segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

1956: Um Ano de Elegância, Tradição e Modernidade no Brasil — Uma Análise Detalhada Página por Página

 

1956: Um Ano de Elegância, Tradição e Modernidade no Brasil — Uma Análise Detalhada Página por Página



📜 1956: Um Ano de Elegância, Tradição e Modernidade no Brasil — Uma Análise Detalhada Página por Página

Em 1956, o Brasil vivia uma transição fascinante: entre a tradição rural e religiosa, e os primeiros ventos da modernidade urbana e industrial. As páginas que você compartilhou — provavelmente de um jornal ou revista social paranaense — são uma janela preciosa para entender como era a vida, o casamento, a beleza e até o turismo naquela época.

Vamos mergulhar fundo, página por página, decifrando cada foto, cada legenda, cada nome e cada símbolo.


📄 PÁGINA 1: O Casamento de Maria Cappela Pichi e Mário Ferreira Vivas

✅ Detalhes visuais:

  • Foto em preto e branco, estilo clássico dos anos 50.
  • Noiva com véu longo, buquê de flores claras, vestido com saia volumosa e cinto marcado.
  • Noivo de terno escuro, gravata e cabelo penteado para trás — típico da moda masculina da época.
  • Ao fundo: quadro na parede e arranjo floral — indicando que a foto foi tirada em casa ou em estúdio.

📖 Texto original (transcrito):

“No registro cronológico dos fatos sociais de nossa sociedade, foi de hoje uma data memorável...”

🔍 Análise detalhada:

  • Data do casamento: 21 de maio de 1956 — um domingo, dia tradicional para casamentos.
  • Local da cerimônia: Igreja de São José, em Curitiba — uma igreja importante da cidade, ainda existente hoje.
  • Testemunhas: Alcina Ferreira Vivas e Cláudio Pichi — pais da noiva. Isso reforça o papel central da família na vida social da época.
  • Residência dos noivos: Rua XV de Novembro, 1820 — endereço nobre em Curitiba, próximo ao centro histórico.
  • Religião: Cerimônia católica, com bênção do padre e presença de padrinho e madrinha — elementos obrigatórios para um casamento “socialmente aceito”.
  • Família: O texto menciona que Maria é filha de Alcina e Cláudio, e que Mário é filho de Francisco Vivas e Rachel Augusta Pichi — ou seja, primos entre si. Casamentos entre primos eram comuns em famílias tradicionais, especialmente entre elites locais, para manter laços e patrimônios.

💡 Contexto histórico:

  • Em 1956, o Brasil estava sob o governo de Juscelino Kubitschek (JK), que lançaria o plano “Cinquenta anos em cinco” — mas ainda não havia começado a construção de Brasília (que começou em 1956, mas só foi inaugurada em 1960).
  • A sociedade brasileira era profundamente patriarcal e religiosa. O casamento era visto como um contrato social e sagrado, e o vestido branco simbolizava a pureza da noiva — um ideal ainda muito forte na época.

📄 PÁGINA 2: Escollida Miss Paraná de 1956

✅ Detalhes visuais:

  • Três fotos principais:
    1. Dorothy Lopes, a vencedora, de perfil, usando um vestido longo e elegante.
    2. Juliana Lopes (irmã?), também em pose de concurso, com vestido curto e cabelo preso.
    3. Grupo de candidatas sentadas, sorrindo, com jurados ao fundo — ambiente formal, com cortinas e iluminação de palco.

📖 Texto original (transcrito):

“A representante da Federação Paranaense de Desportos Universitários coroou por maioria de votos... Dorothy Lopes...”

🔍 Análise detalhada:

  • Organização: Concurso promovido pela Federação Paranaense de Desportos Universitários — o que mostra que, mesmo em 1956, o mundo universitário já tinha peso social e cultural.
  • Vencedora: Dorothy Lopes — nome que soa moderno e internacional. Ela foi escolhida por “maioria de votos”, o que sugere que houve votação popular ou de jurados.
  • Jurados: O texto menciona “jurados qualificados”, mas não diz quem eram — provavelmente figuras da elite local: professores, políticos, empresários.
  • Vestuário: Os vestidos das candidatas são sofisticados, com tecidos leves e cortes ajustados — refletindo a moda europeia da época (especialmente francesa e italiana).
  • Cabelos e maquiagem: Penteados elaborados, com ondas e coques — típicos dos anos 50. Maquiagem leve, com ênfase nos olhos e lábios vermelhos.
  • Concorrência: Além de Dorothy, aparecem outras candidatas — como Juliana Lopes (provavelmente irmã) e outras cujos nomes não são citados. Isso mostra que o concurso era sério e tinha várias participantes.

