sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Maria Magdalena Erthal Nascida a 26 de agosto de 1883 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil Falecida a 7 de maio de 1948 (sexta-feira) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 64 anos Enterrada - Cemitério do Abranches/Curitiba/Paraná Brasil Do Lar.

 Maria Magdalena Erthal Nascida a 26 de agosto de 1883 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil Falecida a 7 de maio de 1948 (sexta-feira) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 64 anos Enterrada - Cemitério do Abranches/Curitiba/Paraná Brasil Do Lar.



Maria Magdalena Erthal (1883–1948): A Matriarca Silenciosa de Abranches

Uma vida entrelaçada entre fé, luto, maternidade e resiliência em Curitiba do Império à República


Raízes: Uma Família Alemã no Coração do Paraná

Maria Magdalena Erthal veio ao mundo no domingo, 26 de agosto de 1883, em Curitiba, capital de um Paraná ainda em formação — uma cidade de ruas de terra, igrejas modestas e comunidades rurais coesas. Filha de imigrantes germânicos, seu nascimento ocorreu em um momento-chave da história brasileira: o Brasil vivia os últimos anos do Império, sob o reinado de Dom Pedro II, e Curitiba era uma vila em expansão, ainda marcada pela ruralidade, mas já abrindo caminho para a modernidade dos trilhos de ferro e das indústrias nascentes.

Seus pais eram Adolph Erthal (1835–1909) e Magdalena Schwarz (1842–1928), casal pertencente à segunda geração de colonos alemães que se estabeleceram na região de Abranches, bairro fundado por imigrantes católicos vindos da região da Renânia-Palatinado e da Boêmia, muitos dos quais chegaram ao Brasil entre 1829 e 1860. Eles não eram nobres, nem ricos — eram lavreadores, artesãos e pequenos proprietários, cuja riqueza estava na família, na fé e no trabalho coletivo.

Adolph, nascido na Alemanha, chegou ao Brasil ainda jovem, talvez na década de 1850. Magdalena, por sua vez, já nascera em solo brasileiro, filha de imigrantes — o que faz de Maria Magdalena terceira geração da diáspora germânica no Sul do Brasil. Essa identidade cultural era vivida com intensidade: a língua alemã era falada em casa, os costumes religiosos eram rigorosamente observados (especialmente os ligados à festa de Sant’Ana, padroeira do bairro), e a vida girava em torno da paróquia, da roça e da família extensa.

Maria era a décima e última filha do casal. Seus irmãos — João (1862–?), Antônio (1864–?), Maria Amália (1866–1901), Helena (1867–?), Alberto (1868–?), Frederico (1871–?), Manoel (1878–?) e José (1881–?) — já eram adultos ou adolescentes quando ela nasceu. Crescer como a “caçula” em uma família numerosa significava ser protegida, mas também observar, desde cedo, os ciclos da vida: casamentos, nascimentos... e mortes.


A Morte que Chega Cedo: O Luto de Maria Amália (1901)

Quando Maria tinha apenas 17 anos, em 7 de junho de 1901, sua irmã Maria Amália, com apenas 35 anos, faleceu em Curitiba. Não se sabe a causa — talvez febre puerperal, tuberculose ou alguma das incontáveis doenças que ceifavam vidas antes da era dos antibióticos. Mas o impacto foi profundo. Na cultura católica germânica, a morte de um jovem era vista como um mistério doloroso da vontade divina, e o luto era vivido com rigoroso recolhimento: vestidos pretos por meses, missas rezadas diariamente, velas acesas nos altares domésticos.

Foi nesse clima de dor que Maria entrou na vida adulta — não com festas, mas com silêncio e oração. Talvez tenha sido nesse momento que sua alma se forjou na resiliência serena que a caracterizaria pelo resto da vida.


O Primeiro Casamento: União com José Kormann (1903)

Dois anos após o luto, em 21 de fevereiro de 1903, Maria Magdalena, então com 19 anos, casa-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora Sant’Ana, em Abranches, com José (Joseph) Kormann, homem 21 anos mais velho, nascido em 1862. José já era viúvo e provavelmente pai de filhos de um primeiro matrimônio (não registrados aqui), o que era comum na época — viuvez precoce e segundas núpcias eram parte do cotidiano em uma sociedade onde a mortalidade materna e infantil era elevada.

O casamento foi celebrado com rituais tradicionais da comunidade teuto-brasileira: missa solene, bênção nupcial em latim e alemão, almoço comunitário na casa da noiva ou do noivo, e oferendas à padroeira Sant’Ana. A jovem Maria assumia não apenas o papel de esposa, mas também de madrasta e gestora de um lar já constituído.


