Denominação inicial: Projecto do Palacete para o Snr. Julio Garmatter
Denominação atual: Museu Paranaense
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Grande Porte
Endereço: Rua Dr. Kellers (Alto São Francisco)
Número de pavimentos: 2 (mais sótão e porão)
Área do pavimento: 1.145,31 m²
Área Total: 1.145,31 m²
Técnica/Material Construtivo: Concreto Armado
Data do Projeto Arquitetônico: 1928
Alvará de Construção:
Descrição: Projeto Arquitetônico para a construção do Palacete Garmatter e fotografia do imóvel.
Situação em 2012: Existente
Imagens
1 - Projeto da Fachada Principal.
2 - Projeto da Fachada Lateral para a Rua Ébano Pereira.
3 - Corte transversal e implantação.
4 - Planta baixa do terraço e primeiro pavimento.
5 - Planta baixa do pavimento térreo e subsolo.
6 - Projeto do muro na Rua Dr. Kellers.
7 - Fotografia do Palacete na década de 1930.
8 - Fotografia do Palacete em 2008.
Referências:
1, 2, 3, 4, 5 e 6 - PARANÁ. DEPARTAMENTO DE OBRAS E VIAÇÃO. Secção Técnica. Projecto do Palacete para o Snr. Julio Garmatter à Rua Dr. Kellers (Alto São Francisco). Curitiba, 14 de outubro de 1937. Plantas, cortes e fachadas apresentadas em seis pranchas. Cópia autentica executada pela Secção Técnica do Departamento de Obras e Viação. Levantamento arquitetônico, em cópia heliográfica.
7 - Coleção Palacete Garmatter.
8 - Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2008).
1 - Projeto da Fachada Principal.
2 - Projeto da Fachada Lateral para a Rua Ébano Pereira.
3 - Corte Transversal e implantação.
4 - Planta Baixa do terraço e primeiro pavimento.
5 - Planta baixa do pavimento térreo e subsolo.
6 - Projeto do muro na Rua Dr. Kellers.
7 – Fotografia do Palacete na década de 1930.
8 – Fotografia do Palacete em 2008.
Acervo: Secretaria de Estado da Cultura do Paraná; Denise G. Rupollo.
O Palacete de Julio Garmatter: Um Monumento da Elegância e da Memória em Curitiba
Na colina do Alto São Francisco, onde o horizonte se abre entre pinheirais e telhados coloniais, ergueu-se nos anos 1930 uma das mais sofisticadas residências da capital paranaense. Concebido para abrigar o empresário Julio Garmatter, o palacete que hoje abriga o Museu Paranaense é muito mais do que um edifício: é um testemunho arquitetônico de uma era de prestígio, inovação e gosto pela grandiosidade europeia adaptada à alma curitibana.
Um Projeto de Sonho: A Visão Arquitetônica de 1928
Em 1928, em meio ao florescimento urbano de Curitiba, foi concebido o Projeto do Palacete para o Snr. Julio Garmatter, encomendado por um dos nomes mais respeitados da sociedade local. Julio Garmatter — cujos negócios ligavam-se ao comércio e à indústria emergente do Paraná — desejava uma residência que refletisse seu status, mas também sua visão cosmopolita.
Assinado por arquitetos ainda não identificados nos registros oficiais (embora possivelmente ligados aos escritórios que moldavam o novo rosto de Curitiba na Primeira República), o projeto foi formalmente apresentado ao Departamento de Obras e Viação do Estado do Paraná em 14 de outubro de 1937, contendo seis pranchas detalhadas com:
- Fachada principal — imponente, com simetria clássica, janelas altas, balaustradas de concreto e um frontão central que evocava os palacetes parisienses;
- Fachada lateral voltada à Rua Ébano Pereira — mais discreta, porém harmoniosa;
- Corte transversal e implantação — revelando o diálogo cuidadoso entre o edifício e o terreno acidentado do Alto São Francisco;
- Planta do terraço e primeiro pavimento — com salões de recepção, varandas panorâmicas e quartos de hóspedes;
- Planta do térreo e subsolo — onde se localizavam a cozinha, dependências de serviço, porão técnico e áreas de convívio íntimo;
- Projeto do muro na Rua Dr. Kellers — um elemento de delimitação e elegância, integrando o palacete ao entorno urbano sem perder sua privacidade.
