sábado, 9 de abril de 2022

Sonhos de Nata Quando eu era criança, bem na curva do Seminário, depois do Paranaense e antes de onde ficava o pocinho, havia, na frente do armazém do seu Carlito, uma casa daquelas que fica grudada na rua. A foto do Google garante que ela ainda resiste.

 Sonhos de Nata
Quando eu era criança, bem na curva do Seminário, depois do Paranaense e antes de onde ficava o pocinho, havia, na frente do armazém do seu Carlito, uma casa daquelas que fica grudada na rua. A foto do Google garante que ela ainda resiste. 


Pode ser uma imagem de ruaSonhos de Nata

Quando eu era criança, bem na curva do Seminário, depois do Paranaense e antes de onde ficava o pocinho, havia, na frente do armazém do seu Carlito, uma casa daquelas que fica grudada na rua. A foto do Google garante que ela ainda resiste. Naquela época, na parte de cima, morava uma médica e na parte de baixo, por algum tempo, foi um comércio.

Era um comércio meio esquisito. Não era bem um armazém, como o do Seu Carlito, ali logo na frente, nem uma panificadora, como a do meu pai, logo à frente. Poderia dizer que era, talvez, uma espécie de lanchonete.

Uma lanchonete diferente, pois não tinha nada, paredes vazias, poucos móveis, na verdade só lembro de um balcão no fundo, sob uma luz fraca, praticamente no escuro.

Ali, naquele local improvável, atendido por um casal de alemães idosos, foi o primeiro lugar em que comi um sonho de nata inesquecível.

Eles fritavam os sonhos à tarde, e na hora, os recheavam com a mais pura e fresca nata que sua imaginação possa criar. Aquele sonho fazia jus ao nome: era um verdadeiro sonho.

O segundo sonho de nata inesquecível de minha vida não foi um sonho. Estava em Düsseldorf, caminhando tarde da noite por um calçadão, com dois amigos. As lojas estavam, praticamente, todas já fechadas. Passamos por um velho barbudo e grisalho, todo de preto, com cartola, sorrindo e tocando realejo, quando vimos, logo em seguida, uma meia porta aberta com a luz acessa.

A porta descia até o balcão e o balcão dava na calçada, sob uma galeria. Duas pessoas comiam alguma coisa em pé, com muita vontade, numa das três mesas altas de ferro, fixas no chão. Observamos, era waffles.

Não tivemos dúvida, fizemos o mesmo. Os waffles vinham nuns pratinhos de sobremesa, com uma cobertura de uns quatro dedos aplicada com um bico de confeiteiro, formando uma imensa cúpula daquelas de São Basílio, feita da mais fresca das natas. Ai, ai...

Foi esses dias, em Caiobá, que a trilogia se completou e experimentei o terceiro tiro, digo o terceiro inesquecível sonho de nata de minha vida. Foi numa conhecida panificadora local: Marta Pães & Sonhos.

O lugar, bem agradável, instalado numa imensa varanda em L de uma casa que tem um grande terreno arborizado, é limpo e agradável.

O sonho, que imediatamente me arremeteu ao sonho de minha infância, era farto quase como aquele waffle alemão. Uma pequena morte..

Como dizia uma enfadada professora da pós graduação: este terceiro existe e é perto. Vocês podem até experimentar. Só tem que esperar um pouco...

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