segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Ana Néri, a “Mãe dos Brasileiros”

 Ana Néri, a “Mãe dos Brasileiros”



Nascida em 13 de dezembro de 1814 em Cachoeira, Bahia, Ana Justina Ferreira era de família econômica e socialmente bem posicionada. Casou-se com o oficial de marinha de origem portuguesa Isidoro Antônio Néri. O casal teve três filhos: Justiniano, Isidoro e Pedro. Viúva aos 29 anos de idade, com o mais velho com 5 anos e o mais novo 2 incompletos, acabou por mudar-se para Salvador, provavelmente em busca de melhor educação e colocação social para seus filhos. Os dois primeiros ingressam na faculdade de medicina, e o mais novo foi posteriormente enviado para a Escola Militar, no Rio de Janeiro. Com a eclosão da Guerra do Paraguai, Ana Néri, com mais de 50 anos de idade solicitou publicamente ao governo da Bahia, em agosto de 1865, seguir para o conflito.
Junto ao irmão, o tenente-coronel Joaquim Maurício Ferreira, embarcou na segunda quinzena de agosto para o Sul, onde acabou não se fixando. Ao longo de cinco anos, seguiu o exército em diversas campanhas. Antes, porém, de se estabelecer em hospitais de campanha, teria sido treinada pelas Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo e feito um estágio em Salto, na Argentina.

Além de atuar em hospitais improvisados próximos aos campos de batalha, ela montou com seu filho Isidoro, médico, um posto de saúde do Exército em sua casa em Assunção, no Paraguai, onde atendia pacientes. Perdeu na guerra o seu filho Justiniano e mais um sobrinho. Em 1871, com o fim da guerra, retornou para o Brasil, levando consigo seis crianças adotadas. De passagem pelo Rio de Janeiro, em direção à Bahia, recebeu diversas demonstrações sociais de apreço pelos seus serviços. Na Bahia, recebeu do governo pelos serviços prestados uma condecoração e um soldo anual. Terminou seus dias no Rio de Janeiro junto a um de seus filhos que ali servia, falecendo em 20 de maio de 1880. Ana, pela ajuda prestada aos feridos brasileiros durante a guerra recebeu do exército o título de “Mãe dos Brasileiros”, foi a primeira mulher enfermeira que não fazia parte de alguma ordem religiosa contratada pelo exército. A primeira escola de enfermagem brasileira leva o seu nome.

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Como era a higiene feminina na Era Vitoriana?

 Como era a higiene feminina na Era Vitoriana?



Naquele tempo, entre meados do século XIX e o início do século XX, as mulheres enfrentavam desafios diários para manter a higiene que hoje consideramos básica. As roupas eram pesadas, cheias de camadas, e os recursos de limpeza eram limitados e, muitas vezes, até perigosos para a saúde. Desde a ida ao banheiro, até os cuidados com os cabelos e a forma de lidar com a menstruação, tudo exigia improviso, criatividade e, sobretudo, resistência.

Banheiro: As mulheres vitorianas tinham muito mais dificuldades para ir ao banheiro do que temos hoje. Suas roupas íntimas eram bem diferentes: não existiam calcinhas como as atuais, mas sim pantalonas — uma espécie de bermudinha até o joelho, feita de tecido leve e arejado. O detalhe curioso é que essas pantalonas possuíam uma fenda entre as pernas, que deixava a região íntima livre para que elas conseguissem urinar ou evacuar sem precisar retirar toda a roupa.

Papel Higiênico: As primeiras versões de papel higiênico só começaram a aparecer por volta de 1870, já no fim do século XIX. Eram perfumados e cheios de aditivos químicos desinfetantes, criados para disfarçar o mau cheiro. Mas o resultado foi um verdadeiro problema: muitas mulheres sofreram queimaduras e irritações na região íntima por causa dessas substâncias. Antes disso, a realidade era bem mais rudimentar. Homens e mulheres usavam jornais velhos ou até sabugos de milho para se limpar. As mulheres ricas tinham mais alternativas, como pedaços de tecido que eram mantidos no banheiro para a higiene íntima e até para lidar com a menstruação. Esses panos eram lavados em água quente e reutilizados. Já os jornais continuaram sendo muito usados, principalmente depois do número dois.

Menstruação: Não havia absorventes descartáveis como os de hoje. As mulheres usavam tiras de linho dobradas e presas com uma espécie de cinta-liga. A limpeza era feita com panos úmidos, e todo o material era lavado e usado novamente.

