fotos fatos e curiosidades antigamente O passado, o legado de um homem pode até ser momentaneamente esquecido, nunca apagado
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Nesta histórica foto dos anos 1920, Arthur Wischral registra a Cruz do Atuba, lavrada em madeira e edificada sobre um pedestal de alvenaria em degraus, no caminho que ligava à Estrada da Graciosa.
Nesta histórica foto dos anos 1920, Arthur Wischral registra a Cruz do Atuba, lavrada em madeira e edificada sobre um pedestal de alvenaria em degraus, no caminho que ligava à Estrada da Graciosa.
CRUZ DO ATUBA
Ela foi edificada por moradores da região, próximo das instalações da Copel e, depois, foi deslocada para o local onde está até hoje, um pouco mais abaixo, próximo da trincheira do antigo viaduto do Atuba.
O Trevo do Atuba antes era conhecido também com o nome de "Trevo da Cruz do Atuba", em referência à existência da citada cruz, ali próxima.
(Foto: Acervo Paulo José Costa)
Paulo Grani
O BOQUEIRÃO ANTIGAMENTE
O BOQUEIRÃO ANTIGAMENTE
"As terras que formavam a Fazenda Boqueirão, de 100 alqueires, ou seja, mais de vinte milhões de metros quadrados compunham-se de extenso banhado, campo de pasto e mata nativa. Um documento datado de 1856 dava como proprietário o Cel. Manoel Antonio Ferreira, filho do Sargento-Mor Antonio José Ferreira e de Maria Caetano de Jesus. Seu avô, José Ferreira vindo de Portugal, com sua esposa Tereza Araujo foi o 1º membro da família a aportar no Brasil. Esta propriedade abrangia grande parte do atual bairro do Xaxim, tendo como uma das divisas, a velha Estrada de São José dos Pinhais, atualmente a Rua Francisco Derosso, único acesso para a sede da fazenda, que tinha a enorme moradia e instalações, nos fundos no atual supermercado Big.
Com a morte do Cel. Manoel Antonio Ferreira, em 1885, a grande propriedade foi desmembrada em três partes: o maior quinhão, com 960 alqueires ficou com o filho Major Theolindo Ferreira Ribas; uma parte de 38 alqueires ficou com a filha Ubaldina Ferreira de Sá Ribas e uma pequena parcela de 2 alqueires foi doada à Amélia Ferreira do Valle, ligada a família por laços afetivos.
O Major Theolindo e sua esposa Januária de Souza Guimarães Ribas mantiveram a sua parte na fazenda, por mais de 20 anos. O Major era uma pessoa muito reservada, de poucas palavras e dificilmente dialogava com os vizinhos, já, Dona Januária era benquista, por todos os moradores, agregados da fazenda e principalmente pelas crianças, para as quais sempre dava algumas moedinhas.
Talvez motivado pela enfermidade da esposa, em 1910, o Major Theolindo vendeu a sua parte da fazenda para o Dr. Victor Ferreira do Amaral, seu filho Homero Ferreira do Amaral e seu genro Alexandre Artley Gutierez. O valor da venda, segundo escritura foi de 50 contos de réis. Em 1933, a família Ferreira do Amaral e a família Gutierez fundaram a Cia. Territorial Boqueirão, com a finalidade de lotear e comercializar os 960 alqueires, o que possibilitou a criação de 12. 000 mil lotes urbanos de 15x50 e cerca de 150 lotes coloniais, pequenas chácaras, de 02 alqueires cada. As vendas começaram em 1934 e foram encerradas após 50 anos.
Na primeira década do loteamento, muitas foram as dificuldades para o comercialização, pois naquela época a Av. Marechal Floriano terminava na esquina da Av. Guairá, atual Av. Presidente Kennedy, nas proximidades do Hospital Nossa Senhora da Luz.
