domingo, 2 de novembro de 2025

Elegância em Preto e Branco: As Mulheres que Definiram o Estilo Curitibano nos Anos 60

 Elegância em Preto e Branco: As Mulheres que Definiram o Estilo Curitibano nos Anos 60

Elegância em Preto e Branco: As Mulheres que Definiram o Estilo Curitibano nos Anos 60

Em tempos em que a moda era sinônimo de postura, presença e personalidade, algumas mulheres de Curitiba se destacaram não apenas pela beleza, mas pela maneira como vestiam seus valores — com classe, discrição e uma elegância que parecia saída de revistas francesas, mas tinha raízes profundas na nossa terra.

Hoje, mergulhamos em um documento raro: uma edição especial de um jornal curitibano dos anos 60, dedicada à “Elegância” — uma palavra que, naquela época, carregava peso social, ético e estético. Não se tratava apenas de roupas, mas de atitude, de como se apresentar ao mundo, de como ser lembrada.

Vamos conhecer três dessas mulheres, cujos nomes e rostos foram registrados com carinho e respeito — e entender o contexto em que viveram.


A Elegância como Atitude: Sra. Roberto Decio de Leão (Nascida Leda Pimpão Azevedo)

Na página 2, encontramos a Sra. Roberto Decio de Leão, retratada com um vestido simples, mas impecável — linhas limpas, corte justo, cabelo penteado com precisão. A legenda diz:

“Elegância não se evidencia apenas no saber vestir... mas sobretudo na maneira de receber, conversar, em cada sorriso, em cada gesto.”

Ela não era apenas uma mulher bem-vestida; era uma mulher bem-presente. Em uma época em que o papel das mulheres ainda era frequentemente limitado ao lar, ela representava algo mais: a capacidade de transformar o cotidiano em cerimônia, de fazer da simplicidade um símbolo de bom gosto.

Seu estilo reflete a influência da moda francesa — leve, sofisticada, sem exageros — mas adaptada à realidade local. Um traje “de toilette”, como chamavam, era algo reservado para ocasiões especiais, e sua escolha por peças clássicas mostra que ela entendia que verdadeira elegância não precisa gritar — basta estar presente.


A Artista da Moda: Sra. Darcy G. de Morais (Nascida Lurdes Carletto)

Na página 3, a Sra. Darcy G. de Morais surge como uma figura moderna, mas com raízes profundas. Vestindo um conjunto de dois peças — blazer e saia —, ela encarna a transição entre o tradicional e o contemporâneo. O texto a descreve como alguém que “sabe o que quer e o que lhe convém”, e que “aprecia extremamente a moda francesa”.

Mas há algo mais: ela é descrita como uma pessoa que “não se entrega aos caprichos da moda”, ou seja, escolhe com consciência. Isso é fundamental. Na década de 60, enquanto a moda começava a acelerar seu ritmo, mulheres como ela mantinham um olhar crítico — usavam o que combinava com sua personalidade, não o que estava “na moda”.

Sua pose, firme e confiante, diante de uma estante de livros, sugere uma mulher culta, leitora, pensante — e isso, sim, era o verdadeiro diferencial da elegância da época: o intelecto andava de mãos dadas com o vestuário.


A Senhora da Presença: Srta. Maria Dirce de Paula

Na página 4, a Srta. Maria Dirce de Paula aparece em um vestido longo, com mangas bufantes e decote sutil — um modelo que remete ao glamour dos anos 50, mas com um toque de modernidade. O texto a define como “uma jovem de beleza natural, independente de modas e tendências”.

Ela representa o contraponto à efemeridade da moda: a beleza que vem de dentro, da postura, da forma como se comporta. A descrição menciona que “não se deixa levar pelas modas passageiras”, e que “seu estilo é único, original e inconfundível”.

Isso é especialmente interessante porque, na mesma época em que o Brasil vivia os primeiros ventos da modernidade urbana, muitas mulheres optavam por manter uma identidade visual própria — não por rejeitar o novo, mas por saber quem eram.

Ela também é associada à marca “Maison Dior”, o que indica que, mesmo em Curitiba, havia acesso à alta-costura internacional — ou pelo menos, ao desejo de imitá-la com bom gosto.


