Denominação inicial: Projecto de casa para Snr. Pedro Gabardo
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência Geminada
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Lote Nº 9 da Planta Gabardo – Água Verde
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 33,00 m²
Área Total: 33,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Madeira
Data do Projeto Arquitetônico: 07/09/1927
Alvará de Construção: Nº 4502/1927
Descrição: Projeto Arquitetônico para a construção de Residência Geminada.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma casa para o Snr. Pedro Gabardo. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
Pedro Gabardo e Seu Sonho de 33 Metros: Uma Casa Geminada que Contava a História da Cidade
Curitiba, 1927 — uma época em que o sonho da casa própria cabia em 33 metros quadrados, mas se expandia em dignidade, trabalho e pertencimento.
O Projeto de uma Vida Simples, mas com Propósito
Em 7 de setembro de 1927 — data simbólica para o Brasil, marcada pelo grito de independência — o escritório Gastão Chaves & Cia. depositava no Arquivo Público Municipal de Curitiba um projeto discreto, mas profundamente representativo do seu tempo: o “Projecto de casa para Snr. Pedro Gabardo”. Tratava-se de uma residência geminada econômica, construída em madeira, com apenas um pavimento e uma área total de 33,00 m².
Localizada no Lote nº 9 da Planta Gabardo, no bairro do Água Verde — então uma região em expansão, com terrenos sendo loteados para famílias de classe trabalhadora —, a casa era parte de um movimento urbano que buscava oferecer moradia acessível e higiênica no contexto do crescimento acelerado de Curitiba nas primeiras décadas do século XX.
O projeto, apresentado em uma única prancha, incluía:
- Planta do pavimento térreo e implantação no lote;
- Corte longitudinal;
- Fachada frontal.
Apesar da simplicidade, os desenhos revelam atenção à funcionalidade: cômodos bem distribuídos, ventilação natural, acesso direto à rua e integração com o quintal — elementos essenciais para a qualidade de vida em uma época sem eletricidade universal ou saneamento básico pleno.
Pedro Gabardo: Um Nome, Uma História Coletiva
Embora os arquivos não revelem detalhes biográficos sobre Pedro Gabardo, seu sobrenome ligado à Planta Gabardo sugere que ele era, possivelmente, um dos loteadores ou proprietários responsáveis pelo parcelamento daquela área. Ou talvez fosse apenas um cidadão comum que, ao adquirir um lote, investiu seu suor e economias na construção de um lar modesto, mas próprio.
O fato de ter encomendado um projeto arquitetônico assinado, mesmo para uma casa tão pequena, demonstra um senso de ordem, legalidade e orgulho. Em 1927, muitas moradias eram erguidas de forma informal. Pedro, porém, buscou regularização — prova disso é o Alvará de Construção nº 4502/1927, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba, que autorizou oficialmente a edificação.
A Casa de Madeira: Entre a Fragilidade e a Eficiência
Construída em madeira — material abundante, rápido de montar e termicamente apropriado para o clima curitibano —, a residência geminada era uma solução inteligente para o momento. As casas geminadas permitiam maior densidade habitacional sem abrir mão da individualidade: duas unidades compartilhando uma parede medianeira, cada uma com sua entrada, seu quintal e sua identidade.
Com apenas 33 m², o espaço era dividido com rigor: provavelmente uma sala-cozinha integrada, um ou dois quartos pequenos e um sanitário externo — típico da época. Era o suficiente para uma família nuclear viver com decência, economizar recursos e investir no futuro.
O Fim de uma Era: Demolição em 2012
Infelizmente, a casa não resistiu ao tempo. Em 2012, foi demolida, como tantas outras residências históricas de pequeno porte em Curitiba. Não há fotografias conhecidas do edifício em pé — apenas o projeto original, preservado em microfilme digitalizado, oferece um vislumbre do que um dia foi lar.
Mas sua ausência não apaga seu significado. Pelo contrário: ela nos obriga a refletir sobre o que valorizamos como patrimônio. Nem tudo que é histórico é grandioso. Às vezes, a história está justamente na modéstia — na casa pequena que abrigou uma família inteira, nas tábuas de madeira que viram o nascimento de filhos, nas paredes que ouviram histórias em italiano, alemão, polonês ou português.
Legado: Mais que uma Casa, um Símbolo de Cidadania
A residência de Pedro Gabardo representa uma fase crucial da urbanização de Curitiba: a consolidação dos bairros operários, a regulamentação da construção civil e o acesso à moradia para as camadas populares. Ela faz parte de um mosaico invisível, mas essencial — o das moradias econômicas que, juntas, formaram o tecido social da cidade.
Hoje, diante da especulação imobiliária e da perda acelerada do patrimônio do início do século XX, lembrar de projetos como este é um ato de resistência. É reconhecer que a verdadeira alma de uma cidade habita não apenas em seus monumentos, mas em seus lares comuns.
Conclusão: 33 m² de História
Pedro Gabardo pode ter morado pouco tempo em sua casa. Seus filhos talvez tenham crescido nela, ou talvez já a tenham vendido. Mas o gesto de construir com projeto, com alvará, com nome e sobrenome, é um testemunho de cidadania que transcende gerações.
Que este artigo seja uma homenagem não só a ele, mas a todos os Pedros, Marias e Joãos que, com 30 e poucos metros quadrados, construíram o Brasil.
Ficha Técnica da Residência
- Denominação inicial: Projecto de casa para Snr. Pedro Gabardo
- Categoria: Residência Geminada
- Subcategoria: Residência Econômica
- Endereço: Lote nº 9 da Planta Gabardo – Água Verde, Curitiba – PR
- Área total: 33,00 m²
- Pavimentos: 1
- Material construtivo: Madeira
- Data do projeto: 07/09/1927
- Alvará de construção: nº 4502/1927
- Situação em 2012: Demolido
Fonte:
- GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma casa para o Snr. Pedro Gabardo. Arquivo Público Municipal de Curitiba (microfilme digitalizado).

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