💡 Contexto histórico:

  • Em 1956, o Brasil ainda não tinha uma “Miss Brasil” oficial — o primeiro concurso nacional foi em 1954, mas só se tornou regular a partir dos anos 60.
  • Concursos de beleza eram vistos como forma de promover a “feminilidade nacional” e a “cultura brasileira” — muitas vezes associados a produtos comerciais (como cosméticos ou roupas).
  • A eleição de Dorothy Lopes como Miss Paraná pode ter sido usada como propaganda para eventos culturais ou turísticos do estado.

📄 PÁGINA 3: Cleony foi a noiva de maio

✅ Detalhes visuais:

  • Foto principal: Cleony, sentada em uma cadeira de madeira escura, com encosto alto e dourado — estilo barroco ou neoclássico.
  • Vestido branco, com saia ampla, mangas curtas e decote redondo. Véu longo, cobrindo os ombros.
  • Buquê de flores brancas — provavelmente rosas ou lírios.
  • Outras fotos menores:
    • Cleony caminhando pela igreja, acompanhada pelo pai.
    • Grupo de convidados, incluindo padrinhos e familiares.
    • Cleony abraçando o noivo, ambos sorrindo.

📖 Texto original (transcrito):

“Cleony, assim que de uma grande sociedade, no dia 10 de maio passado, se uniu ao seu noivo, Dr. João Pedroso...”

🔍 Análise detalhada:

  • Nome da noiva: Cleony — nome incomum, possivelmente inspirado em Cleópatra ou em algum personagem literário. Reflete a tendência da época de dar nomes exóticos ou românticos às crianças.
  • Data do casamento: 10 de maio de 1956 — também um dia de semana, o que sugere que o casamento foi planejado com cuidado (talvez por questões de agenda da igreja ou dos convidados).
  • Noivo: Dr. João Pedroso — título de “doutor” indica que ele era médico, advogado ou professor universitário — profissões de prestígio na época.
  • Igreja: Não especificada, mas o texto menciona “cerimônia realizada na igreja de Nossa Senhora da Paz” — uma igreja importante em Curitiba, ainda existente hoje.
  • Padrinhos: O texto diz que os padrinhos foram “os senhores Francisco e Maria Gomes” — possivelmente parentes próximos ou amigos íntimos da família.
  • Estilo da cerimônia: Formal, com música, flores e vestidos de gala — típico de casamentos da elite urbana.

💡 Contexto histórico:

  • Em 1956, o casamento era ainda mais do que um ato legal — era um evento social que definia o status da família. A noiva era apresentada à sociedade como “uma mulher nova”, pronta para assumir o papel de esposa e mãe.
  • O fato de Cleony ser chamada de “noiva de maio” sugere que o jornal ou revista tinha uma seção mensal dedicada aos casamentos — algo comum em publicações sociais da época.

📄 PÁGINA 4: Cruzeiro do Sul — Viajando com Conforto

✅ Detalhes visuais:

  • Ilustração de um avião voando — provavelmente um Douglas DC-6 ou similar, usado pela Cruzeiro do Sul na época.
  • Foto do cockpit — mostrando instrumentos e painéis de controle, com piloto e copiloto.
  • Foto da cabine — passageiros sentados em poltronas confortáveis, com janelas grandes e iluminação suave.
  • Logotipo da Cruzeiro do Sul — com asas e estrela, simbolizando velocidade e modernidade.

📖 Texto original (transcrito):

“viajando através do Brasil com o mesmo conforto das viagens internacionais”

🔍 Análise detalhada:

  • Companhia aérea: Cruzeiro do Sul — fundada em 1927, era a principal companhia aérea brasileira na época, antes da criação da Varig (que só se tornou nacional em 1961).
  • Destinos: O anúncio menciona “viajando através do Brasil” — sugerindo que a empresa operava rotas nacionais, como Rio-São Paulo, São Paulo-Curitiba, etc.
  • Conforto: O texto promete “o mesmo conforto das viagens internacionais” — o que era uma grande conquista, pois voar era ainda um privilégio de poucos.
  • Preço e serviço: O anúncio não menciona preços, mas diz que o serviço é “completo, constante e eficiente de manutenção” — indicando que a empresa investia em segurança e qualidade.
  • Endereço: Rua Barão de Itapetininga, 108 — em São Paulo, sede da empresa na época.

