Maria Magdalena Erthal Nascida a 26 de agosto de 1883 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil Falecida a 7 de maio de 1948 (sexta-feira) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 64 anos Enterrada - Cemitério do Abranches/Curitiba/Paraná Brasil Do Lar.
Maria Magdalena Erthal (1883–1948): A Matriarca Silenciosa de Abranches
Uma vida entrelaçada entre fé, luto, maternidade e resiliência em Curitiba do Império à República
Raízes: Uma Família Alemã no Coração do Paraná
Maria Magdalena Erthal veio ao mundo no domingo, 26 de agosto de 1883, em Curitiba, capital de um Paraná ainda em formação — uma cidade de ruas de terra, igrejas modestas e comunidades rurais coesas. Filha de imigrantes germânicos, seu nascimento ocorreu em um momento-chave da história brasileira: o Brasil vivia os últimos anos do Império, sob o reinado de Dom Pedro II, e Curitiba era uma vila em expansão, ainda marcada pela ruralidade, mas já abrindo caminho para a modernidade dos trilhos de ferro e das indústrias nascentes.
Seus pais eram Adolph Erthal (1835–1909) e Magdalena Schwarz (1842–1928), casal pertencente à segunda geração de colonos alemães que se estabeleceram na região de Abranches, bairro fundado por imigrantes católicos vindos da região da Renânia-Palatinado e da Boêmia, muitos dos quais chegaram ao Brasil entre 1829 e 1860. Eles não eram nobres, nem ricos — eram lavreadores, artesãos e pequenos proprietários, cuja riqueza estava na família, na fé e no trabalho coletivo.
Adolph, nascido na Alemanha, chegou ao Brasil ainda jovem, talvez na década de 1850. Magdalena, por sua vez, já nascera em solo brasileiro, filha de imigrantes — o que faz de Maria Magdalena terceira geração da diáspora germânica no Sul do Brasil. Essa identidade cultural era vivida com intensidade: a língua alemã era falada em casa, os costumes religiosos eram rigorosamente observados (especialmente os ligados à festa de Sant’Ana, padroeira do bairro), e a vida girava em torno da paróquia, da roça e da família extensa.
Maria era a décima e última filha do casal. Seus irmãos — João (1862–?), Antônio (1864–?), Maria Amália (1866–1901), Helena (1867–?), Alberto (1868–?), Frederico (1871–?), Manoel (1878–?) e José (1881–?) — já eram adultos ou adolescentes quando ela nasceu. Crescer como a “caçula” em uma família numerosa significava ser protegida, mas também observar, desde cedo, os ciclos da vida: casamentos, nascimentos... e mortes.
A Morte que Chega Cedo: O Luto de Maria Amália (1901)
Quando Maria tinha apenas 17 anos, em 7 de junho de 1901, sua irmã Maria Amália, com apenas 35 anos, faleceu em Curitiba. Não se sabe a causa — talvez febre puerperal, tuberculose ou alguma das incontáveis doenças que ceifavam vidas antes da era dos antibióticos. Mas o impacto foi profundo. Na cultura católica germânica, a morte de um jovem era vista como um mistério doloroso da vontade divina, e o luto era vivido com rigoroso recolhimento: vestidos pretos por meses, missas rezadas diariamente, velas acesas nos altares domésticos.
Foi nesse clima de dor que Maria entrou na vida adulta — não com festas, mas com silêncio e oração. Talvez tenha sido nesse momento que sua alma se forjou na resiliência serena que a caracterizaria pelo resto da vida.
O Primeiro Casamento: União com José Kormann (1903)
Dois anos após o luto, em 21 de fevereiro de 1903, Maria Magdalena, então com 19 anos, casa-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora Sant’Ana, em Abranches, com José (Joseph) Kormann, homem 21 anos mais velho, nascido em 1862. José já era viúvo e provavelmente pai de filhos de um primeiro matrimônio (não registrados aqui), o que era comum na época — viuvez precoce e segundas núpcias eram parte do cotidiano em uma sociedade onde a mortalidade materna e infantil era elevada.
O casamento foi celebrado com rituais tradicionais da comunidade teuto-brasileira: missa solene, bênção nupcial em latim e alemão, almoço comunitário na casa da noiva ou do noivo, e oferendas à padroeira Sant’Ana. A jovem Maria assumia não apenas o papel de esposa, mas também de madrasta e gestora de um lar já constituído.
