Denominação inicial: Projecto de casa para o Snr. Alexandre Marchioro
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Av. Iguassu, n° 244
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 76,50 m²
Área Total: 76,50 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 1930
Alvará de Construção: Nº 3275/1930
Descrição: Projeto Arquitetônico para a construção de uma casa.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Alexandre Marchioro à Av. Iguassu, n° 244. Planta, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
Alexandre Marchioro e o Sonho de uma Casa Própria: O Projeto Econômico na Avenida Iguaçu (1930)
Curitiba, 1930 – 2012
Na Curitiba dos anos 1930 — cidade em franca expansão, impulsionada pela indústria madeireira, pela imigração europeia e pela crescente urbanização — erguia-se, tijolo por tijolo, o ideal de uma nova classe: a classe média urbana. Foi nesse contexto que Alexandre Marchioro, cujo nome hoje ressoa apenas nos arquivos históricos, encomendou o projeto de sua casa própria: uma residência modesta, funcional e digna, localizada na Avenida Iguaçu, nº 244.
Embora sua construção tenha sido demolida décadas depois, em 2012, o projeto original permanece como um testemunho sensível da busca por moradia acessível, bem planejada e integrada à vida moderna da capital paranaense.
Alexandre Marchioro: Um Homem do Seu Tempo
Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Alexandre Marchioro, mas seu gesto de encomendar uma casa própria em 1930 fala por si. Naquele momento, adquirir um terreno e construir uma residência era um ato de afirmação social, econômica e familiar. Marchioro, provavelmente um trabalhador assalariado, comerciante ou pequeno empresário, escolheu investir em estabilidade — não em luxo, mas em dignidade habitacional.
Seu nome está ligado a um dos primeiros exemplos de residência econômica projetada com critério arquitetônico em Curitiba, refletindo uma tendência que se intensificaria nas décadas seguintes: a de democratizar o acesso à moradia de qualidade.
O Projeto: Simplicidade com Propósito
Elaborado pelo escritório Gastão Chaves & Cia. — um dos mais atuantes na cena arquitetônica curitibana da primeira metade do século XX —, o “Projecto de casa para o Snr. Alexandre Marchioro” foi concebido com rigor técnico e sensibilidade espacial.
Características principais:
- Um único pavimento, em linha com a tipologia das casas econômicas da época, que privilegiavam a horizontalidade e a facilidade de construção.
- Área total de 76,50 m², distribuídos de forma racional entre salas, quartos, cozinha e área de serviço — um programa funcional pensado para o cotidiano de uma família nuclear.
- Técnica construtiva em alvenaria de tijolos, material resistente, acessível e amplamente utilizado na Curitiba da era Vargas.
- Fachada frontal, planta e corte apresentados em uma única prancha, como era comum na época, combinando clareza técnica e elegância gráfica.
O projeto não buscava grandiosidade, mas eficiência, ventilação cruzada, luminosidade natural e privacidade — qualidades que, mesmo em espaços reduzidos, garantiam conforto e bem-estar.
A Localização: Avenida Iguaçu, entre Tradição e Transformação
A Avenida Iguaçu, na década de 1930, já era uma via de relevância na malha urbana curitibana. Ligando o centro a bairros em expansão, como o Água Verde e o Batel, a avenida abrigava desde residências burguesas até pequenas casas de classe média, como a de Marchioro.
O lote nº 244, escolhido por Alexandre, situava-se em um trecho que equilibrava acessibilidade e tranquilidade — longe do barulho do comércio central, mas próximo o suficiente para manter vínculos com a vida urbana. Era o lugar ideal para uma casa que pretendia ser lar, não apenas abrigo.
O Alvará e a Legalidade do Sonho
Em 1930, o município de Curitiba já exigia alvará de construção para obras particulares, demonstrando o amadurecimento do ordenamento urbano. O Alvará nº 3275/1930, concedido a Alexandre Marchioro, não era apenas um documento burocrático: era o reconhecimento oficial de seu direito à cidade, à propriedade e à cidadania plena.
Obter esse alvará significava que seu projeto havia sido aprovado pelas autoridades municipais — que consideravam não só a segurança da construção, mas também sua adequação ao entorno e às normas de alinhamento e recuo.
O Desaparecimento: Um Silêncio Arquitetônico
Infelizmente, como tantas outras edificações de valor histórico e social, a casa de Alexandre Marchioro não resistiu ao tempo. Em 2012, foi demolida, provavelmente para dar lugar a um edifício comercial ou residencial de maior densidade — reflexo das pressões imobiliárias que reconfiguram constantemente o centro de Curitiba.
Seu desaparecimento físico é um lembrete doloroso da fragilidade do patrimônio ordinário: não são apenas palacetes que merecem memória, mas também as casas simples que abrigaram vidas comuns, sonhos reais e histórias não contadas.
O Legado nos Arquivos: Uma Prancha que Fala
Felizmente, o projeto original foi preservado em microfilme digitalizado, mantendo viva a memória do gesto arquitetônico que, em 1930, transformou um terreno vazio em um lar possível. A prancha com planta, corte e fachada frontal é hoje um documento precioso — não apenas para historiadores da arquitetura, mas para todos os que acreditam que a cidade se constrói também com casas pequenas, feitas por gente comum.
Conclusão: A Casa que Representa Muitas
Alexandre Marchioro pode ter sido um homem anônimo para a grande história, mas sua casa foi o retrato de um momento decisivo na urbanização brasileira: o da democratização da moradia, do acesso à cidade planejada e do orgulho de ter um teto próprio.
“Não era um palácio, nem pretendia ser. Era uma casa — modesta, sim, mas sua. E nela, cabia o mundo.”
Referências
- GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Alexandre Marchioro à Av. Iguassu, n° 244. Planta, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado. Arquivo Histórico de Curitiba.