💡 Contexto histórico:

  • Em 1956, o Brasil tinha apenas cerca de 100 mil passageiros aéreos por ano — um número minúsculo comparado aos dias de hoje.
  • Voar era caro e exclusivo — reservado a políticos, empresários, artistas e pessoas de classe alta.
  • A Cruzeiro do Sul era vista como símbolo de modernidade e progresso — e este anúncio é um exemplo claro de como a empresa queria se posicionar no mercado.

📄 PÁGINA 5: Irene Isabel e Luiz Geraldo casaram domingo, na Igreja de Santa Therezinha

✅ Detalhes visuais:

  • Foto da noiva, Irene Isabel, em pé, segurando um buquê de flores brancas.
  • Vestido longo, com saia ampla e véu curto — estilo mais simples que o da Cleony, mas igualmente elegante.
  • Fundo: altar da igreja, com velas acesas e flores brancas — atmosfera sagrada e emocionante.
  • Legenda abaixo da foto: “Irene Isabel, noiva, e Luiz Geraldo, noivo, em frente ao altar da igreja de Santa Therezinha”.

📖 Texto original (transcrito):

“Irene Isabel e Luiz Geraldo casaram domingo, na Igreja de Santa Therezinha”

🔍 Análise detalhada:

  • Data do casamento: Domingo — dia tradicional para casamentos, especialmente em igrejas católicas.
  • Local: Igreja de Santa Therezinha — uma igreja pequena e acolhedora, provavelmente em bairro residencial de Curitiba.
  • Nome da noiva: Irene Isabel — nome clássico, comum na época, combinando o nome bíblico “Irene” com o nome espanhol “Isabel”.
  • Nome do noivo: Luiz Geraldo — nome tradicional, comum entre homens da classe média e alta.
  • Estilo do casamento: Mais simples que o da Cleony, mas igualmente significativo — sugere que o casal priorizou a intimidade e a fé.
  • Família: O texto não menciona pais ou padrinhos, o que pode indicar que o casamento foi mais discreto ou que a família preferiu não divulgar os nomes.

💡 Contexto histórico:

  • Em 1956, o casamento civil e religioso era obrigatório para a maioria dos brasileiros — especialmente nas classes média e alta.
  • A Igreja Católica ainda tinha enorme influência sobre a vida social — e o casamento era visto como um sacramento, não apenas um contrato legal.
  • O fato de o casamento ter acontecido em uma igreja menor, como Santa Therezinha, pode indicar que o casal era mais modesto ou que preferiu um evento mais íntimo.

🧭 Conclusão: 1956 — Um Ano de Contrastes e Transformações

As páginas que você compartilhou mostram um Brasil em transição:

  • De um lado, a tradição: casamentos religiosos, concursos de beleza, vestidos de noiva brancos, igrejas cheias de flores e velas.
  • Do outro, a modernidade: aviões voando sobre o país, empresas investindo em conforto e tecnologia, mulheres ganhando espaço na sociedade (mesmo que ainda limitado).

É impressionante como, em apenas cinco páginas, conseguimos ver tanto da vida cotidiana, dos valores sociais e das aspirações da época.


📣 E você? Tem alguma história familiar de 1956?

Conte pra gente nos comentários!

👉 Você conhece alguém que se casou em 1956?
👉 Já viu fotos antigas de concursos de beleza?
👉 Já viajou de avião nos anos 50?

Vamos reviver essa história juntos!


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Mônica: HQ "Voa, Seu Juca, Voa!"

 

Mônica: HQ "Voa, Seu Juca, Voa!"


Compartilho uma história em que o Seu Juca vira ermitão, mas mesmo assim não evitou a Turma da Mônica aprontar com ele. Com 5 páginas, foi história de encerramento de 'Mônica Nº 118' (Ed. Abril, 1980).

Capa de 'Mônica Nº 118' (Ed. Abril, 1980)

Seu Juca vira ermitão em um alto de montanha, comenta com si mesmo que foi a melhor coisa que fez porque só assim terá paz e sossego e ficará livre daquela turminha, só pensar neles que fica todo arrepiado. Fica aliviado que finalmente nunca chegarão ali, quando o Cascão entra por debaixo da sua manta e logo em seguida, o Cebolinha.

