sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

OS IMIGRANTES - ALEMÃES

 

OS IMIGRANTES - ALEMÃES



Em 1828, o veleiro alemão Charlote Louise trouxe os primeiros imigrantes alemães ao Brasil. Eles fundaram a colônia de Rio Negro no Paraná.

Em Curitiba, os imigrantes alemães começaram a chegar em maior número, a partir de 1833, e influenciaram fortemente a cultura e a economia local. Muitos casarões, alguns ainda existentes no bairro de São Francisco, foram construídos por alemães. Para preservar a cultura germânica, os imigrantes organizaram-se em sociedades teuto-brasileiras, como o Clube Concórdia, Clube Rio Branco, Duque de Caxias, Clube Thalia e o Graciosa Country Club.

Entretanto, a maioria dos imigrantes alemães chegou ao Brasil após a Primeira Guerra Mundial, nos anos 1920.

O Bosque do Alemão é um Memorial em homenagem aos imigrantes alemães que vieram à Curitiba. Foi inaugurado em 1996 e possui 38.000 m² repletos de atrações. Reverenciando a cultura alemã, a réplica de uma antiga Igreja Presbiteriana foi utilizada para instalar o Oratório Bach.

Outra atração do Bosque é a torre dos Filósofos e seu mirante de 20 metros, que proporciona uma vista panorâmica de Curitiba. Descendo a Torre, está a Trilha de João e Maria, que corta um bosque de mata nativa e, durante seu caminho, o conto dos irmãos Grimm é reproduzido. Os versos da história são pintados em azulejos ao longo do percurso. A Casa da Bruxa também está no Bosque, chamada de Casa Encantada, possui uma biblioteca de contos infantis.

No Bosque do Alemão encontra-se também a Praça da Cultura Germânica, onde há um palco ao ar livre, destinado a apresentação artísticas. O portal é uma reconstrução da frente da Casa Mila, construída no começo do século XX e um dos principias exemplos da arquitetura da imigração alemã. Somente a sacada de ferro é original.
Fonte: www.curitiba-parana.net

DALTON TREVISAN - O VAMPIRO DE CURITIBA

 

DALTON TREVISAN - O VAMPIRO DE CURITIBA


“Cinqüenta metros quadrados de verde por pessoa de que te servem se uma em duas vale por três chatos?”

Nascido em 14 de junho de 1925, o curitibano Dalton Jérson Trevisan sempre foi enigmático. Antes de chegar ao grande público, quando ainda era estudante de Direito, costumava lançar seus contos em modestíssimos folhetos. Em 1945 estreou-se com um livro de qualidade incomum, Sonata ao Luar, e, no ano seguinte, publicou Sete Anos de Pastor. Dalton renega os dois. Declara não possuir um exemplar sequer dos livros e "felizmente já esqueci aquela barbaridade".

Entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil". A publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas nacionais. Reunia ensaios assinados por Antonio Cândido, Mario de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O caso do vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, trazia traduções originais de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrada por artistas como Poty, Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.

Já nessa época, Trevisan era avesso a fotografias e jamais dava entrevistas. Em 1959, lançou o livro Novelas Nada Exemplares - que reunia uma produção de duas décadas e recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro - e conquistou o grande público. Acresce informar que o escritor, arisco, águia, esquivo, não foi buscar o prêmio, enviando representante. Escreveu, entre outros, Cemitério de elefantes, também ganhador do Jabuti e do Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores, Noites de Amor em Granada e Morte na praça, que recebeu o Prêmio Luís Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil. Guerra conjugal, um de seus livros, foi transformado em filme em 1975. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas: espanhol, inglês, alemão, italiano, polonês e sueco.

Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance publicado: "A Polaquinha"), Dalton Trevisan acabou se tornando o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua obra. Mas Trevisan continua recusando a fama. Cria uma atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas "D. Trevis" e não recebe visitas — nem mesmo de artistas consagrados. Enclausura-se em casa de tal forma que mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de um de seus livros.

"O "Nélsinho" dos contos originalíssimos e antológicos, é considerado desde há muito "o maior contista moderno do Brasil por três quartos da melhor crítica atuante". Incorrigível arredio, há bem mais de 35 anos, com com um prestígio incomum nas maiores capitais do País. Trabalhador incansável, fidelíssimo ao conto, elabora até a exaustão e a economia mais absoluta, formiguinha, chuvinha renitente e criadeira, a ponto de chegar ao tamanho do haicai, Dalton Trevisan insiste ontem, hoje, em Curitiba e trabalhando sobre as gentes curitibanas ("curitibocas", vergasta-as com chibata impiedosa) e prossegue, com independência solene e temperamento singular, na construção e dissecação da supra-realidade de luas, crianças, amantes, velhos, cachorros e vampiros. E polaquinhas, deveras."