Para trazer moradores à região, a Cia. Boqueirão fez a doação de 33 alqueires para a Fazenda Nacional, na condição de se construir um grande quartel militar, cujas obras foram dificultadas pela falta de acesso ao local. A única alternativa de acesso era pela Estrada do Uberaba, atual Av. Salgado Filho e por uma ruela aberta na propriedade do comerciante Antonio Andreghetto, que transpunha o Rio Belém por uma rústica ponte de madeira, seguindo pelo traçado da rua nº 32, atual Rua Profª Joanita Bernet Passos, já que neste local o banhado era menos encharcado, podendo-se assim chegar às obras do quartel.
Somente na década de 1940, os herdeiros de Antonio Parolim e de Roberto Hauer decidiram abrir a Av. Marechal Floriano até onde hoje fica o terminal Hauer, início do loteamento Boqueirão. O exército teve grande participação na abertura da avenida. As primeiras vendas foram ao preço de 01 conto de réis cada lote urbano, sendo 20 mil réis de entrada e o restante em 140 prestações mensais de 07 mil réis, sem juros e sem correção. Poucas foram as pessoas que adquiriram os lotes para construção imediata de seus moradias, principalmente pela falta de qualquer melhoria pública no local. As ruas eram abertas pelos próprios moradores. Uma grande parte dos lotes coloniais foram adquiridos pela comunidade Menonita, que se dedica a produção de leite e atividades hortigranjeiros. Muitos se instalaram na atual Rua Cristiano Strobel, conhecido como Rua das Peras, pela grande quantidade de árvores dessa fruta plantadas em frente às propriedades.
Além das propagandas diárias em jornais e rádios da cidade, enormes painéis fixados nos principais pontos da capital diziam das facilidades e vantagens na aquisição dos terrenos no Boqueirão. Na esquina da Av. Marechal Floriano, com a Av. Presidente Kennedy, existia um enorme painel, que mostrava um garoto colocando uma moeda de 200 réis (vinte centavos) num cofrinho, com os dizeres 'economize 200 réis por dia e adquira um lote no Boqueirão'. Outro dizia: 'uma nova cidade está surgindo e 6 quilômetros da Rua XV de Novembro, vá ver os maravilhosos terrenos do Boqueirão e crie galinhas e cuide da sua horta. Lá no Boqueirão, a horta quase brota sem plantar e as galinhas nascem quase espontaneamente'. "
(Extraído de: opinião.curitiba.jex.com.br)
Paulo Grani
Empresários, autoridades e representantes da Cia. Territorial Boqueirao Ltda., visitam a plantação de alcachofras na chácara do sr. Francisco Derosso.
Foto: Cid Destefani
Foto: Cid Destefani
Prolongamento da abertura da Av. Marechal Floriano Peixoto, após o Batalhão do Exército, década de 1940.
Foto: Sérgio Nass.
Foto: Sérgio Nass.
Trecho do prolongamento no cruzamento com o rio Iguaçu.
Foto: Sérgio Nass.
Foto: Sérgio Nass.
CONHECENDO A CASA DAS FERRADURAS
CONHECENDO A CASA DAS FERRADURAS
Nesta foto de 1916, vê-se a "Casa das Ferraduras" que localizava-se na rua "Boulevard 2 de Julho", no bairro Alto da Glória, Curitiba, atual rua João Gualberto, uma quadra antes do palacete Leão Júnior para quem vinha do centro. Esta área era considerada área nobre da cidade e dirigida para o crescimento urbano.
A Casa das Ferraduras era residência do sr. Cândido de Abreu, autor do projeto, de acordo com depoimento dado em 1974 por Zahira de Abreu Machado Lima, filha de Cândido de Abreu e Zoé Miró. Segundo ela, a obra foi concluída em 1906.
Externamente a Casa das Ferraduras, possuía linguagem Art Nouveau nas janelas em forma de ferraduras, no acesso principal de esquina, nos gradis e portão principal e nos poucos detalhes ornamentais. Cândido de Abreu demonstra estar a par dos desdobramentos que se verificam na arquitetura internacional, assim como de seus reflexos na arquitetura brasileira.
