Denominação inicial: Projéto para uma casa de madeira para o Snr. Manoel Rodrigues
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Rua Capitão Souza Franco
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 42,00 m²
Área Total: 42,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Madeira
Data do Projeto Arquitetônico: 18/01/1935
Alvará de Construção: Nº 941/1935
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de casa de madeira e Alvará de Construção.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
Referências:
1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto para uma casa de madeira. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 – Alvará n.º 941
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
A Casa de Madeira de Manoel Rodrigues: Um Eco de Simplicidade nos Anos 1930
Em meio ao fervor do desenvolvimento urbano de Curitiba na década de 1930, quando betume e concreto começavam a substituir os caminhos de terra e as casas de taipa, ainda havia espaço para habitações modestas, feitas de madeira, erguidas com as mãos e o sonho de um lar próprio. Uma delas foi projetada em 18 de janeiro de 1935 para Manoel Rodrigues: uma residência econômica de 42 metros quadrados, localizada na Rua Capitão Souza Franco.
Embora hoje já não exista mais — demolida antes ou durante o ano de 2012 —, sua memória persiste nos traços elegantes de um projeto arquitetônico preservado em microfilme, nos registros burocráticos do Alvará nº 941/1935, e na força simbólica de um tipo de moradia que, por sua simplicidade, representava a realidade de milhares de curitibanos.
Um Lar de 42 m²: Economia com Dignidade
A casa projetada para Manoel Rodrigues era térrea, composta por um único pavimento de 42,00 m². Sua planta, desenhada com clareza e funcionalidade, revela um espaço pensado para o essencial:
- Uma sala combinada com área de estar e jantar;
- Dois pequenos quartos, suficientes para uma família nuclear ou um casal com filhos;
- Cozinha e banheiro integrados de forma prática;
- Varanda frontal — elemento central na sociabilidade das casas populares da época, onde se recebia vizinhos e se observava a rua.
Toda a estrutura seria erguida em madeira, material acessível, rápido de montar e amplamente utilizado em Curitiba até meados do século XX, especialmente em bairros operários e periféricos. A escolha da madeira não era apenas econômica, mas também cultural — falava de uma tradição construtiva que vinha dos colonos açorianos, poloneses e ucranianos que ajudaram a moldar a identidade arquitetônica da cidade.
O Projeto de Eduardo Fernando Chaves: Arquitetura ao Alcance de Todos
Assim como fez com a residência de Henrique Roberto Michelis, o arquiteto Eduardo Fernando Chaves também assinou o projeto desta casa modesta. A prancha original, hoje digitalizada e armazenada em microfilme, contém:
- Planta baixa do pavimento térreo;
- Implantação no terreno;
- Corte construtivo;
- Fachada frontal, com proporções equilibradas e detalhes que, mesmo em escala reduzida, conferem identidade visual à edificação.
É notável como Chaves, mesmo diante de limitações de área e orçamento, não abdicou do senso estético e da organização espacial. Cada centímetro foi pensado para gerar conforto, ventilação cruzada e privacidade — provando que arquitetura de qualidade não depende do tamanho, mas da intenção.
O Alvará de Construção nº 941/1935, emitido pela Prefeitura de Curitiba, confirma a legalidade da empreitada e a conformidade com as normas urbanísticas da época — um testemunho de como a cidade, mesmo em expansão acelerada, ainda exigia ordem e planejamento, mesmo nas moradias mais simples.
Manoel Rodrigues: O Dono do Sonho
Pouco se sabe sobre Manoel Rodrigues — seu ofício, sua origem, sua família. Seu nome não consta nos grandes anais da história curitibana. Mas talvez justamente por isso ele seja tão representativo. Ele encarna o homem comum que, com trabalho e persistência, conseguiu comprar um terreno, obter um alvará e erguer uma casa com seu nome na frente.
Sua residência não era um palacete, mas era sua. E nisso residia toda a sua grandeza.
Desaparecida, Mas Não Esquecida
Em 2012, quando pesquisadores do patrimônio urbano de Curitiba realizaram levantamentos no bairro, a casa já não existia mais. Foi demolida — talvez para dar lugar a um edifício, a um estacionamento, ou simplesmente ao tempo. Mas sua ausência física não apaga sua importância histórica.
Pelo contrário: a demolição dessa e de tantas outras casas de madeira torna ainda mais urgente o resgate documental de seus projetos. Cada planta, cada alvará, cada fachada desenhada é um testemunho de uma Curitiba mais humana, mais lenta, mais feita de gente.
A casa de Manoel Rodrigues é, portanto, mais do que um projeto arquitetônico. É um retrato social — da habitação popular, do direito à cidade, da luta silenciosa por dignidade no espaço doméstico.
Conclusão: Memória em Traços de Lápis
Hoje, ao caminhar pela Rua Capitão Souza Franco, ninguém mais encontra a pequena casa de madeira com varanda e telhado inclinado. Mas nos arquivos do Arquivo Público Municipal de Curitiba, ela ainda existe — viva nos traços de tinta nanquim sobre papel vegetal, nos números do Alvará 941, na voz silenciosa de um homem que, em 1935, sonhou com um lar e o construiu.
“Não são os grandes monumentos que contam a verdadeira história de uma cidade, mas as casas onde viveram os Manoéis, as Marias, os Joões anônimos.”
— Memória coletiva
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Fontes: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba; Microfilme do Projeto Arquitetônico; Alvará nº 941/1935.





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