Seu Juca acha que a solidão está causando alucinações, que só faltava aparecer a Mônica, quando ela aparece. Seu Juca tenta se concentrar a fim de afastar suas alucinações e leva soco da Mônica parando longe nas pedras da montanha. Os meninos riem por ela ter errado o soco e Mônica viu que acertou o Seu Juca. Mônica tenta ajudá-lo a sair dali, Seu Juca implora que não precisa e no desespero acaba caindo da montanha.

Mônica lamenta que Seu Juca chegou e já foi embora, Cebolinha queria cumprimentá-lo, Mônica volta a acertar as contas com os meninos e ao tentar dar pancada com bengala neles, atinge o Seu Juca que estava voltando da montanha e Mônica reclama com Seu Juca para decidir se fica ou vai embora. Cebolinha sai da manta, deixa a bolsa d'água na frente, Mônica fura a bolsa, atingindo Seu Juca, que fica desesperado de como vai ficar isolado de ermitão ali sem água.

A turma gosta de saber que Seu Juca virou ermitão, Cascão quer autógrafo e Mônica pergunta se ermitões e monges conseguem levitar e Cebolinha quer que ele dê uma voadinha ali.  Seu Juca fala que não sabe voar. Eles insistem que é só uma voadinha até os rochedos, dar umas piruetas e voltar. Seu Juca grita que não sabe voar. Cebolinha diz que é certo se quem é feio soubesse voar, a Mônica seria um passarinho. Ela não gosta, dá um soco e acerta o Seu Juca, caindo da montanha de novo.

A turma reclama que não vale, voou enquanto eles não estavam olhando. Seu Juca confirma que não sabe voar, não está mentindo e começa a chorar. Mônica fala que não é para ficar triste, não precisa mais voar hoje, mas amanhã quando eles levarem os amigos deles, aí vai fazer demonstração. Seu Juca passa a ficar louco, dá gargalhadas e surpreendentemente voa, saindo da montanha e fugir da turma e Mônica comenta que sabia que ele estava mentindo.

História engraçada que o Seu Juca vira ermitão para se livrar da Turma da Mônica, mas para o seu desespero eles aparecem lá após uma fuga dos meninos da Mônica. Seu Juca tenta se afastar deles, não consegue e sofre várias confusões, até que perguntam se ele sabia voar. Como nega e até chora, a turma fala pra voar amanhã junto com os amigos deles e Seu Juca pira de vez e voa bem longe para se livrar deles.

Seu Juca tinha pânico só de pensar nas crianças, se fosse mais firme, era só expulsá-los de lá. Até poderia aceitar a ajuda da Mônica para tirá-lo das pedras, mas como sabe que a ajuda deles era torta e sempre atrapalhavam mais ainda, mesmo que sem querer, preferiu não arriscar. A turma não acreditava que ele não sabia voar e ficavam insistindo, o medo dele das crianças era tão alto que conseguiu o inimaginável de voar só para se livrar deles, do tipo do medo conseguir fazer coisas impossíveis, era engraçado isso. Afinal, se já estava sofrendo com três, conhecer e aturar mais crianças malucas como eles, Seu Juca não iria aguentar.

Mônica dessa vez estava sem pontaria boa, azar do Seu Juca que sofreu com os socos dela. Ficou em aberto se ela bateu nos meninos depois que Seu Juca fugiu já que eles tinham parado lá depois de terem aprontado com ela. Interessante o Cascão querer autógrafo do Seu Juc apor ele ser ermitão, virou ídolo porque ia ficar sem água.

Foi engraçada do início ao fim com destaques do Seu Juca pensar que era alucinação as crianças entrando na manta dele, os socos da Mônica fazendo ele parar longe, absurdos de eles chegarem naquela montanha só na fuga para não apanhar da Mônica e de Seu Juca cair e escalar montanha toda hora e Cebolinha dizer que a Mônica seria passarinho de tão feia que é. Incorreta atualmente pelas crianças perturbarem homem desequilibrado, as pancadarias que o Seu Juca sofreu, aparecer surrado e os absurdos mostrados. 

