quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

O Bungalow de Maximo Pinheiro Lima: Elegância Simples na Curitiba dos Anos 1930

 Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Maximo Pinheiro Lima

Denominação atual: Imóvel comercial

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte

Endereço: Rua Buenos Ahyres

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 188,00 m²
Área Total: 188,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 10/11/1934

Alvará de Construção: Nº 846/1934

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô, Alvará de Construção e fotografia do imóvel.

Situação em 2012: Existente


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia do imóvel em 2012.

Referências: 

1 – CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 846
3 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012).

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

O Bungalow de Maximo Pinheiro Lima: Elegância Simples na Curitiba dos Anos 1930


Introdução

Na Curitiba de 1934, em meio à expansão urbana e à crescente valorização de bairros centrais, erguia-se com graça e modéstia um bangalô projetado para Maximo Pinheiro Lima, um cidadão cujo nome permanece atrelado a um dos raros exemplares residenciais desse tipo na cidade. Mais do que uma simples casa térrea, o imóvel — localizado na Rua Buenos Aires — é um testemunho discreto, porém eloquente, da transição entre tradições construtivas locais e influências arquitetônicas modernizantes que circulavam no Brasil na primeira metade do século XX.

Felizmente, ao contrário de tantas outras edificações da época, o bangalô ainda existia em 2012, preservando, mesmo que adaptado a novos usos, sua essência original — registrada em projeto, alvará e fotografia, hoje guardados no Arquivo Público Municipal de Curitiba.


Ficha Técnica

  • Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Maximo Pinheiro Lima
  • Denominação atual: Imóvel comercial
  • Categoria (Uso original): Residência
  • Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
  • Endereço: Rua Buenos Aires, Curitiba – PR
  • Número de pavimentos: 1 (térreo)
  • Área do pavimento: 188,00 m²
  • Área total construída: 188,00 m²
  • Técnica/Material construtivo: Alvenaria de tijolos
  • Data do Projeto Arquitetônico: 10 de novembro de 1934
  • Alvará de Construção: nº 846/1934
  • Situação em 2012: Existente (já em uso comercial)

O Projeto: Um Bangalô com Identidade Própria

O termo “bangalô”, originário da Índia e popularizado no Ocidente no século XIX, referia-se tradicionalmente a uma casa térrea, de planta aberta, com telhado inclinado e varandas generosas. No contexto brasileiro — e especialmente em Curitiba —, o conceito foi adaptado com simplicidade, mantendo o caráter horizontal, mas incorporando materiais e proporções locais.

O projeto, assinado pelo arquiteto Eduardo Fernandes Chaves, apresenta em uma única prancha:

  • Planta do pavimento térreo: organizada de forma funcional, com áreas sociais (sala, jantar) integradas, dormitórios voltados para o fundo (maior privacidade), cozinha e dependências de serviço.
  • Implantação no terreno: respeitando recuos legais e aproveitando a orientação solar típica da região.
  • Corte e fachada frontal: revelando um telhado de duas águas, beirais salientes (característica marcante do bangalô), aberturas bem distribuídas e uma linguagem arquitetônica sóbria, sem exageros ornamentais — ecoando o gosto eclético moderado da época, já em transição para o racionalismo emergente.

Com 188 m², o bangalô era espaçoso para os padrões de uma residência de “pequeno porte” na década de 1930, sugerindo que Maximo Pinheiro Lima pertencia a uma classe média urbana consolidada — talvez comerciante, funcionário público ou profissional liberal.


Maximo Pinheiro Lima: Um Homem do Seu Tempo

Embora os documentos não revelem detalhes sobre a vida pessoal ou profissional de Maximo Pinheiro Lima, seu nome — claramente de origem ibérica — insere-se no mosaico diverso da Curitiba cosmopolita da Primeira República e do início do Estado Novo. A escolha de um bangalô, tipo arquitetônico relativamente incomum na cidade, indica um certo apreço por novidades estilísticas e por um modo de vida mais descontraído, talvez influenciado por revistas, viagens ou contato com tendências internacionais.

Ao encomendar um projeto a Eduardo Fernandes Chaves — profissional ativo no cenário curitibano e ligado à tradição da família Chaves, com forte presença na engenharia local —, Maximo demonstrou confiança em técnicos qualificados e no valor de uma construção bem planejada.


Do Lar ao Comércio: A Sobrevivência do Imóvel

Em 2012, o imóvel ainda existia, embora já convertido em uso comercial — transformação comum em áreas centrais de Curitiba, onde a pressão imobiliária e a valorização fundiária levam à reutilização de edificações antigas. Graças à fotografia registrada por Elizabeth Amorim de Castro naquele ano, é possível confirmar que a estrutura original, especialmente a fachada e a volumetria do telhado, permanecia reconhecível.

Essa resiliência física é rara. Enquanto tantas residências históricas foram demolidas para dar lugar a edifícios verticais, o bangalô de Maximo Pinheiro Lima resistiu — talvez por sua solidez construtiva, por sua localização estratégica ou simplesmente por sorte histórica.


Um Legado em Alvenaria e Memória

O bangalô não é um monumento tombado, nem uma obra de arquitetura assinada por um “grande mestre”. Mas é verdadeiro. É concreto. É parte da paisagem cotidiana que forma a identidade de uma cidade.

Seu valor reside justamente nessa normalidade elevada à dignidade: uma casa pensada para viver, construída com tijolos, madeira e zelo, e que, quase 90 anos depois, ainda abriga vidas — agora em função comercial, mas ainda carregando as marcas de sua origem.

Ao preservarmos seu projeto, seu alvará e sua fotografia, honramos não apenas Maximo Pinheiro Lima, mas todos os cidadãos anônimos que, com seus sonhos domésticos, construíram Curitiba tijolo por tijolo.


Fontes e Referências

  1. CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto de Bungalow para o Snr. Maximo Pinheiro Lima. Planta do pavimento térreo, implantação, corte e fachada frontal. Prancha única. Microfilme digitalizado.
  2. Alvará de Construção nº 846/1934.
  3. Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012). Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba / Prefeitura Municipal de Curitiba.

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