O “ipva” do tempo das carroças
As carroças foram criadas há milênios para facilitar o transporte de cargas e pessoas, e sua história se mistura à da invenção da roda. Os primeiros registros de seu uso na Antiguidade foram encontrados em gravuras dos sumérios, na Mesopotâmia, feitas por volta de 3000 a.C.. Gregos e romanos promoviam até corridas de bigas (tipos de carroças com duas rodas). Na Idade Média surgiram as carruagens, tipos mais sofisticados de carroças, utilizadas para transportar a nobreza, algumas até forjadas com ouro. Nobres e pobres se utilizavam de veículos movidos a tração animal até a invenção dos primeiros veículos movidos a vapor, após a Revolução Industrial, já no século XIX.
No Brasil ainda na época colonial os portugueses introduziram os carros de boi para transporte nas lavouras de cana-de-açúcar, e no século XIX os imigrantes europeus trouxeram algumas novidades para a época como o arado e a carroça, ambos tracionados por força equina. Os “carroções” dos poloneses, como eram chamados, tinham até armação com toldos para proteger do sol e da chuva.
As carroças se tornaram tão abundantes que na primeira metade do século XX foram criadas leis que obrigavam o seu emplacamento e recolhimento de tributo. A Lei 1297/1956 de Curitiba dizia que “o imposto de licença sobre veículos (...) incide sobre todos os veículos de qualquer natureza e modalidade de tração, e será devido pelo respectivo proprietário (…) será feito na época própria de matrícula dos veículos, de uma só vez para o ano todo”. Esse texto foi alterado na Lei 1821/1959 que previa que o imposto “incide sobre todos os veículos de qualquer natureza e modalidade de tração, com exceção dos de tração humana (bicicletas) e tração animal”.
Em Araucária, a prefeitura municipal mantinha livros anuais para registro de veículos, incluindo as carroças. Nessa época as estradas rurais do município eram estreitas e precárias, cabendo aos próprios moradores cuidar de sua conservação a fim de deixá-las apropriadas para a passagem de carroças. A cada três dias trabalhados os colonos ganhavam um selo de bonificação que os isentava de taxa no emplacamento das suas carroças.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Livro de registro de veículos de Araucária, 1940
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Carroças estacionadas na praça para a missa de domingo de ramos, na Igreja Nossa Senhora dos Remédios, 1936
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)
Livro de registro de veículos de Araucária, 1940
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Carroças estacionadas na praça para a missa de domingo de ramos, na Igreja Nossa Senhora dos Remédios, 1936
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
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