sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Histórias Curitiba - O violino dispensado

 

Histórias Curitiba - O violino dispensado

John Regis Fassbender Teixeira
deveria ter dez a onze anos. já estudando em Santa Maria, rindo e franco, com sua admirável batina marista e ainda acreditando, até na Doçura de Vossa Virgem Maria.
médico filho único psiquiatra, portando no nariz óculos de aro dourado, lentes de mais de cinco graus, acabando por ser conduzido aos braços da música e obrigatoriamente obrigado a estudar violino...!
Morava na Rua Buenos Aires, 243, em frente ao antigo Museu; e duas vezes por semana, terça e quinta-feira - aqui estou eu peepers, óculos de sol instrumento polido em estojo de madeira vermelho, e o pé-dois (para salvar o passe de bonde ida e volta) rota para vencer o topo do Dr. Mu-Ricy (subidaça!) virar a direita e um dos mais belos casarões da Piazza Garibaldi, bater cartão com a doce, bela e inefável professora Bianca Bianchi e os maiores artistas do Paraná e sem dúvida belezas mais calmas que esses pinheiros já viram.
Pulso mestre.
violinista internacionalmente aclamado.
Seus shows - em Curitiba, no Brasil e no mundo, carregavam palmas (público em pé) que ainda hoje ecoam.
quanto eu a amava, mesmo, na ordem inversa eles odiavam o violino - tanto que o prussiano se impôs em meus dedos quase infantis por minha mãe, "...um Tardin Fassbender", peto casamento... Teixeira, e cjue segundo longlquos parentes , era a "sobrinha neta Shubert", fato que jamais poderia sequer chegar perto de qualquer confirmação, ainda mais pálida.
Com certeza não foi por falta de talento da professora Bianca Bianchi que não passei da segunda posição, no meu violino inti-morato; definitivamente o delicado instrumento musical não havia sido imaginado para mim, aquelas musiquetas sobrecarregadas, assediadas e estilhaçadas riscadas aqui e ali, principalmente uma que pudesse aprender uma canção, "O CUCO", cuja execução deve ser apavorada e infernado pleiades vizinhos até então
calados e batida sonolenta...
A volta para casa, depois da aula, foi de puro alívio.
Cruzou a Praça Zacarias sobe o delicioso velho Emiliano Perneta, poeta de rua, uma casa ser escamosa - Dalton Trevisan, ao fundo da Olaria pintada de branco; além disso "Shoe D'Aquinno" clientes italianos de meu pai, que sempre deixavam muita comida boa e intempestiva, doces mil para satisfação afunda o bairro, como eu... No centro da avenida corria o bonde: às vezes em dupla faixas, a maior parte do caminho simples; no andar de cima, perto do Museu, na esquina da Buenos Aires, os trens rumo ao Batel-Seminário vinham devagar-quase-parando; quem vinha para o centro, tombava o caminho com mais velocidade, tudo em função da ladeira que era o final da Emiliano.
Pois foi justamente nesta rua principal que voltei pela última vez, a aula de violino: fiquei meia hora observando o movimento, encostado na parede da casa de Epaminondas Santos.



Após
longa espera de meditação, junto com duas ou três pessoas que esperavam na fila pelo coletivo, que o veículo acolhesse os passageiros e retomasse o funcionamento normal, embicando a velocidade pela forte queda, já narrada.
E agora mesmo, com gana real, tocou o estojo do violino (com dito dentro, claro!), bem embaixo das rodas dianteiras do veículo barulhento e amarelo, que foi carregado brevemente por cowcatcher e segundos se transformou em milhares e milhares de pedaços, trapos, entulhos e lascas de madeira; cordas e até pedaços de breu...
Juntei restos e voltei para casa.

Nem Átila marchou com mais desenvoltura do que eu...

Fui para casa com uma vingança de Zeus, chamada libertação da alma; colocou a serragem que sobrou do violino na mesa da cozinha e disse a Mama, ele me olhou espantado;

- 'Avisa para dona Bianca Terça que ela não virá para a aula.
E nunca colocamos a mão em nenhum violino, meu ou de outros. "

E nada mais foi dito.

Nem perguntado...
João Regis Fassbender Teixeira é jornalista, advogado e professor universitário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário