segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Palacete da Família Ross

 

Palacete da Família Ross


Palacete da Família Ross

Esta casa localizada na Rua Comendador Araújo, esquina com a Alameda Presidente Taunay é uma Unidade de Interesse de Preservação.
A casa é bem bonita e tem um estilo diferente das grandes casas antigas da cidade na região, destacando-se principalmente pela torre quadrada.

Esta casa pertenceu ao Sr. Carlos Ross e a Sra. Adelaide Glaser Ross. A Sra. Adelaide recebeu a casa de presente de seu pai, Wenceslau Glaser, quando casou com o Sr. Carlos.

O Sr. Carlos era engenheiro civil formado na Escola Politécnica de São Paulo. Trabalhou na estrada de ferro, no estado (Secretaria de Estado dos Negócios de Agricultura, Viação e Obras Públicas) e foi também um empreendedor. Participou como sócio de diversas empresas, entre elas a Cia. Constructora Curitybana.
Dizem que era uma pessoa muito reservada, competente e que formou-se em primeiro lugar na faculdade.
Participou da fundação de Nova Fátima (PR) e Matinhos (PR). Em Nova Fátima tem uma Praça Engenheiro Carlos Ross e o Colégio Estadual Adelaide Glaser Ross. Em Matinhos, o Sr. Carlos teria sido a primeira pessoa a construir uma casa lá, por volta de 1926 e tem uma rua chamada Engenheiro Carlos Ross lá.

Uma coisa curiosa que descobri sobre o Sr. Carlos, que era filho de Augusto Rossdeutscher, é que ele trocou o sobrenome. Encontrei no jornal “A República” de 8 de novembro de 1917 uma declaração com os seguintes dizeres:

“Declaração
Carlos Rossdeutscher, brazileiro, nascido nesta capital, engenheiro civil, pela Escola Polytechina de S. Paulo, declara que de hoje em diante passará a se assignar Carlos Ross.
Coritiba, 5 de Novembro de 1917.
Carlos Ross.”

O sobrenome original da família era Ross (possivelmente de origem judaica) e eles viviam na Irlanda. Em algum momento pelo menos alguns deles migraram. Os que foram para a Alemanha adotaram o sobrenome Rossdeutscher (algo como os Ross alemães). O que o Sr. Carlos fez foi retomar o sobrenome original da família.
Fica difícil saber os motivos, mas especulo que a animosidade contra os alemães em função da I Guerra Mundial teve um papel. Lendo jornais de edições anteriores a declaração do Sr. Carlos e possível observarmos o clima que havia sido criado na cidade (e no Brasil em geral) em função da guerra. Em 5 de abril de 1917 o vapor “Paraná” foi torpedeado por submarinos alemães e em 11 de abril o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha. Na sequência, outros navios brasileiros foram afundados, navios alemães nos portos brasileiros foram confiscados e, em 26 de outubro de 1917 o Brasil declarou guerra ao Império Alemão. Houve muita agitação nacionalista no país e Curitiba não ficou de fora.

Texto alterado em 1 set. 2017.

Referências:

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