Banho: Chuveiros ainda não existiam, mas isso não significava que as pessoas não tinham hábitos de higiene. As famílias pobres esquentavam a água no fogão e tomavam banho de imersão em banheiras de madeira ou metal, geralmente de forma esporádica. O banho completo e demorado não era diário. No dia a dia, as mulheres mantinham em seus quartos jarros grandes com água e bacias, onde lavavam mãos, rosto, axilas e virilhas. Muitas também passavam panos úmidos por todo o corpo, com atenção especial às partes íntimas. Já as famílias ricas tinham banheiras de porcelana e até espaços dedicados ao banho. O verdadeiro luxo era o escalda-pés, uma pequena bacia com água quente para relaxar antes de dormir.

Lavar o cabelo: Os penteados femininos eram elaborados e exigiam horas para lavar, secar e arrumar. Por isso, não era comum lavar o cabelo com frequência. Os fios eram longos, mas usá-los soltos era considerado deselegante — uma mulher casada só soltava os cabelos na frente do marido, em momentos íntimos. Acreditava-se que lavar demais danificava os fios, então, muitas lavavam a cada 15 ou até 30 dias. Livros de beleza da época recomendavam: cabelos oleosos a cada duas semanas, cabelos normais uma vez por mês. Não havia shampoo como hoje — o sabonete comum era usado também nos cabelos, apesar de conter soda cáustica, o que deixava os fios ressecados. Em alguns casos, até amônia pura era usada para limpar o couro cabeludo.

Desodorante: Antes de desodorantes e loções, encobrir o mau cheiro era um desafio. Mulheres ricas podiam comprar perfumes e colônias, mas o produto mais acessível era o pó perfumado, conhecido como talco. Ele era usado diariamente, absorvia a umidade e evitava que o odor passasse para as roupas. Também era aplicado na virilha, já que as roupas pesadas e quentes causavam suor excessivo. As mais pobres não tinham nem essa opção: improvisavam pedaços de tecido nas axilas para evitar o cheiro rançoso que impregnava nos vestidos.

Higiene bucal: A odontologia ainda engatinhava. Os dentistas, na maioria das vezes, só extraíam dentes ruins. No início da Era Vitoriana, a limpeza era feita esfregando sal nos dentes com o dedo. A escova de dentes moderna foi inventada em 1857, mas só se popularizou no início do século XX.

O "Anjo da Morte": A Face Macabra da Ciência Pervertida

 

O "Anjo da Morte": A Face Macabra da Ciência Pervertida

O chamado "Anjo da Morte" era o apelido dado a um médico que atuou em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Ele ficou marcado por sua frieza, pela crueldade nos experimentos que realizava e pela maneira impassível com que decidia sobre a vida ou a morte de prisioneiros.

Quando os trens chegavam abarrotados de deportados, esse médico participava das chamadas “seleções”: com um simples gesto de mão, decidia quem teria uma morte imediata nas câmaras de gás e quem seria poupado temporariamente para o trabalho forçado ou para se tornar cobaia em suas experiências.

Essas experiências eram apresentadas como pesquisa científica, mas na prática eram atrocidades disfarçadas de ciência. Entre os alvos preferidos estavam crianças gêmeas, sobre as quais realizava procedimentos brutais — transfusões, inoculações de doenças, mutilações — sempre sem anestesia e sem qualquer ética. O objetivo declarado era estudar genética, hereditariedade e possíveis formas de "aperfeiçoar" a espécie humana.

Sua figura ficou envolta em uma aura quase mítica de crueldade, porque ele exercia seu papel com uma calma perturbadora, como se fosse apenas parte de sua rotina médica. Esse contraste entre a imagem de um médico — alguém destinado a salvar vidas — e suas práticas macabras contribuiu para o apelido de “Anjo da Morte”.

Após o fim da guerra, ele conseguiu escapar dos tribunais de justiça que julgaram crimes contra a humanidade. Viveu fugido por décadas em diferentes países da América do Sul, até morrer em circunstâncias relativamente anônimas. Só muito tempo depois sua identidade foi confirmada, fechando um dos capítulos mais sombrios da história do século XX.


Josef Mengele: O “Anjo da Morte” de Auschwitz e a Ciência Sem Alma

Durante o Holocausto — o genocídio sistemático perpetrado pelo regime nazista entre 1941 e 1945, que resultou na morte de seis milhões de judeus e milhões de outras vítimas, incluindo ciganos, homossexuais, pessoas com deficiência, testemunhas de Jeová e opositores políticos — emergiu uma das figuras mais perturbadoras da história da medicina: Josef Mengele.