Em 2003, divide com Bernardo Carvalho o maior prêmio literário do país — o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira — com o livro "Pico na Veia".

Fonte: www.releituras.com/daltontrevisan_bio.asp

CASA ANDRADE MURICY

 

CASA ANDRADE MURICY



Inaugurada em 26 de junho de 1998, a Casa realiza em suas dependências mostras de consagrados artistas nacionais e internacionais, promove intercâmbio com instituições afins, realiza atividades culturais e didáticas e apoia iniciativas de entidades congêneres.

O prédio foi construído entre 1923 e 1926 e inaugurado durante a gestão do presidente do estado Caetano Munhoz da Rocha.

A antiga construção abrigou Coletorias Estaduais, a Repartição de água e Esgoto e a Junta Comercial. Ali também funcionou a Secretaria de Finanças, algumas coordenadorias da Secretaria da Cultura, a Sala Miguel Bakun e setores voltados para a música. No subsolo, funcionou o escritório da Funarte e, mais tarde, a Bienal do Design.
A edificação, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná em 1977, possui três fachadas: a principal voltada para a Alameda Doutor Muricy e as demais para as Ruas Saldanha Marinho e Cruz Machado. Está interligada ao prédio da Secretaria de Estado da Cultura por sua parte posterior.

BAR STUART

 

BAR STUART



A sede atual do Bar Stuart é a terceira e data de 1954. Está no coração de Curitiba, na Praça Osório. É tradicionalíssimo, frequentado por poetas, artistas, jornalistas, universitários e velhos senhores, clientes de longa data.
Mantém a mesma decoração do local, as mesinhas de madeira e a toalha vermelha, desde 1904 - ano de abertura. O sorvete caseiro se perdeu no tempo, assim como a tradição de sortear carnes nobres entre os frequentadores noturnos. O cardápio oferece vários tipos de petiscos e até hoje, o mais famoso é o de testículos de touro, um prato exótico muito requisitado introduzido em 1973.
As outras opções incluem carne de onça, coelho à passarinho, casquinha de siri, cascudinho, lambari, ou seja, a arca de noé inteira. Vale a pena conhecer pela tradição boêmia na cidade e pelo chopp gelado à beira da calçada da praça.

Histórias Curitiba - O violino dispensado

 

Histórias Curitiba - O violino dispensado

John Regis Fassbender Teixeira
deveria ter dez a onze anos. já estudando em Santa Maria, rindo e franco, com sua admirável batina marista e ainda acreditando, até na Doçura de Vossa Virgem Maria.
médico filho único psiquiatra, portando no nariz óculos de aro dourado, lentes de mais de cinco graus, acabando por ser conduzido aos braços da música e obrigatoriamente obrigado a estudar violino...!
Morava na Rua Buenos Aires, 243, em frente ao antigo Museu; e duas vezes por semana, terça e quinta-feira - aqui estou eu peepers, óculos de sol instrumento polido em estojo de madeira vermelho, e o pé-dois (para salvar o passe de bonde ida e volta) rota para vencer o topo do Dr. Mu-Ricy (subidaça!) virar a direita e um dos mais belos casarões da Piazza Garibaldi, bater cartão com a doce, bela e inefável professora Bianca Bianchi e os maiores artistas do Paraná e sem dúvida belezas mais calmas que esses pinheiros já viram.
Pulso mestre.
violinista internacionalmente aclamado.
Seus shows - em Curitiba, no Brasil e no mundo, carregavam palmas (público em pé) que ainda hoje ecoam.
quanto eu a amava, mesmo, na ordem inversa eles odiavam o violino - tanto que o prussiano se impôs em meus dedos quase infantis por minha mãe, "...um Tardin Fassbender", peto casamento... Teixeira, e cjue segundo longlquos parentes , era a "sobrinha neta Shubert", fato que jamais poderia sequer chegar perto de qualquer confirmação, ainda mais pálida.
Com certeza não foi por falta de talento da professora Bianca Bianchi que não passei da segunda posição, no meu violino inti-morato; definitivamente o delicado instrumento musical não havia sido imaginado para mim, aquelas musiquetas sobrecarregadas, assediadas e estilhaçadas riscadas aqui e ali, principalmente uma que pudesse aprender uma canção, "O CUCO", cuja execução deve ser apavorada e infernado pleiades vizinhos até então
calados e batida sonolenta...
A volta para casa, depois da aula, foi de puro alívio.
Cruzou a Praça Zacarias sobe o delicioso velho Emiliano Perneta, poeta de rua, uma casa ser escamosa - Dalton Trevisan, ao fundo da Olaria pintada de branco; além disso "Shoe D'Aquinno" clientes italianos de meu pai, que sempre deixavam muita comida boa e intempestiva, doces mil para satisfação afunda o bairro, como eu... No centro da avenida corria o bonde: às vezes em dupla faixas, a maior parte do caminho simples; no andar de cima, perto do Museu, na esquina da Buenos Aires, os trens rumo ao Batel-Seminário vinham devagar-quase-parando; quem vinha para o centro, tombava o caminho com mais velocidade, tudo em função da ladeira que era o final da Emiliano.
Pois foi justamente nesta rua principal que voltei pela última vez, a aula de violino: fiquei meia hora observando o movimento, encostado na parede da casa de Epaminondas Santos.