Pareceu desenho animado com muito movimento de socos e Seu Juca caindo da montanha e voltando e caindo de novo. Definitivamente ele sofreu com a turma dessa vez, pelo menos não terminou internado no hospício, mas não deixa de ter ficado louco com a turma e ter se dado mal. Mostra que ele era um cara desequilibrado, com alta crise de pânico e que não sabe lidar com as emoções, preferia isolamento social do que se esbarrar com a turma. Mereceria uma super terapia para se livrar disso. A turma, por sua vez, gostava do Seu Juca, mas não se tocavam que ele não os suportavam e muito menos que estavam sendo inconvenientes, ficavam bem bobos nas histórias com o Seu Juca, que já chegou a ficar no limbo do esquecimento entre 1985 a 1996 e quando voltou, foi mais brando do que era na época da Editora Abril, já falei mais detalhes sobre o personagem AQUI.

Os traços ficaram bons, ainda seguindo estilo de desenhos de 1979 com personagens já começarem a ficar com contornos arredondados, ficou até bem parecido com a forma consagrada de traços como seria no decorrer dos anos 1980. Tiveram erros de balão não ser todo pintado no 4º quadro da 2ª página da história e do Cebolinha com pálpebra branca no penúltimo quadro da 4ª página da história.  Curiosidade desse gibi 'Mônica Nº 118' ser o primeiro a ter formato reduzido com 2 cm a menos na altura em relação como era nos anos 1970 e foi um padrão de todos os gibis lançados a partir de fevereiro de 1980. Essa história foi republicada depois em 'Almanacão de Férias Nº 6' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Almanacão de Férias Nº 6' (Ed. Globo, 1989)

Magali: HQ "Sorria e... engula!"

 

Magali: HQ "Sorria e... engula!"


Em homenagem ao "Dia das Mães" mostro uma história em que a Magali foi entrevistada para uma revista de culinária e sua mãe aproveitou a oportunidade para que a filha ficasse famosa internacionalmente. Com 12 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 188' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Magali Nº 188' (Ed. Globo, 1996)

Dona Lili atende telefone de uma repórter da revista "Engula" sobre comida e quer entrevistar a Magali, a fama de gulosa dela chegou até lá e Dona Lili fica eufórica da filha ser famosa e ela ser mãe de uma menina famosa, pode ser início de grande carreira como modelo e atriz, viajar pelo mundo todo nas passarelas e diz que vai junto defendendo interesses e cuidando do futuro da filha. 

Dona Lili fica feliz que todos esses anos cozinhando toneladas de comida seriam recompensados e sai pra trocar de roupa e ficar bem bonita e manda Magali também trocar de roupa. Mais tarde chegam os repórteres, Dona Lili os recebe, apresenta a casa e a filha e diz para não repararem, não tiveram tempo de se arrumar. 

Começa a entrevista, a repórter lembra que a revista "Engula" é feita para gourmets, apreciadores de iguarias finas e Magali foi escolhida como personalidade do mês porque deve ter um paladar bastante apurado. Pergunta para Magali desde quando ela tem grande apetite. Dona Lili responde que desde pequenininha, eram 38 mamadeiras por dia, fora chazinhos e sopinhas.

Repórter pergunta para Magali o que ela mais gosta de comer, Dona Lili responde de tudo e citando algumas coisas que ela gosta. A repórter quer a filha responda, Dona Lili diz que vai preparar um chá para eles e volta um segundo depois, sem nem dar tempo de Magali responder a pergunta. O assistente sugere que vão fazer a entrevista na redação da revista, apenas a Magali sem a mãe ir junto. Dona Lili lamenta, mas deixa. 

Já na redação, Magali responde suas comidas preferidas por ordem alfabética e a repórter dar entrevista como encerrada porque só a lista das comidas já ocupa página inteira. Magali pergunta se não tem lanchinho porque a conversa deu fome e a repórter fala que depois de fotografarem. O assistente leva Magali ao estúdio de fotografia com as comidas expostas par serem fotografadas para a revista do mês e o assistente segura Magali para não comer.

Magali senta na poltrona para ser fotografada com melancia na mão e ela come antes de tirar a fotografia. O assistente fala que ela pode fazer tudo que quiser, só não comer aquela melancia. Magali aproveita pra comer toda a comida da exposição e o assistente manda todos fotografarem todos os pratos que ainda conseguem salvar.

