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segunda-feira, 4 de março de 2024

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO – MARIANA, MINAS GERAIS

 IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO – MARIANA, MINAS GERAIS

A Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo foi instituída em Mariana no ano de 1751, e seus membros reuniam-se inicialmente numa capela dedicada a São Gonçalo. Oito anos depois (1759) iniciaram a construção de uma igreja provisória,  em adobe, e com uma torre central na fachada -ela foi dedicada ao Menino-Deus, e seria usada como sede dos terciários carmelitas por alguma décadas, até que se iniciassem as obras da igreja definitiva.

A licença régia para a edificação foi concedida a 7 de janeiro de 1789, sendo as obras ajustadas com o mestre pedreiro Domingos Moreira de Oliveira, o mesmo construtor da igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto.

A igreja foi edificada desde cerca de 1790 até o ano de 1826. Muitos são os nomes dos artífices que trabalharam na decoração interna e externa dessa igreja, dentre os quais se destacam: Padre Félix Antônio Lisboa (irmão do Aleijadinho), capitão Francisco Machado da Luz, Francisco Pereira dos Santos, Francisco Xavier Carneiro, João Miguel Ferreira, José Meireles Pinto, José Barbosa de Oliveira, Sebastião Gonçalves Soares, Romão de Abreu, etc.

A fachada foi construída com um elegante frontão, e, nessa parte dianteira, as duas torres surgem apenas na pate superior, não se estendendo visualmente até o chão.

 

Acima, pórtico em pedra sabão, com o brasão da Ordem do Carmo.

O forro da nave principal ostentava pintura com moldura policromada, de autoria de Francisco Xavier Carneiro, representando Nossa Senhora do Carmo entregando o escapulário a São Simão Stock. Próximos ao arco-cruzeiro de pedra-sabão existiam também dois altares colaterais, em talha rococó. No entanto, essas obras foram perdidas em um grande incêndio, ocorrido em janeiro de 1999, que destruiu grande parte da nave central da igreja.

Não obstante, a igreja foi completamente restaurada, com o cuidado de não ser descaracterizada por novos acréscimos que não estavam na mente dos construtores originais. Atualmente, pode-se contemplar, praticamente intacta, a capela-mor e seu belo retábulo, bem como os ornamentos em pedra-sabão.

German Bazin considerou essa igreja como sendo ‘um dos últimos belos momentos do rococó em Minas‘.

Base em pedra-sabão do antigo púlpito, que foi destruído pelo incêndio de 1999.

Coluna do arco-cruzeiro, danificada após o incêndio.

A capela-mor restou intacta no incêndio de 1999, e exibe uma das mais harmônicas talhas em estilo rococó de Minas Gerais.

No retábulo, encontra-se a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e também estão representados os principais santos da história carmelita: Santa Teresa de Ávila, São Simão Stock e Santo Elias. No brasão da ordem, esses três santos são simbolizados por três estrelas.

Abaixo, a talha do sacrário representa um pelicano alimentando os filhotes. Em séculos passados, acreditava-se que os pelicanos, quando não encontravam alimento, tiravam da própria carne para alimentar seus filhotes – assim, a figura do pelicano é associada ao próprio Cristo.

A igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo foi construída na mesma praça onde se situa a igreja de São Francisco de Assis, e ambas formam um dos mais belos cartões postais de Minas Gerais.

 

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REFERÊNCIAS:

– BAZIN, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958

– MOURÃO, Paulo Kruger Correa, As igrejas setecentistas de Minas, Belo Horizonte: Itatiaia, 1986

– SOUZA, Wladimir Alves de. Guia dos Bens Tombados: Minas Gerais. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1984. Fundação João Pinheiro.

– Arquidiocese de Mariana

– www.infopatrimonio.org