Ayvalık é uma cidade litorânea na costa noroeste do mar Egeu, na Turquia. É um distrito da província de Balıkesir. O centro da cidade de Ayvalık é cercado pelo arquipélago das Ilhas Ayvalık, as quais se localizam na proximidade da ilha grega de Lesbos.
Na antiguidade, a região era ocupada por uma cidade portuária eólia chamada Kydonies (em grego clássico: Κυδωνίες), cujo porto servia cidades vizinhas, como Pérgamo. Durante a era otomana, o nome da cidade foi trocado para Ayvalik. No entanto, a região permaneceu predominantemente grega por séculos e, embora os turcos a conhecessem por seu nome atual, sua população grega permaneceu usando o nome antigo Kydonies ou, eventualmente, a versão helenizada de seu novo nome, Aivali (Αϊβαλί).
Geografia
Ayvalık é um distrito da província de Balıkesir, na Turquia, na costa do Mar Egeu. Está situado numa planície costeira estreita, com colinas baixas cobertas por pinheiros e oliveiras ao leste. Pelo mar, Ayvalık é cercada pelo arquipélago das Ilhas Ayvalık (a maior das quais é a Ilha Cunda) e por uma península estreita no sul chamada Hakkıbey. Ayvalık é o distrito mais ao sul da província de Balıkesir. Gömeç, Burhaniye e Edremit são outros distritos vizinhos, situados nas margens do mar Egeu e alinhados respectivamente ao norte de Ayvalık. A região sofre influência de um típico clima mediterrâneo, com invernos amenos e chuvosos e verões quentes e secos.
Vários estudos arqueológicos na região provam que Ayvalık e seus arredores foram habitados desde a era pré-histórica. Joseph Thacher Clarke acreditava ter identificado a região como a localidade de Cístene, colônia grega mencionada por Estrabão como um lugar em ruínas em um porto natural além do Cabo Pirra.[1]
Visão panorâmica do centro da cidade de Ayvalik
Pordoselene, perto do centro de Ayvalık, também foi um assentamento importante na Antiguidade. Suas ruínas encontram-se na parte oriental da ilha Cunda, próximo ao mar. Todos os dados arqueológicos no local foram relacionados à Idade Clássica e Medieval.
A ameaça constante representada pela pirataria no passado não permitiu o pleno desenvolvimento dos assentamentos nas ilhas do arquipélago, e portanto apenas na Ilha Cunda (também denominada pelos turcos como Ilha Alibey e conhecida entre os gregos como Moschonisia, ou "ilha perfumada") foi possível manter presença humana em maior quantidade, uma vez que é a maior ilha e a mais próxima do continente.
Depois do período bizantino, a região ficou sob o domínio do beilhiqueanatólio de Karasi no século XIII. Posteriormente foi anexada ao território do beylikotomano, o qual viria a se tornar o Império Otomano nos séculos seguintes. Os habitantes locais contribuíram com suas economias para a luta grega pela independência, incluindo a famosa Psorokostaina.
Em 1821, após protestos e tumultos, a população grega masculina foi massacrada e as mulheres e crianças foram destinadas à escravidão. Conforme relatado pelo embaixador britânico Lord Strangford, Osman Pasha, tendo recebido e aceitado a rendição dos gregos aivaliotes, demonstrou-se indulgente a ponto de permitir que eles mantivessem suas armas. A situação na cidade teria permanecido estável até a chegada repentina de um grande esquadrão de insurgentes gregos, o que estimulou os habitantes a tentarem uma nova revolta, por acreditarem que este havia chegado em seu socorro. Houve um novo grande levante que culminou na morte de cerca de mil e quinhentos turcos. Contudo, o esquadrão (cuja chegada à baía de Ayvalık havia sido meramente acidental) partiu, ficando a comunidade local sujeita a uma resposta violenta dos turcos.
Em 1920 a população da cidade era estimada em 60.000.[2] No local havia um pequeno porto que exportava sabão, azeite, couros de animais e farinha. Os britânicos descreveram Aivali (Ayvalık) e Edremid (Edremit), como a terra do melhor azeite de olivas da Ásia Menor. Eles relataram exportações de azeite local em grande quantidade para a França e a Itália. No entanto, a indústria do azeite de Ayvalık sofreu um duro golpe após a Primeira Guerra Mundial devido à deportação das populações cristãs na área (algumas das quais fugiram para as ilhas gregas no Mar Egeu) associada à assinatura do Tratado de Lausanne, que até então eram os principais fabricantes de azeite. Alarmado com o declínio da indústria, o governo turco trouxe de volta 4.500 famílias gregas para a área, a fim de retomar a produção de azeite. No entanto, embora esses gregos repatriados recebessem salários, eles não tinham permissão para viver em suas próprias casas e eram mantidos sob vigilância estatal constante.