A Casa das Ferraduras possuía dois pavimentos com volume da torre em forma octogonal. A residência possuía porão alto, como a maioria dos projetos de palacetes atribuídos a Cândido de Abreu e sua equipe. O porão era apropriado para manter a privacidade, elevando a casa do nível da rua e protegê-la contra a umidade, além de reservar espaço para dormitórios de empregados e serviços domésticos.
A distribuição das peças, como por exemplo, a área social ficava organizada na parte fronteira da edificação, deixando para os fundos as áreas de serviço e cozinha. Como a residência era em dois pavimentos, pode-se imaginar o hall de entrada e espaço destinado à escadaria, a qual conduzia para a área íntima, os dormitórios, no segundo pavimento. As escadarias possuíam grande efeito visual e no hall eram concentrados os efeitos estéticos tanto decorativos quanto espaciais.
(ÍExtraído de: gazetadopovo.com.br / foto: Acervo Casa da Memória)
Paulo Grani.
ABRIGO DE MENORES DO PORTÃO
ABRIGO DE MENORES DO PORTÃO
Devido às dificuldades de triagem prévia, as meninas eram internadas diretamente na instituição, quando não houvesse a indicação do juizado de menores para serem encaminhadas à "Escola de Reforma". Sua lotação normal seria de 100 meninas, entretanto abrigou entre 140 a 160.
Esse estabelecimento foi administrado por religiosas da “Congregação de São Vicente de Paulo” e ocupava uma área de oito alqueires. A administração da instituição foi realizada mediante contrato com a Congregação, na base "per capita".
Até 1952, no Abrigo de Menores do Portão as meninas viviam em estado de superlotação, com encaminhamentos que privilegiavam a saúde, a higiene e a educação para o trabalho. A partir de 1953, passou a denominar- se Educandário Caetano Munhoz da Rocha, passando a atender meninos.
Diante dos aspectos da vida das crianças que viviam em uma instituição de assistência mantida pelo Estado percebe-se que os encaminhamentos priorizavam:
"Educar a criança desvalida: saudável, higiênica e apta para o trabalho". O Código de Menores de 1927 determinava as possíveis atividades que deveriam ser desenvolvidas pelos internos: “os menores se ocuparão em exercícios de leitura, escrita e contas, lições de cousas e desenho em trabalhos manuais, ginástica e jogos esportivos” (BRASIL, 1927).
O analfabetismo era comum entre as crianças que estavam inseridas nas instituições de assistência à infância desvalida. O Serviço de Assistência Social constata que era comum as crianças que passavam pelo abrigo serem analfabetas.
As recompensas por bom comportamento faziam parte das estratégias usadas para manter a disciplina e a obediência. Torna-se um exemplo para os demais e, o cerimonial de entrega, um fato marcante e pedagogicamente utilizado para dar lições de vida aos alunos. Em um relatório da Assistência Social, consta: “Cada Segunda-feira trazemos quatro menores (os mais bem comportados) a fim de darem um passeio pelo seguinte itinerário: Passeio Público, Praça Santos Andrade, Correio, e um passeio de elevador o que muito apreciam”.
Paulo Grani
CONHECENDO A ESCOLA DE REFORMA DE CURITIBA
CONHECENDO A ESCOLA DE REFORMA DE CURITIBA
Em 30 de outubro de 1926, o então presidente de Estado da Província do Paraná Caetano Munhoz da Rocha, inaugura o Centro de Mendicância São Vicente de Paulo, conhecido hoje como Asilo São Vicente de Paulo de Curitiba. Com capacidade para acolher até 160 moradoras, a entidade serve como exemplo no cuidado da pessoa idosa.
Quando foi fundado, o Asilo funcionava como Centro de Mendicância, atendendo simultaneamente crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos. Em alguns períodos, mais de 400 pessoas residiram no local.
