foto de Curitiba, da década de 1890, com as anotações: "1883 - 1887. Continuação da Rua XV de Novembro".
fotos fatos e curiosidades antigamente O passado, o legado de um homem pode até ser momentaneamente esquecido, nunca apagado
terça-feira, 23 de dezembro de 2025
A imagem da Praça Tiradentes, contempla a Majestosa Catedral, e os lindos Carros de Praça dos anos 40.
A imagem da Praça Tiradentes, contempla a Majestosa Catedral, e os lindos Carros de Praça dos anos 40.
O Sobrado de Maria Eulália Chaves: Uma Presença Viva na Rua Dr. Murici
Denominação inicial: Projecto de sobrado para a Snra. Maria Eulália Chaves
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência e Comércio
Subcategoria: Informações incompletas
Endereço: Rua Dr. Murici
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento:
Área Total:
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico:
Alvará de Construção:
Descrição:
Situação em 2012: Existente
Imagens
1 - Fotografia do imóvel em 2012 (Elizabeth Amorim de Castro).
Referências:
1 - CHAVES, Eduardo Fernando Chaves. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45).
1 - Fotografia do imóvel em 2012 (Elizabeth Amorim de Castro).
O Sobrado de Maria Eulália Chaves: Uma Presença Viva na Rua Dr. Murici
“Enquanto muitos sobrados do passado foram tragados pelo tempo, este ainda respira — com suas paredes de tijolos, suas janelas que testemunharam décadas e a memória de uma mulher que ousou erguer seu nome na pedra e na argamassa.”
Uma Senhora e Seu Sobrado
Em uma Curitiba ainda marcada por sobrados de esquina, varandas discretas e o aroma de madeira envernizada, Maria Eulália Chaves decidiu deixar sua marca. Dona de visão e determinação, encomendou, em data ainda não registrada com precisão, o projeto arquitetônico de um sobrado destinado a abrigar residência e comércio — uma combinação prática e simbólica da vida urbana da primeira metade do século XX.
Localizado na Rua Dr. Murici, via secundária porém estratégica no tecido do centro histórico de Curitiba, o edifício erguido por Maria Eulália não se impõe pela grandiosidade, mas pela discreta solidez que caracteriza as construções de alvenaria de tijolos da época. Com dois pavimentos, o sobrado segue a clássica divisão: térreo para atividade comercial ou profissional, e andar superior para a vida privada da família.
Embora os dados sobre o alvará de construção e a data exata do projeto permaneçam ausentes nos registros públicos resumidos, sua existência é atestada de forma eloquente: em 2012, o imóvel ainda existia, conservando, ao menos em parte, sua configuração original.
A Arquitetura da Sobriedade
Construído em alvenaria de tijolos, técnica dominante nas edificações curitibanas entre o final do século XIX e meados do XX, o sobrado de Maria Eulália reflete os princípios de higiene, funcionalidade e durabilidade ensinados na Faculdade de Engenharia do Paraná — instituição que formou profissionais como Eduardo Fernando Chaves, autor da tese que preserva seu registro.
A referência ao sobrado aparece na página 45 da obra de Chaves (Theses de Concurso, 1930), onde, ao lado de outros projetos de moradias urbanas, este é mencionado como exemplo do tipo residencial-comercial comum entre a classe média ascendente da capital paranaense. A inclusão sugere que o projeto não apenas foi executado, mas considerado exemplar dentro dos critérios acadêmicos da época.
Maria Eulália Chaves: Uma Mulher à Frente do Seu Tempo
Numa sociedade ainda predominantemente patriarcal, o fato de uma mulher ter sido a titular do projeto — e provavelmente a proprietária e gestora do imóvel — é notável. Maria Eulália não aparece como “esposa de” ou “viúva de”, mas como Senhora Maria Eulália Chaves, nome completo, título próprio, identidade autônoma.
Isso indica que ela possuía recursos próprios, capacidade de decisão e, possivelmente, atividade econômica independente — fosse como comerciante, artesã, professora ou profissional liberal. Sua escolha por unir residência e comércio sob o mesmo teto revela uma visão integrada da vida: o lar como extensão do trabalho, e o trabalho como sustento do lar.