Maternidade e Perdas Entrelaçadas (1904–1914)
Nos onze anos seguintes, Maria deu à luz cinco filhos, todos em Curitiba:
- Anna Kormann – nascida em 26 de novembro de 1904
- Alma Kormann – nascida em 27 de junho de 1906
- Afonso Kormann – nascido em 16 de novembro de 1909
- Amanda Kormann – nascida em 17 de novembro de 1909 (gêmea de Afonso)
- Alice Kormann – nascida em 1914 (data exata não registrada)
O parto dos gêmeos, em 1909, foi um acontecimento raro e considerado bênção divina — mas também extremamente perigoso. A alta mortalidade de partos múltiplos era bem conhecida, e o fato de Afonso e Amanda terem sobrevivido foi visto como um milagre. Ambos foram batizados em 19 de novembro de 1909, na mesma paróquia de Sant’Ana, com padrinhos provavelmente escolhidos entre tios e primos da extensa rede familiar Erthal-Kormann.
Mas 1909 foi também o ano da morte de seu pai, Adolph Erthal, em 3 de julho. Maria, com 25 anos, assistiu ao enterro do homem que trouxera sua família da Europa, que construiu sua casa em Abranches, que rezava o terço todas as noites. A perda do pai coincidindo com o nascimento dos filhos mais novos marca um paradoxo simbólico: a vida e a morte caminhando lado a lado.
Viúva aos 40 Anos: A Solidão e a Coragem (1923)
Em 28 de agosto de 1923, José Kormann faleceu em Curitiba, aos 61 anos. Maria, agora com 40 anos, ficou viúva com quatro filhas e um filho — Afonso, então com 14 anos, era o único homem da casa. A responsabilidade era imensa: manter o lar, orientar os filhos em seus caminhos (casamentos, profissões, vocações religiosas), e honrar a memória do marido.
Naqueles tempos, uma viúva não tinha direito a pensão, salvo raras exceções. Sua sobrevivência dependia do trabalho próprio, da ajuda dos filhos adultos ou da solidariedade da comunidade. Anna e Alma, já com quase 20 anos, provavelmente assumiram papéis de colaboradoras domésticas, enquanto Maria cuidava da casa, da horta, da costura e das orações.
Mas Maria não se fechou no luto.
Segundo Matrimônio: Com Eugênio Walker (1928)
Em 23 de fevereiro de 1928, aos 44 anos, Maria Magdalena surpreende a todos ao contrair segundas núpcias com Eugênio Walker, homem nascido por volta de 1860, portanto com cerca de 68 anos — mais velho até que seu primeiro marido. Esse casamento, celebrado em Curitiba (sem registro paroquial detalhado), revela uma mulher prática, corajosa e determinada a não viver sozinha numa época em que a solidão feminina era frequentemente sinônimo de vulnerabilidade.
Não há registros de filhos desse matrimônio, o que sugere que foi uma união de companheirismo e proteção mútua, comum entre viúvos da terceira idade naquele contexto. Eugênio, cujo sobrenome “Walker” indica possivelmente origem inglesa ou norte-americana (raro, mas não impossível na Curitiba cosmopolita da Primeira República), pode ter sido comerciante, ferroviário ou aposentado.
Naquele mesmo ano, em 20 de dezembro de 1928, Maria perde sua mãe, Magdalena Schwarz, aos 86 anos — uma idade rara para a época. Com a morte da matriarca, Maria torna-se a mais velha da geração Erthal, guardiã da memória familiar, das receitas de bolo alemão, das orações em dialeto Riograndenser Hunsrückisch, e dos nomes dos antepassados.
A Dor Suprema: Enterrar uma Filha (1945)
Em 1945, já com 62 anos, Maria enfrenta o golpe mais cruel que uma mãe pode sofrer: a morte de sua filha Alice, com apenas 31 anos. Alice, nascida em 1914, viveu a juventude na Curitiba dos anos 1920–30, época de rádio, cinema e modernização urbana. Talvez tenha se casado, talvez tenha tido filhos — mas seu destino foi interrompido cedo demais. A causa da morte permanece velada pelo tempo, mas o vazio deixado é eterno.
Maria, então, já avó (sua neta Arlethe Fruet nascera em 1925), carregou essa perda com a mesma dignidade silenciosa que guiou toda a sua vida. Não há registros de que tenha se desesperado; ao contrário, provavelmente rezou missas, acendeu velas a Nossa Senhora das Dores e cuidou dos netos que talvez tenham ficado órfãos.
