Histórias Curitiba - Zé Palito
Palito Ze
Flora Muñoz Rocha
foi lá nos anos 50 que Zé Palito tem se assíduo visitante de nossa porta.
A gentileza de sua postura inclinava-se para recebê-lo com gentileza.
Zé Pau era um desses andarilhos que fazem da mendicidade uma quase profissão, dirigia as casas de sua predileção por pastoreio trocado pra-fazer.
A casa deles era a rua, sua casa um banco de parque.
A alcunha de Zé Pau veio na habilidade dos palitos de fósforo - um fenômeno, não havia ninguém para derrotar.
no entanto, nasceu preguiçoso.
preguiça Um compacto e indestrutível.
teve pena dele Se algum sugeriu trabalho, cerrou os dentes e se engasgou, não emitiu um som.
o anonimato que havia sido libertado conforme ele havia escolhido o curso e o acomodado com alegria, que liga a compaixão distanciada.
conformado não vejo aquele homem de braços fortes e pernas ágeis se arrastando na vida inútil.
Várias vezes ofereci serviço em nosso jardim, que catasse mato, que varresse folhas, mas ele, com um breve aceno de cabeça, murmurava “outro dia”.
Quarenta anos loiro, grandalhão, olhar discreto, sorriso até os dentes bonitos não eram carunchados.
A dificuldade em se comunicar o tornava um mendigo calado, sem lamúrias, sem argumentos.
Perseverante, Zé apareceu no Stick/final da tarde com a mesma frase repetida "deixou um gole de café quente?"
Na cozinha já abastecêramos o copo descartável para um gole de café quente.
Com a chegada do inverno, o procedimento mudou, o Zé Pau desapareceu.
O esquema era outro, de mendigar pelo crime de furto.
Não que esse fosse seu vício, sua compulsão.
Puro trama para ser pego em flagrante e mandar para a penitenciária.
Era lá aquele teto, cama e sopa quente pela geada do tempo.
roubou cinicamente.
entrando em Ia audacioso sem guarda com o ziguezague da derrapagem.
queria ser surpreendido fazendo barulhos de uma presença estranha.
Se incapaz de agir, ele faz Dedura-va.
foi o que aconteceu conosco.
Certamente fundamentado, o governador de roubo de casa dá o xadrez certo por todo o inverno.
entrou, pegou, pegou.
Como não nos falta, passamos dois dias na estação e perguntaram se na casa do governador não havia chegado nenhuma denúncia de furto de uma caixa cheia de colares.
desejava bater o recorde entre as histórias de Curitiba, esse tipo particularmente excêntrico que lutava para ser encerrado em uma penitenciária, conhecida como Zé Pau.
Flora Muñoz Rocha é ex primeira dama do estado, é cronista.
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