Eduardo Fernando Chaves: Arquiteto, Construtor, Fiscal e Administrador
Denominação inicial: Projétode Bungalow para o Snr. Reynaldo Paneck
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Avenida Silva Jardim
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 110,00 m²
Área Total: 110,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 24/09/1934
Alvará de Construção: Nº 769/1934
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e Alvará de Construção.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
Referências:
1 – CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e implantação; corte, fachada frontal e lateral direita, e planta de fossa séptica apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 769
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
Reynaldo Paneck e o Bungalow da Avenida Silva Jardim: Elegância Modesta na Curitiba dos Anos 1930
Projeto de 1934 – Demolido em ou antes de 2012
Em 24 de setembro de 1934, enquanto Curitiba se consolidava como uma capital moderna, mas ainda intimista, o arquiteto Eduardo Fernandes Chaves depositava nos arquivos da Prefeitura Municipal um projeto que combinava simplicidade e distinção: o “Projéto de Bungalow para o Snr. Reynaldo Paneck”. Localizado em um dos endereços mais estratégicos da cidade — a Avenida Silva Jardim —, o bangalô de 110 m² em alvenaria de tijolos representava uma nova forma de habitar: urbana, funcional e com toques de requinte acessível.
Embora hoje demolido, o bungalow de Reynaldo Paneck permanece como um testemunho arquitetônico do ideal residencial da classe média curitibana nos anos 1930 — um tempo em que morar bem não significava necessariamente morar grande, mas viver com harmonia, luz natural e conexão com o entorno.
O Morador: Reynaldo Paneck
Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Reynaldo Paneck, mas seu nome — de provável origem eslava ou germânica — insere-se no mosaico étnico que moldou a identidade cultural do Paraná. A escolha de um bangalô, tipologia arquitetônica de origem anglo-indiana que ganhou popularidade no Brasil nas primeiras décadas do século XX, sugere que Reynaldo valorizava não apenas o conforto, mas também um certo estilo de vida moderno, alinhado às tendências urbanas da época.
Ao construir sua residência em terreno na Avenida Silva Jardim — artéria central que ligava o centro ao bairro do Alto da Glória —, Reynaldo posicionava-se geograficamente e socialmente: não no coração agitado do comércio, mas em um boulevard residencial arborizado, onde médicos, engenheiros, comerciantes e funcionários públicos erguiam suas casas de tijolos e sonhos.
O Bangalô: Entre a Tradição e a Modernidade
Com 110,00 m² em um único pavimento, o bangalô projetado por Chaves era uma síntese equilibrada entre pragmatismo e estética:
- Varanda generosa na fachada principal, elemento definidor do bangalô, convidando ao convívio com a rua e ao lazer ao ar livre;
- Planta racional, com circulação fluida entre sala de estar, jantar e áreas íntimas;
- Três quartos, incluindo um de bom tamanho, possivelmente o do casal;
- Cozinha e área de serviço separadas, com acesso direto ao quintal;
- Banheiro interno, um indicador claro de status e modernidade;
- Fossa séptica projetada, demonstrando preocupação com saneamento — algo ainda incomum em muitas residências da época.
A construção em alvenaria de tijolos garantia durabilidade e isolamento térmico superior às casas de madeira, enquanto as fachadas, embora sóbrias, traziam detalhes que marcavam a identidade do bangalô: beirais salientes, janelas amplas e proporções horizontais que dialogavam com a paisagem urbana.
Além disso, a inclusão de planta de implantação e corte técnico na prancha original revela o cuidado com a integração do edifício ao lote — um sinal de que a arquitetura residencial já caminhava em direção a uma abordagem mais técnica e consciente.
O Alvará de Construção nº 769/1934, emitido poucos dias após o projeto, confirmava a regularidade do empreendimento e a confiança das autoridades municipais no desenvolvimento ordenado do espaço urbano.
O Fim de uma Presença Silenciosa
Em 2012, quando historiadores consultaram os registros do Arquivo Público Municipal de Curitiba, a casa de Reynaldo Paneck já havia desaparecido. Provavelmente demolida nas décadas de expansão vertical — quando antigos bangalôs deram lugar a edifícios de apartamentos —, sua ausência física não apaga seu valor simbólico.
O que resta são dois documentos preciosos:
- A prancha arquitetônica original, com planta, cortes, fachadas e detalhe da fossa séptica;
- O alvará de construção, assinado pelas autoridades da época.
Ambos, hoje microfilmados e digitalizados, são janelas para um passado em que a cidade crescia com moderação, respeito ao entorno e atenção ao detalhe humano.
Legado: O Bangalô como Símbolo de uma Época
O bangalô de Reynaldo Paneck não era um palacete, mas também não era uma casa comum. Era um espaço de transição — entre o rural e o urbano, entre o tradicional e o moderno, entre o privado e o público. Sua varanda era um limiar: nem totalmente dentro, nem totalmente fora. Assim como a própria Curitiba dos anos 1930 — já cidade, mas ainda com alma de vila.
Hoje, ao lembrar dessa residência demolida, reconhecemos que a história urbana não é feita apenas de edifícios preservados, mas também de ausências significativas. Cada casa derrubada leva consigo memórias, gestos cotidianos, risos de crianças no quintal. Mas, graças à documentação arquitetônica, o espírito desses lugares pode ser resgatado — não como ruína, mas como narrativa.
Ficha Técnica:
- Proprietário: Reynaldo Paneck
- Endereço: Avenida Silva Jardim, Curitiba – PR
- Data do projeto: 24/09/1934
- Alvará de construção: nº 769/1934
- Área total: 110,00 m²
- Pavimentos: 1
- Material construtivo: Alvenaria de tijolos
- Categoria: Residência de Pequeno Porte (Bangalô)
- Situação em 2012: Demolido
- Documentação preservada: Projeto arquitetônico e Alvará de Construção (Arquivo Público Municipal de Curitiba)
“Nem toda grandeza está na altura. Às vezes, está na sombra de uma varanda, na largura de um corredor iluminado, no silêncio de uma casa que soube abrigar vidas com graça.”
— Em memória do bangalô de Reynaldo Paneck, 1934–2012 (e além).





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