressão de ser mais viva e até mais presente.
Para o vendedor aposentado, Eronides Cruz, 70 anos, ex-expedicionário e nordestino de Aracaju que se adaptou ao frio de Curitiba, a lembrança mais cara de sua vida está no "Thunderbolt Republic P-47 D", um monomotor da esquadrilha de caça da Fab na Itália. Ou mais simplesmente, naquele avião de guerra que está na Praça do Expedicionário, na rua Ubaldino do Amaral.
Na verdade, a história de Eronides Cruz se confunde com a do próprio P-47. O avião está há 23 anos estacionado ali na Praça, depois de ter cumprido sua cota de bravura e glória na Segunda Grande Guerra. Eronides está há 23 anos em Curitiba, onde se estabeleceu como vendedor depois de ter lutado um ano na Itália. - "O P-47 é tudo o que me resta das lembranças", costuma dizer o ex-pracinha.
E o P-47 ficou na Praça do Expedicionário justamente por representar tanto. Há 23 anos, quando o avião estava na então Escola de Oficiais Especialista de Aeronáutica (hoje Cindacta, no Bacacheri), ele moveu mundos e fundos e junto com a Legião dos Expedicionários conseguiu colocá-lo na praça, onde fora construída, em tempo recorde, a primeira Casa do Expedicionário do Brasil.
Exatamente no dia 23 de outubro de 1969, dia do Aviador, o P-47, com todos os instrumentos e equipamentos de vôo, foi colocado ali. E desde então, é como mecânico especialista de armamentos - função que ocupou na Guerra - que Eronides toma conta do avião. Mantém limpa a fachada, verifica instrumentos e, quando as cores desbotam, percorre um verdadeiro calvário em instituições públicas em busca de verbas para a pintura nova.
O "Thunderbolt Republic P-47", ou "Trovoada", conforme sua tradução, de número de série 226756, fabricação americana, fez parte do primeiro Grupo de Caça da Feb, na Itália, que realizou o maior número de missões na Guerra, entre os brasileiros: Noventa e nove, ao todo. Seu comandante era o paulista Alberto Martins Torres, que hoje mora em São Paulo.
Leve e ágil, mas com um motor suficiente para fazer voar mais de sete toneladas levando bombas e armamentos, esse avião foi uma grande surpresa para os aliados, já que permitia acompanhar, com facilidade, os aviões inimigos, bem mais pesados. Sua atuação no dia 22/04/1945, em operações arriscadas e decisivas nas batalhas contra os alemães, consagrou essa data como o dia de Aviação de Caça no Brasil.
Com o fim da Guerra, os aviões que restaram - eram seis para cada uma das quatro esquadrilhas do grupo de Caça - foram distribuídos em várias regiões do País. O "Trovoada" P-47 aterrissou em Curitiba, onde ficou para sempre. E parte do Museu do Expedicionário, habita, de maneira muito mais definitiva, o coração do ex-pracinha Eronides. "
(Autora: Ruth Bolognese, é jornalista. [Texto escrito em 1992] / Extraído de: Trezentas Histórias de Curitiba)
(Foto: Tribuna do Paraná)
Paulo Grani

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