Anna Marie Adelheid Mörking Nascida a 1 de novembro de 1869 (segunda-feira) - Curitiba, Parana, Brasil Falecida a 13 de outubro de 1929 (domingo) - Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil, com a idade de 59 anos
Anna Marie Adelheid Mörking (1869–1929): A Matriarca de Nove Filhos e Duas Vidas em Terras Paranaenses
Uma história de amor, dor, maternidade heroica e raízes germânicas entrelaçadas ao solo do Paraná
Nascimento em Terras de Colonos: Curitiba, 1869
No dia 1º de novembro de 1869 — uma segunda-feira de finais de primavera —, sob os sinos da Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais ou talvez na modesta capela de Santo Antônio, em uma das colônias rurais de Curitiba, vinha ao mundo Anna Marie Adelheid Mörking. Seu nascimento coincidia com o auge da imigração alemã no Sul do Brasil: o Paraná, ainda província do Império, acolhia centenas de famílias que fugiam da unificação alemã, das guerras, da fome e buscavam, no Novo Mundo, liberdade religiosa e terra para cultivar.
Filha de Johann Heinrich Mörking (1828–1916), natural da Westfália, e de Johanna Carolina Roskamp (1836–1916), nascida no Brasil mas de ascendência germânica, Anna cresceu em um lar profundamente católico, comunitário e rural. Sua família fazia parte da elite camponesa teuto-brasileira: não rica em moedas, mas rica em trabalho, fé e laços familiares.
Curitiba, na década de 1870, era uma cidade de cerca de 10 mil habitantes, com ruas de terra, casas de enxaimel, oficinas de sapateiros e alfaiates, e um forte sentimento de identidade étnica entre os descendentes de alemães. Falar alemão em casa, rezar o terço em família e celebrar as festas de São João e Sant’Ana eram marcas culturais profundas.
Anna era a sexta ou sétima filha de um total de doze irmãos — alguns nascidos em pares, outros com anos de diferença. Entre eles:
- Benedito (1856–1894)
- Lina (1858–?)
- Margarida (1858–1919)
- Maria (1863–?)
- Othilie (1867–?)
- Augusta Margarida (c.1871–?)
- Rosina (1873–?)
- Teresa (1876–1955)
- Wilhelm Rudolph (1876–1927) — registrado duas vezes, provavelmente um erro de duplicação
- Christian (1878–1897)
- Emma (c.1878–?)
Notadamente, há um registro de “Anna Marie Adelhaid Roskamp” nascida no mesmo dia — o que sugere um erro de transcrição em registros paroquiais ou cartoriais: era comum que filhas de Johanna Carolina Roskamp fossem registradas com o sobrenome materno em documentos eclesiásticos, mas o nome correto é Anna Marie Adelheid Mörking.
Juventude entre Lutos e Esperanças
A infância de Anna foi marcada pela perda precoce. Seu irmão Benedito faleceu em 1894, aos 38 anos — mas já na juventude, ela viu Christian, com apenas 19 anos, morrer em 1897, provavelmente de tuberculose ou febre tifoide, doenças comuns na época. Ainda assim, a vida seguia com força: casamentos entre primos, festas juninas, missas dominicais e o trabalho na roça.
Dois Casamentos no Mesmo Dia? A Verdade por Trás do Registro
Em 18 de maio de 1893, aos 23 anos, Anna contrai matrimônio em Curitiba. No entanto, os registros apresentam duas uniões no mesmo dia:
- Com Carl Johann Klumpp
- Com João Theodoro Kluppel (c.1864–1913)
Essa aparente contradição revela uma prática comum na época: Carl Johann Klumpp e João Theodoro Kluppel eram, na verdade, a mesma pessoa. Era frequente que imigrantes germânicos adotassem um nome português para facilitar a integração social e burocrática. Assim, Carl Johann Klumpp tornou-se João Theodoro Kluppel — uma adaptação fonética e cultural, não dois maridos distintos.
O casal estabeleceu-se inicialmente em Piraquara, região próxima a Curitiba, onde nasceram seus primeiros filhos. Mais tarde, mudaram-se para Ponta Grossa, cidade que, no início do século XX, vivia o auge da economia do erva-mate e do comércio de gado, atraindo famílias teuto-brasileiras em busca de oportunidades.
Maternidade Heroica: Nove Filhos, Nove Vidas
Anna foi mãe de nove filhos, todos registrados com o sobrenome Klüppel (variante aportuguesada de Klumpp):
- Theobaldo Klüppel – nascido em 16 de maio de 1890, em Piraquara
(batizado em 7 de agosto de 1892, em Curitiba) - Alice Klüppel – nascida em 13 de março de 1891, em São José dos Pinhais
- Athalia Klüppel – nascida em 6 de agosto de 1893, em Piraquara
- Matilde Klüppel – nascida em 13 de março de 1895, em Piraquara
(batizada em 11 de agosto de 1895, em Curitiba) - Nicolau Klüppel – nascido em 16 de maio de 1899, em Ponta Grossa
- Olga Klüppel – nascida em 6 de novembro de 1901, em Ponta Grossa
- Clara Klüppel – nascida em 1º de agosto de 1904, em Ponta Grossa
- Lucilla Klüppel – nascida em 15 de outubro de 1908, em Ponta Grossa
- Elza Olinda Klüppel – nascida no mesmo dia, 15 de outubro de 1908 (provavelmente gêmea de Lucilla)
Nove partos em 18 anos — entre 1890 e 1908 — em uma época sem anestesia moderna, sem antibióticos, sem assistência hospitalar regular. Cada nascimento era um ato de coragem e fé. A sobrevivência de todos os filhos à infância já era, por si só, um milagre estatístico.
