Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Paulo Roriz
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Rua Fernando Amaro
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 110,00 m²
Área Total: 110,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 20/08/1934
Alvará de Construção: Nº 720/1934
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e Alvará de Construção.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
Referências:
1 – CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e implantação; corte, fachada frontal e lateral esquerda apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 720
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
Um Bungalow que Habitou a História: A Residência do Senhor Paulo Roriz na Rua Fernando Amaro
Curitiba, 1934 – um tempo em que a cidade respirava modernidade com simplicidade, e cada casa contava uma história de vida, trabalho e pertencimento.
O Projeto que Deu Forma a um Lar
Em 20 de agosto de 1934, o arquiteto Eduardo Fernandes Chaves registrou no Arquivo Público Municipal de Curitiba um projeto modesto, porém carregado de significado: o “Projéto de Bungalow para o Snr. Paulo Roriz”. Tratava-se de uma residência de pequeno porte, erguida com alvenaria de tijolos, com apenas um pavimento e uma área construída de 110,00 m² — dimensões que, longe de serem grandiosas, refletiam com fidelidade o espírito da classe média curitibana da época: prática, ordeira e profundamente humana.
Localizada na Rua Fernando Amaro, uma via que então se consolidava no tecido urbano da capital paranaense, a casa foi concebida como um bangalô — tipologia arquitetônica originária da Índia, popularizada no Brasil nas primeiras décadas do século XX por sua simplicidade construtiva, integração com o jardim e funcionalidade. Em Curitiba, onde o clima exigia proteção contra o frio e a chuva, o bangalô adaptava-se com telhado inclinado, varandas abrigadas e plantas compactas, ideais para famílias nucleares em ascensão econômica.
O projeto, apresentado em uma única prancha, incluía:
- Planta do pavimento térreo e implantação no lote;
- Corte transversal;
- Fachada frontal e fachada lateral esquerda.
Esses desenhos, hoje preservados em microfilme digitalizado, revelam um cuidado com a proporção, a ventilação cruzada e a hierarquia dos espaços — da sala de estar à cozinha, dos quartos ao quintal — tudo pensado para a vida cotidiana de um homem chamado Paulo Roriz.
Paulo Roriz: O Homem por Trás da Fachada
Embora os registros oficiais não detalhem sua profissão ou origem, o simples fato de ter encomendado um projeto arquitetônico assinado — e não uma construção improvisada — sugere que Paulo Roriz era um cidadão consciente, talvez funcionário público, comerciante ou técnico especializado, alguém que valorizava a ordem, a estabilidade e o sonho de possuir um lar próprio. Em 1934, no contexto pós-Revolução de 1930 e sob a influência do urbanismo higienista, ter uma casa com alvará, projeto e endereço definido era também uma forma de cidadania.
O Alvará de Construção nº 720/1934, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba, autorizou oficialmente a edificação, selando o compromisso entre o cidadão e a cidade: construir com responsabilidade, respeitando normas e vizinhança.
A Casa que Já Não Existe, Mas que Não Foi Esquecida
Infelizmente, em 2012, a residência foi demolida. Não há registros fotográficos da edificação em pé, apenas os desenhos originais e o alvará — silenciosas testemunhas de uma vida doméstica que um dia pulsou entre aquelas paredes. Talvez as crianças de Paulo Roriz tenham brincado no jardim da frente; talvez ele tenha recebido amigos na varanda com um café quente nos invernos rigorosos da Serra do Mar.
Sua ausência física é sentida, mas sua memória permanece nos arquivos, nos estudos de patrimônio urbano e na história das habitações comuns — aquelas que, embora não sejam monumentos, são os verdadeiros alicerces de uma cidade.
Patrimônio Invisível, Mas Essencial
A casa de Paulo Roriz não era um palacete nem um exemplar de vanguarda arquitetônica. Era, antes de tudo, uma casa de família. E é justamente nessa aparente simplicidade que reside seu valor histórico. Ela representa milhares de outras construções semelhantes, erguidas por cidadãos anônimos que, com esforço e esperança, ajudaram a moldar o tecido residencial de Curitiba.
Hoje, diante da crescente perda do patrimônio arquitetônico do entre-guerras — substituído por edifícios verticais e loteamentos padronizados —, projetos como o do bangalô de Paulo Roriz ganham nova relevância. São documentos da vida ordinária, da estética cotidiana, e do desejo universal de ter um lugar para chamar de lar.
Conclusão: Lembrar para Preservar o Espírito da Cidade
Embora o bangalô da Rua Fernando Amaro já não exista, seu legado permanece. Ele nos lembra que a história urbana não é feita apenas de grandes obras, mas também de pequenas decisões — como a de um homem, em 1934, encomendar uma casa de 110 m² para sua família.
Que esta breve homenagem sirva não apenas como registro, mas como um apelo: valorizemos as memórias contidas nas ruas, nos lotes, nos projetos arquivados. Porque, assim como Paulo Roriz, cada morador é também um construtor da cidade.
Ficha Técnica da Residência
- Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Paulo Roriz
- Categoria: Residência
- Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
- Endereço: Rua Fernando Amaro, Curitiba – PR
- Área total: 110,00 m²
- Pavimentos: 1
- Material construtivo: Alvenaria de tijolos
- Data do projeto: 20/08/1934
- Alvará de construção: nº 720/1934
- Situação em 2012: Demolido
Fontes:
- CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto de Bungalow. Arquivo Público Municipal de Curitiba (microfilme digitalizado).
- Alvará nº 720. Acervo da Prefeitura Municipal de Curitiba.




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