Após
longa espera de meditação, junto com duas ou três pessoas que esperavam na fila pelo coletivo, que o veículo acolhesse os passageiros e retomasse o funcionamento normal, embicando a velocidade pela forte queda, já narrada.
E agora mesmo, com gana real, tocou o estojo do violino (com dito dentro, claro!), bem embaixo das rodas dianteiras do veículo barulhento e amarelo, que foi carregado brevemente por cowcatcher e segundos se transformou em milhares e milhares de pedaços, trapos, entulhos e lascas de madeira; cordas e até pedaços de breu...
Juntei restos e voltei para casa.

Nem Átila marchou com mais desenvoltura do que eu...

Fui para casa com uma vingança de Zeus, chamada libertação da alma; colocou a serragem que sobrou do violino na mesa da cozinha e disse a Mama, ele me olhou espantado;

- 'Avisa para dona Bianca Terça que ela não virá para a aula.
E nunca colocamos a mão em nenhum violino, meu ou de outros. "

E nada mais foi dito.

Nem perguntado...
João Regis Fassbender Teixeira é jornalista, advogado e professor universitário.

Maria do Cavaquinho

 Maria do Cavaquinho

Maria Cavaquinho dessas foi criaturas bizarras que a cidade viveu na década de 50.
Ela quebrou a monotonia das ruas e esquinas de Curitiba com seu jeito descarado.
Ficava no antigo ponto Café Alvoradinha, popa de Oliveira Belo, mas podia ser visto por aí, preparando confusão e cenas hilárias.
desafiou o formalismo hipócrita de certo guarda pedestre, para desvendá-los de volta com o frágil cavaquinho, geralmente a mando de alguém ao preço de alguns trocados.
lembram-se de outras figuras folclóricas como Harquebus Misery, Foot Spread, Mary Balloon e outras, mas nenhuma chegou a desfrutar da intimidade da paisagem urbana, como ela, com tanta irreverência.
foi, porém, uma agressão ingênua, inconsciente até, pois denotava sinais de debilidade mental.
Ao cantar, emitia sons ininteligíveis.
Mas, divertia a galera com suas piadas e comicidades.
Venceu por “status” a citar, junto com Crushes na crônica Mazza, o Adherbal Forte e com certeza, o Tre-visan de Dalton. Mereceu muitas páginas antológicas o livro de Valério Hoerner Jr., publicado em
1989, “Ruas de Curitiba e histórias”. corpo de mulher. Esses tipos populares vêm e vão, com pássaros de passagem. Faltam, porque operam no dia-a-dia como parte da própria rotina.




