sábado, 21 de janeiro de 2023

Antes de se chamar Araucária essas terras já tiveram outras formas de como ser chamada, já foi chamada de Campos de Tindiquera, Vila de Tindiquera, Freguesia do Iguaçu.

 Antes de se chamar Araucária essas terras já tiveram outras formas de como ser chamada, já foi chamada de Campos de Tindiquera, Vila de Tindiquera, Freguesia do Iguaçu.

Araucária, quantos anos você tem?
No próximo dia 11 de fevereiro Araucária completa 131 anos de sua emancipação política, quando se tornou município independente e começou a construir sua história, politicamente falando. Sem conflitos, pacificamente, com a assinatura de um papel, Araucária ganhou um nome oficial, leis e percursos desenhados por autoridade própria. A data que há anos vem sendo comemorada não significa que completamos 131 anos de vida, são muitos mais, pois antes desse dia 11 de fevereiro de 1890 já havia nessas terras gente que construiu, de forma espontânea, o percurso dessa história. Foram indígenas, luso-brasileiros, negros, imigrantes europeus, sírio-libaneses, poucos grandes nomes e muitos anônimos, pessoas simples, agricultores, pequenos comerciantes, artífices, professores, enfim, trabalhadores – história construída por gente como a gente.
Antes de se chamar Araucária essas terras já tiveram outras formas de como ser chamada, já foi chamada de Campos de Tindiquera, Vila de Tindiquera, Freguesia do Iguaçu. Sua história começa como morada de indígenas tinguis, que aqui deixaram seus resquícios arqueológicos, e quando chegaram os portugueses, na época em que Curitiba ainda atendia por povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, já tinha gente solicitando ao governador geral uma sesmaria para aqui estabelecer suas terras. Foi assim que Balthazar Carrasco dos Reis, figurão da história da capital, em 1661 solicitou para si as terras devolutas onde já fazia sua roça utilizando-se de trabalho escravo pras bandas de cá do rio, na época chamado de Mariguy, hoje Barigui.
Essas terras hoje chamadas de Araucária, também já foram passagem de tropeiros no século XVIII, que faziam o caminho Curitiba-Lapa. Em seus primórdios, a travessia de tropas cargueiras era feita na localidade chamada de Porto das Laranjeiras (que recebeu esse nome pela grande quantidade de pés de laranja da qualidade “casca grossa” ali existentes). Para prestar serviços aos viajantes ali foi surgindo um pequeno aglomerado urbano anterior ao que viria a se estabelecer na região central, na época popularmente conhecida como “cupim” por conta de seu relevo que lembrava a forma de um cupinzeiro, onde estabeleceu-se a Praça Doutor Vicente Machado. Com o tempo, o caminho passou a ser servido com melhorias e pontes, e em torno dele foi crescendo o povoado até tornar-se a Vila de Tindiquera. Em 1855 essas terras passaram a se chamar Freguesia do Iguaçu, quando ainda era um distrito de São José dos Pinhais.
Pouco depois, através da política imigratória brasileira que visava atrair mão de obra europeia, chegaram os primeiros imigrantes, entre poloneses, ucranianos, italianos e alemães, e mais tarde (já no século seguinte) também os orientais. Em 1876 foi criada a maior colônia polonesa do Brasil, a colônia Thomaz Coelho, que proporcionou uma grande expansão populacional à Freguesia. Nessa época aqui já se explorava a erva-mate, se cultivava a batata, o milho, o trigo e o centeio (cujas palhas serviam de matéria-prima para as fábricas de palhões e invólucros para embalagens de vidro). A mata que dava lugar às plantações servia como matéria-prima para as madeireiras, e das plantações de pimentão e de tomate vinha a matéria-prima para as pequenas fábricas de massa de tomate, a maioria de produção caseira. Das olarias saíam as telhas e tijolos. E para atender a população em suas mais diversas necessidades existiam inúmeros comerciantes e artífices como pedreiros, carpinteiros, marceneiros, seleiros, cesteiros, padeiros, amoladores, alfaiates, costureiras, etc.
Como podemos perceber, quando Araucária foi criada como município ela já era uma cidade constituída, que já tinha todo um tempo vivido e uma história que não pode ser ignorada, que foi construída pelas mãos calejadas de seus trabalhadores. Parabens Araucária! Parabens para todos nós, que fazemos parte dessa história!
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotos:
1 - Praça Vicente Machado, 1910. Coleção Cesar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
2 - Vista parcial de Araucária, 1922.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres)

Nenhuma descrição de foto disponível.
Praça Vicente Machado, 1910. Coleção Cesar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

Nenhuma descrição de foto disponível.
Vista parcial de Araucária, 1922.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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