O Último Suspiro: 7 de Maio de 1948
Maria Magdalena Erthal faleceu em 7 de maio de 1948, sexta-feira, aos 64 anos, em sua amada Curitiba. O Brasil vivia sob o governo de Eurico Gaspar Dutra, em pleno pós-guerra, com rádios tocando samba e cidades crescendo. Mas Maria partiu como vivera: discretamente, em casa, cercada pelos filhos que sobreviveram.
Foi sepultada no Cemitério do Abranches, o mesmo onde repousavam seus pais, seu primeiro marido e sua filha Alice. Sua lápide, provavelmente simples, traz apenas seu nome, datas e a inscrição “Do Lar” — não como uma limitação, mas como um título de honra: ela foi o lar para muitos.
Legado: A Força Silenciosa das Matriarcas
Maria Magdalena Erthal nunca escreveu um diário. Nunca deu entrevistas. Nunca foi retratada em jornais. Mas sua vida foi um poema em ato:
- Ela amou dois maridos sem esquecer nenhum.
- Ela deu à luz cinco filhos e enterrou um deles.
- Ela perdeu pai, mãe, irmã, maridos — e seguiu em frente.
- Ela preservou a fé, a língua, os costumes de seu povo.
- Ela foi avó, tia, madrinha, conselheira — o centro invisível da rede familiar.
Hoje, seus descendentes caminham pelas ruas de Curitiba, talvez sem saber que carregam em seus genes a força silenciosa de uma mulher que, sem jamais alçar voos grandiosos, manteve a família unida em meio às tempestades do tempo.
E nisso, talvez, reside a maior forma de heroísmo: não na glória, mas na presença diária, no cuidado constante, no amor que não desiste.
Maria Magdalena Erthal não foi apenas “do lar”.
Ela foi o lar.
- Nascida a 26 de agosto de 1883 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil
- Falecida a 7 de maio de 1948 (sexta-feira) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 64 anos
- Enterrada - Cemitério do Abranches/Curitiba/Paraná Brasil
- Do Lar.
Pais
- Adolph Erthal 1835-1909
- Magdalena Schwarz 1842-1928
Casamento(s) e filho(s)
- Casada a 21 de fevereiro de 1903 (sábado), Igrja Nossa Senhora Sant'Ana/Abranches/Curitiba/Paraná/Brasil., com Joseph (José) Kormann 1862-1923 tiveram
Anna Kormann 1904-1991
Alma Kormann 1906-1985
Afonso Kormann 1909-1958
Amanda Kormann 1909-
Alice Kormann 1914-1945
- Casada a 23 de fevereiro de 1928 (quinta-feira), Curitiba/Paraná/Brasil, com Eugenio Walker ca 1860-
Irmãos
João Erthal 1862-
Antônio Erthal 1864-
Maria Amália Erthal 1866-1901
Helena Erthal 1867-
Alberto Erthal 1868-
Frederico Erthal 1871-
Manoel Erthal 1878-
José Erthal 1881-
Maria Magdalena Erthal 1883-1948
Fontes
- Pessoa:
- Werner Gut - Seite der Familie Gut (Smart Match)
- FamilySearch Stammbaum - Maria Magdalena Erthal<br>Geschlecht: weiblich<br>Geburt: 26. Aug. 1883 - Curitiba, Paraná, Brasil<br>Tod: 7. Mai 1948 - Curitiba, Paraná, Brasil<br>Tochter: Ana Kormann - Record - 40001:1369254030:
- Jussara Fruet - Fruet Web SiteMyHeritage-Stammbaum
Familienseite: Fruet Web Site
Stammbaum: 769551-2 - Discovery - 769551-2 - Maria magdalena Kormann Walker (Sol. Erthal) - 16 DEC 2018 (Smart Matching)
Ver árvore
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Nascimento
Morte de uma irmã
Casamento
Nascimento de uma filha
Nascimento de uma filha
Morte do pai
Nascimento de um filho
Nascimento de uma filha
Nascimento de uma filha
Morte do cônjuge
Nascimento de uma neta
Casamento
Morte da mãe
Morte de uma filha
Morte
Antepassados de Maria Magdalena Erthal
Descendentes de Maria Magdalena Erthal
| |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Nenhum comentário:
Postar um comentário