Presença Contínua: O Sobrado em 2012
Enquanto tantos edifícios históricos foram demolidos em nome do “progresso”, o sobrado de Maria Eulália sobreviveu até, pelo menos, 2012. Uma fotografia registrada por Elizabeth Amorim de Castro naquele ano atesta sua existência física — talvez com fachada modificada, janelas trocadas ou pintura renovada, mas ainda reconhecível em sua estrutura original.
Essa continuidade é um ato de resistência silenciosa. Enquanto o entorno se transforma — com novos prédios, novas lojas, novas gerações —, o sobrado permanece como testemunha viva de uma Curitiba mais lenta, mais humana, mais feita de rostos do que de fachadas anônimas.
Legado Urbano e Identidade Feminina
Mais do que um imóvel, o sobrado de Maria Eulália Chaves é um marco de memória feminina na arquitetura urbana. Num panorama onde os nomes dos proprietários masculinos dominam os registros oficiais, ver uma mulher como protagonista de um projeto construtivo é raro — e precioso.
Seu nome, gravado nos arquivos da Faculdade de Engenharia e nas ruas da cidade, nos convida a repensar quem constrói a cidade. Não apenas engenheiros e prefeitos, mas também mulheres comuns com sonhos concretos, capazes de transformar tijolos em lar, e lar em legado.
Conclusão: Ainda de Pé
Hoje, ao caminhar pela Rua Dr. Murici, talvez poucos percebam a história contida naquele sobrado de dois andares. Mas ele está lá — não como ruína, mas como presença. E, enquanto existir, Maria Eulália Chaves continuará habitando Curitiba.
“As cidades guardam, nas paredes que resistem, os nomes de quem ousou construir.”
Ela construiu. E permanece.
Referências:
- CHAVES, Eduardo Fernando Chaves. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45).
- CASTRO, Elizabeth Amorim de. Fotografia do imóvel em 2012. Arquivo particular / Acervo de memória urbana de Curitiba.
O Sobrado de Amando Cunha: Entre Dois Cantos da Memória Curitibana
Denominação inicial: Projecto de um Sobrado para o Snr. Amando Cunha a Rua Mal. Floriano e J. Loureiro.
Denominação atual:
Categoria (Uso): Edifício Comercial e/ou Residencial
Subcategoria: Informações incompletas
Endereço: Rua Marechal Floriano e José Loureiro
Número de pavimentos:
Área do pavimento:
Área Total:
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 23/11/1912
Alvará de Construção: Talão Nº 2567/1912
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de sobrado.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Fachada frontal e lateral.
2 – Plantas dos alicerces e corte.
3 – Plantas do andar térreo e 1º pavimento.
Referências:
CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45).
1, 2 e 3 - CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de um Sobrado para o Snr. Amando Cunha a Rua Mal. Floriano e J. Loureiro. Planta com fachadas frontal e lateral; planta dos alicerces e corte; plantas dos pisos térreo e superior, apresentados em três pranchas.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
O Sobrado de Amando Cunha: Entre Dois Cantos da Memória Curitibana
“Na esquina onde se cruzavam a Rua Marechal Floriano e a José Loureiro, ergueu-se um dia um sobrado de tijolos e ambição — testemunha silenciosa da Curitiba que sonhava ser metrópole.”
Um Projeto para o Futuro: Novembro de 1912
Em 23 de novembro de 1912, em meio ao fervor urbanizador que tomava conta de Curitiba, foi assinado o projeto arquitetônico para a construção de um sobrado destinado ao Senhor Amando Cunha. Localizado estrategicamente na esquina das ruas Marechal Floriano e José Loureiro — uma interseção emblemática do centro histórico —, o edifício não era apenas uma residência: era uma declaração de presença, um marco de prosperidade em tempos de transformação.
O projeto, registrado sob o Alvará de Construção nº 2567/1912, foi elaborado com rigor técnico e sensibilidade espacial, refletindo os princípios ensinados na nascente Faculdade de Engenharia do Paraná, onde arquitetura, higiene urbana e saneamento caminhavam lado a lado. Embora o número exato de pavimentos não conste de forma explícita nos registros resumidos, as plantas do andar térreo e do primeiro pavimento, juntamente com os alicerces e cortes estruturais, indicam claramente um sobrado de dois andares, típico da arquitetura urbana da Primeira República.