Maternidade e Perdas Entrelaçadas (1904–1914)

Nos onze anos seguintes, Maria deu à luz cinco filhos, todos em Curitiba:

  1. Anna Kormann – nascida em 26 de novembro de 1904
  2. Alma Kormann – nascida em 27 de junho de 1906
  3. Afonso Kormann – nascido em 16 de novembro de 1909
  4. Amanda Kormann – nascida em 17 de novembro de 1909 (gêmea de Afonso)
  5. Alice Kormann – nascida em 1914 (data exata não registrada)

O parto dos gêmeos, em 1909, foi um acontecimento raro e considerado bênção divina — mas também extremamente perigoso. A alta mortalidade de partos múltiplos era bem conhecida, e o fato de Afonso e Amanda terem sobrevivido foi visto como um milagre. Ambos foram batizados em 19 de novembro de 1909, na mesma paróquia de Sant’Ana, com padrinhos provavelmente escolhidos entre tios e primos da extensa rede familiar Erthal-Kormann.

Mas 1909 foi também o ano da morte de seu pai, Adolph Erthal, em 3 de julho. Maria, com 25 anos, assistiu ao enterro do homem que trouxera sua família da Europa, que construiu sua casa em Abranches, que rezava o terço todas as noites. A perda do pai coincidindo com o nascimento dos filhos mais novos marca um paradoxo simbólico: a vida e a morte caminhando lado a lado.


Viúva aos 40 Anos: A Solidão e a Coragem (1923)

Em 28 de agosto de 1923, José Kormann faleceu em Curitiba, aos 61 anos. Maria, agora com 40 anos, ficou viúva com quatro filhas e um filho — Afonso, então com 14 anos, era o único homem da casa. A responsabilidade era imensa: manter o lar, orientar os filhos em seus caminhos (casamentos, profissões, vocações religiosas), e honrar a memória do marido.

Naqueles tempos, uma viúva não tinha direito a pensão, salvo raras exceções. Sua sobrevivência dependia do trabalho próprio, da ajuda dos filhos adultos ou da solidariedade da comunidade. Anna e Alma, já com quase 20 anos, provavelmente assumiram papéis de colaboradoras domésticas, enquanto Maria cuidava da casa, da horta, da costura e das orações.

Mas Maria não se fechou no luto.


Segundo Matrimônio: Com Eugênio Walker (1928)

Em 23 de fevereiro de 1928, aos 44 anos, Maria Magdalena surpreende a todos ao contrair segundas núpcias com Eugênio Walker, homem nascido por volta de 1860, portanto com cerca de 68 anos — mais velho até que seu primeiro marido. Esse casamento, celebrado em Curitiba (sem registro paroquial detalhado), revela uma mulher prática, corajosa e determinada a não viver sozinha numa época em que a solidão feminina era frequentemente sinônimo de vulnerabilidade.

Não há registros de filhos desse matrimônio, o que sugere que foi uma união de companheirismo e proteção mútua, comum entre viúvos da terceira idade naquele contexto. Eugênio, cujo sobrenome “Walker” indica possivelmente origem inglesa ou norte-americana (raro, mas não impossível na Curitiba cosmopolita da Primeira República), pode ter sido comerciante, ferroviário ou aposentado.

Naquele mesmo ano, em 20 de dezembro de 1928, Maria perde sua mãe, Magdalena Schwarz, aos 86 anos — uma idade rara para a época. Com a morte da matriarca, Maria torna-se a mais velha da geração Erthal, guardiã da memória familiar, das receitas de bolo alemão, das orações em dialeto Riograndenser Hunsrückisch, e dos nomes dos antepassados.


A Dor Suprema: Enterrar uma Filha (1945)

Em 1945, já com 62 anos, Maria enfrenta o golpe mais cruel que uma mãe pode sofrer: a morte de sua filha Alice, com apenas 31 anos. Alice, nascida em 1914, viveu a juventude na Curitiba dos anos 1920–30, época de rádio, cinema e modernização urbana. Talvez tenha se casado, talvez tenha tido filhos — mas seu destino foi interrompido cedo demais. A causa da morte permanece velada pelo tempo, mas o vazio deixado é eterno.

Maria, então, já avó (sua neta Arlethe Fruet nascera em 1925), carregou essa perda com a mesma dignidade silenciosa que guiou toda a sua vida. Não há registros de que tenha se desesperado; ao contrário, provavelmente rezou missas, acendeu velas a Nossa Senhora das Dores e cuidou dos netos que talvez tenham ficado órfãos.


O Último Suspiro: 7 de Maio de 1948

Maria Magdalena Erthal faleceu em 7 de maio de 1948, sexta-feira, aos 64 anos, em sua amada Curitiba. O Brasil vivia sob o governo de Eurico Gaspar Dutra, em pleno pós-guerra, com rádios tocando samba e cidades crescendo. Mas Maria partiu como vivera: discretamente, em casa, cercada pelos filhos que sobreviveram.

Foi sepultada no Cemitério do Abranches, o mesmo onde repousavam seus pais, seu primeiro marido e sua filha Alice. Sua lápide, provavelmente simples, traz apenas seu nome, datas e a inscrição “Do Lar” — não como uma limitação, mas como um título de honra: ela foi o lar para muitos.


