segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Paço da Liberdade

 

Paço da Liberdade


Paço da Liberdade

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Paço da Liberdade

O Paço da Liberdade é o único prédio da cidade considerado Patrimônio Cultural Brasileiro, tombado pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes em outubro de 1984.
O prédio também é tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná (inscrito no Livro do Tombo em janeiro de 1966) e é uma Unidade de Interesse de Preservação.

Foi construído entre 1914 e 1916, quando Cândido de Abreu (1856-1919) estava exercendo o seu segundo mandato de prefeito. Inaugurado no dia 24 de fevereiro de 1916, data da promulgação da Constituição Federal e era chamado na época de Paço Municipal.
Ganhou o nome de Paço da Liberdade em 3 de fevereiro de 1948, para comemorar a retomada do regime democrático no pós-guerra, com uma nova constituição ao final da era Vargas.

O local


O prédio, para abrigar a prefeitura e câmara de vereadores, foi uma encomenda feita pelo governador Carlos Cavalcanti de Albuquerque (1864-1935).
A Lei Municipal nº 348 de 29 de novembro de 1912, assinada por João Antonio Xavier, que ocupava o cargo de prefeito naquele ano, autorizava o prefeito “… a emittir apolices até a importancia de seiscentos contos de réis (600:000$00) ao typo de 90 e juros de 6 %, para a construcção do palacio municipal, na praça Santos Andrade. na parte comprehendida entre as ruas João Negrão e Senador Laurindo. …”

Mais tarde o local escolhido acabou sendo a atual Praça Generoso Marques, onde estava instalado o Mercado Municipal, que foi transferido provisoriamente para um chalé de madeira localizado na atual Praça 19 de Dezembro. Não encontrei qualquer informação indicando o motivo da troca de local.

A escolha gerou alguma polêmica. O jornal “Diário da Tarde” publicou a seguinte nota no dia 28 de fevereiro de 1914:

“Um dos jornaes desta capital noticiou que o sr. Prefeito municipal resolveu construir o paço municipal na praça Municipal, no local actualmente existe o mercado. Deve haver um equivoco na notícia:– o sr. prefeito não podia tomar essa resolução, havendo como ha uma lei recente da Camara, designando o local onde deve ser construido o predio, á Praça Santos Andrade, entre as ruas João Negrão e Senador Laurindo.
Enquanto não for revogada a lei, esse deve ser o local definitivo”

O mesmo jornal “Diário da Tarde”, no dia 14 de julho de 1914 publicou uma matéria de primeira página com o título “A Prefeitura estará violando uma lei municipal, ás escondidas? - É preciso que o caso seja esclarecido”, onde entre outras coisas escreveu: “ … uma turma de trabalhadores está lançando, dentro do mercado velho, os alicerces do edifício destinado a Paço Municipal. …”. A material continua em tom crítico, defendendo que a tal lei de 1912 deveria ser antes revogada e que os camaristas (vereadores) deveriam ter sido consultados antes de iniciarem as obras.

O Projeto


Existe alguma polêmica em torno de quem foi o autor do projeto do prédio, mas tudo indica é o autor é o próprio Cândido de Abreu. Como ele era o prefeito, possivelmente não fez o projeto de forma detalhada, desenhando plantas e tudo o mais. O detalhamento foi feito pela equipe da Comissão de Melhoramentos.

No dia 29 de julho de 1913 o jornal “A República” visitou a Câmara e a Prefeitura, instaladas então no Palacete Zacarias. Foram recebidos pelo próprio prefeito, Cândido de Abreu. No dia seguinte, 30 de julho de 1913, publicaram um relato da visita, entre outras coisas, escreveram sobre os planos do prefeito para o parque municipal (Passeio Público), o novo teatro (Teatro Guaíra), a avenida de contorno (não sei qual seria), o palácio municipal (o Paço Municipal), o novo mercado e sobre alguns outros projetos. Sobre o Paço Municipal escreveram o seguinte:

“Uma planta que está em mãos de habil desenhista, é a do Paço Municipal. Como se sabe, a Camara havia autorisado a Prefeitura a pôr em concorrencia o projecto desse edifício, estabelecendo tres premios que sommavam em 8:000$.
Entretanto, dada a competencia comprovada do nucleo technico com que hoje conta a administração municipal, o sr. Prefeito fez por seus proprios auxiliares executar, sob sua direcção, o referido projecto, que está digno dos maiores encomios. Assim poupou-se um dispendio de quantia relativamentente avultada, sem quebra das boas intenções dos srs. edis e com sorprehendente resultado.
O projecto do Paço Municipal, de estylo art nouveau, é de felicissima inspiração, valendo seguramente pelo predio mais bello da cidade. Brevemente daremos em cliché, o que a nossa penna imprecisamente descreveria.
O novo Paço vae ter uma invejavel collocação, pois será construído na Praça Santos Andrade, fora do alinhamento da rua Garibaldi, de maneira a ficar com a linha da fachada ajardinada. A sua frente dará para o palacio da Associação Comercial, e a sua banda lateral esquerda para o novo Palacio da Justiça.”

Nos anais da Câmara Municipal está registrado em 13 de outubro de 1913 um relatório feito por Adriano Goulin, engenheiro-chefe de obras municipais, onde consta a relação de plantas elaboradas pela Divisão de Trabalhos Técnicos da Comissão de Melhoramentos.

Na edição do jornal “Diário da Tarde” do dia 25 de de fevereiro de 1916, noticiando a inauguração ocorrida no dia anterior, entre outras coisas diz: “… foi construido sob planta confeçoada pelo habil desenhista engenheiro Michel, funccionario da construccão ferroviara e construido pelo experimentado architecto sr. Roberto Lacombe, sob as vistas do diretor de obras urbanas …”

Os construtores


Em 9 julho de 1913 o prefeito Cândido de Abreu criou através do decreto nº 66 A a “Commissão de Melhoramentos de Coritiba”. Esta Comissão projetou e coordenou diversos trabalhos de urbanismo e construções na cidade, entre eles o Paço Municipal.

O primeiro edital (contratação de mão-de-obra) que encontrei foi publicado no “Diário da Tarde” no dia 15 de janeiro de 1914.

O jornal “Diário da Tarde” publicou uma longa matéria nos dias 17 e 18 de janeiro de 1916, descrevendo o prédio em pormenores e tecendo elogios. Na matéria do dia 18 entre outras coisas está escrito o seguinte:

“… Os trabalhos de marcenaria foram executado nas officinas dos srs. Maderna & Bonne.
A esculptura e ornamentação foi feita pelo distincto architeto modelador sr. Roberto Lacombe.
A cantaria foi toda trabalhada por artistas portugueses e italianos.
As pinturas foram executadas pelos srs. J. Orttolani e João Guelffi, sendo que a este se devem as grandes decorações.
Os trabalhos de estuque e tingimento são dos artistas vindos de S. Paulo.
A direcção dos trabalhos esteve a cargo dos architectos constructores srs. Angelo Bottechia e cav. André Petrelli e a fiscalização foi feita pelo nosso conterraneo sr. Eduardo Chaves.
A superintendencia de todos os trabalhos nunca foi descurada pelos srs. prefeito municipal dr. Candido de Abreu e engenheiro chefe de obras municipaes dr. Adriano Goulin, que diariamente acompanhavam os serviços de forma que ficasse bem feita essa obra admiravel que tanto honra o povo coritibano.”

Participaram também diversos artesãos nos trabalhos de cantaria, marcenaria, carpintaria e acabamentos diversos, cujos nomes ficaram esquecidos no tempo.

Referências:

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