Construído em alvenaria de tijolos, material símbolo de solidez e permanência na Curitiba do início do século XX, o sobrado combinava função comercial no térreo — destinado ao comércio, oficina ou escritório — e residência no andar superior, onde janelas abertas para a esquina convidavam ao convívio com a vida pulsante da cidade.
Amando Cunha: O Homem por Trás do Nome
Pouco se sabe sobre Amando Cunha, além do que seu nome sugere: pertencimento a uma classe urbana em ascensão, talvez comerciante, profissional liberal ou proprietário de pequena indústria. O fato de ter encomendado um projeto arquitetônico formal — e não uma construção improvisada — indica instrução, planejamento e status social.
A escolha da esquina entre Marechal Floriano e José Loureiro não foi casual. Naquele trecho, próximo à Praça Tiradentes e ao antigo Mercado Municipal, circulavam mercadorias, ideias e pessoas. Morar ali era estar no centro do centro — onde a cidade se via, se reconhecia e se projetava.
Arquitetura em Três Pranchas: A Beleza do Traço Técnico
O projeto sobreviveu graças à preservação feita por Eduardo Fernando Chaves, cuja tese de 1930 reúne preciosos registros de construções curitibanas da era pré-modernista. Nas três pranchas originais, é possível admirar:
- Fachada frontal e lateral – revelando proporções equilibradas, vãos regulares e o tratamento da esquina, elemento-chave na arquitetura urbana;
- Plantas dos alicerces e corte estrutural – demonstrando preocupação com a estabilidade do solo e a distribuição de cargas;
- Plantas detalhadas do térreo e do primeiro pavimento – mostrando a divisão entre espaço público (comercial) e privado (residencial), com escada interna conectando os níveis.
Esses desenhos não são apenas documentos técnicos; são obras de arte funcional, traçadas à pena e régua, com uma elegância que contrasta com a frieza dos softwares atuais.
O Silêncio da Demolição: 2012
Apesar da solidez de sua alvenaria e da promessa de durabilidade inscrita em cada tijolo, o sobrado de Amando Cunha não resistiu ao avanço do tempo e às pressões do desenvolvimento imobiliário. Em 2012, foi demolido, desaparecendo fisicamente do mapa urbano.
Não há registros fotográficos da edificação em pé — apenas os desenhos de projeto, como fantasmas arquitetônicos, guardam sua imagem. Sua ausência é um lembrete doloroso de como Curitiba, em sua corrida pelo novo, frequentemente enterrou seu passado sem cerimônia.
Legado na Esquina da História
Embora demolido, o sobrado de Amando Cunha permanece como um marco simbólico da fase de consolidação urbana de Curitiba. Representa uma época em que os sobrados de esquina — com suas varandas discretas, janelas de verga arqueada e portas de entrada generosas — davam ritmo, escala humana e identidade ao espaço público.
Sua localização exata — na confluência de duas ruas históricas — faz dele parte de uma geografia afetiva, um ponto de ancoragem na memória coletiva, mesmo que invisível aos olhos de hoje.
Conclusão: Um Nome, Uma Esquina, Uma Cidade
Amando Cunha talvez nunca tenha imaginado que, mais de um século depois, seu nome seria evocado não por riquezas ou feitos públicos, mas por um simples projeto de sobrado. E é justamente aí que reside sua importância: não como herói, mas como habitante. Um homem comum que, ao erguer uma casa na esquina certa, contribuiu para tecer o tecido urbano de Curitiba.
Hoje, onde antes havia tijolos, talvez haja vidro, concreto ou um estacionamento. Mas nos arquivos da Faculdade de Engenharia, nas páginas amareladas da tese de Chaves, o sobrado de Amando Cunha segue em pé — não em alvenaria, mas em memória.
“As cidades permanecem nas linhas dos que as desenharam com carinho.”
E Amando Cunha, mesmo em silêncio, deixou sua marca — na esquina, no tempo, e na história.
Referências:
- CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45).
- CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de um Sobrado para o Snr. Amando Cunha a Rua Mal. Floriano e J. Loureiro. Três pranchas:
- Fachada frontal e lateral;
- Plantas dos alicerces e corte;
- Plantas do andar térreo e 1º pavimento.