O Contexto Institucional: O Tribunal de Contas do Estado do Paraná

Enquanto as mulheres desfilavam elegância nas páginas sociais, a página 5 nos leva a um mundo totalmente diferente: o do poder institucional. O “Tribunal de Contas do Estado do Paraná”, criado em 1947, é apresentado com uma lista minuciosa de juízes, auditores, procuradores e servidores.

Essa página revela algo importante: a cidade estava sendo administrada por homens que ocupavam cargos de responsabilidade pública — e que, em sua maioria, tinham formação jurídica e experiência política. Nomes como Dr. Raul Vaz, Dr. Paulo Mercer Machado e Dr. Claudio de Macedo Lopes são citados com formalidade, como parte de um corpo técnico e burocrático que regia o estado.

A presença desse documento ao lado das fotos das mulheres não é acidental. Ele mostra que Curitiba, naquela época, era uma cidade em construção — tanto no plano social quanto no institucional. Enquanto as mulheres definiam o estilo e a cultura, os homens definiam as leis e as contas públicas.


O Casamento Social: Enlace Castilho – Barbosa

Na última página, voltamos ao mundo das relações sociais com o casamento de Sylvia e Milton — um evento que reuniu famílias importantes da cidade. A foto mostra os noivos cercados por convidados, todos vestidos com requinte, e o texto menciona a presença de figuras como o Padre Francisco de Castilho e o Coronel Fernando Barbosa.

O casamento não era apenas um ato religioso; era um ato político, social e econômico. Era a união de duas famílias, o fortalecimento de laços, a celebração de um futuro promissor. A menção ao “jardim da bela residência dos Castilhos” e ao “cortejo nupcial” mostra que a festa era tão importante quanto a cerimônia.

E aqui, novamente, a elegância volta ao centro: os vestidos das damas, os ternos dos homens, a decoração da igreja — tudo era planejado com cuidado, porque cada detalhe contava.


Por que isso importa hoje?

Essas páginas não são apenas retratos de pessoas esquecidas. São espelhos de uma época em que a elegância era uma escolha consciente, e não um consumo compulsivo. Elas nos mostram que:

  • Elegância é atitude, não roupa.
  • Estilo é coerência, não tendência.
  • Beleza é presença, não aparência.

E, talvez o mais importante: a história de Curitiba não está apenas nos prédios, nas ruas ou nos documentos oficiais — está nos rostos, nos sorrisos e nas escolhas das mulheres que a habitaram.

Que tal pensar: qual será a elegância da nossa geração? Como seremos lembrados?


#CuritibaDosAnos60 #ElegânciaClássica #ModaHistorica #MulheresDeCuritiba #HistóriaDoParaná #MemóriaUrbana #CulturaParanaense #EstiloEternamenteChique #TribunalDeContasPR #CasamentosDaÉpoca #NosNatrilhaECoturismo #TurismoCultural #PáginasDoPassado #ArquivoHistórico #nosnatrilhaecoturismo @nosnatrilhaecoturismo


















Curitiba, 1960: Um Retrato da Sociedade em Preto e Branco — A Vida Social, a Cultura e o Espírito da Época

 Curitiba, 1960: Um Retrato da Sociedade em Preto e Branco — A Vida Social, a Cultura e o Espírito da Época

Curitiba, 1960: Um Retrato da Sociedade em Preto e Branco — A Vida Social, a Cultura e o Espírito da Época

Olá, viajantes do tempo! Hoje, mergulhamos nas páginas amareladas de um jornal curitibano dos anos 60, uma janela para entender como era viver na capital paranaense quando o mundo ainda se ajustava ao pós-guerra e a modernidade começava a bater à porta.

Aqui, cada foto, cada anúncio e cada linha de texto contam uma história. Não é apenas notícia; é a alma da cidade, capturada em preto e branco. Vamos percorrer juntos essa trilha histórica, descobrindo os rostos, os eventos e os valores que moldaram Curitiba.

Começamos com a primeira página, que já nos apresenta um retrato fascinante da vida cotidiana. À esquerda, um anúncio da “Casa Suíça de Eletricidade” promete “90 departamentos especializados”, um sinal claro da ascensão do consumo e da modernização da cidade. Ao lado, um registro especial sobre o falecimento de Francisco Leite, um homem de 80 anos, cujo obituário é escrito com a solenidade e o respeito típicos da época. À direita, um anúncio de “Unhas Encravadas” e “Micose” — sim, problemas de saúde eram tratados com a mesma naturalidade com que hoje falamos de café — e, abaixo, a “Casa de Saúde Dr. Moysés Paciornik”, um dos primeiros centros médicos da cidade, mostrando que a medicina já era uma preocupação social importante.