Construído em concreto armado, técnica moderna para a época, o palacete rompia com as estruturas de alvenaria tradicional e demonstrava o avanço técnico da engenharia paranaense. Com dois pavimentos principais, mais sótão e porão, distribuía 1.145,31 m² de área construída em um único bloco de planta generosa, pensada para o conforto e a representação social.
Julio Garmatter: O Morador Ilustre
Embora poucos detalhes biográficos sobre Julio Garmatter tenham sobrevivido aos arquivos públicos, seu nome está indissociavelmente ligado a essa residência monumental. Empresário de visão, provavelmente de origem germânica ou italiana (como muitos imigrantes que moldaram a economia paranaense), Garmatter escolheu o Alto São Francisco — bairro nobre desde o final do século XIX — como endereço de prestígio.
Sua casa não era apenas um lar: era um salão de encontros, um símbolo de estabilidade econômica e um gesto de pertencimento à elite cultural da cidade. Nas fotografias da década de 1930 (referência 7), vê-se o palacete em todo seu esplendor: jardins bem cuidados, automóveis estacionados na frente, cortinas pesadas nas janelas — tudo a indicar uma vida de requinte e disciplina burguesa.
Da Residência ao Museu: A Transformação de um Patrimônio
Com o passar das décadas, o palacete passou por diferentes destinos. Após o período em que foi residência particular, foi incorporado ao patrimônio público e, desde então, abriga o Museu Paranaense — instituição fundada em 1876, mas que encontrou neste edifício um lar à altura de sua importância histórica.
A fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2008) (referência 8) mostra o edifício ainda bem conservado, com suas linhas arquitetônicas intactas, embora adaptado às exigências museológicas modernas. Janelas que antes iluminavam salas de jantar hoje iluminam vitrines com relíquias da história do Paraná: roupas de índios Kaingang, móveis do século XIX, documentos da Colônia, e artefatos da Revolução Federalista.
A transição de residência de grande porte para espaço cultural foi natural: o palacete, por sua própria natureza, sempre foi um guardião de histórias.
Patrimônio Vivo: O Palacete em 2012 e Além
Em 2012, o edifício estava existente, funcional e protegido — não apenas por leis de preservação, mas pelo afeto da cidade. Embora os muros tenham sofrido pequenas alterações e o jardim tenha sido adaptado para acessibilidade, a essência arquitetônica permanece fiel ao projeto original de 1928.
O Museu Paranaense, hoje vinculado à Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, continua a cumprir sua missão: contar a história do estado através de objetos, imagens e narrativas — muitas delas agora ecoando pelos mesmos corredores por onde um dia caminhou Julio Garmatter.
Conclusão: Entre o Passado e o Futuro
O Palacete Garmatter é um marco de transição — entre o privado e o público, entre a arquitetura doméstica e a institucional, entre a memória familiar e a memória coletiva. Ele representa um momento em que Curitiba, ainda tímida diante das metrópoles do Sudeste, ousava erguer palácios para seus cidadãos comuns — homens que, com trabalho e visão, ajudaram a transformar uma capital interiorana em um centro de cultura e inovação.
Que este edifício continue a resistir ao tempo, não apenas como estrutura de concreto, mas como templo da memória paranaense — onde cada degrau, cada janela, cada parede sussurra: “Aqui, viveram sonhos. Aqui, nasceu a história.”
“Os edifícios não guardam só pessoas. Guardam épocas.”
— Anônimo
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