Em 1951, os relatórios governamentais descreviam que "as crianças e adolescentes órfãs ou em abandono moral, com idade de 5 a 17 anos, eram internadas diretamente no Abrigo de Menores do Portão, com exceção ao caso das menores encaminhadas pelo juizado de menores, as quais eram direcionadas para a 'Escola de Reforma'."
A Escola de Reforma, cujo termo queria indicar um caráter de reformatório, foi criada às pressas para separar essas meninas enviadas pelo juizado de menores, daquelas outras que já estavam abrigadas no Portão. Devido ao caráter emergencial, essas últimas foram abrigadas nos porões do prédio do Asilo São Vicente de Paulo, como veremos adiante.
Nos relatórios da Secretaria de Negócios do Trabalho e Assistência Social do Paraná sobre a Escola de Reforma, constam, "funciona no mesmo prédio do 'Asilo São Vicente de Paulo'. Infelizmente, a parte do prédio a ela destinada, é situada nos porões do edifício, 'em local de área, e iluminação deficientes', Sua capacidade normal é de 60 alunos, porém, abriga mais de 100 menores." (*1).
Em 1950, o governo do Paraná apresentou relatório da SVOP, do Departamento de Edificações constando estar em construção um "Pavilhão para o Asilo São Vicente de Paulo", cuja edificação (foto 4) passaria a abrigar as meninas da Escola da Reforma.
Em janeiro de 1951, a Escola de Reforma já possuía 90 meninas matriculadas, oriundas do exercício de 1950. Relatórios do governo apontam que após o início do ano letivo a escola recebeu 88 novas alunas e que até dezembro teve 86 alunas que desligaram-se, demonstrando uma grande circulação de meninas.
Apesar de o governo haver criado a instituição como uma escola, nela não havia estrutura e um projeto pedagógico que garantisse escolarizar essas meninas. A maioria tinha a sua rotina permeada por fugas da instituição e da casa das famílias que solicitavam menores.
Em 1952, o governador do Estado admite que “apesar dos esforços e da dedicação das Assistentes Sociais destacadas para orientar tecnicamente a Obra; apesar da grandeza dos atributos morais e do desempenho decidido das religiosas administradoras do Estabelecimento, nem sempre tem sido atingido o melhor resultado na recuperação das menores aí internadas” (*2)
O motivo dos desligamentos das crianças e adolescentes não era identificado formalmente. Apesar de alguns textos citarem fugas, provavelmente outros motivos notórios ocorreram, tais como: colocação familiar, indisciplina, gestação, núpcias ou maioridade.
*1 - (PARANÁ, 1951b, p. 57); *2 - (PARANÁ, 1952, p. 276-277).
Paulo Grani
Foto 1: Em 1922 a construção do Asilo foi autorizada e o projeto arquitetônico iniciado. As obras iniciaram em agosto de 1924. Foi fundado em 30 de outubro de 1926, pelo então presidente de Estado da Província do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha.
Foto: Acervo do Asilo São Vicente de Paulo
Foto: Acervo do Asilo São Vicente de Paulo
Foto 2: Asilo iniciou suas atividades como ‘Lar de Mendicância’ recebendo 14 homens, 16 mulheres e 12 meninas. Um ano depois o número de asilados chegou a 109. Em determinados períodos chegou a ser de mais de 400 pessoas.
Foto: Acervo do Asilo São Vicente de Paulo
Foto: Acervo do Asilo São Vicente de Paulo
Foto 3: As meninas da Escola de Reforma posam nas escadarias da fachada do asilo.
Foto: Acervo do Asilo São Vicente de Paulo
Foto: Acervo do Asilo São Vicente de Paulo
Foto 4: Pavilhão construído em 1951, anexo ao Asilo São Vicente de Paulo, destinado a abrigar as menores atendidas pela Escola de Reforma.
Foto: Acervo da Biblioteca Pública do Paraná
Foto: Acervo da Biblioteca Pública do Paraná
terça-feira, 31 de janeiro de 2023
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