Compreendendo também uma história da cidade, pois definem os contrastes que identificam as misérias da condição humana.
foi assim que um dia desapareceu o Cavaquinho de Maria. não voltou mais.
vazio deixado na avenida, as perguntas levantadas são ressentidas: O que aconteceu com você? Sem resposta, por muitos anos, ficou em um canto da memória a frustração da curiosidade insatisfeita.
Perdeu-se por sua ausência um elo dessa corrente sentimental que se aproximava, o milagre da fantasia, como pessoas diferentes.
De repente, eis que o reencontro, por acaso, vagueia pelas ruas históricas da Lapa. parece não ser o mesmo, murcho pela velhice prematura.
Vidas Irmãs de Caridade Asilo São Vicente.
Apagou sua imagem turbulenta e mágica.
divertido não se lembra dessa figura, capaz de travessuras e insolências.
Balbucia poucas palavras, recolhe-se ao silêncio, prisioneiro de si mesmo.
Defronto-me com o passado e reviso-o no centro das evocações.
Posso imaginá-la recuperando aqueles blocos infantis da adolescência, para reinar à sua maneira, através dos enfeites de palhaços de circo em sua arena particular e exclusiva.
E ela, coitada, olha-me indiferente e distante, sem saber se, diante dos meus olhos, virou saudade...
Túlio Vargas é Academia Paranaense de Letras.

Histórias Curitiba - Magrinho e desgrenhado

 Histórias Curitiba - Magrinho e desgrenhado

Francisco Brito Lacerda
Tico é o nome do papagaio que vive numa floricultura do Cristo Rei. a menina que prepara buquês conhece sua história.
Ele é velho, tem 22 anos, mas continua forte, glutão.
quase não fala.
Para que não pense que é bobagem, solte três ou quatro palavras Curtinhas.
O silêncio deles é traumático.
Antes o papagaio vivia em Ba-cacheri, integrando uma casa equipada com pequeno quintal.
Recebeu os cuidados dos filhos e da empregada, esta voz ecoando perfeitamente.
A senhora das flores não garante, mas quem conheceu Tico em tempos bons diz que o papagaio sabia cantar com um ritmo invejável.
De "Cielito Lindo", a versão brasileira, curtiu o refrão, sem errar uma nota.
'Ai, ai, ai, ai / Está chegando a hora / Já amanheceu o dia, querido / Tenho que ir. Emocionou -
se com a própria vista, às vezes engasgando com as palavras "bebê". Num domingo de janeiro, ambos na cantoria caprichou tiveram um ataque. cápsula branca na água de beber. Ainda dias depois o bichinho teve outro ataque ao mostrar as visitas. guri A casa percebeu que ele encenou o doente para chamar atenção. No momento em que o conheceu, notou seus olhos verdes cerrados, teatrais e coraçãozinho ainda estava batendo 200 por minuto.




Uma senhora das flores que informa os proprietários Tico saiu da casa Bacacheri.
estavam morando em um apartamento, onde é proibida a presença de bichos, não falando papagaio.
A dona da floricultura teve dois meses para entregar as chaves do Bacacheri onde o Tico estava fechado em ambiente sombrio, recebendo apenas um pouco de luz para a bandeira.
A cada três dias vinha gente da família para trocar a água da panela, trazer comida.

Tico havia esquecido todo o passado glorioso.
Não conseguia mais falar.

Se pediu para ele cantar "Cielito Lindo", virou a cara, ofendido.

flores A menina estava morta quando a pena de papagaio veio morar na loja.

decidiu resgatá-lo.

Também não foi necessário chamar o psiquiatra.

As próprias birras aprenderam o animal.

Tico adora gaiola limpa, lavava o chão pelo menos duas vezes por semana.

Sua comida preferida é o que as pessoas chamam de semente de girassol, misturada com a fruta.

bago Ele também gosta de pimenta ardidinha.
Não rejeite a banana.

odeia migalhas.

Ele é, em suma, um velho guloso.

Sentir-se bem atendida, até looks lindos.
Não faz muito tempo, deu a primeira resposta à menina das flores, que celebrava todas as manhãs.
"Dormiu bem, Tico?" É bom, querida? "(No inverno, a gaiola é o terraço onde o sol bate...). Da varanda, entretida em colocar água em baldes, a menina chamou o papagaio." Tico!
Tico! "Ao ouvir sua resposta, gritou de alegria.

Uma voz profunda, o

velho, retorquiu: "O quê?
O quê? "Tico voltou a falar.

O safado ficou muito tempo sem progresso vocal. Por ser morena, a moça é tratada por Nega por outros funcionários da loja.

tanto De ouvir o apelido, Tico decidiu usá-lo.

Quer esteja faltando, precisando de companhia, libere na hora certa, colocando a sílaba no final. "nega!
Nega!... 1

Ela está convencida de que Tico tem alma.
Não se limita a imitar os outros.

expressa suas emoções, como aconteceu outro dia.
A garota pegou a gaiola.

Guthrie Ele estava na mesa, esperando para enxugar o chão.Nega

aproveitou a pausa para agradar seu camarada fazendo autêntico-você acaricia o topete.