Nascido em 16 de março de 1911, na Alemanha, Mengele era doutor em antropologia e medicina, com formação acadêmica sólida e profunda adesão à ideologia racial nazista. Em 1943, foi designado como médico-chefe do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia ocupada. Foi ali que ganhou o apelido que o imortalizaria como símbolo do mal banalizado: “Anjo da Morte” (Todesengel, em alemão).

As “Seleções” na Plataforma de Auschwitz

Quando os trens chegavam abarrotados de deportados — famílias inteiras arrancadas de suas casas, muitas vezes sem saber seu destino —, Mengele aparecia na plataforma com seu uniforme impecável, luvas brancas e um cajado na mão. Ali, em questão de segundos, realizava as chamadas “seleções”: com um simples gesto — o polegar apontando para a esquerda ou para a direita — decidia quem seguiria diretamente para as câmaras de gás e quem seria mantido vivo, temporariamente, para trabalho forçado ou para servir como cobaia humana.

Mulheres grávidas, idosos, crianças pequenas e pessoas com deficiência eram quase sempre enviadas à morte imediata. Mas Mengele tinha um interesse obsessivo por um grupo específico: crianças gêmeas.

Experimentos “Científicos” ou Tortura Disfarçada?

Sob o pretexto de pesquisar genética, hereditariedade e biologia racial, Mengele conduziu experimentos brutais, sem anestesia, sem consentimento e sem qualquer respeito pela vida humana. Seus alvos preferidos eram gêmeos, anões e pessoas com anomalias físicas — vistos como “materiais de estudo” para provar a superioridade da “raça ariana”.

Entre os horrores documentados por sobreviventes e registros históricos estão:

  • Transfusões de sangue entre gêmeos de grupos sanguíneos incompatíveis, causando hemorragias e morte;
  • Injeção de corantes químicos nos olhos de crianças para tentar mudar sua cor — muitas ficaram cegas;
  • Amputações de membros e órgãos sem anestesia, seguidas de dissecações post-mortem;
  • Infecção deliberada com tifo, tuberculose e outras doenças para observar a evolução clínica;
  • Costura de gêmeos pelas costas, numa tentativa grotesca de criar “siameses artificiais”.

Estima-se que mais de 1.500 pares de gêmeos tenham sido levados a Auschwitz; menos de 200 sobreviveram. Muitos dos que viveram carregaram traumas físicos e psicológicos para o resto da vida.

A Frieza de um “Médico” Sem Humanidade

O mais aterrador em Mengele não era apenas a violência de seus atos, mas a calma com que os executava. Ele conversava com as crianças, oferecia doces, chamava-as por apelidos carinhosos — e, minutos depois, as enviava para a morte ou as submetia a torturas. Essa normalização do horror, essa capacidade de dissociar a ação médica do juramento de Hipócrates (“não causar dano”), é o que torna sua figura tão emblemática do conceito de “banalidade do mal”, cunhado pela filósofa Hannah Arendt.

Fuga, Exílio e Desaparecimento

Após a libertação de Auschwitz pelos soviéticos em janeiro de 1945, Mengele fugiu. Enquanto outros líderes nazistas foram capturados e julgados no Tribunal de Nuremberg, ele conseguiu escapar graças a redes de fuga organizadas por simpatizantes (como a Ratline), que o levaram à Argentina em 1949.

Viveu escondido por décadas, passando também pelo Paraguai e, finalmente, pelo Brasil. Apesar de intensas buscas internacionais — lideradas por caçadores de nazistas como Simon Wiesenthal e pelo Mossad —, Mengele nunca foi capturado nem levado à justiça.

Ele morreu em 1979, provavelmente no Brasil, mas as circunstâncias exatas de sua morte permanecem incertas. Só em 1985, após investigações jornalísticas e exames periciais — incluindo análise de DNA em restos mortais encontrados no Brasil —, sua identidade foi confirmada de forma conclusiva.

Um Legado de Alerta

A história de Josef Mengele não é apenas a de um criminoso de guerra. É um lembrete permanente do que acontece quando a ciência se divorcia da ética, quando a ideologia substitui a humanidade, e quando o silêncio diante do mal se torna cumplicidade.

Seus crimes levaram à criação do Código de Nuremberg em 1947 — o primeiro conjunto internacional de princípios éticos para a experimentação humana, que até hoje orienta a bioética mundial.

Lembrar Mengele não é glorificar o mal, mas honrar as vítimas e reafirmar: nunca mais.


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