Até 1922, Ayvalik era quase totalmente povoada por gregos. Evidências anedóticas indicam que, imediatamente após a derrota na Batalha naval de Chesma (Çeşme), o almirante otomano Cezayirli Gai Hasan Pasha (o qual posteriormente receberia o título de Grão-Vizir) e seus soldados sobreviventes, no caminho de volta à capital, foram hospedados por um sacerdote cristão local em Ayvalık, que não sabia quem eles eram. Hasan Pasha não esqueceu a gentileza demonstrada a seus marinheiros em uma hora da necessidade e, quando se tornou Grão-Vizir, concedeu autonomia aos gregos de Ayvalik, abrindo caminho para que a cidade se tornasse um importante centro cultural para essa comunidade no Império Otomano durante o século XIX e o início do século XX.
A cidade foi tomada pelo exército grego em 29 de maio de 1919 e retomada três anos depois pelas forças turcas sob o comando de Mustafa Kemal Atatürk em 15 de setembro de 1922. Uma parte da população conseguiu fugir para a Grécia. No entanto, uma parte significativa dos homens locais foi aprisionada pelo exército turco e morreu durante as marchas de morte no interior da Anatólia. Entre as vítimas estavam o clero cristão da cidade e seu bispo metropolitano Gregory Orologas.[3][4] Após a Guerra da Independência Turca, a população grega remanescente e suas propriedades na cidade foram trocadas por uma população muçulmana oriunda da Grécia e de outras terras anteriormente otomanas, sob o acordo de 1923 para o intercâmbio de populações entre a Grécia e a Turquia. A maior parte dos novos habitantes eram turcos muçulmanos de Mitilene, Creta e da Macedônia. Muitas das mesquitas atuais na cidade são igrejas ortodoxas gregas que foram convertidas após a troca da população.
Modern Ayvalık
Hoje, a população de Ayvalık é de cerca de 30.000 habitantes, com significativo aumento durante o verão devido ao turismo. Ayvalık e seus arredores são famosos pela alta qualidade da sua produção de azeite, que fornece uma importante fonte de renda para a população local.[5] Ayvalık e as inúmeras ilhotas que circundam a área da baía são populares destinos de férias na Turquia contemporânea. A maior e mais importante dessas ilhotas é a Ilha de Cunda (também conhecida como Ilha de Alibey), que está conectada à Ilha de Lale, e desta ao continente, por uma ponte no formato causeway construída no final da década de 1960. Esta é a ponte mais antiga da Turquia que liga terras separadas por um estreito. Ayvalık e Cunda são famosas por seus restaurantes de frutos do mar localizados à beira-mar.
Ayvalık também tem duas das mais longas praias da Turquia, que se estendem até o distrito de Dikili, em Izmir, quase 30 km ao sul. Estas são as praias Sarimsakli e Altınova. Nos últimos anos, Ayvalık também se tornou um importante polo para mergulhadores devido à sua fauna subaquática.
A Academia Internacional de Música de Ayvalık (AIMA) foi fundada em setembro de 1998.[6] Os alunos recebem aulas de violino, viola e violoncelo. A academia reúne estudantes de todo o mundo e oferece a eles uma preciosa oportunidade de trabalhar com mestres ilustres de seu ramo.
A Universidade de Harvard estabeleceu, juntamente com a Universidade de Koç, na Turquia, um projeto na ilha de Cunda, em Ayvalık, através do qual organizam durante todos os verões uma Escola de Verão Intensiva de Otomano e Turco.[7][8]
Com o seu rico património arquitectônico, Ayvalık é membro da Associação Europeia de Cidades e Regiões Históricas (EAHTR), sediada em Norwich.[9]
Cultivo de azeitona
Ayvalık possui relatos de cultivo de olivas por milênios,[10] com mais de 2,5 milhões de oliveiras cobrindo 13.200 hectares, ou 41,3% da região. Centenas de árvores têm mais de 500 anos de idade. A produção comercial começou na década de 1950 e se destacou na década de 1960.[11]
A variedade de oliveiras de Ayvalık, com 24% de aproveitamento, está entre as dez principais cultivares da Turquia. 80% dos frutos das olivas são processados em óleo, 20% em azeitonas de mesa (a área é o segundo maior produtor de azeitonas da Turquia). Os outros são Çekiste (26% de rendimento com 1.300.000 árvores), Çelebi (400.000 árvores e 20% de rendimento), Domat, Erkence (25% de rendimento e bom polinizador com 3.000.000 de árvores), Gemlik (29% de rendimento e bom polinizador), Izmir Sofralik (20% de rendimento), Memecik, Memeli (20% de rendimento e bom polinizador) e Uslu (900.000 árvores).[12]
Vista panorâmica da baía de Ayvalık e do arquipélago das ilhas de Ayvalık a partir de Şeytan Sofrası.
Habitantes ilustres
Photis Kontoglou, escritor, pintor e iconógrafo
Elias Venezis, autor
Gregory (Orologas) de Kydonies, bispo metropolitano de Kydonies, etnomártir que tornou possível que a maioria da população grega fugisse para a Turquia via Cruz Vermelha Internacional, sendo executado pelas autoridades turcas durante o conflito
↑Joseph Thacher Clarke, "Gargara, Lamponia and Pionia: Towns of the Troad" The American Journal of Archaeology and of the History of the Fine Arts4.3 (September 1888, pp. 291-319) p. 295 note 13.
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