Essa primeira página já nos mostra uma Curitiba em transição: entre o tradicional e o moderno, entre o rural e o urbano, entre o passado e o futuro.

Na segunda página, a sociedade curitibana se revela em suas relações sociais e religiosas. O destaque é o “Enlace Miró de Queiroz / Ferreira da Costa”, um casamento que reuniu famílias importantes da cidade. As fotos mostram os noivos, os padrinhos e os convidados em poses formais, vestidos com elegância, refletindo os costumes da elite local. A cerimônia foi realizada na Igreja de Santa Terezinha, um local emblemático, e a presença de figuras como o Padre José Ferreira da Costa e o Coronel Luiz Maria Gomes indica o peso social do evento.

Mas não é só casamento. Há também a “Cerimônia da bênção nupcial” e o “Corte do bolo nupcial”, momentos que uniam família, religião e tradição. A foto do bolo, com seu topo decorado, é um símbolo da festa e da união. E não podemos esquecer o “Cortejo de noivas”, onde jovens mulheres desfilam em trajes de gala, talvez em um evento de caridade ou festa cívica, mostrando a importância da beleza e da postura social na época.

Essa página é um verdadeiro retrato da hierarquia social e dos rituais que mantinham a coesão da comunidade. Cada detalhe — desde o vestido até o sorriso contido — conta uma história de expectativas, normas e aspirações.

A terceira página traz o brilho da cultura e do entretenimento. O grande evento da semana é a inauguração do novo Cine Marabá, um cinema que promete ser “um dos mais modernos do país”. A foto mostra autoridades e convidados especiais, incluindo o General Baré de Matos e o Governador do Estado, celebrando a abertura do cinema com um aperto de mãos e um sorriso radiante. O texto elogia a “simplificação da Casa de Esperanças”, um espaço que parece ter sido transformado para receber o público com conforto e modernidade.

O Cine Marabá não era apenas um lugar para ver filmes; era um símbolo de progresso, de modernidade e de lazer. A presença de figuras públicas e a cobertura jornalística indicam que o cinema era um evento social tão importante quanto um casamento ou uma missa solene.

Na quarta página, encontramos o coração econômico da cidade. Anúncios de lojas de tecidos, sapataria, móveis e eletrodomésticos dominam o espaço. A “Loja Modelo” oferece “roupas finas para senhoras e moças”, enquanto a “Casa das Meias” promete “qualidade e preço justo”. Há também propagandas de cursos profissionalizantes, como datilografia e contabilidade, revelando o desejo crescente por qualificação e mobilidade social.

Além disso, pequenos classificados trazem ofertas de emprego doméstico, aluguel de quartos e venda de objetos usados — uma janela para a vida das camadas populares, muitas vezes invisíveis nas grandes reportagens, mas essenciais para o funcionamento da cidade.

Por fim, a quinta página fecha com notícias locais e regionais: a inauguração de uma nova ponte em Campo Largo, a colheita recorde de erva-mate no interior do Paraná, e um comunicado da Prefeitura sobre obras de saneamento básico. Tudo isso mostra que, mesmo em meio às transformações urbanas, Curitiba mantinha fortes laços com seu entorno rural e com as demandas práticas da população.

Essas páginas não são apenas registros históricos — são espelhos. Neles, vemos nossos avós, nossos pais, nossas origens. Vemos uma cidade que, apesar das diferenças de época, compartilha com a atual o mesmo desejo de pertencimento, progresso e comunidade.

Que tal refletir: o que as futuras gerações verão quando olharem para os registros da nossa época?

#Curitiba1960 #HistóriaDoParaná #MemóriaUrbana #PatrimônioCultural #TradiçãoECultura #CineMarabá #VidaEmSociedade #JornalismoAntigo #FotografiaHistórica #NostalgiaBrasileira #EcoTurismoComHistória #ConexãoComOPassado #RaízesParanaenses #nosnatrilhaecoturismo @nosnatrilhaecoturismo