Depois, Dona Lili reclama que eles estão demorando, quer ir até lá, quando eles trazem a Magali de volta, a tirando do carro e chamando de monstrinho. Magali fala para mãe que ela vai sair na revista, não haveria tempo de mudar tudo por conta da revista estar atrasada, só que o artigo vai ser um pouco diferente. No dia seguinte, Dona Lili compra a revista e vê que a matéria era os perigos do exagero e cenas chocantes do apetite descontrolado de uma menina.

Dona Lili lamenta preocupada que depois dessa pode dar adeus á carreira internacional da filha e reconhece que ela foi boba, exagerada, ridícula, até. Em seguida, aparecem repórteres da revista "À toa em forma" querendo entrevistar a Magali para saber como consegue manter o corpinho esbelto comendo tanto. Dona Lili ouve, se apresenta como mãe dela, troca de roupa e passa a responder perguntas no lugar da filha.

História engraçada em que a Dona Lili acha que a Magali poderia ficar famosa aproveitando oportunidade que a filha seria entrevistada para matéria de uma revista de culinária. Dona Lili ficou tão entusiasmada que não deixava a Magali responder as perguntas da repórter e tiveram que entrevistar na redação sem presença da mãe. Magali come todos os pratos expostos para serem fotografados para a revista e o jeito é mudarem matéria de alerta de perigo de menina que tem um apetite descontrolado. Apesar de tudo, tem uma nova oportunidade de Magali ser entrevistada para outra revista e Dona Lili faz tudo de novo como na primeira vez.

Magali começou comportada, mais lúcida que a mãe, obedecendo caprichos da mãe obcecada pela fama da filha, mas quando chega em um estúdio repleto de comida, não conseguiu se controlar, virando um monstro devorando tudo e isso ainda virou assunto da nova matéria. Se Dona Lili não fosse tão intrometida em casa, a entrevista e as fotos poderiam ter continuado lá mesmo sem precisar ir para redação e nada desse constrangimento aconteceria. A revista teve prejuízo com a comilança da Magali, mas se vingou a retratando como monstro perigoso para a sociedade que devora tudo descontroladamente, se a revista vendeu bem com o sensacionalismo, compensou o prejuízo dado.

Mostrou que Dona Lili aprendeu nada, queria que a Magali fosse famosa e ter carreira internacional de modelo e atriz e ela ir junto nas viagens como empresária da filha e mesmo vendo o escândalo que foi a primeira entrevista, continuou a mesma coisa na segunda entrevista, sem deixar Magali responder as perguntas, queria se intrometer em tudo. Nem pensou em constrangimento da filha, se ela queria ser famosa, só pensava na fama e ganhar muito dinheiro e viajar com a filha. O final ficou em aberto se foi tudo igual como na primeira entrevista ou imaginar como foi nessa nova.

História retratou de forma divertida mães que querem que filhos fiquem famosos a todo custo sem nem perguntar se filho quer isso e sem preocupar com o bem estar deles, que infelizmente acontece muito na vida real principalmente com mães de meninas. Até foi uma personalidade diferente da Dona Lili, mais eufórica e sem pensar na Magali, já que o normal era mais equilibrada e sensata, mas sendo só por uma história para diferenciar e alertar sobre esse problema de mães agindo assim, tudo bem.

Engraçado a mãe atendendo telefone só dizendo sim, chamar filha de comilona e depois corrigindo como gulosa, dizer que valeu o sacrifício de cozinhar toneladas de comidas esses anos todos, Magali parada só ouvindo a mãe, Magali listar suas comidas preferidas, devorar tudo na redação e sendo jogada para fora do carro e tratada como monstrinho pelos repórteres. A revista "Engula" foi paródia da revista "Gula" da vida real e "À toa em forma" foi fictícia porque não existia revista de boa forma com nome semelhante.

Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1990. Tiveram erros de algumas cenas com Dona Lili sem lábios com batom e sem bolinhas de maquiagem nas bochechas da Magali e a repórter falando de boca fechada em dois quadros seguidos da última página. Incorreta atualmente por Dona Lili agir como mãe que quer fama da filha a todo custo sem se preocupar nos constrangimentos dela e sem aprender lição no final, deixar a Magali ir sozinha de carro com desconhecidos, hoje adaptariam pra ela ir junto e deixar a Magali entrevista em uma sala e Dona Lili esperando em outra sala reservada, dirigirem sem cinto de segurança e implicariam também com absurdos de Magali devorar um bolo de uma só vez e todos os pratos da redação em questão de segundos, palavras de duplo sentido como "pimpolho" e coisas datadas como televisão de tubo.