De tão feliz, Tico estremeceu, virando a cabecinha.

Nega então anunciou: "Chega de carícias. Volte para sua jaula."

Bem que Otante-ins, digno de estar entre as histórias de Curitiba, Tico largou a terceira palavra desta nova fase;

tom excitante, voluptuoso, dizia: "Mais!..."
Advogado de Francisco Brito Lacerda.

Histórias Curitiba - O Gol do Sicupira

 

Histórias Curitiba - O Gol do Sicupira

Histórias Curitiba - O Gol de Sicupira
O Gol de Sicupira
Ernani Buchmann
corria animada noite na casa do advogado Luiz Fernando Arzua, lá no início dos anos sessenta.
Muitas cervejas, o dono da casa propôs que cada um dos participantes mostrasse alguma habilidade capaz de entreter o grupo.
começou ele mesmo, alinhavando algumas histórias o polonês especulava que de qualquer forma não era chamado, mas por este nome servia, vítima-abrasilei Ramento de z's e KAS seu nome.
Cumprida a missão, o anfitrião cedeu a palavra a um especialista em piadas portuguesas.
foi então a vez de Nireu Teixeira mostrar seus dotes de samba, transformando uma bateria de caixas de fósforos em autêntica escola de samba, a melhor - talvez - a de Padre Miguel.
Até que a piada parou um homem alto e magro, cuja humildade o fez recusar o convite:
- Não posso fazer nada do que você quer.
Arzua o convenceu do contrário.
Afinal, era um locutor de futebol iniciante, poderia ali, narrar um jogo qualquer.
ACORDADO então ser visto na noite de quarta-feira, eles jogariam Trilho x Coritiba na Vila Capanema único estádio da cidade para contar com refletores.
O Coritiba entrou em campo com Hamilton, Nico e Carazzai; Julinho, Bequinha e Guimarães, Chico, Milton, Ivo e Duílio Ronald.
foi o time titular.
A Ferroviária também não saiu por menos: Paulista, Savi, Fernandão, Caçula e Celso; Juarez e cura; Dino, Fernando Augusto e Sicupira Bídio.
Dona Aidê, a dona de casa e irmã nº 10 da Vila, enquanto servia uma cervejinha, perguntou:
- O Barcímio vai jogar?
Portanto, não perca este jogo.
Legítimo Com uma concha vazia da Antártida fazendo às vezes microfone, o locutor iniciou o jogo.
E, sendo craque na coxa branca, logo marcou para o Coritiba.
Dona Aidê não gostou, mas concordou em servir mais uma rodada.
E Rail começou a encomendar o jogo.
foi uma sucessão de ataques perigosos, bolas na trave, defesas milagrosas de Hamilton, com certeza todos fizeram o empate em poucos minutos.
Ledo erro.
O gol não saiu até que o alto-falante tenha fechado pela primeira vez.
levantou para fazer xixi, esticou as pernas, e depois dos quinze minutos regulamentares arremessou a bola para o nervosismo coxas e bocas de cerveja juntas.
O tempo passou e o jogo ficou uma foto do primeiro tempo.
gol do nada.
Até, os quarenta e quatro do segundo tempo - o segundo tempo, disse o narrador, assumindo todos os tugares-comuns 'próprios falantes - porque, já no finalzinho de partida Bídio foi de fundo e cruzou para a área.
Hamilton bateu mal e a bola caiu ali na marca do pênalti, onde Sicupira esperava, de volta ao gol.
O número 10 não vacila.
E bike empatou o jogo ao lançar a bola em ângulo.
boca-preta A multidão
abraçou, festa comandada por Dona Aidê, tão feliz com o gol que o caçula já havia arrumado mais uma onda de cervejas geladas.
Então aconteceu o que ninguém esperava.
Mal o locutor pendurou sua garrafa de Antarctica, abre a porta da garagem - a verdadeira etapa final dessa Copa foi a garagem do Arzua, esqueci de dizer - e aparece um vizinho, roxo ferroviário, com um rádio pendurado no ombro, tentando encontrar uma estação de rádio que estava transmitindo a partida.
E feliz com o sorteio, gritou para Arzua:
- Que rádio é esse que não pega meu radinho, vizinho?
Após, foi convidado a compartilhar uma cerveja.
Afinal, ali era a casa de sua irmã e cunhado Sicupira autor, naquela noite, do gol mais bonito de sua carreira.
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