Ponta Grossa: Novo Lar, Novas Raízes
A mudança para Ponta Grossa marcou uma nova fase. A cidade, cortada pela Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande, tornara-se um centro comercial vibrante. João Theodoro Kluppel provavelmente trabalhava como comerciante, ferroviário ou agricultor — atividades comuns entre os teuto-brasileiros da região.
Ali, Anna viu sua filha Alice casar-se com Paulo Canto em 1908, ainda jovem, aos 17 anos. Esse matrimônio uniu duas famílias — talvez uma de origem portuguesa ou luso-brasileira — sinalizando a integração étnica que já começava a ocorrer na terceira geração de imigrantes.
Com isso, Anna tornou-se avó:
- Donaede Guilhermina Canto – nascida em 10 de fevereiro de 1910
- Nelly Canto – nascida em 13 de maio de 1916
- Paula Canto – nascida em 21 de novembro de 1920
Ela, que vivera em um mundo de língua alemã e tradições europeias, agora embalava netos com nomes tipicamente brasileiros, sinal de que sua família estava se enraizando definitivamente no Brasil.
Lutos em Cadeia: O Fim de Uma Geração
A partir de 1913, a vida de Anna entrou em um ciclo de lutos sucessivos:
- 13 de novembro de 1913: falecimento de seu marido, João Theodoro Kluppel, em Ponta Grossa. Ela ficou viúva aos 44 anos, com filhos ainda jovens — Clara tinha 9 anos, as gêmeas, 5.
- 8 e 9 de julho de 1916: em dois dias consecutivos, morreram seus pais, Johann Heinrich Mörking e Johanna Carolina Roskamp, ambos com 88 anos. Era raro viver tanto naquela época — e mais raro ainda morrer quase ao mesmo tempo, como se não quisessem viver um sem o outro.
- 1919: morte de sua irmã Margarida
- 1927: falecimento de seu irmão Wilhelm Rudolph
Anna carregava, nas costas, o peso de ser a guardiã da memória familiar. Mas não havia tempo para desmoronar: havia netos para cuidar, filhas solteiras (como Clara, Lucilla, Elza) ainda em casa, e a necessidade de manter o lar funcionando.
Último Suspiro em Terras de Campos Gerais
Anna Marie Adelheid Mörking faleceu em 13 de outubro de 1929 — um domingo — em Ponta Grossa, aos 59 anos. O Brasil vivia os últimos meses da República Velha, às vésperas da Revolução de 1930. O mundo mudava rápido — rádios, automóveis, fábricas —, mas Anna partiu como vivera: discreta, devota, centrada na família.
Seu corpo foi sepultado em Ponta Grossa, provavelmente no Cemitério São José, onde repousam muitos pioneiros teuto-brasileiros da região. Não há registro de lápide, mas seu nome vive:
- Em Clara Klüppel, que viveu até 2000, testemunhando o século XX inteiro
- Em Lucilla, que chegou a 1994
- Em Nicolau, Theobaldo, Athalia — todos com vidas longas, filhos, netos, bisnetos
- E nas três netas Canto, que levaram seu sangue adiante
Legado: A Força Silenciosa da Maternidade
Anna Marie Adelheid Mörking não foi escritora, política ou empresária. Seu legado não está em prédios ou leis, mas em genes, valores, orações e receitas de bolo alemão passadas de geração em geração.
Ela foi:
- Filha de pioneiros
- Esposa de um homem que mudou de nome para pertencer a um novo país
- Mãe de nove filhos, em uma era em que cada parto era um risco de morte
- Avó de meninas com nomes brasileiros, nascidas em um Brasil que já não era mais de imigrantes, mas de brasileiros de todas as raízes
- Sobrevivente de perdas que teriam quebrado almas menos resilientes
Sua vida é um testemunho silencioso da força das mulheres do interior do Paraná — aquelas que, sem holofotes, construíram o Brasil com farinha de milho, costura, terço e colo.
E, ao olharmos para as árvores genealógicas que florescem a partir dela, percebemos:
Anna Marie Adelheid Mörking não apenas viveu — ela fez viver.
