UM SUBMARINO NO QUINTAL " Primeira Grande Guerra (1914-1918). Era o ano da graça de Nosso Senhor de 1915. O Brasil declarava guerra aos Impérios de Europa Central. O povo curitibano, pondo-se em brios patrióticos, começou a hostilizar alemães e descendentes com apupos e palavras de ordem como "Morra o Kaiser" e "Abaixo a Alemanha e a Áustria".

 UM SUBMARINO NO QUINTAL
" Primeira Grande Guerra (1914-1918). Era o ano da graça de Nosso Senhor de 1915. O Brasil declarava guerra aos Impérios de Europa Central. O povo curitibano, pondo-se em brios patrióticos, começou a hostilizar alemães e descendentes com apupos e palavras de ordem como "Morra o Kaiser" e "Abaixo a Alemanha e a Áustria".

UM SUBMARINO NO QUINTAL

" Primeira Grande Guerra (1914-1918). Era o ano da graça de Nosso Senhor de 1915. O Brasil declarava guerra aos Impérios de Europa Central. O povo curitibano, pondo-se em brios patrióticos, começou a hostilizar alemães e descendentes com apupos e palavras de ordem como "Morra o Kaiser" e "Abaixo a Alemanha e a Áustria".

Os mais afoitos, tomados por fúria patriótica, apedrejavam casas comerciais, residências, bem como as Sociedades. Quando a turma invadiu o "Deutscher SangerBund", hoje Clube Concórdia, quebrando móveis e lançando objetos pelas janelas, também saiu voando pela janela o retrato de um homem gordo, careca e bigodudo com pose de prussiano, qual não foi a surpresa. Tratava-se do ilustre brasileiro, o Senhor Barão do Rio Branco.

Segunda Grande Guerra (1939-1945). Novamente o povo curitibano de descendência alemã sentiu na pele o preconceito pela declaração de guerra ao Eixo. Desta feita entraram na dança também italianos e japoneses. Era proibido falar alemão na rua. A polícia prendia qualquer pessoa, fosse homem, mulher, criança, moço ou velho.

Um fato assaz interessante aconteceu com duas irmãs de distinta família israelita. As duas conversavam na rua e a polícia muito zelosa levou-as para a delegacia. O genro de uma delas foi chamado e, lá chegando, ouviu sua sogra que não parava de repetir ao delegado: "Senhor delegado, nós não fala alemão, nós fala judeu". Elas esta-vam conversando em "idisch".

Outro fato inusitado aconteceu nesta época. Família de grande projeção no comércio e sociedade, com estabelecimento comercial na Rua José Bonifácio, foi denunciada ao zeloso delegado de plantão de que ela estaria construindo secretamente, nos fundos do estabelecimento comercial, vejam só, um submarino.

Os sócios foram todos intimados a comparecer ao Gabinete de Sua Excelência para prestar depoimento e aí explicaram que o fundo de seu estabelecimento não era os estaleiros de Kiel e, ademais, eles não tinham "know-how" suficiente para empreendimento de tal envergadura.

Sem contar que o transporte via ferroviária ou rodoviária (pela Velha Graciosa) daria muito na vista; se optasse por colocar o submarino no Rio Iguaçu e fazê-lo navegar via Rio Prata, encontraria as Cataratas do Iguaçu, e por certo não aguentaria impacto despencando nos abismos da Garganta do Diabo.

Pois, ainda assim, não foi nada fácil convencer o diligente representante da Lei e da Ordem! "

(Autor: Raul Manfred Reinhardt, é pesquisador e antiquário / Extraído de: Trezentas Histórias de Curitiba)

(Foto ilustrativa: Pinterest)

Paulo Grani