FLORIANO ESSENFELDER E A PRIMEIRA HÉLICE DE AVIÃO DO BRASIL
FLORIANO ESSENFELDER E A PRIMEIRA HÉLICE DE AVIÃO DO BRASIL
Apresentando-se ao público nesse local, Cícero Marques fez uma série de evoluções com o avião e, ao final de uma delas, quando empreendia nova aterrissagem , teve quebrada a hélice do aparelho ao tocar o solo. Na ocasião, não existia outra hélice no Brasil. Para vir da Europa, de navio, a peça levaria cerca de três meses. Foi ai que Jorge Leitner, conhecedor da capacidade artesanal dos Essenfelder, teve a idéia de procurá-los, expondo-lhes o problema. Em companhia do piloto do avião, vieram à Fábrica Essenfelder, mostrando-lhes a hélice quebrada e perguntando-lhes se eram capazes de fazer outra igual. Mesmo não dispondo de tempo suficiente, face ao trabalho na fábrica, Floriano foi quem aceitou o desafio e, depois de examinar detalhadamente a hélice quebrada, reuniu a madeira adequada e começou logo a trabalhar. Entusiasmou-se tanto pelo serviço que passou a executá-lo durante a noite, para ganhar tempo.
Antes que estivesse totalmente pronta, Floriano não deixou que ninguém visse a nova peça, terminando-a em tempo recorde, pouco mais de vinte dias. Para surpresa de todos, aquela hélice aqui construída era mais leve e mais resistente que a original. Aplicada ao avião, a peça foi posta a funcionar, atendendo plenamente às exigências. A tarefa estava cumprida.
Mais tarde, o Governo do Estado fazia igual pedido de outra hélice e Floriano fabricou-a, igual à primeira, tendo sido levada ao Uruguai, onde fez parte da mostra industrial do Paraná, na Exposição Sul-Americana. Em conseqüência dessas exposição, Floriano ganhou um diploma e uma medalha de ouro. O mais importante é que alguns observadores franceses viram o trabalho e, sem muito tardar, chegou uma proposta do Governo Francês, vinda de Paris, pedindo-lhe que construísse um número expressivo de hélices. Ao receber a noticia por telegrama , ponderou e resolveu não atender à solicitação, justificando, segundo palavras de sua esposa, três motivos principais:
1 — Sendo alemão de nascimento, não poderia fabricar hélices para a França, que estava em guerra contra a Alemanha;
2 — 0 Brasil não participava da guerra;
3 — Seu pai não queria que se descuidasse dos afazeres próprios e ele mesmo não admitia se afastar da fábrica de piano, pois nas horas difíceis Floriano era um incansável lutador. A ele se deve grande parcela do sucesso de F. Essenfelder & Cia.
Durante a guerra de 1945, realizou importante trabalho: projetou várias máquinas para produção de pianos, principalmente aquelas destinadas à elaboração de peças dos mecanismos, uma vez que a época não permitia a importação e era de vital importância possuí-las.
O seu grande espírito humanitário fez dele um participante de diversas sociedades filantrópicas, tendo recebido, no dia 06 de maio de 1958, o titulo de "Cidadão Honorário de Curitiba ". Foi agraciado com a "Medalha de Mérito de Santos-Dumont", concedida pelo Ministério da Aeronáutica em 1961. Como desportista, praticou vários esportes e foi um dos atletas do Coritiba Foot Bali Club, destacando-se também em competições de tiro ao alvo e caça.
Nessa época, a imprensa curitibana enalteceu-lhe a personalidade enfocando o fato que lhe proporcionou tão excelso merecimento: "Um dia, quando se compuser devidamente a história do progresso industrial de nossa terra, o nome Essenfelder refulgirá em lugar de honra. [...]" - Texto de Cezar Azevedo (bisneto de Floriano Essenfelder), Solange Essenfelder de Azevedo e outros).
Paulo Grani
Piloto Cícero Marques e seu aeroplano, com a nova hélice.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo.
Interior da sala de montagem da antiga fábrica, década de 1910.
Foto: Acervo família Essenfelder
Foto: Acervo família Essenfelder
Visita do Presidente do Paraná, Dr. Carlos Cavalcanti, acompanhado por escolta montada, à antiga fábrica de Pianos Essenfelder, década de 1910, sita à antiga Estrada da Graciosa.
(Acervo família Essenfelder)
(Acervo família Essenfelder)
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