Legado: A Força Silenciosa das Matriarcas

Maria Magdalena Erthal nunca escreveu um diário. Nunca deu entrevistas. Nunca foi retratada em jornais. Mas sua vida foi um poema em ato:

  • Ela amou dois maridos sem esquecer nenhum.
  • Ela deu à luz cinco filhos e enterrou um deles.
  • Ela perdeu pai, mãe, irmã, maridos — e seguiu em frente.
  • Ela preservou a fé, a língua, os costumes de seu povo.
  • Ela foi avó, tia, madrinha, conselheira — o centro invisível da rede familiar.

Hoje, seus descendentes caminham pelas ruas de Curitiba, talvez sem saber que carregam em seus genes a força silenciosa de uma mulher que, sem jamais alçar voos grandiosos, manteve a família unida em meio às tempestades do tempo.

E nisso, talvez, reside a maior forma de heroísmo: não na glória, mas na presença diária, no cuidado constante, no amor que não desiste.


Maria Magdalena Erthal não foi apenas “do lar”.
Ela foi o lar.

  • Nascida a 26 de agosto de 1883 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil
  • Falecida a 7 de maio de 1948 (sexta-feira) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 64 anos
  • Enterrada - Cemitério do Abranches/Curitiba/Paraná Brasil
  • Do Lar.

 Pais

 Casamento(s) e filho(s)

 Irmãos

 Fontes

  • Pessoa:
    - Werner Gut - Seite der Familie Gut (Smart Match)
    - FamilySearch Stammbaum - Maria Magdalena Erthal<br>Geschlecht: weiblich<br>Geburt: 26. Aug. 1883 - Curitiba, Paraná, Brasil<br>Tod: 7. Mai 1948 - Curitiba, Paraná, Brasil<br>Tochter: Ana Kormann - Record - 40001:1369254030:
    - Jussara Fruet - Fruet Web Site

    MyHeritage-Stammbaum

    Familienseite: Fruet Web Site

    Stammbaum: 769551-2 - Discovery - 769551-2 - Maria magdalena Kormann Walker (Sol. Erthal) - 16 DEC 2018 (Smart Matching)
188326 ago.
19017 jun.
17 anos
190321 fev.
19 anos

Casamento

 
Igrja Nossa Senhora Sant'Ana/Abranches/Curitiba/Paraná/Brasil.
190426 nov.
21 anos

Nascimento de uma filha

190627 jun.
22 anos

Nascimento de uma filha

19093 jul.
25 anos
190916 nov.
26 anos
190917 nov.
26 anos

Nascimento de uma filha

 
Baptismo a 19 de novembro de 1909 (Sant'ana, Abranches, Curitiba, Paraná, Brazil)
1914
31 anos

Nascimento de uma filha

192328 ago.
40 anos
192521 maio
41 anos

Nascimento de uma neta

192823 fev.
44 anos
192820 dez.
45 anos

Morte da mãe

 
Enterro a 21 de dezembro de 1928 (Curitiba/Paraná/Brasil)
1945
62 anos
19487 maio
64 anos

Antepassados de Maria Magdalena Erthal

Georg Heinrich Erthal 1705-1785 Evae Margarethae Schwed 1712-1776 Simon Schalk 1700-1745 Anna Catharina Eiffert 1705-1755 Johann Melchior Riffel 1709-1754 Maria Johanna Stortz 1714-1792           Johannes Conradus Heneka 1699-1753 Anna Maria Roth 1703-1778 Bernhard Bittelbrunn /1700-1735 Apollonia Golleisen 1700-1744 Johann Adam Baumgärtner 1718-1769 Maria Magdalena Roth 1719-1768 Franciscus Kistner 1717-1784 Maria Eva Wagner 1718-1778
|- 1732 -| |- 1724 -| | |           |- 1720 -| |- 1726 -| |- 1741 -| |- 1738 -|



 


 


           


 


 


 


| | |           | | | |
Franz Heinrich Erthal 1733-1777 Mariae Agathae Schalk 1733-1798 Johann Michael Riffel 1739-1810 Mariae Elisabethe Martini 1741-1801         Franz Anton Heneka 1726-1800 Maria Barbara Bittelbrunn 1727-1783 Johann Christophorus Baumgärtner 1746-1814 Maria Elisabetha Kistner 1746-1786
|- 1756 -| |- 1763 -|         |- 1748 -| |- 1776 -|



 


         


 


| |         | |
Franz Mathaus(Franciscus Mathaeus) Erthal 1763-1818 Maria Josepha Riffel 1767-1810 Georg Melchior Klein ca 1780- Maria Josepha Nahm ca 1780- Joseph Schwarz ca 1780- Kleophe Kustner ca 1780- Johann Antonius Heneka 1780-1858 Mariab Elisabetha Baumgärtner 1777-1863
|- 1798 -| | | | | |- 1806 -|



 


 


 


| | | |
Johann Joseph Erthal 1803- Anna Maria (Margaretha) Klein 1807- Anthony Andreas Schwartz ca 1806-1865 Johanna Hennecka ca 1807-1859
|- 1832 -| |- 1834 -|



 


| |
Adolph Erthal 1835-1909 Magdalena Schwarz 1842-1928
|- 1861 -|



|
Maria Magdalena Erthal 1883-1948


Descendentes de Maria Magdalena Erthal

  



























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