OS SARRACENOS
A primeira fonte datável do uso do termo é a Geographia de Cláudio Ptolomeu (século II)

OS SARRACENOS

A primeira fonte datável do uso do termo é a Geographia de Cláudio Ptolomeu (século II), que nomeia Sarakene para a região entre o Egito e a Palestina que inclui o norte do Sinai, em homenagem à cidade de Saraka. Ptolomeu também menciona o povo Sarakenoi, que habitava o noroeste da Arábia.

Hipólito de Roma, o Livro das Leis dos Países (ou Diálogo do Destino, do gnóstico sírio Bardaisan ou de um de seus discípulos)... e Urânio mencionam três povos diferentes na Arábia por volta da primeira metade do século III, os sarracenos,os taeni e os árabes.

Esses taeni, posteriormente identificados com a tribo árabe Tayyi, localizavam-se ao redor do oásis de Khaybar, em direção ao Eufrates, enquanto os saracenoi localizavam-se ao norte deles.

Estes sarracenos localizados no norte do Hedjaz aparecem como um povo com certa capacidade militar e oposto ao Império Romano, o que os caracteriza como barbaroi (bárbaros).

São descritos numa Notitia Dignitatum datada da época de Diocleciano (século III), como componentes de diferentes unidades do exército romano, distinguindo entre árabes, liluturaenos e sarracenos.
Os sarracenos aparecem formando a cavalaria pesada (equites) da Fenícia e Thamud.

Num praeteritium, os inimigos derrotados por Diocleciano em sua campanha no deserto da Síria são descritos como sarracenos.

Em outros relatórios militares do século IV (guerras romano-sassânidas), os árabes não são mencionados, mas sim os sarracenos envolvidos em batalhas ao lado dos persas e dos romanos em lugares tão distantes quanto a Mesopotâmia.

A Historia Augusta inclui o resumo de uma carta de Aureliano ao Senado Romano que se refere a... Zenóbia, rainha de Palmira, nestes termos: «Devo dizer que tal é o medo que esta mulher inspira nos povos do oriente e também nos Egípcios, que nem os Árabes, nem os Sarracenos, nem os Arménios se movam contra ela.

Uma antiga crônica bizantina sobre os sarracenos no mesmo contexto é a escrita por Ioannes Malalas (século VI).
A diferença entre as duas fontes é que Malalas vê os palmiranos e todos os habitantes do deserto sírio como sarracenos... e não como árabes, enquanto a Historia Augusta vê os sarracenos como distintos dos súditos de Zenóbia, nem palmiranos nem árabes.

Amiano Marcelino (final do século IV), historiador de Juliano, o Apóstata, escreve que o termo sarraceno designa os "moradores do deserto" sírios, substituindo o termo Arabes scenitae.

Na época pós-Ammiano, os sarracenos seriam conhecidos como guerreiros do deserto.
O termo sarraceno tornou-se popular tanto na literatura grega quanto na latina e, com o tempo, foi confundido com o árabe e até mesmo com o assírio, carregando definitivamente conotações negativas....

Os termos persas para "sarraceno" são tazigan e tayyaye, que Estêvão de Bizâncio (século VI) coloca na capital lakhmidiana de Al-Hirah.

Eusébio de Cesaréia nomeia os sarracenos em sua Historia Ecclesiastica, quando cita uma carta de Dionísio de Alexandria na qual descreve a perseguição de Décio:

"Muitos foram, nas montanhas da Arábia, escravizados pelos bárbaros sarkenoi."

A Historia Augusta (por volta do ano 400) refere-se a um ataque de certos sarracenos, sobre o qual não dá mais informações, ao exército de Pescênio Níger no Egito ocorrido no ano 193.

Sarraceno... é um dos nomes pelos quais o cristianismo medieval chamava genericamente árabes ou muçulmanos.

As palavras "Islão" e "muçulmano" só foram introduzidas nas línguas europeias no século XVII, antes de serem utilizadas expressões como "lei de Maomé", maometanos, ismaelitas, agarenos, mouros, etc.

domingo, 24 de novembro de 2024

OS SARRACENOS A primeira fonte datável do uso do termo é a Geographia de Cláudio Ptolomeu (século II)

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