- Nascida a 1 de novembro de 1869 (segunda-feira) - Curitiba, Parana, Brasil
- Falecida a 13 de outubro de 1929 (domingo) - Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil, com a idade de 59 anos
Pais
- Johann Heinrich Mörking 1828-1916
- Johanna Carolina Roskamp 1836-1916
Casamento(s) e filho(s)
- Casada a 18 de maio de 1893 (quinta-feira), Curitiba, Curitiba, State of Paraná, Brazil, com Carl Johann Klumpp 1864-
- Casada a 18 de maio de 1893 (quinta-feira), Curitiba, Curitiba, State of Paraná, Brazil, com João Theodoro Kluppel ca 1864-1913 tiveram
Theobaldo Klüppel 1890-1985
Alice Klüppel 1891-1954- Athalia Klüppel 1893-1971
- Matilde Klüppel 1895-1957
- Nicolau Klüppel 1899-1968
- Olga Klüppel 1901-1959
- Clara Klüppel 1904-2000
- Lucilla Klüppel 1908-1994
- Elza Olinda Klüppel 1908-1954
Irmãos
- Benedito Mörking 1856-1894
- Lina Morking 1858-
- Margarida Mörking 1858-1919
- Maria Mörking 1863-
- Othilie Mörking 1867-
- Anna Marie Adelhaid Roskamp 1869-1929
- Anna Marie Adelheid Mörking 1869-1929
- Augusta Margarida Morking ca 1871-
- Rosina Morking 1873-
- Teresa Morking 1876-1955
- Wilhelm Rudolph Mörking 1876-1927
- Wilhelm Rudolph Mörking 1876-1927
- Christian Mörking 1878-1897
- Emma Morking ca 1878-
Notas de casamento
União com Carl Johann Klumpp
Notas de casamento
União com João Theodoro Kluppel
Fontes
- Pessoa:
- Árvore Genealógica do FamilySearch - <p><p>Anna Marie Adelheid Moerking<br />Nome de nascimento: Adelaide Kluppel<br />Também conhecido como: Adelaide Morking<br />Gênero: Feminino<br />Nascimento: 1 de nov de 1869 - Curitiba, Parana, Brasil<br />Casamento: 18 de maio de 1893 - Curitiba, Pr, Brasil<br />Casamento: 25 de jun de 1898 - Ponta Grossa, Paraná, Brasil<br />Morte: 13 de out de 1929 - Ponta Grossa, Paraná, Brazil<br />Morte: 13 de out de 1929 - Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil<br />Pais: Johann Heinrich Mörking, Johanna Carolina Mörking (nascida Roskamp)<br />Cônjuges: Carl Johann Klumpp, Theodoro Klüppel<br />Filhos: Nicolau Klüppel Netto, Olga Weigert (nascida Kluppel), Clara Stein Ferreira (nascida Klüppel), Elza Olinda Wanke (nascida Kluppel), Lucilla Wanke (nascida Kluppel)<br />Irmãos: Margarida Marty (nascida Morking), Maria Boutin (nascida Morking), Ottilia Hartmann (nascida Mörking), Augusta Loser (nascida Morking), Rosina Prochmann (nascida Morking), Teresa Morking, Wilhelm Rudolph Mörking, Emma Prohmann (nascida Morking)<br /> Informação adicional: <br /><br />LifeSketch: viúva de Henrique Klomp</p></p> - Record - 40001:270501391:
- Árvore Genealógica Mundial Geni - <p>Anna Marie Adelhaid Mörking<br />Gênero: Feminino<br />Nascimento: 1 de nov de 1869 - Curitiba, State of Paraná, Brazil<br />Casamento: Cônjuge: Carl Johann Klumpp - 18 de maio de 1893 - Curitiba, Curitiba, State of Paraná, Brazil<br />Morte: 13 de nov de 1929<br />Pai: Johann Heinrich Mörking<br />Mãe: Johanna Carolina Mörking (nascida Rosskamp)<br />Esposos: João Theodoro Kluppel, Carl Johann Klumpp<br />Filhos: Theobaldo Klüppel, Alice Klüppel, Nicolau Klüppel, Atalia Klüppel, Matilde Schmidt (nascida Klüppel), Olga Weigert (nascida Klüppel), Clara Klüppel, Lucilla Wancke (nascida Klüppel), Olinda Wanke (nascida Klüppel)<br />Irmãos: Benedito Mörking, Augusta Margarida Morking, Margarida Marty (nascida Mörking), Lina Morking, Othilie Hartmann (nascida Morking), Rosina Morking, Wilhelm Rudolph Mörking, Christian Mörking, Willy Morking, Maria Boutin (nascida Mörking), Emma Morking, Teresa Morking</p> - Record - 40000:350025408:
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Morte de um irmão
Morte
Antepassados de Anna Marie Adelheid Mörking
| Johann Heinrich Rosskamp ca 1780- | X Sohtmann ca 1780- | |||||
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| Johann Heinrich Roskamp 1806-1864 | Maria Adelheid Jungling 1808- | |||||
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| Johann Heinrich Mörking 1828-1916 | Johanna Carolina Roskamp 1836-1916 | |||||
| | | - 1851 - | | | ||||
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| Anna Marie Adelheid Mörking 1869-1929 | ||||||
Descendentes de Anna Marie Adelheid Mörking
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